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(Re)Conhecer a Toponímia…

por Correio da Guarda, em 21.06.24

Guarda - Rua dos Clérigos - Foto Helder Sequeira.

Nestas colunas escrevemos, por várias vezes, sobre a importância da toponímia, em cujo âmbito cabem múltiplos contributos e ações que podem suscitar uma ampla diversidade de estudos.

Se a investigação que pode ser desencadeada permitirá, por um lado, um enriquecimento cultural e o reforço da identidade local, por outro, irá identificar situações que exigem uma adequada e correta intervenção.

Independentemente das conjunturas ou das agendas político-partidárias, deve mover-nos uma Guarda da memória, a preocupação por uma cidade que preserve a sua história, dignifique os seus valores, honre os seus pergaminhos, mas saiba construir pontes sólidas para o futuro, envolver colaborações qualificadas, motivar o empenho dos seus habitantes, conquistar quem nos visita. “As cidades são como os homens; têm ou não carácter – e a tê-lo importa preservá-lo”, como escreveu Eugénio de Andrade.

A Guarda é muito mais que o património edificado; é memória, é somatório de vidas, experiências, é (deve ser) um pulsar coletivo, permanente. A Guarda, ciclicamente, tem-se esquecido de si; muita gente tem esquecido a Guarda.

É imperativo de consciência e cidadania assumir-se uma consciência crítica, uma intervenção constante em prol do nosso espaço coletivo, de referência e de vivências. “O passado é, por definição, um dado que coisa alguma pode modificar. Mas o conhecimento do passado é coisa em progresso, que ininterruptamente se transforma e se aperfeiçoa” e, como acrescentava Marc Bloch, “a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”.

Através da toponímia – tema que dá o mote para estas anotações – podemos abrir portas para o conhecimento do passado. Assim, poderemos começar por nos interrogar acerca da atenção que damos à toponímia guardense, aos suportes físicos dos topónimos que condensam em si informação preciosa. Para além da necessidade de substituição de muitas placas, de forma a ser viabilizada uma clara identificação, importa lembrar a importância em associar anteriores denominações toponímicas. Sabemos que foram muitas as alterações toponímicas introduzidas ao longo do tempo.

Como escreveu Pinharanda Gomes, “na Guarda, e no decurso do nosso século [vinte], tem-se cometido, repetidas vezes, aleatórias modificações de toponímicos, dificultando ainda mais as tarefas dos que, por exemplo, dedicados a pesquisas arqueológicas, poderiam atacar desde logo o sítio exato, caso a memória do nome se mantivesse”.

Em vários casos, a designação atual de artérias citadinas é preterida, mercê do enraizamento de hábitos, ao antigo topónimo. Como exemplo, na Guarda, poderemos evocar a Rua Francisco de Passos que continua a ser designada, pela generalidade dos guardenses, como Rua Direita. O seu nome evoca o Governador Civil da Guarda que desempenhou funções entre 11 de junho de 1926 e 25 de agosto do ano seguinte. Esta rua, recorde-se, constituiu a principal ligação da urbe medieval, unindo a cidadela do Torreão (também conhecida por Torre Velha da fortaleza, edificada provavelmente no século XII) à Alcáçova existente junto às portas da Covilhã (na zona em frente da Escola de Santa Clara).

As alterações de nomes podem ser minimizadas, nestes como noutros casos, com a referência à anterior designação; aliás as novas placas toponímicas da Guarda, que estão a ser progressivamente introduzidas, já contemplam essa informação, quando é caso disso; essas placas, equipadas com “QRCode”, permitem aos transeuntes obter indicações sobre o nome ou facto referenciados. “Restaurar é restituir. A restituição da toponímia é um ato de honestidade cultural, de devolução do património à comunidade, de abandono de opções adventícias, por vezes decorrentes das situações políticas, e, por fim, de entrega aos arqueólogos e aos historiadores, de uma nova fonte documental para historiografia a fazer”, tal como anotou Pinharanda Gomes, num dos seus livros.

A toponímia da Guarda é um vasto campo para estudo e investigação e pode levar-nos à (re)descoberta de múltiplas facetas do seu passado, validado por mais de oito séculos de história, enquanto urbe. Neste contexto, justifica-se a edição de um trabalho atualizado, com informação documental pertinente para simples consultas ou para subsequentes investigações.

Recorde-se que a “Toponímia Histórica da Guarda”, da autoria de Vergílio Afonso, foi editada em 1984. Desde essa altura a cidade cresceu, foram criadas novas ruas e urbanizações, atribuídos muito novos topónimos. É certo que têm sido publicados alguns artigos e livros sobre toponímia, como é o caso de “A Toponímia da cidade da Guarda e a construção da memória pública no século XX”, da autoria de Maria José Neto, editado em 2013. Uma obra com o propósito de esclarecer como “as alterações de ordem política interferem na actualização e construção da memória pública”, através da qual foi feito “o levantamento dos topónimos existentes no início do século XX para (…) se identificarem, nas nomeações e renomeações das vias, os topónimos de continuidade e de ruptura com a conjuntura vigente. Caracterizado o espaço do centro histórico no início do século XX, acompanhou-se a expansão da urbe até ao ano de 1980, identificaram-se os protagonistas e os ritos usados na criação da memória pública.” Como escreveu, então, a autora.

Em 2015, o Politécnico da Guarda publicou o livro "Desafios e Constrangimentos do Estudo da Toponímia – intervenções e contributos”, na sequência de um fórum, com várias edições, sobre a mesma temática. Nos últimos anos, com maior ou menor regularidade, têm sido publicados alguns trabalhos na revista “Praça Velha”, incidindo sobre diferentes personalidades consagradas na toponímia guardense.

Ainda que as novas tecnologias e os equipamentos de comunicação hodiernos facilitem o acesso a muitos dados, isso não exclui a importância – para o presente e para o futuro – de uma publicação, abrangente e com múltiplos contributos interdisciplinares, sobre a Toponímia da Guarda; com rigor, ilustrada, de consulta fácil, acessível e útil à generalidade dos cidadãos, residentes ou visitantes.

Saibamos, pois, assumir a nossa responsabilidade coletiva, privilegiando todos os contributos idóneos em prol do conhecimento da toponímia da Guarda, de modo a incrementar a valorização desta terra, reconhecendo o seu espírito e magia.

 

Hélder Sequeira

 

 

 

 

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publicado às 12:30

Toponímia

por Correio da Guarda, em 04.10.16

 

     Na Guarda vai decorrer, no próximo dia 28 de Outubro, o V Fórum sobre Toponímia, promovido pelo Instituto Politécnico.

    Este Fórum terá lugar no Auditório dos Serviços Centrais do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), a partir das 9 horas. “Guarda – Toponímia e Cristãos Novos, finais do Século XVI” (Manuel Luis Santos), “As mulheres Emparedadas do santuário de Milreu e da Senhora do Templo-Tempre” (Fernando Monteiro Correia), “Particularidades da toponímia na Freguesia da Ramela” (Vanda Sá Rodrigues), “Ainda o Côa (Questionando)” (Eurico Morais Palos), “Novas Placas Toponímicas na Guarda” (Sérgio Costa) e “A Guarda escrita por Vergílio Ferreira, Tomás Ribeiro e Augusto Gil” (Anabela Pereira Matias) são os temas das comunicações agendadas para o período da manhã.

    O programa prosseguirá a partir das 14h30 com intervenções subordinadas aos temas “Toponímia: de Aldeia Lourenço a Malta”, (Manuel Martins Neves) e “Safed – a tradição judaica que abraçou a Guarda” (José Levy Domingos), as quais antecedem a apresentação do livro «História da Companhia de Jesus em Portugal», da autoria de Maria de Deus Beites Manso.

   Incrementar o estudo/divulgação através de diversificadas e distintas perspetivas que, globalmente, propiciem a guarda da memória e um melhor conhecimento da toponímia, é o objetivo deste Fórum.

   A inscrição é gratuita (mas obrigatória) e deverá ser efetuada em http://www.ipg.pt/toponimia/

 

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publicado às 18:24

Toponímia da Guarda

por Correio da Guarda, em 16.11.13

 

     “Toponímia da Guarda – comunicações do I Fórum sobre Toponímia” é o título do livro recentemente apresentado no Instituto Politécnico da Guarda.

    No prefácio desta publicação, o Vice-Presidente do IPG, Gonçalo Fernandes, escreve que a “toponímia ou o estudo dos topónimos corresponde à interpretação dos nomes próprios de lugares, da sua origem e evolução e constitui uma forma de entender o seu significado, para além da sua geografia e dos elementos materiais que os constituem”.

    A publicação, que pode ser adquirida nos Serviços Centrais do IPG, reúne as comunicações apresentadas no I Fórum sobre Toponímia da Guarda, promovido pelo Instituto Politécnico.

    Este livro integra a coleção “Politécnico da Guarda” que engloba já nove publicações.

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publicado às 23:40

Toponímia em debate

por Correio da Guarda, em 01.05.13

 

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publicado às 20:56

Toponímia da Guarda

por Correio da Guarda, em 18.08.12

 

 

 

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publicado às 18:40

Fórum sobre Toponímia da Guarda

por Correio da Guarda, em 13.06.12

 

     Na Guarda vai realizar-se, a 30 de Outubro de 2012, um Fórum sobre Toponímia, promovido pelo Instituto Politécnico.

    Com esta iniciativa o Instituto Politécnico da Guarda pretende contribuir para um melhor conhecimento da cidade; dos valores históricos, culturais, sociais, religiosos e políticos a ela associados. “É intenção do IPG incrementar um estudo/divulgação através de diversificadas e distintas perspetivas que, globalmente, propiciem uma Guarda da memória.”

     A organização refere que “a toponímia assume-se como referência dos valores históricos, culturais de cada lugar e memória coletiva de factos, personalidades, tradições ou legados identitários”.

     Os interessados podem obter mais informações aqui.

 

 

 

 

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publicado às 13:26


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