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Naturcôa no Sabugal

por Correio da Guarda, em 04.11.23

 

No Sabugal inicia-se hoje, e prolonga-se até amanhã (5 de novembro), a quarta edição do Naturcôa, um evento dedicado à fotografia de natureza.

Como é sublinhado pela organização, a iniciativa  "assenta numa lógica de sustentabilidade ambiental, onde se pretende a partilha e a valorização das grandes riquezas naturais e culturais do território.

Este ano a iniciativa terá como oradores Joel Santos, Mario Duaréz Porras, Fernanda Botelho, Ricardo Lourenço, Ângelo Jesus, Carla Mota, Rui Pinto, Rui Bernardo, Ricardo Brandão e Cláudia Costa.

Rio Côa_Sabugal-HS -4.jpg

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publicado às 00:36

Escavações arqueológicas no monte de São Cornélio

por Correio da Guarda, em 14.08.23

 

No passado mês de julho foram retomadas as escavações arqueológicas no monte de São Cornélio, num trabalho que tem vindo a ser implementado pela Câmara Municipal do Sabugal e Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC).

As escavações, segundo informação divulgada pelo município do Sabugal, revelaram novos núcleos habitacionais nos diferentes socalcos deste monte. Estas estruturas confirmam uma ocupação humana durante a proto-história, confirmada pela presença de cerâmicas manuais e a torno, mós de vaivém, líticos e escória de ferro.

Segundo a CMS, esta parceria tem sido fundamental para o conhecimento e preservação do rico e vasto património arqueológico do concelho do Sabugal.

Neste âmbito, no site do Município, está disponível para consulta a Carta Arqueológica com informações relativas aos sítios de cada freguesia, que se encontravam na Base de Dados Municipal.

Escavações em S. Cornélio, Sabugal_n.jpg Fonte e foto: Câmara Municipal do Sabugal 

 

 

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publicado às 18:21

Banda da Armada na Bendada

por Correio da Guarda, em 02.07.23

 

A Banda da Armada vai dar, no próximo dia 8 de julho, um concerto na Bendada (Sabugal).

Este concerto, com início agendado para as 21h30, enquadra-se no programa comemorativo dos 150 anos da Sociedade Filarmónia Bendadense.

Banda da Armada _n.jpg

 

 

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publicado às 23:06

"Soldado Nobre" no Sabugal

por Correio da Guarda, em 30.03.23
 

No Sabugal terá lugar no próximo dia 8 de abril a antestreia de "Soldado Nobre", um filme do guardense Jorge Vaz Gomes. O filme será apresentado no Auditório Municipal do Sabugal, a partir das 21h30.

Este documentário foi filmado entre 2014 e 2019, altura em que se assinalou o centenário da Primeira Guerra Mundial e da participação portuguesa.

As filmagens decorreram maioritariamente em Alfaiates (onde Jorge Vaz Gomes tem raízes familiares) e arredores, tendo contando com a participação de locais.

Cem anos após a entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial, o narrador inicia uma busca para saber mais sobre o seu bisavô Francisco Nobre, que lutou nas trincheiras em França.

Uma fotografia de grupo, onde ninguém parece conseguir identificar o bisavô, serviu de ponto de partida para descobrir quem foi esse homem de que ninguém parece lembrar-se.

Este filme estará em exibição nos cinemas a partir de 13 de abril.

 

 

 
 

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publicado às 23:27

Externato Secundário do Sabugal: XIV Encontro

por Correio da Guarda, em 07.03.23

 

O XIV Encontro dos Alunos, Docentes e Funcionários do Externato Secundário do Sabugal vai realizar-se no próximo dia 29 de abril.

O programa inicia-se pelas 15 horas (com a receção dos participantes no edifício do antigo Externato Secundário do Sabugal), seguindo-se (16h) uma missa na Igreja de São João e, pelas 17h, uma sessão solene do Auditório Municipal do Sabugal.

O jantar convívio, agendado para as 19h30 (no salão da Junta de Freguesia do Sabugal), será antecedido da foto oficial do XIV Encontro, pelas 19 horas.

Os interessados podem fazer a sua inscrição (até ao dia 10 de abril) através da conta de correio eletrónico: colegiosabugal@gmail.com

 

Externato do Sabugal _jpg.jpg 

 

 

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publicado às 16:09

Sortelha: muralhas com história

por Correio da Guarda, em 17.09.22

Sortelha_Sabugal_Muralhas HS .jpg

Em Sortelha (Sabugal) está a decorrer desde ontem e até amanhã, 18 de setembro, o evento “Muralhas com História”.

Esta iniciativa pretende evocar o período histórico coincidente com a fundação medieval de Sortelha, com principal foco no reinado de D. Sancho II que, em 1228, lhe outorga foral (fundação da vila e construção da muralha).

De acordo com a informação divulgada pela Câmara Municipal do Sabugal, “a viagem ao quotidiano medieval será complementada com recriação histórica, mercado medieval, acampamento militar, ofícios e vivências, cetraria e animais da quinta, ritmos medievais, artes circenses, torneios de armas a pé e a cavalo, jogos medievais, animação contínua ‘pera cá e pera lá’ e animação infantil.”

 

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publicado às 22:11

Nélia Carrilho: inovar na sala de aula

por Correio da Guarda, em 22.08.22

 

Nélia Carrilho, natural do Soito e residente na Guarda, é professora do Ensino Básico desde 1987. Apaixonada por desenvolvimento pessoal e relações humanas está empenhada em “despertar consciências para mudar comportamentos”.

Vive e sente a zona raiana, com diz ao CORREIO DA GUARDA. Aliás, diz, “não seria a mesma pessoa se não tivesse as influências da minha região com caraterísticas tão especiais.” Gosta de ensinar e de escrever poesia, que é para ela “um estado de alma”. E sonha com novos projetos. Um, que tinha “em sala de aula, agora ganha asas e vai a outras escolas e está a ser transformado para ser aplicado a um maior número de alunos”.

Nélia CARRILHO - foto.jpg

O que representa para ti a zona raiana?

Nascida e criada na raia, vivo e sinto a raia como parte de mim e do meu ser. A família mais direta do lado do meu pai é espanhola. Então para mim é natural a vida naquele espaço. RAIA. Não seria a mesma pessoa se não tivesse as influências da minha região com caraterísticas tão especiais.

 

És uma defensora das tradições da raia? Tens uma participação ativa?

Sou defensora e vivo intensamente, cada vez mais, as nossas tradições. Gosto de divulgar a minha Raia e aproveito a minha profissão para a divulgar e dar a conhecer.

 

Há grandes diferenças entre o ontem e o hoje? O que se perdeu de forma mais significativa?

Muitas diferenças existem. Vivíamos numa região que dependia dos nossos vizinhos para ter os produtos mais básicos que possam imaginar. Como ir comprar pantufas, colorau para as matanças, laranjas, bananas, café e muitos outros. Ir ao lado de lá era meio de subsistência.

Cresci a ouvir espanhol, pois a tv que se via de lá era muito mais avançada que a nossa e tinha programas para crianças. Aprendíamos a língua por contacto direto. Esta talvez tenha sido a maior perda. As crianças perderam esta naturalidade cultural e bilingue.

 

Parte do teu ciclo de formação académica foi no Sabugal. Que lembranças do Externato/Colégio do Sabugal?

Para mim, que tinha estudado na minha terra, era a experiência de sair de casa. O externato tinha um papel preponderante na região e era um orgulho ir para o Sabugal.

Com apenas 15 anos sair de casa. Era uma emancipação precoce. Por aquela época estava entregue a mim própria e teria que construir o meu caminho.

Ficou a camaradagem, amizades que ainda duram e a gratidão de ter pertencido àquela casa.

 

Como surgiu a tua vocação pelo ensino?

Desde a escola primária tinha o sonho de ser professora. Nunca mudei de opinião, ou tive dúvidas. Talvez porque também tinha exemplos na família.

 

Como foi o teu percurso profissional?

Durante 30 anos percorri quilómetros por escolas de diversos distritos, até que cheguei à Guarda. Este ano, em janeiro integrei a equipa da nova direção do AEAAG, como adjunta.

O caminho foi feito entre dar aulas, ser parte ativa da escola e suas necessidades, integrar projetos e fazer formações para me manter na linha da frente pedagogicamente e inovar em sala de aula.

Nélia Carrilho - foto 3.jpg

E o gosto pela poesia, surgiu cedo?

Sim. Quando o meu professor de Português do Externato do Soito, explorou a poesia, fiquei a gostar das rimas e de brincar com as palavras.

 

Como defines a tua poesia?

A poesia é um estado de alma. Um dia posso escrever sobre o amor e outro sobre a terra. Escrevo sobre o que me vai na alma em determinado momento.

Também gosto de a promover em sala de aula. Os meus alunos cedo começam a rimar e a usar as palavras em diferentes contextos. As palavras saem naturalmente e gosto de escrever para que todos entendam. As palavras simples podem chegar a mais.

 

O que representou o lançamento, em 2017, do livro “Para Ti”?

Dar a conhecer o meu lado poético e tirar da gaveta o que tinha escrito há tempo, foi como presentear um público com parte de mim.

Foi mais uma marca no meu caminho, pois a partir daí passei a ser convidada para vários eventos e a poder utilizar a poesia para chegar a mais pessoas. Escrevo muitas poesias para eventos específicos e presentear outras. A escritora saiu à rua.

 

“Encontro com o Poder da Mente” é outro trabalho da tua autoria. Quando surgiu o interesse pela temática abordada?

O desenvolvimento pessoal entrou na minha vida em 2015. A partir daí é um caminho sem fim, sempre a aprender e a partilhar com outros.

Nesta área há uma diversidade de temáticas, mas as que mais gosto são a inteligência emocional, comunicação assertiva e o poder da mente.

Como dou palestras e faço workshops, senti necessidade de poder entregar aos participantes algo que pudesse ser entendido como o despertar do poder que cada um tem em si.

Daí escrevi este despertar e mais recentemente o EmocionalMente. Falar sobre emoções e compreendê-las muda a nossa perspetiva e visão das coisas e das pessoas. Desenvolvemos em nós a capacidade de melhorar, de nos relacionarmos connosco e com os outros.

 

“Semear Mentes, para curar o coração”. Esta é uma regra que segues com rigor?

Sim. Desde que comecei neste caminho que percebi que podia ajudar outras pessoas com problemas emocionais.

Então gosto de partilhar com outros este poder da mente como forma de semente para que cada um perceba o poder de cura que tem dentro e seguir a uma descoberta do Eu que cada um tem dentre e muitas vezes é desconhecido. A par da minha vida profissional, tenho outra vida. Esta. Que tem crescido muito ultimamente.

 

O desenvolvimento de projetos sobre emoções na infância é uma atividade em que te tens empenhado. Fala-nos da sua importância.

Neste meu caminho, não poderia esquecer os meus alunos e outras crianças que sofrem e nem sempre a escola tem resposta para as suas necessidades emocionais.

Nem sempre uma criança que não aprende tem a ver com falta de capacidades. Muitos têm graves problemas emocionais e as famílias não conseguem ter soluções.

Assim surgiu este lema que está relacionado com um projeto que tenho para os alunos, com a finalidade de trabalhar as emoções, levando assim a um melhor sucesso educativo. Já aplico o projeto “Caixa dos Segredos” há 4 anos e tem resultados fantásticos, nos alunos e suas famílias. Permitir que as crianças possam compreender o que sentem e porque sentem, melhora muito o seu estado emocional e as aprendizagens. Traz calmaria e melhor relacionamento com colegas e adultos. Há menos stress e maior empenho.

Nélia CARRILHO fot2.jpg

E quanto a outros projetos, no futuro?

Estou envolvida em alguns. O projeto que tinha em sala de aula, agora ganha asas e vai a outras escolas e está a ser transformado para ser aplicado a um maior número de alunos.

Integro a criação da 1ª Academia de desenvolvimento Pessoal em Portugal. APSDH – Academia Portuguesa de Superação e Desenvolvimento Humano. Elementos de diferentes partes do país que se juntam para levar o nosso conhecimento aos portugueses e poder ajudar quem mais necessita. Estamos a finalizar as legalidades e vai ser apresentada nas Caldas da Rainha dia 5 de novembro, num evento a publicitar até lá.

O projeto EmocionalMente vai ser desenvolvido no AEAAG e vai ser direcionado para a gestão de conflitos, comunicação assertiva e cuidar dos alunos com graves problemas emocionais que sem esta ajuda estarão perdidos. Continuo a fazer workshops e palestras

Integro o projeto EBIF- Escolas bilingues e interculturais de fronteira. Com organização da OEI (Organização de Estados Ibero Americanos) e dos Ministérios dos dois países. Temos vindo, desde há dois anos a desenvolver este projeto com os alunos de 5 turmas do Agrupamento, com a finalidade de promover o bilinguismo, a interculturalidade e a intercompreensão. Para que os alunos de fronteira possam recuperar estas caraterísticas que no passado nos eram inerentes. O projeto vai ter continuidade. Estamos à espera de indicações para este ano letivo. Ainda neste âmbito irei participar num Erasmus durante este ano letivo.

 

 

 

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publicado às 12:00

Um beirão migrante

por Correio da Guarda, em 16.06.22

 

No Sabugal foi apresentado, no passado dia 10 de junho, o livro “Carlos Luiz – o beirão migrante”, da autoria de Paulo Leitão Batista. A propósito desta biografia política, João Soares sublinha, no prólogo, que ela traça a “forma empenhada, cuidada, atenta e solidária como o parlamentar Carlos Luiz representou sempre, ao longo dos seus vários e ricos mandatos parlamentares, quer a nossa emigração, quer os interesses do interior de Portugal”.

Paulo Leitão Batista afirma que Carlos Luiz “abraçou a política para defender com garra o homem beirão e o homem migrante, inspirado na sua própria existência de vida e na aventura coletiva do seu povo de origem que, parecendo resignado ao amanho dos agros, passou a salto para a fronteira para ir em busca de melhor fortuna em terras distantes”. Refere, igualmente, na nota introdutória que a vida política de Carlos Luiz se centra “em dois planos, que retratam o seu caráter: dedicação às causas dos que o elegeram e prestação de contas do trabalho realizado”.

Paulo Leitão Batista e Helder Sequeira-01.jpeg

Tivemos o ensejo, a convite do biografado e do autor da obra, de proferir algumas palavras na sessão de apresentação deste livro, o que nos levou a evocar um texto de Augusto Gil (escrito em 1911, na qualidade de jornalista e não de poeta como tradicionalmente é conhecido). “Os homens só valem pelo que de bondade e verdade tragam aos outros homens, porque, uma ou a outra, não caíram nunca em terra estéril, nem mesmo quando tombam na indiferença de rochedos”.

Bondade e verdade são duas palavras que bem se podem utilizar na biografia de Carlos Luís, para além de outras. Aliás, elas constituem o íman que sustenta o registo da memória, a propósito do nosso primeiro encontro com a personalidade retratada neste interessante e oportuno trabalho de Paulo Leitão Baptista; também ele um sabugalense de alma e coração. Do Sabugal guardo as lembranças e os afetos do período em que ali vivi e estudei. Daí que me sinta grato pelo convite formulado para intervir na apresentação desta obra, sobre um amigo e sobre um convicto beirão migrante.

A propósito desta última palavra, anotamos uma observação de Pinharanda Gomes, ilustre sabugalense e figura relevante da cultura e da filosofia portuguesa. “(…) Na esquina do tempo, e tendo saído da Guarda há muitos anos (parece que temos o destino da emigração) foi-nos concedida a graça de permanecer fiel à mátria”.

Carlos Luiz - apresentação de livro-01.jpeg

Carlos Luís, apesar da sua multifacetada vivência em tempos e lugares tem permanecido também fiel à mátria, a uma terra que é o reflexo da universalidade. E volto ao reencontro com Pinharanda Gomes. Escrevia ele, há algumas décadas: “(…) a nossa região, una no espírito e divisa no corpo, é múltiplo nas almas e nas existências. Somos unos, somos múltiplos. Somos uma terra que tem características de singularidade, e que demora a assumir o que lhe é próprio. Somos um reflexo de universalidade nesta pátria, pequena pátria, coração da Lusitânia”.

Carlos Luís nunca afastou o coração desta pequena pátria, pela qual trabalhou e tem trabalhado; é certo que muitos esforços, nos bastidores, não são conhecidos, mas a sua importância é inquestionável, fundamental. Assim, e remetendo-nos esta publicação biográfica para muitos anos de intenso labor e diversidade de intervenções cívicas, políticas e culturais, o passado não deve ser olvidado.

Marc Bloch afirmava numa das sua obras que “o passado é, por definição, um dado que coisa alguma pode modificar. Mas o conhecimento do passado é coisa em progresso, que ininterruptamente se transforma e se aperfeiçoa”. Acrescentava, dentro desta linha de pensamento, que “a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”.

Ora, este livro evoca um passado, de um cidadão que soube assumir sempre os seus compromissos, com elevado sentido de responsabilidade e liberdade, mesmo em tempo de incertezas. Que hoje também vivemos… Albert Camus falava de cidadãos “impacientes do presente, inimigos do passado e privados do futuro”; lembrava, por outro lado que “nunca alguém será livre enquanto existirem os flagelos”. A pandemia e o atual conflito bélico têm mostrado como a liberdade é cerceada…para não ficarmos privados do futuro e fruirmos da liberdade teremos de, objetivamente, aprender com esta invulgar experiência dos últimos anos, aferindo as necessárias adaptações ao nível da sociedade (globalmente entendida) e no plano individual; definindo prioridades, novas metodologias, fórmulas concretas de cooperação, acompanhadas de um constante exercício de cidadania.

Carlos Luís tem sido um exemplo e um protagonista de uma cidadania ativa, eficaz, consequente, materializada nos lugares por onde passou. “(…) As pessoas e as ideias, como as árvores, são uma harmonia com a hora e o lugar (…)”, escrevia Vergílio Ferreira, para quem “(…) o que mais importa não é o novo que se vê, mas o que se vê de novo no que já tínhamos visto”.

E que vemos agora com nova oportunidade, neste livro; sobre uma pessoa que conhecemos na década de 80, aquando da passagem do Carlos Luiz pelo Governo Civil do Distrito da Guarda, como adjunto de João Gomes (o então Governador Civil).

Logo nessa altura foi possível percebermos estar perante um homem que cultivava a diferença; cordial, atento, entusiasta perante as ideias e projetos que lhe eram apresentados. Era o tempo em que desenvolvíamos um projeto informativo consubstanciado no jornal Notícias da Guarda; uma publicação que Carlos Luiz acarinhou, apoiou, sentiu como sua e da região; desafiando-nos a implementar novas ideias que alargassem ainda mais o já significativo horizonte geográfico desse periódico.

Mesmo depois de deixar a Guarda, para exercer as funções de deputado (inicialmente), continuou atento à realidade da comunicação social guardense, desde logo também à Rádio Altitude.

Nas funções diretivas que tive nestes dois órgãos de informação, e nos múltiplos e diferenciados contactos ao longo dos anos, Carlos Luís foi sempre um excelente interlocutor, demonstrando um elevado respeito pela função social da rádio e do jornal, aceitando o confronto crítico, sabendo esclarecer e dialogar com inequívoca serenidade.

Teria, necessária e justamente, de deixar aqui este testemunho. “(…) Porque – dizia Vergílio Ferreira – a verdade das palavras não está só na sua verdade, mas na coerência e no momento em que se dizem”. Ao percorrermos a biografia de Carlos Luiz, ao atentarmos sobre o trabalho político desenvolvido, extraímos a sua determinação em afirmar a verdade e a liberdade.  “Não há forma de verdade sem liberdade, não há forma de liberdade sem verdade”, como observava Pinharanda Gomes.

O exemplo pessoal, político e cultural de Carlos Luiz aponta-nos uma desejada evolução desta mátria. Evolução que terá de contar com a predisposição e disponibilidade de todos, que sintam e vivam a região, independentemente de a sua residência física se aqui ou a centenas de quilómetros de distância.

É que não haverá novas realidades se continuarmos “socialmente, uma coletividade pacífica de revoltados”, na elucidativa expressão de Miguel Torga. Fica o testemunho de profundo apreço por um homem que, dentro ou fora das fronteiras nacionais, tem sido um exemplo de verticalidade, competência, dedicação e um migrante com uma sólida matriz beira. Injustamente esquecido por alguns…

 

Hélder Sequeira

 

in O Interior, 14 junho 2022

 

 

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publicado às 21:48

Colóquio sobre a Capeia Arraiana

por Correio da Guarda, em 02.06.22

 

Capeia Arraiana  - Foto Correio da Guarda .jpg

“O Passado, o Presente e o Futuro da Capeia Arraiana” é o tema de um colóquio que vai decorrer, dia 12 de junho, em Aldeia da Ponte, concelho do Sabugal.

A iniciativa terá lugar, a partir das 18 horas, no Centro Interpretativo da Capeia Arraiana em Aldeia da Ponte, e terá como oradores Vítor Proença (Presidente da Câmara Municipal do Sabuga), Adérito Tavares, Norberto Manso e António Pissarra.

Recorde-se que a Capeia Arraiana registada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, desde novembro de 2011.

 

 

 

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publicado às 12:00

Exposição sobre Pinharanda Gomes

por Correio da Guarda, em 11.04.22

Jesué Pinharanda Gomes - foto HS.jpg

“Pinharanda Gomes, historiador do pensamento português” é o tema da exposição que vai estar patente na Biblioteca Nacional (NB), entre 13 de abril e 17 de setembro do corrente ano.

Esta mostra, e de acordo com a informação divulgada pela BN, é dedicada a Jesué Pinharanda Gomes (Sabugal, 1939 – Loures, 2019), pretendendo destacar o autor enquanto o maior historiador do pensamento português de todos os tempos.

Ativo numa perspetiva espiritualista e católica, estatuto que reivindica desde os primeiros livros e a que sempre se manteve fiel, Pinharanda Gomes produziu uma obra vastíssima, sobre uma inúmera multiplicidade de temas.

Autodidata, nascido em Quadrazais, Sabugal, terra raiana de contrabandistas, a que tem devotado parte importante dos seus escritos, Pinharanda Gomes só soube de ser de nacionalidade portuguesa quando iniciou a frequência do ensino primário.

Possuidor do mais vasto saber sobre a história do pensamento português, de que se destacam os três volumes da História da Filosofia Portuguesa (1981-1991), bem como sete volumes da série Pensamento Português (1969-1993), regista em todos os seus livros uma adesão viva ao modo religioso e de se tematizar as questões filosóficas.

Autor prolífico, resgatou do esquecimento histórico inúmeros autores integrados na mundividência espiritualista (Joaquim Alves da Hora, João de São Tomás, Samuel da Silva, João Lourenço Insuelas, Prudêncio Quintino Garcia, Francisco Rendeiro, Pereira de Freitas, entre outros), prestando sólida consistência à existência de uma corrente filosófica em Portugal que, em continuidade, por vezes subterraneamente, desprezada pelo racionalismo e pelo positivismo, condenada pelo modernismo, tem privilegiado, desde os alvores da nacionalidade, o espírito face à matéria, a alma face ao corpo, a transcendência face à imanência, a metafísica face à positividade empírica.

Este é, de facto e de direito, o estatuto singular de Pinharanda Gomes no seio da cultura portuguesa contemporânea: para além do seu pensamento pessoal, harmónico com a restante obra de historiógrafo da história intelectual portuguesa segundo uma visão religiosa e espiritualista, os seus estudos demarcam com clareza o fio de continuidade existente em Portugal, de um modo constitutivo, de pensadores que, ora situados no poder de Estado, ora contra este, ora a este indiferentes (os místicos), incessantemente, sem hiatos temporais, interrogaram, sem desfalecimento, segundo uma posição religiosa (não necessariamente católica e eclesiástica, como, por exemplo Amorim Viana, Sampaio Bruno e Teixeira de Pascoaes) ou apenas espiritual (por exemplo, Antero de Quental) a face de Deus e as qualificações filosóficas decorrentes: o ser, a existência, a essência, o devir, a causalidade e o determinismo, o acaso, a criação, a morte.

A mostra “Pinharanda Gomes: historiador do pensamento português” pretende homenagear esta figura, principalmente na vertente histórico-filosófica da sua obra, sem, contudo, menosprezar o pensamento original do autor e as outras contribuições dele em vários âmbitos da cultura portuguesa.

A mostra integra materiais do espólio guardado no Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes,no Sabugal, assim como do acervo da Biblioteca Nacional de Portugal, instituição da qual Pinharanda Gomes foi assíduo frequentador durante a sua vida.

Esta exposição é comissariada por Miguel Real, Renato Epifânio e Fabrizio Boscaglia.

 

Fonte: Biblioteca Nacional 

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publicado às 12:50


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