Alojamento: SAPO Blogs
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Notícias da Guarda e região | Reportagem | Crónicas | Entrevistas | Apontamentos | Registos
Boneca da Póvoa do Mileu (Guarda) para a iniciativa "Santos do Bairro", 2017
Um dos cartazes da Guarda, durante largas décadas foi a feira São João, que desempenhava um importante papel de dinamização económica e social, integrando um conjunto de certames com forte projeção regional.
A feira anual de São João, que ocorre no dia 24 de Junho na Guarda, foi criada em 1255 por carta régia de D. Afonso III; este documento estabelecia, como assinalou a historiadora Virgínia Rau, que “devia começar oito dias antes da festa de S. João Baptista e durar quinze dias. Todos os que viessem à feira com as suas mercadorias estariam seguros e isentos de penhora durante trinta dias”.
No decorrer da segunda dinastia a feira de São João continuava a registar grande importância e no século XV era costume os “criadores e lavradores de Castelo Branco e do seu termo levarem os gados da sua criação para venda na feira da Guarda”.
Nos finais do século dezanove a cidade enchia-se, muitos dias antes de “grande quantidade de forasteiros”, e não faltavam, pelas principais artérias as “costumadas fogueiras com danças e cantos”.
O teatro, os concursos de gado e as touradas constituíam alguns dos pontos de atração do cartaz citadino, nesses dias de enorme agitação festiva e de muitas transações comerciais.
A viagem de comboio até à Guarda era incentivada com significativas reduções nos preços, oportunidade aproveitada por numerosas pessoas, que engrossavam a multidão de visitantes espalhados por todos os cantos da cidade.
Este quadro, festivo, comercial e religioso – componente que também não faltava – repetiu-se, com mais ou menos cambiantes, durante décadas, deixando um inquestionável impacto na vida da cidade.
Aliás, a própria Câmara Municipal da Guarda deliberou, em Julho de 1954, solicitar ao Governo a “necessária autorização para considerar como feriado municipal no concelho da Guarda o dia 24 de Junho de cada ano”.
O executivo municipal, de então, argumentava que os festejos de São João “desde tempos imemoriais atingem proporções de relevo”, sendo por isso considerado “dia festivo em toda a região”; por outro lado, a Câmara Municipal aduzia a realização da “importante feira anual de S. João, reputada a de maior expansão e amplitude da região por a ela acorrerem com os seus produtos e gados as populações de toda a região beirã e até transmontana”; as estas razões, acrescentava-se ainda a intenção de o dia passar a figurar no período das “futuras Festas da Cidade” da Guarda.
O médico e escritor Ladislau Patrício (o terceiro diretor do Sanatório Sousa Martins) anotava, numa das suas obras, que “nas vésperas do dia 24 de Junho, noite e madrugada, é contínuo o formigueiro de feirantes, a pé, a cavalo, em carroças e em carros de bois, tropeçando nos calhaus soltos dos caminhos impérvios, ou batendo o macadame das estradas poeirentas e brancas”.
Embora seja de sublinhar o contributo dado por interessantes iniciativas de recriação e animação da data referenciada, que podem e devem coexistir com o certame propriamente dito, a feira de São João deveria ganhar novo fôlego e, à semelhança de outras realizações que ocorrem um pouco por todo o país, afirmar-se no calendário anual com a sua identidade e a renovação consentânea com os tempos de hoje. (Helder Sequeira.)
As tradicionais festividades na Guarda em homenagem a São João têm perdido, e sobretudo ao longo das últimas décadas, o brilho e a movimentação de outrora, especialmente em torno da feira que tem aquele santo popular como padroeiro.
Recordemos que, nos finais do século dezanove, esta cidade recebia, muitos dias antes, “grande quantidade de forasteiros”, e não faltavam pelas principais artérias as “costumadas fogueiras com danças e cantos”.
O teatro, os concursos de gado e as touradas constituíam alguns dos pontos de atração do cartaz citadino nesse período de enorme agitação festiva e de muitas transações comerciais.
Nessa época, e como já tivemos o ensejo de escrever nestas colunas, a viagem de comboio até à Guarda era incentivada com significativas reduções nos preços, oportunidade aproveitada por numerosas pessoas que engrossavam a multidão de visitantes espalhados por todos os cantos da cidade.
Este quadro, festivo, comercial e religioso – componente que, obviamente, também não faltava – repetiu-se, com mais ou menos cambiantes, durante largos anos, deixando um inquestionável impacto na vida da Guarda.
A Câmara Municipal, aliás, deliberou, em Julho de 1954, solicitar ao Governo a “necessária autorização para considerar como feriado municipal no concelho da Guarda o dia 24 de Junho de cada ano”.
O executivo municipal argumentava que os festejos de São João “desde tempos imemoriais atingem proporções de relevo”, sendo por isso considerado “dia festivo em toda a região”.
Por outro lado, a autarquia guardense aduzia a realização da “importante feira anual de S. João, reputada a de maior expansão e amplitude da região por a ela acorrerem com os seus produtos e gados as populações de toda a região beirã e até transmontana”; as estas razões, acrescentava-se, ainda, a intenção de o dia passar a figurar no período das “futuras Festas da Cidade” da Guarda.
Se é certo que na sociedade hodierna as motivações dos consumidores são de longe bem diferentes, mercê de múltiplos fatores (e hoje com as implicações de crise económica e dos graves constrangimentos financeiros), também é verdade que a Feira de São João – criada em 1255 – poderia ter reconquistado (à semelhança de outras congéneres) uma nova afirmação no contexto regional, se tivessem sido introduzidas as adequadas fórmulas de incremento/promoção e os apoios inerentes a uma realização com estas características.
Claro está que para isso tem de haver uma especial sensibilidade e empenho, uma estratégia adequada, um planeamento atempado, um espaço atrativo e uma eficaz promoção junto dos sectores potencialmente interessados num certame desta natureza.
Nesta Guarda das tradições há, entretanto, que sublinhar a iniciativa de recriar esta feira (partindo das especificidades que detinha nos finais do século XIX e primórdios do seguinte) em pleno centro da cidade.
Este programa, gizado pela Culturguarda, tem alcançado assinalável êxito e constituído um momento de aproximação entre o passado e o presente, proporcionando a muitos dos residentes e visitantes o confronto entre épocas e vivências.
A mencionada atividade [a decorrer de ontem, sábado, até amanhã] promovida pela Culturguarda fomenta uma verdadeira e popular animação citadina (conjugada, entretanto, com outras iniciativas marcadas para este fim de semana, como seja a Feira de Jovens Criadores), com todas as vantagens daí resultantes.
A Guarda necessita de ser mais aberta, solidária, moderna, criativa, culta, identificada com a sua história/ património e menos conformista, menos condicionada pelos calendários políticos e eleitorais.
É importante que a participação dos seus habitantes não se fique apenas pela presença nestas iniciativas mas se desenvolva igualmente em patamares onde possa contribuir para o desenvolvimento, para a cooperação, para a qualidade citadina, para a defesa dos reais interesses da Guarda.
In O Interior |20.6.2013
Ao longo das últimas décadas as tradicionais festividades, e animações, em homenagem a São João têm perdido, na Guarda, o brilho e a movimentação de outrora, sobretudo em torno da feira que tem aquele santo popular como padroeiro.
Nos finais do século dezanove esta cidade recebia, muitos dias antes, “grande quantidade de forasteiros”, e não faltavam, pelas principais artérias as “costumadas fogueiras com danças e cantos”.
O teatro, os concursos de gado e as touradas constituíam alguns dos pontos de atracção do cartaz citadino, nesse período de enorme agitação festiva e de muitas transacções comerciais.
A viagem de comboio até à Guarda era incentivada com significativas reduções nos preços, oportunidade aproveitada por numerosas pessoas, que engrossavam a multidão de visitantes espalhados por todos os cantos da cidade.
Este quadro, festivo, comercial e religioso – componente que também não faltava – repetiu-se, com mais ou menos cambiantes, durante largos anos, deixando um inquestionável impacto na vida da cidade.
Aliás, a própria Câmara Municipal da Guarda deliberou, em Julho de 1954, solicitar ao Governo (“nos termos do número quatro do decreto número trinta e oito mil quinhentos e noventa e seis, de quatro de Janeiro de mil novecentos e cinquenta e dois”) a “necessária autorização para considerar como feriado municipal no concelho da Guarda o dia 24 de Junho de cada ano”.
O executivo municipal, de então, argumentava que os festejos de São João “desde tempos imemoriais atingem proporções de relevo”, sendo por isso considerado “dia festivo em toda a região”.
Por outro lado, a Câmara Municipal aduzia a realização da “importante feira anual de S. João, reputada a de maior expansão e amplitude da região por a ela acorrerem com os seus produtos e gados as populações de toda a região beirã e até transmontana”; as estas razões, acrescentava-se, ainda, a intenção de o dia passar a figurar no período das “futuras Festas da Cidade” da Guarda.
Se é certo que na sociedade hodierna as motivações dos consumidores são de longe bem diferentes, mercê de múltiplos factores, também é verdade que a Feira de São João – criada em 1255 - poderia ter reconquistado (à semelhança de outras congéneres) uma nova afirmação no contexto regional, aplicadas que fossem as adequadas fórmulas e os apoios inerentes a uma realização com estas características.
Claro está que para isso tem de haver uma especial sensibilidade e empenho, uma estratégia adequada, um planeamento atempado, um espaço atractivo e uma eficaz promoção junto dos sectores potencialmente interessados num certame desta natureza.
Na Guarda das tradições há, entretanto, que sublinhar a iniciativa de recriar esta feira (partindo das especificidades que detinha nos finais do século XIX e primórdios do seguinte) em pleno centro da cidade, projecto que tem alcançado assinalável êxito e constituído um momento de aproximação entre o passado e o presente, proporcionando a muitos dos residentes e visitantes o confronto entre épocas e vivências.
Para além disso, esta actividade promovida pela Culturguarda impulsiona uma verdadeira e popular animação citadina, com todas as vantagens daí decorrentes, numa terra que se deseja mais aberta, solidária, moderna, inovadora, identificada com a sua história e património. (H.S.)
In "O Interior"
23/6/2011
A Culturguarda, em parceria com a Câmara Municipal da Guarda, vai promover a partir de amanhã, e até ao próximo sábado, 25 de Junho, a Feira de São João, uma evocação da feira do início do século XX.
A feira, que se realizava anualmente, era considerada de grande importância económica e juntava na cidade mais alta feirantes e populares de toda a região do interior do país. No recinto, transaccionavam-se, sobretudo, produtos hortícolas, animais e produtos artesanais.
Este é o quarto ano consecutivo que a Culturguarda organiza, em parceria com a CMG, esta recriação.
À troca de produtos juntou-se ainda um programa de animação que inclui teatro, música e um baile de São João no qual não faltam corridinhos e outros temas populares tocados ao acordeão e ainda a tradicional fogueira com os rosmaninhos e a queima da boneca.
(Fonte: TMG)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.