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Foto: CMG/BMEL
"Rui de Pina: cronista-mor do reino" é o tema da exposição que está patente, desde o passado dia 6 de Fevereiro até ao próximo dia 28, na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, Guarda.
De entre os antigos cronistas portugueses, Rui de Pina foi o que mais crónicas escreveu: de D. Sancho I, D. Afonso II, D. Sancho II, D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso IV, D. Duarte, D. Afonso V, D. João II e D. Manuel I (início).
Foi uma testemunha de factos importantes do seu tempo e teve um papel ativo, como burocrata, diplomata e cronista, na construção do reino de Portugal. (Fonte: BMEL)
Foto: BMEL
Rui de Pina é uma das personalidades que estão ligadas à história da Guarda, estando o seu nome perpetuado numa das ruas do centro histórico da mais alta cidade de Portugal.
Cronista-Mor do Reino, funções que começou a exercer em 1497, por nomeação de D. Manuel I, Rui de Pina foi também guarda-mor da Torre do Tombo e da Livraria Régia; sete anos antes já D. João II o tinha encarregue de “escrever e assentar os feitos famosos assim como de nossos reinos”.
Este cronista terá nascido cerca de 1440, na Guarda; contudo, e à semelhança do que acontece com outras figuras da nossa história e da nossa literatura, há quem questione a sua naturalidade; neste caso é assinalada uma possível ligação a Montemor-o-Velho, onde casou e viveu o seu pai, Lopo Fernandes de Pina.
Certezas, relativamente aos laços que prendem Rui de Pina (oriundo de família nobre) à Guarda, existem quanto ao seu casamento nesta cidade, à sua residência aqui e ao nascimento do seu filho, Fernão de Pina, nesta secular urbe, a quem destinou alguns dos seus bens; tendo sido um homem abastado, o nosso cronista protagonizou uma enorme influência social na sua época.
Rui de Pina integrou o círculo mais restrito do rei D. João II que o encarregou de várias missões diplomáticas ao Vaticano e a Espanha, nomeadamente na defesa dos interesses de Portugal após a viagem e a descoberta de Cristóvão Colombo; um trabalho que deixa transparecer as preocupações com os limites territoriais que seriam definidos, mais tarde, pelo célebre Tratado de Tordesilhas.
Rui de Pina morreu na Guarda em 1522, provavelmente na sua Quinta de Santiago, localizada na zona onde está o Chafariz d’El Rei, nas proximidades do atual quartel dos Bombeiros Voluntários Egitanienses.
Virgílio Afonso, na “Toponímia Histórica da Guarda”, faz alusão aos vestígios da sepultura do cronista, encontrados na antiga Igreja de Nossa Senhora do Mercado, nesta cidade, que se localizou na extremidade (poente) da hoje denominada Rua Augusto Gil.
Após a sua morte, as funções de Rui Pina seriam prosseguidas pelo seu filho Fernão (natural da Guarda, como atrás se disse), o qual assumiu em 1523 os cargos de guarda-mor da Torre do Tombo e de cronista régio.
Como escreveu José Mota da Romana na sua “Antologia de Escritores da Guarda (século XII a XX)”, o valor “historiográfico deste nosso conterrâneo é polémico e até muito contestado, já desde o século XVI”, havendo ainda quem o acuse de ter utilizado textos de Fernão Lopes. Contudo, como bem sublinha, “o conceito de originalidade ou até de plágio era bem diferente do que temos nos nossos dias com a evolução das teorias literárias”.
Rui de Pina redigiu as Crónicas de D. Sancho I, D. Sancho II, D. Afonso II, D. Afonso III, D. Dinis, D. Afonso V e D. João II.
Através destas duas últimas, sobretudo, o cronista régio que é recordado na toponímia guardense legou-nos um inquestionável contributo para a historiografia da expansão portuguesa e outrossim para o conhecimento do quotidiano do século XV, sustentado num estilo que enquadra a sobriedade e, não raro, uma expressiva dinâmica narrativa.
E as ruas da nossa cidade podem, também elas, conduzir-nos a múltiplas e interessantes narrativas, associadas e figuras e factos…haja interesse por essa (re)descoberta.
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