por Correio da Guarda, em 14.09.09
Ausente da cidade, não me foi possível apreciar o espectáculo de ópera que foi apresentado no TMG, bem como outro importante momento naquela estrutura cultural; refiro-me à inauguração da exposição de Malangatana, referenciada em anterior “post”.
Contudo as observações positivas, elogiosas mesmo, que registei (a muitos quilómetros daqui) sobre as propostas culturais que a Guarda oferece serviram, em certa medida, de compensão por esssa impossibilidade. Perante os lamentos de alguns invejosos (no bom sentido) desta dinâmica citadina, é caso para dizer: e a cultura aqui tão perto, como a distração e apatia de muitos, por cá…
Agendada para o passado sábado tive uma pequena nota sobre uma data particularmente significativa para Riba Côa; por impossibilidade “técnica” não foi aqui colocada, em tempo oportuno; também não vi qualquer anotação sobre o assunto: a passagem do 712º aniversário da assinatura do Tratado de Alcanices passou quase desapercebida na nossa região.
A importância deste Tratado para a formação da nacionalidade portuguesa é, como já aqui escrevemos, inquestionável; evidencia, decorridos todos estes séculos, Portugal como o país europeu com fronteiras mais antigas.
Até 1297 a linha de fronteira entre os reinos de Castela e Portugal era representada pelo Rio Coa; com a assinatura do Tratado de Alcanices, em 12 de Setembro desse ano, passaram para o domínio português os castelos do Sabugal, Vilar Maior, Alfaiates, Castelo Rodrigo, Castelo Bom, Almeida e a localidade de San Felice de los Galegos – na zona de Riba Coa – além de Olivença, Ouguela e Campo Maior.
O rei D. Dinis, de acordo com o estabelecido nesse tratado, desistia da posse de Aiamonte, Esparregal, Valência e Aracena. De forma a reforçar os compromissos assumidos, foi firmada a promessa de casamento do rei espanhol, D. Fernando IV, com a filha de D. Dinis (a infanta D. Constança), enquanto D. Beatriz, infanta de Castela, foi prometida ao príncipe D. Afonso (filho de D. Dinis).
A conjuntura interna espanhola não deixou de se reflectir neste tratado, bem como a visão estratégica do monarca português; monarca e Tratado justificavam uma inicativa ou uma simples proposta de reflexão (a partir dos municipios cujos territórios estão mais directamente ligados a esta efeméride ou por iniciativa de outras instituições) sobre um momento que marcou um novo ciclo nas terras de Riba Côa…por cá, como diz a canção, por vezes há frio…