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Curta-metragem "Discos Pedidos"

por Correio da Guarda, em 14.06.24

 

DISCOS PEDIDOS  (1).PNG

Na Guarda foi apresentada ontem a curta-metragem “Discos Pedidos”, realizada por Luís Sequeira. Este trabalho revela a realidade de um dos mais carismáticos programas da Rádio Altitude, nas décadas que antecederam a revolução de 25 de Abril de 1974.

O realizador referiu que o filme “aborda o contexto dos programas de discos pedidos e da forma como eram feitos os pedidos”, por parte dos ouvintes que escolhiam as músicas da sua preferência para ouvirem na rádio.

No filme/ documentário é também evocado o contexto político e social, bem como referidas algumas das músicas que eram alvo da censura e a formas como eram contornados os obstáculos para a sua difusão, por parte dos locutores/animadores de emissão.

A curta-metragem (que contou com a participação de antigos colaboradores e profissionais da Rádio Altitude, como é o caso de Emílio Aragonez) tem exteriores gravados no Parque da Saúde da Guarda, onde funcionou o antigo Sanatório Sousa Martins, e filmagens nas instalações da estação emissora guardense.

Luís Sequeira esclareceu que foram muitas as horas de gravação e as imagens recolhidas só na conversa gravada entre Emílio Aragonez e Albino Bárbara têm cerca de duas horas de duração; tiveram de ser objeto de “muita triagem”, pois tratou-se de um projeto académico, com as exigências daí resultantes.

IMG_5977.JPG

Contudo, o realizador guardense não exclui a possibilidade de que a informação e as imagens recolhidas possam ser aproveitadas no futuro, ampliando o trabalho em torno desta temática e no contexto da história da Rádio Altitude, que emite, oficialmente, desde 29 de julho de 1948.

Para além de Luís Sequeira na realização, o filme/ documentário contou com participação de Beatriz Lourenço (como assistente de realização), Miguel Rebelo (diretor de imagem), Hugo Marques (montador) e Mariana Sobral (diretora de produção).

 

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publicado às 12:25

Rádios locais: realidade a valorizar e reinventar...

por Correio da Guarda, em 05.06.24

 

Os desafios que se colocam atualmente à comunicação social, mormente às estações de rádio, são imensos. Desde logo os resultantes da drástica redução das receitas e da insuficiência financeira.

Quando centramos a nossa atenção no interior do país a realidade é ainda mais preocupante e os cenários que se desenham para o futuro não são animadores.

Uma certa euforia em torno das plataformas digitais, as crises económicas, o desinvestimento publicitário por parte das empresas bem como do pequeno e médio comércio, a necessidade de reapetrechamento técnico, a redução do número de profissionais e a aplicação de estratégias editoriais erradas conduziram a uma situação dramática.

Microfone - foto Helder Sequeira.jpg

Como tem sido sublinhado, a escassez de recursos financeiros vai agravando, progressivamente, a vida dos órgãos de informação. Aliás é significativo o número de estações emissoras que desapareceram ou foram absorvidas por grandes grupos, convertendo-as em simples retransmissores. Veja-se os mais recentes casos da Rádio Clube de Monsanto ou da Emissora das Beiras (que a 13 de maio tinha assinalado o seu 85º aniversário e foi vendida à sociedade detentora da Rádio Observador).

O desaparecimento destas "marcas" não deixa de ser trágico, contrariando o espírito que esteve subjacente à legalização das rádios locais e à preocupação em servirem as suas comunidades; incrementando a informação, o debate, a valorização do seu património e costumes, a salvaguarda do pluralismo, a defesa da democracia, o exercício responsável do jornalismo.

Como disse António Borga, Presidente da Casa da Imprensa, no V Congresso dos Jornalistas, “o jornalismo não é um negócio. O jornalismo é uma atividade de utilidade social e interesse público”.

Na mesma linha, e na mensagem dirigida na altura aos jornalistas portugueses, esteve a Vice-Presidente da Comissão Europeia ao considerar que a “informação é um bem público, cabendo às democracias proteger os jornalistas”. Por outro lado, defendeu que é necessário “encontrar soluções a nível europeu e internacional” para a crise do jornalismo, acrescentando a necessidade de serem e incentivar investimentos públicos, que “respeitem a independência e o pluralismo” da atividade.

A própria classe jornalística não rejeita a autocrítica e a análise serena da questão dos financiamentos. O que pode passar, como tem sido defendido, por um papel mais interventivo do estado no sentido da salvaguarda do jornalismo, de um jornalismo pautado pela seriedade, ética, deontologia e qualidade. E a qualidade dos conteúdos informativos aliada à independência e isenção é fundamental para a reaproximação dos públicos que, é importante anotar, não podem ter uma atitude de indiferença perante os media.

O apoio passa, desde logo, por se assumirem com leitores e ouvintes regulares, ativos e críticos, sem se acomodarem na passividade do dia a dia ou se uniformizarem no domínio do anonimato.

Será com o empenho e contributo de todos – jornalistas, instituições, estado, cidadãos, empresas – que o cenário hoje existente poderá ser alterado. Acentuando também a informação de proximidade, uma mais ampla cobertura do que mais diz e interessa às comunidades locais e regionais.  E isto não pode nem deve ser esquecido! 

 

Hélder Sequeira

 

 

 

 

 

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publicado às 09:00

Rádio e Inteligência Artificial

por Correio da Guarda, em 22.03.24

 

A rádio continua a ter um papel fundamental na informação regional e, com distinta flexibilidade, na aproximação às pessoas; seja no meio urbano ou rural. Como já escrevemos noutra ocasião, essa proximidade dever ser incrementada cada vez mais, possibilitando uma constante auscultação de anseios, registando as perspetivas sociais, económicas e políticas, dando voz às pessoas, ampliando a informação, levantando novas questões e problemas; importa que a rádio (e a imprensa) não se circunscreva às agendas informativas institucionais.

Sabemos que o atual cenário, em vários planos, é de apreensão e de difíceis desafios para a comunicação social regional e, obviamente, para rádio em particular face ao crescendo de exigências legais. Aliás é estranho, ou talvez não, que na recente campanha eleitoral pouco ou nada se tenha ouvido sobre a crise que afeta a comunicação social; crise que alguns analistas consideram se possa repercutir na significativa redução do número de profissionais que trabalham nas rádios, mercê da implementação progressiva da inteligência artificial (IA) nas emissões diárias.

Rádio e Inteligência Artificial_.jpg

A Inteligência Artificial apresenta novos caminhos para mais eficiência e múltiplas vantagens ao nível da melhoria da programação e interação com os ouvintes; para além da automação das emissões radiofónicas a IA apresenta-se como forte apoio para produção de notícias, definição da sequência musical e de um conteúdo programático convidativo e diferenciado. Através de algoritmos e modelos automatizados a IA tem a capacidade de proceder à análise de uma enorme quantidade de informação, identificando padrões e desencadeando, consequentemente, procedimentos adequados.

O acompanhamento constante das atualizações e publicações nas redes sociais pode ser efetuado de uma forma rápida, detetando tendências e assinalando notícias e temáticas que podem interessar aos ouvintes, despertando assim a sua atenção. Através de software adequado podem ser produzidas mensagens para as redes sociais assim como conteúdos destinados a plataformas digitais que ampliam o trabalho da estação emissora. Como escreveu Cristiano Stuani, a IA “pode utilizar-se para produzir textos e conteúdos para as redes sociais, personalizar anúncios e analisar dados de audiência, ampliando o alcance da marca e oferecendo publicidade mais relevante e efetiva para os anunciantes”.

No último ano a Inteligência Artificial tem vindo a aumentar a sua presença e influência no mundo da rádio. Na Alemanha está já a funcionar, no âmbito de um projeto da Antenne Deutschland (AD), o canal Absolut Radio AI, que pode ser escutado em DAB +, sendo 100% produto da Inteligência Artificial. Com o recurso à tecnologia designada por Radio.Cloud é elaborada toda a programação, inserida a voz e definidos os intervalos musicais ou publicitários, apostando num auditório da faixa etária entre os 14 e 49 anos. O “animador de emissão” tem o nome de kAI. A diretora de programação da AD, Tina Zacher, afirmou a uma publicação da especialidade que as IA não irá substituir, nos próximos anos, os radialistas, mas “pode simplificar tarefas repetitivas, dando mais tempo para os profissionais da rádio serem criativos”.

O debate em torno das implicações da Inteligência Artificial no meio rádio é atual e necessário, bem como a necessidade de um melhor conhecimento da diversidade de aplicações disponíveis; ao nível da automação, utilização de voz, criação de cópias de conteúdos, novas fórmulas de atração de ouvintes. Acresce ainda a análise e clarificação das questões éticas, do impacto no emprego, da salvaguarda de direitos de autor e direitos conexos, da distinção de vozes criadas pela Inteligência Artificial.

Na área da indústria de equipamentos para radiodifusão não tem faltado quem argumente que o uso abusivo da Inteligência Artificial poderá criar situações indesejáveis; para outros ajudará a personalizar os conteúdos das emissões de rádio, a automatizar tarefas repetitivas e a melhorar a qualidade geral da programação. Sustentam, ainda, que a Inteligência Artificial pode viabilizar economia de tempo para as emissoras, ao assegurar conteúdos para os períodos da noite e madrugada, criando rapidamente podcasts e outros materiais de áudio online para sites. Aliás, ao nível da produção de podcasts, há empresas que perspetivam já para o corrente ano a disponibilização de tecnologia capaz de possibilitar a sua audição, por parte do público, na língua que pretendam. Naturalmente com as vantagens daí decorrentes e na expetativa de ampliação das mensagens publicitárias.

A utilização da inteligência artificial em novos equipamentos, produtos, serviços e inovações abre, assim, uma discussão ao nível político e ético, entre outras esferas de intervenção. Especialistas, nesta matéria, fizeram já notar a existência de questões legais sobre os direitos de propriedade e autoria de conteúdos criado por Inteligência Artificial; alertando também para a clarificação da forma como as emissoras podem proteger, legalmente, os conteúdos próprios.

Noutras perspetivas de análise, e sobre a problemática relativa à substituição dos animadores de emissão pela IA, é manifestada a opinião de que a Inteligência Artificial deve ser utilizada como ferramenta de ajuda à melhoria do fluxo de trabalho diário de apresentadores, programadores e jornalistas. Assim, é sublinhado que nesta matéria o grande benefício da IA, neste contexto, é assegurar as notícias locais e a identidade da emissora fora do horário normal de trabalho, quando ninguém está presencialmente; como sejam os períodos da noite ou em turnos de fim de semana. Daí que nomes conhecidos do mundo da indústria da rádio considerem que as aplicações de Inteligência Artificial, usadas pelas emissoras, vão preencher lacunas ao nível dos recursos humanos, não implicando a sua substituição; reforçam a vantagem de serem criados segmentos especiais em horários onde a presença do animador não está assegurada ou é inviável. Veja-se a realidade de tantas emissoras locais, mormente as sedeadas no interior de Portugal.

Espaços da programação onde podem pontuar as notícias locais, informação sobre as temperaturas e a previsão meteorológica ou, através de sistemas informáticos específicos, serem gerados podcasts sobre desporto, espetáculos culturais, tradições locais/regionais, roteiros turísticos, agenda de festividades.

Do outro lado no Atlântico, nos EUA, o RadioGPT (software com inteligência artificial vocacionado para a automatização das emissões de rádio) evoluiu já para um novo nível com o Futuri AudioAI, produzido pela Futuri Media, oferecendo uma presença em direto ao longo das 24 horas e durante todos da semana; garantindo, igualmente (e entre outras vantagens), a criação automática de podcasts e notícias para partilha.

A discussão sobre a importância, vantagens e perigos da Inteligência Artificial deve merecer a nossa melhor atenção. Embora se deva ter em conta que a IA pode ser um precioso auxílio dos profissionais da rádio (a par de uma ajuda importante na estratégia de conquista de novos públicos, da fidelização de ouvintes), não podemos esquecer a essência da Rádio.

A humanização deste meio de comunicação é fundamental e as pessoas não podem ser afastadas do processo evolutivo da Rádio, que continua a ter futuro, apesar dos múltiplos condicionalismos e desafios.

 

Hélder Sequeira

 

in O INTERIOR, 20mar2024

 

 

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publicado às 08:30

Desafios das rádios locais…

por Correio da Guarda, em 22.01.24

 

Os desafios que se colocam atualmente à comunicação social, mormente às estações de rádio, são imensos. Desde logo os resultantes de drástica redução das receitas e da insuficiência financeira.

Quando centramos a nossa atenção no interior do país a realidade é ainda mais preocupante e os cenários que se desenham para o futuro não são animadores.

Uma certa euforia em torno das plataformas digitais, as crises económicas, o desinvestimento publicitário por parte das empresas bem como do pequeno e médio comércio, a necessidade de reapetrechamento técnico, a redução do número de profissionais e a aplicação de estratégias editoriais erradas conduziram a uma situação dramática.

Microfone - foto Helder Sequeira.jpg

Como tem sido sublinhado, a escassez de recursos financeiros vai agravando, progressivamente, a vida dos órgãos de informação. Aliás é significativo o número de estações emissoras que desapareceram ou foram absorvidas por grandes grupos, convertendo-as em simples retransmissores.

O que não deixa de ser trágico, contrariando o espírito que esteve subjacente à legalização das rádios locais e à preocupação em servirem as suas comunidades; incrementando a informação, o debate, a valorização do seu património e costumes, a salvaguarda do pluralismo, a defesa da democracia, o exercício responsável do jornalismo.

Foram sendo, ao longo dos últimos anos adiadas soluções como ainda na passada quinta-feira dizia o Presidente da República na sessão de abertura do V Congresso dos Jornalistas. É na perceção da realidade atual que a comunicação social, o jornalismo tem de ter o foco.

Como disse António Borga, Presidente da Casa da Imprensa, no início do V Congresso dos Jornalistas, a decorrer por estes dias, “o jornalismo não é um negócio. O jornalismo é uma atividade de utilidade social e interesse público”.

Na mesma linha, e na mensagem dirigida aos jornalistas portugueses, esteve a Vice-Presidente da Comissão Europeia ao considerar que a “informação é um bem público, cabendo às democracias proteger os jornalistas”. Por outro lado, defendeu que é necessário “encontrar soluções a nível europeu e internacional” para a crise do jornalismo, acrescentando a necessidade de serem e incentivar investimentos públicos, que “respeitem a independência e o pluralismo” da atividade.

A própria classe jornalística não rejeita a autocrítica e a análise serena da questão dos financiamentos. O que pode passar, como tem sido defendido, por um papel mais interventivo do estado no sentido da salvaguarda do jornalismo, de um jornalismo pautado pela seriedade, ética, deontologia e qualidade.

E a qualidade dos conteúdos informativos aliada à independência e isenção é fundamental para a reaproximação dos públicos que, é importante notar, não podem ter uma atitude de indiferença perante os media.

O apoio passa, desde logo, por se assumirem com leitores e ouvintes regulares, ativos e críticos, sem se acomodarem na passividade do dia a dia ou se uniformizarem no domínio do anonimato.

Será com o empenho e contributo de todos – jornalistas, instituições, estado, cidadãos, empresas – que o cenário hoje existente poderá ser alterado. Acentuando também a informação de proximidade, uma mais ampla cobertura do que mais diz e interessa às comunidades locais e regionais.

E isto não pode ser esquecido.

 

Hélder Sequeira

 

 

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publicado às 23:12

Rádio em altitude...

por Correio da Guarda, em 18.01.23

 

O papel da Rádio como meio de comunicação, consciência e memória regional não deve ser esquecido, especialmente quando há uma inquestionável ligação afetiva entre as gentes beirãs e uma emissora – Rádio Altitude (RA) – com uma identidade distinta. Este é um ano particularmente importante numa imprescindível reflexão sobre passado, presente e futuro.

Em 2023 completam-se 75 anos após a inauguração oficial da RA, ainda com o indicativo CS2XT. Também este ano, e concretamente a 1 de fevereiro, passa o septuagésimo quinto aniversário da criação do jornal Bola de Neve. Dois projetos informativos e culturais que surgiram no seio do Sanatório Sousa Martins,

O Boletim Bola de Neve (como se definia inicialmente) surgiu a 1 de fevereiro de 1948, tendo como primeiro diretor o Engº Agrónomo Álvaro Martins da Silva. O periódico contou com a colaboração de diversas e eminentes figuras, nomeadamente Amorim Girão, Damião Peres, Nuno de Montemor, Miguel Torga, Joaquim Veríssimo Serrão, Gen. João de Almeida e Ladislau Patrício, entre outros.

Por outro lado, a atividade radiofónica desenvolvida, a partir de 1947, no Sanatório suscitou a preferência de muitos doentes. A rádio era – e é – um fascínio contagiante, acrescido pelo facto de não ser normal a possibilidade de contactar, de perto, com uma emissora de radiodifusão sonora.

A maior parte dos internados, no Sanatório Sousa Martins, que eram admitidos na rádio, designada de “Altitude”, ocupavam-se quer na manutenção técnica dos equipamentos de emissão ou de estúdio, quer no apoio administrativo ou no arquivo de discos e registos magnéticos. Setor onde se podia verificar uma irrepreensível catalogação; apenas os doentes com melhores condições de saúde, e outras características exigidas, eram escolhidos para efetuarem locução ou apresentação de programas.

O Bola de Neve noticiava, na edição de 1 de abril de 1948, que a Caixa Recreativa do Sanatório Sousa Martins tinha adquirido um aparelho emissor. “Poderemos escutar dos nossos quartos as festas realizadas e deliciarmo-nos com música do nosso agrado direto e recrearmo-nos com crónicas de são oportunismo de propósitos inofensivos. Além de que a organização dos programas distrai e desperta curiosidade, Rádio Altitude é mais um elemento de fraternidade entre os doentes do Sanatório – e, em destaque, uma nova regalia da Caixa Recreativa”.

No longínquo ano de 1948 a Rádio Altitude apresentava-se como “Posto Emissor CS2XT” (mais tarde foi-lhe atribuído o indicativo CSB-21), emitindo no comprimento de onda dos 212,5 m e na frequência de 1495 Kc/s.

Rádio Altitude - Microfone antigo - HS.jpg

Frequência na qual começou a ser emitido o mais antigo programa de rádio dedicado ao mundo automóvel, e outrossim à segurança rodoviária.O “Escape Livre” – iniciado em 13 de fevereiro de 1973 – sendo um espaço emblemático da Rádio Altitude é também um original exemplo de longevidade no panorama da radiodifusão sonora portuguesa.

Idealizado por Luís Celínio, este programa surgiu, curiosamente, num ano em que, face à crise energética verificada nessa época, foram proibidas as provas automobilísticas. Ainda estudante do então Liceu Nacional da Guarda, Luís Celínio era já um fervoroso adepto do desporto automóvel; a idade impedia-o, contudo, de conduzir e mesmo a sua pretensão a um veículo de duas rodas foi, pedagogicamente, convertida a favor de uma máquina de filmar, como prémio pelos bons resultados escolares. Este equipamento, que lhe permitiu o registo de inúmeras provas automobilísticas, acabou por constituir o ponto de partida para alguns projetos na área da comunicação social.

No Liceu da Guarda conheceu outro jovem entusiasta pelos automóveis, Francisco Carvalho, que estivera ligado em Trancoso (onde residia com os pais) a uma rádio-pirata local; para a qual idealizara um programa sobre desporto automóvel a que pretendia atribuir o nome de Escape Livre. O plano não foi concretizado e sugeriu esse nome a Luís Celínio, para o projeto deste, a concretizar na Rádio Altitude.

Após algum tempo, depois dos indispensáveis contactos, com a direção (liderada pelo Dr. Martins de Queirós, igualmente diretor do Sanatório Sousa Martins) e com o encarregado geral da Rádio, o programa começou a ser emitido – em onda média – às terças e quintas-feiras, com uma duração de 13 minutos; dois anos depois passou a ocupar sessenta minutos semanais da emissão da rádio, inicialmente às quartas-feiras (entre as 18 e as 19 horas), depois às quintas-feiras entre as 11 e as 12h e, posteriormente, nesse mesmo dia no horário das 18 às 19 horas.

Certamente que estas e outras memórias vão ser evocadas no próximo mês, aquando da passagem de meio século após a primeira emissão do programa Escape Livre, a partir da cidade da Guarda de onde continua a irradiar semanalmente.

Nestas despretensiosas notas quisemos sublinhar três gratas efemérides e, de forma especial, a longevidade de uma estação de Rádio que não pode esquecer os seus novos desafios e desígnios. Em especial num ano que merece ser evidenciado, enquanto marco importante na história de uma das rádios pioneiras em Portugal. Facto que a Guarda não deve esquecer…

 

Hélder Sequeira

 

in O INTERIOR, 18_jan_2023

 

 

 

 

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publicado às 22:52

Perspetivar novos rumos..

por Correio da Guarda, em 23.04.20

 

Hoje estamos num mundo diferente e com um conjunto de inimagináveis desafios para o futuro.

De um dia para o outro – fruto da atual pandemia – tiveram que ser tomadas medidas de distanciamento físico, implementadas reformulações e ajustes nos processos de trabalho, paralisadas múltiplas atividades e serviços, rentabilizados recursos humanos e técnicos, assegurado o aproveitamento mais aprofundado das novas tecnologias da informação.

Naturalmente que estas mudanças, indispensáveis, implicam a consciencialização do cenário que atravessamos; evidenciam a necessidade de uma forte determinação em assumir o espírito da informação na sua plena essência, sem esquecer a inovação indispensável.

Ao longo das últimas semanas têm sido inúmeros os apelos para haver uma postura atenta e crítica perante as falsas notícias, veiculadas especialmente através das redes sociais, de forma a “introduzir a falsidade ou o medo, como estratégia para alcançar notoriedade”, como sublinhou a Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa.

Daí o realce dado à importância e ao esforço dos profissionais da comunicação social, pois nestas circunstâncias de extrema necessidade a exigência de verdade e de informação. De recordar, a propósito, que também no início do passado mês, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) aprovou um conjunto de normas orientadoras com vista a serem incentivados padrões de boas práticas, por parte dos media, na cobertura de doenças e situações epidémicas.

O Conselho Regulador dessa entidade relembrou o papel da comunicação social no alerta e informação ao público, em matéria de saúde pública. “Sobretudo se elas configuram emergências, desencadeadoras de estados de inquietação e nervosismo entre o público, caracterizáveis como de generalizado alarme”, pelo que, acrescentava, “se justificam cuidados redobrados na confirmação da veracidade da informação.”

O Conselho Regulador da ERC apelou aos órgãos de comunicação para uma redobrada atenção em situações que possam causar alarme social. Nessas normas orientadoras, destacou que “o tratamento jornalístico de questões de saúde pública, epidémicas ou não, deve assegurar escrupulosamente os deveres de rigor, abstendo-se da formulação de juízos especulativos e alarmistas, da divulgação de factos não confirmados”. Por outro lado, alertou para a necessidade de ser garantido “o respeito pela proteção da identidade e a reserva sobre a intimidade da vida privada dos doentes e das suas famílias”.

A ERC lembrou, no que diz respeito às fontes de informação, que devem ser privilegiadas as fontes especializadas oficiais, mas sem prejuízo da sua verificação/confrontação com outras; entre as fontes de informação especializadas sublinha-se a importância de dar prioridade às científico-médicas, e entre estas a serem o mais possível diversificadas.”

Há três semanas atrás a Federação Internacional de Jornalistas apelou, igualmente, a uma cobertura mediática, por parte dos meios de comunicação relativamente ao novo coronavírus, sem “pânico justificado”, de forma a evitar “abordagens sensacionalistas” e “teorias da conspiração”. Para esta federação mundial de sindicatos de jornalistas, que representa 600 mil profissionais, o papel dos media na cobertura desta pandemia é “fornecer aos cidadãos informações verificadas, precisas e factuais, evitando dados sensacionalistas que podem levar ao pânico geral e ao medo”.

Imprensa e mudança .jpg

Assim, o posicionamento noticioso e a definição clara das fontes de informação, essenciais e credíveis, permitem o suporte seguro para o trabalho esperado pelos leitores de hoje e de amanhã. Ultrapassada esta conjuntura ímpar e preocupante, há que olhar para o futuro e perspetivar rumos, sem esquecermos que vão ser necessárias medidas de apoio para a comunicação social; necessidade já reconhecida, entre outras associações e organizações, pela Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social. “Numa altura em que o país atravessa “uma situação nunca antes vivida”, importa garantir que a comunicação social, “nomeadamente os órgãos de âmbito local, podem continuar a cumprir as suas funções de informar e de manter acompanhados todos aqueles que agora estão sujeitos a um ainda maior confinamento e isolamento social, sendo que ajudar a comunicação social local a manter-se em funcionamento é, “uma medida de interesse nacional”.

O seu papel continuará a ser de grande importância, aliado a uma eminente função pedagógica que passa, nomeadamente, por implementar a consciencialização dos deveres e cuidados do cidadão face a situações de emergência.

Hoje o perfil da emergência foi o que todos sabemos, mas se numa situação futura (que desejamos nunca ocorra) houver um corte prolongado de energia elétrica, por exemplo? Estamos preparados para receber a informação? As rádios locais (que podem constituir-se como verdadeiras antenas da proteção civil) estão equipadas com geradores que lhes permitam as emissões e a consequente difusão das orientações/recomendações por parte das entidades competentes? Qual a percentagem de cidadãos que têm tomado devida nota da necessidade de um “kit de emergência” (onde nomeadamente, estejam produtos para necessidades básicas, medicamentos, máscara, cópias de documentos de identificação, um rádio portátil e lanterna com pilhas extra, etc,)? Não temos que ser apenas agentes de saúde pública (como se tem apelado, embora haja ainda alguns a assobiar para o lado…) mas também de proteção civil.

Este tempo de pandemia deve ser também de profunda reflexão, espírito de solidariedade e cooperação, determinação em superar as dificuldades, de valorização dos vários setores profissionais, de medidas objetivas e de preparação (a possível, é óbvio) para novas ocorrências, onde a informação credível e imediata será sempre necessária. (Helder Sequeira)

 

In jornal O Interior 23|04|2020

 

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publicado às 00:01

O dia da Rádio

por Correio da Guarda, em 13.02.17

 

     Hoje é comemorado o Dia Mundial do Rádio.

    Desde 2012 que esta data se constitui como oportunidade para assinalar a importância do rádio, quer como meio de informação, quer como agente de educação e cultura.

dia-mundial-dp-radio-2017.jpg

     Em Portugal a audiência radiofónica, diária, é na ordem de 4,9 milhões de pessoas, o que traduz a importância deste meio e a sua forte implantação. É significativo que o tema para a edição do Dia Mundial do Rádio de 2017 seja, precisamente, “O rádio é você!”.

    Trata-se de um desafio a um maior envolvimento dos ouvintes na definição dos novos rumos da radiodifusão, no incremento de novas dinâmicas onde tenha lugar uma efetiva participação dos públicos.

    Aliás, na mensagem que a diretora-geral da UNESCO divulgou a propósito desta efeméride, “o rádio nunca foi tão dinâmico, atraente e importante”. Irina Bokova, lembrando a época conturbada que vivemos, evidencia o rádio como “uma plataforma duradoura para unir as comunidades. No caminho do trabalho, em nossas casas, escritórios e espaços abertos, em momentos de paz, de conflitos e emergências, o rádio continua a ser uma fonte essencial de informação e conhecimento, abrangendo diferentes gerações e culturas, inspirando-nos com a riqueza da diversidade humana e conectando-nos com o mundo”.

    A diretora-geral da UNESCO acrescenta, depois, que “o rádio fornece uma voz para mulheres e homens de todas as partes. Ele escuta seus públicos e responde a suas necessidades. Ele é uma força para a dignidade e os direitos humanos, bem como um poderoso catalisador de soluções para os desafios enfrentados pelas sociedades. É por isso que o rádio é importante para fazer avançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O avanço nas liberdades fundamentais e a promoção do acesso público à informação são elementos essenciais para fortalecer a boa governança e o Estado de direito, assim como para aprofundar a inclusão e o diálogo.”

Microfone HS.jpg

      Esse diálogo é fundamental para que tenhamos um rádio cada vez com mais abrangência e qualidade; o trabalho, no rádio, está em aperfeiçoamento constante e deve representar um incentivo diário para novas metas qualitativas. E ao nível das propostas informativas, musicais e culturais é bom não esquecer a importância da voz que não deve passar para um papel secundário; estamos a falar do radio, de comunicação.

    A voz é indissociável do rádio, convertendo-a em magia e paixão; daí a necessidade de alimentar com palavras, com voz, mesmos os espaços inseridos em horários com menor índice de audição, que não devem ser menosprezados. É a voz que dá dimensão à presença do rádio, seja qual for o ponto ou lugar de sintonia; faz a diferença perante minutos e minutos sequenciais de música.

   A força do rádio está na dinâmica e na postura de quem o faz, na sua capacidade de comunicação. E o rádio é isso mesmo e uma presença constante no nosso quotidiano; um meio que devemos continuar a valorizar!

 

 

 

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publicado às 00:20

Telefonia

por Correio da Guarda, em 02.08.15

 

Receptor de RÀDIO.JPG

 

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publicado às 13:08

Rádios no Museu Natural da Electricidade

por Correio da Guarda, em 25.08.14

 

     “Rádios do Século XX – Onda Média e Frequência Modulada” é o tema da exposição que, até 11 de Outubro, está patente no Museu Natural da Electricidade, em Seia.

     Esta mostra reúne objetos museológicos do percurso histórico da rádio nas primeiras sete décadas do século passado.

    “A ligação da rádio a este espaço museológico é evidente, pois na região da Serra da Estrela, a difusão da rádio só foi possível em virtude da entrada em funcionamento, em 1909, da Central Hidroelétrica da Senhora do Desterro, hoje Museu Natural da Eletricidade”, salientou uma nota informativa da Câmara Municipal de Seia.

    De referir que o Museu Natural da Eletricidade se encontra a funcionar desde 2011 no edifício da antiga Central Hidroelétrica.

 

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publicado às 18:48

Rádios do século XX

por Correio da Guarda, em 11.04.14

     No Museu da Electricidade (ME), em Seia, está patente, desde hoje e até 11 de Outubro, a exposição “Rádios do Século XX – Onda Média e Frequência Modulada”.

     Esta exposição pretende dar a conhecer a evolução estética e tecnológica dos aparelhos de rádio, nas primeiras sete décadas do século passado.

     Ainiciativa  do ME tem a colaboração do Museu dos Rádios Antigos, de Vila Nova de Tazém.

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publicado às 23:57


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