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"Parlatório" novo trabalho de poesia sonora

por Correio da Guarda, em 13.01.18

Parlatório.jpg

     Em Coimbra vai ser apresentado hoje, pelas 15 horas (no Salão Brazil), o novo disco de poesia sonora de Américo Rodrigues.

   Intitulado “Parlatório” o disco será objeto de uma intervenção de Nuno Miguel Neves, antropólogo e doutorando em Materialidades da Literatura.

    Este trabalho baseia-se em conversas com sete reclusos mas não é um disco documental, referiu Américo Rodrigues para quem a ideia inicial “era escrever um livro com narrações daquelas mulheres e homens que estavam a cumprir pena numa prisão do interior de Portugal. Registei em vários cadernos o que de mais importante me disseram (depoimentos de grande autenticidade), sublinhando frases e ligando palavras com setas e outras anotações”.

    O que escreveu foi aquilo que considerou “ser o essencial” do que ouviu. “Histórias de roubos, tráficos, burlas, assaltos, dependências, traições, violências, mortes. Vidas. A partir desse material de base concebi uma peça de poesia sonora que cruza a minha vocalidade (gritos, sussurros, choros, línguas inexistentes, ruídos bucais, cantos de inspiração étnica, estalidos com a língua, terrorismo fonético, etc.) com a leitura dos apontamentos da conversa com aqueles reclusos (leitura branca, interpretação teatral, enganos, hesitações, alteração de velocidade, silêncios, amálgamas, etc.)”.

    Como referiu Américo Rodrigues, a propósito deste seu novo trabalho, surgiu assim a opção por “ler em voz alta os apontamentos, fragmentar as narrativas, estilhaçar a coerência dos relatos. Como num parlatório: todos a falar ao mesmo tempo. Como num parlatório onde todos ouvíssemos parte das histórias dos outros. Depois, juntar-lhe o que é do domínio do indizível: vozes viscerais, vozes que não pronunciam uma só palavra entendível, choros por ninguém, ecos dos ecos, um derradeiro esgar, ruídos bucais, cânticos de lamento, línguas imaginárias, rezas sem fé, revoltas íntimas, o som do sangue.”

    O disco foi feito em parceria com José Neves (dramaturgia do som e montagem), tendo a colaboração de Nuno Veiga (sound designer), César Prata (gravação) e Tiago Rodrigues (desenho gráfico). A edição é de Bosq-íman:os records.

    A seguir à apresentação do disco realiza-se uma mesa redonda subordinada ao tema “O que pode a Arte? Ações artísticas em contexto prisional” em que vão participar Américo Rodrigues, António Dores, Daniel Maciel, Vera Silva e Paulo Lameiro.

    A sessão de apresentação em Coimbra, a que se seguirá outra em Lisboa na Galeria ZDB, é do Serviço Educativo do Jazz ao Centro Clube.

 

 

 

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publicado às 00:14

Poeteka 2009

por Correio da Guarda, em 24.09.09

 

Américo Rodrigues é o único poeta português convidado para o “Poeteka 2009”, Festival Internacional de Poesia da Albânia, que está a decorrer naquele país desde segunda-feira até 27 de Setembro
No sítio do festival na internet merecem destaque, como convidados estrangeiros, Américo Rodrigues (na categoria de poesia sonora) e o grego Demosthenes Agrafiotis (poesia visual).
Participam neste certame – que tem associado um prémio de poesia – nomes como Ales Debjelak (da Eslovénia), Francis Chenot (Bélgica), Tom Sleihg (USA), Cventanka Elenkova (Bulgária), Joumana Haddad (Líbano) e Onur Caymaz (Turquia), entre outros.
Em declarações ao Diário AS BEIRAS, Americo Rodrigues diz ter a percepção de que se trata de “um festival muito prestigiado”, tendo o convite do Ministério da Cultura e Turismo da Albânia sido feito na sequência de outras participações em certames congéneres realizados em Inglaterra, Espanha e França, como seja o caso do conceituado “Voix de La Mediterranée”.
Foi, aliás, no decorrer deste festival de poesia, por muitos considerado o mais importante da zona mediterrânica, que o director do Poeteka conheceu o trabalho do autor guardense.
Relativamente a este festival na Albânia, Américo Rodrigues manifestou-nos alguma expectativa até pelo facto de o trabalho que vai apresentar “ser ainda desconhecido por lá. A poesia sonora preocupa-se não só com o som das palavras mas também com a sua perfomance”.
Sendo o único poeta sonoro estrangeiro a participar no Poeteka, agrada-lhe a ideia de um encontro com autores de outros países, mormente árabes.
“É também uma excelente oportunidade de divulgar o meu trabalho poético e de me enriquecer culturalmente”, acrescentou. “Interessa-me a sonoridade das outras línguas. Acho que vai ser uma experiência fascinante”.
Em Portugal, no campo da poesia sonora há ainda um grande caminho a percorrer, quando se faz a comparação com outros países europeus. Em França e na Itália a poesia experimental teve um particular desenvolvimento, com incidência na poesia do concreto e na poesia visual.
No nosso país, Américo Rodrigues é um dos percursores da denominada poesia sonora (“sound poetry”). “Sempre desenvolvi um caminho muito pessoal na área da poesia e assim também uma orientação muito particular”, como nos referiu o Director do Teatro Municipal da Guarda (TMG).“Esta é uma maneira diferente de lidar com a poesia, mais para ser ouvida do que lida”.
As sessões da quinta edição do Poeteka vão ter lugar em Durrës (no Forum medieval, Museu de Arqueologia, Museu de Etnografia e Universidade daquela cidade albanesa), em Elbasan, Berat (no Museu Onufri) e em Tirana.
in diário AS BEIRAS (23.9.2009)
 

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publicado às 00:29


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