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Lembrar Augusto Gil...

por Correio da Guarda, em 26.02.25

 

“Batem leve, levemente,

Como quem chama por mim…

Será chuva? Será gente?

Gente não é certamente

E a chuva não bate assim…

 

O poeta Augusto Gil, o autor da conhecida “Balada da Neve” é, seguramente, uma das figuras mais conhecidas da galeria de guardenses ilustres. Hoje assinala-se o 96º aniversário da sua morte.

Augusto César Ferreira Gil nasceu na freguesia de Lordelo, Porto, a 30 de julho de 1870; berço fortuito devido à circunstância de sua mãe se encontrar ali, acidentalmente. A família era toda Beira: “o pai do Maçal do Chão, concelho de Celorico; a mãe nada e criada na própria sede do concelho. Desde a idade de três meses, Gil residiu na Guarda, que ele considerava, pelos laços de sangue e do coração, como sua terra natal”. Escreveu Ladislau Patrício, biógrafo e cunhado do poeta.

 Gil passou a maior parte da sua vida na mais alta cidade de Portugal e aqui fez os primeiros estudos; frequentou, depois, o Colégio de S. Fiel, após o que regressou à Guarda, onde se encontrava em 1887. Tempo depois, ingressou como voluntário na vida militar que deixou com o início dos estudos na Escola Politécnica; estes seriam interrompidos, contudo, por motivo de doença. Em finais de 1889 foi autorizado a frequentar a Escola do Exército onde o aproveitamento letivo não foi exemplar; passados dois anos, em maio de 1891, ingressou no Regimento de Infantaria 4 e aí prestou serviço até ao mês de novembro.

De novo na Guarda, Augusto Gil fez nesta cidade, em 1892 e 1893, os exames do Liceu, rumando posteriormente para Coimbra, em cuja Universidade cursou Direito; na cidade do Mondego teve como companheiros Alexandre Braga, Teixeira de Pascoais, Egas Moniz e Fausto Guedes Teixeira, entre outros. Concluída a formatura, em 1898, Augusto Gil regressou à Guarda; neste período a vida não lhe correu de feição e foi confrontado com diversos problemas, de ordem profissional e de ordem económica; pretendeu exercer advocacia, mas não conseguiu “clientela que lhe desse ao menos para sustentar o vício do tabaco”; curiosamente, o poeta já tinha vaticinado estas dificuldades “na aldeia sertaneja, onde hei-de ser/o melhor poeta e o pior legista”.

AUGUSTO GIL

Desejou ser professor provisório do Liceu, mas o conselho escolar dessa época não o considerou competente para reger a cadeira de português. Ao longo dos anos sucederam-se diversas contrariedades e episódios que deixaram traços indeléveis no percurso literário de Augusto Gil. Decidiu ir para Lisboa e foi trabalhar com Alexandre Braga; em 1909 regressou à Guarda, enredado em dificuldades financeiras.

Com a implantação da República, impulsionou o aparecimento do Centro Republicano da Guarda e fundou o semanário “A Actualidade”, que dirigiu entre 1910 e 1912. Embora este jornal tenha surgido com meio de promoção do ideário republicano, assumiu um pendor acentuadamente literário, contando com a colaboração do Pd. Álvares de Almeida, Ladislau Patrício, Amândio Paul e Afonso Gouveia, para além de outras personalidades.

No mês de novembro de 1911 - quando João Chagas fez parte, pela primeira vez, de um governo da República – Augusto Gil foi nomeado Comissário da Polícia de Emigração Clandestina, pelo que foi viver para Lisboa. No ano seguinte casou com Adelaide Sofia Patrício, irmã do segundo diretor do Sanatório Sousa Martins, o médico e escritor Ladislau Patrício.

Após ter exercido, durante escassos meses, o cargo de Governador Civil de Aveiro, voltou para a capital onde teve, em 1918, uma passagem pelo Ministério da Instrução Pública; no ano seguinte foi nomeado Diretor Geral das Belas Artes. Em Lisboa foi uma figura altamente conceituada nos meios intelectuais e sociais; assim não é de estranhara a homenagem de que foi alvo no Teatro Nacional, em 19 de junho de 1927. A comissão promotora dessa iniciativa integrou nomes como Júlio Dantas, José Viana da Mota, Henrique Lopes de Mendonça, Columbano Bordalo Pinheiro, Eduardo Schwalbach e Gustavo Matos Sequeira. Distinguido com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada e com a Ordem da Coroa da Bélgica Augusto Gil foi eleito, em 12 de abril de 1923, por unanimidade, sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

O trabalho de Augusto Gil cruzou-se, frequentemente, com períodos de grande sofrimento, resultado da doença que o atormentava. “A doença que desde o primeiro quartel da existência o consumiu e as dificuldades materiais com que sempre mais ou menos lutou, encontram-se no fundo de toda a sua obra, e que sabe se até não a condicionaram”, observou Ladislau Patrício num apontamento biográfico sobre o poeta.

Nomeado Secretário-Geral do Ministério da Instrução Pública não chegou a tomar posse desse cargo pois morreu a 26 de fevereiro de 1929, numa casa situada na Rua Bartolomeu Dias, em Lisboa. O seu falecimento foi notícia destacada nos principais jornais do país e, naturalmente, pela imprensa da Guarda, em cujas páginas se sucederam as mais elogiosas referências ao homem e ao poeta.

O funeral de Augusto Gil (a 1 de março, na Guarda) constituiu, de acordo com os relatos jornalísticos da época, uma grande manifestação de pesar. “Tudo o que a Guarda tem de mais distinto acorreu a tomar parte na sentida homenagem” e participar no cortejo fúnebre que se “revestiu de desusada imponência”.

Os restos mortais de Augusto Gil repousam num jazigo localizado logo à entrada do cemitério municipal da Guarda, ostentando dois versos de “Alba Plena”: “E a pendida fronte, ainda mais pendeu.../E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...”

“Musa Cérula”, “Versos”, “Luar de Janeiro”, “O Canto da Cigarra”, “Gente de Palmo e Meio”, “Sombra de Fumo”, “Alba Plena”, “Craveiro da Janela”e “Avena Rústica” foram as principais produções literárias deste poeta, cujo trabalho evoluiu quase à margem de escolas ou correntes literárias. “Não é um romântico, nem parnasiano, nem simbolista: é ele – o Augusto Gil – nome que é um gracioso ritmo”, observou Bulhão Pato.

Sampaio Bruno considerava-o, numa missiva que lhe dirigiu em 1915, “um dos raros e grandes escritores” do país, pois “tem emoção e é poeta; tem correcção, e é artista. Ter emoção e ter correcção é a sua perfeição”. Muitos dos versos de Augusto Gil passaram para o cancioneiro popular, como sublinharam alguns estudiosos da sua obra, suportada num verso melodioso e num ritmo suave.

Foi e é um dos poetas entre nós a quem o povo mais abriu o coração, e quando o povo abre o coração a um poeta, o seu amor repercutir-se-á pelo tempo além”, como anotou João Patrício. De facto, se Augusto Gil cultivou a poesia, as letras, cultivou também o seu amor pela Guarda onde escreveu uma grande parte dos seus melhores poemas; a cidade bem se pode orgulhar do seu “mais alto poeta” e recordá-lo é um dever de memória.

 

Helder Sequeira

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publicado às 21:46

José Manuel Monteiro: o professor é um orientador

por Correio da Guarda, em 11.11.24

 

“Na atualidade, a Escola é vista em termos sociais como um prolongamento da creche e por isso alguns encaram-na como “depósito dos filhos”. A preocupação com a aprendizagem mantém-se, mas com outra perspetiva”. Afirmou José Manuel Monteiro ao Correio da Guarda.

Este docente, que deixou recentemente as atividades letivas, cuja envolvência com as atividades cultuais tem sido notória ao longo dos anos, não deixa de notar que “os agentes educativos vivem um pouco alheados da cultura.”.

José Manuel Gonçalves Monteiro (1957) nasceu em Quinta dos Prados, Panóias e estudou nos Seminários da Guarda. Licenciado em Estudos Clássicos e Portugueses pela Universidade Clássica de Lisboa, foi professor nas Escolas Preparatória Gaspar Correia, Preparatória Vasco da Gama, Secundária nº1 da Venteira – todas na área metropolitana de Lisboa – secundária da Sé e Afonso de Albuquerque, na Guarda. Escreveu textos para jornais e revistas da cidade e publicou um livro de poesia em 2015, “A (im)perfeição dos dias” na editora Lua de Marfim; fez ainda a biografia de “Nuno de Montemor (Alma Brava, Meiga)”, para a Câmara Municipal da Guarda. Enquanto professor lecionou essencialmente turmas de português, mas também de Literatura Portuguesa, Latim e Clássicos da Literatura.

JM

Como foi o seu percurso profissional?

Comecei a dar aulas, no dia 16 de março de 1981, na Escola Preparatória Gaspar Correia, na Portela de Sacavém, em Moscavide, arredores de Lisboa. Passei depois pela Escola Preparatória Vasco da Gama, também na Portela, e depois fui para a Escola Secundária nº 1 da Venteira, na Amadora. Em 1985, concorri a estágio para a Escola Secundária da Sé, na Guarda onde fiz estágio profissional e tive como orientador esse grande homem das letras guardenses, Prof. José Carreira Amarelo, e onde fiquei até ao ano letivo de 1998/99.

No ano letivo seguinte, transitei para a Escola Secundária Afonso de Albuquerque onde terminei o meu percurso profissional. Gostei de trabalhar em todas elas e aí convivi com bons profissionais da educação que me ajudaram a aperfeiçoar a “arte de ensinar”.

 

Como surgiu a sua vocação pelo ensino?

Tendo frequentado os seminários diocesanos, enquanto estudante, tive a sorte de ter bons professores, por isso, foi uma decisão natural.

Além disso, sempre tive uma empatia com os jovens e gostava do modo como eles procuravam aprender sempre mais. Enveredar pelo ensino foi, portanto, uma decisão que surgiu naturalmente e, quando me foi proposto começar a lidar com crianças, na Escola pública, aceitei imediatamente o desafio.

Fui trabalhador-estudante nos quatro primeiros anos de lecionação sendo difícil conciliar os estudos com as aulas, mas acabei por tomar o gosto pelo ensino e fiquei durante 43 anos seis meses e quinze dias.

 

E como foi a adaptação/integração nas atividades letivas?

Como acabei de referir os primeiros anos foram muito difíceis, mas a vontade de superar as dificuldades venceu tudo. Recordo que no primeiro ano tinha aulas alguns dias às 8.30 e tinha de sair de casa às 6.00 da manhã. Depois das aulas na escola, havia ainda a Universidade e, às vezes, chegava a casa após as 22.00 horas.

A integração decorreu relativamente bem já que tive bons colegas e nunca houve problemas com ninguém nas várias escolas por onde passei. A ajuda dos colegas, nos primeiros anos, foi muito importante. A formação que ia realizando também ajudou a adquirir conhecimentos no processo de ensino aprendizagem.

 

Relativamente aos alunos, com que idades gostou mais de trabalhar/lecionar?

Ao princípio, comecei com o 5º e 6º anos e a inocência deles e a avidez de aprender eram motivos para trabalhar com mais entusiasmo. Mais tarde, lecionei o 3º ciclo e secundário e também nessas idades via vontade de aprender.

Confesso que, nos últimos anos, só lecionei secundário e, por isso, sentia maior realização na transmissão de conhecimentos. Embora os programas fossem um pouco redutores, quer em relação ao português, quer na disciplina de Literatura, o interesse por outros autores era uma curiosidade que os levava a quererem alargar os seus conhecimentos.

 

Notou, ao longo dos anos, diferenças no comportamento dos alunos na aula e no interesse pelas matérias lecionadas?

Obviamente que, ao longo de 43 anos, muitas coisas mudaram em termos de ensino e de sociedade. Como referi, comecei em 1981, poucos anos após abril, e, apesar da revolução ainda estar fresca, os alunos iam para a escola motivados e gostavam de aprender.

A liberdade conquistada não impedia os alunos de respeitarem o professor dentro da sala de aula. Nesses primeiros anos tive alunos do Prior Velho, em Sacavém, e da Venteira, na Amadora, que eram zonas bastante problemáticas, mas nunca tive qualquer falta de respeito. Após a primeira década do século XXI, a desmotivação tornou-se maior entre os alunos já que os meios digitais foram paulatinamente tomando conte das mentes e a atenção em sala de aula diminuiu consideravelmente.

A seguir à pandemia esta situação tornou-se banal em sala de aula e, se não existisse uma imposição quase autoritária para deixar o telemóvel de lado, haveria sempre alguns alunos online durante todo o dia. Claro que, paralelamente ao comportamento, o desinteresse aumentou e, mesmo recorrendo a material da net ou utilizando outros meios digitais de informação, a atenção perdeu-se numa percentagem elevada.

 

Os professores viram aumentada a sobrecarga de trabalho ao longos dos anos e das várias reformas/alterações introduzidas? Quais as principais dificuldades?

Para ser sincero, acho que o trabalho de Professor sempre foi bastante “duro” porque, além das aulas, há sempre as atividades burocráticas que também é necessário realizar, mas que nunca me seduziram tanto como o estar na sala de aula frente aos jovens.

Essas atividades é que foram criando um esforço suplementar nos docentes pois, especialmente nestes últimos anos, lidar com Pais e Encarregados de Educação tornou-se uma tarefa difícil.

Quanto às atividades letivas, se a formação exigida foi realizada com empenho e honestidade, as dificuldades não eram tão prementes.

Pessoalmente, fui acompanhando a evolução do mundo digital quer por autoaprendizagem, quer por ações de formação realizadas e isso permitiu-me acompanhar sempre os alunos recorrendo a materiais novos que a cada ano iam surgindo.

 

Como viu a relação professor/aluno, ao longo dos anos?

Se a relação em sala de aula for complementada com uma relação de proximidade fora da mesma sala, acho que os problemas serão sanados com certa facilidade. Quando os pontos de vista se extremam, é que surgem os problemas. Nos meus anos de serviço, recorri à “expulsão” da sala de aula três ou quatro vezes e posso afirmar que esses alunos/as são hoje meus amigos pois perceberam que a minha atuação tinha sido justificada e educativa, não penalizadora.

Logicamente, e acho que já referi isso em questões anteriores, durante as quatro décadas a sociedade mudou e os valores que eram referenciados pela Escola mudaram muito.

Nos anos oitenta, havia um respeito temeroso na Escola e aluno e professor pertenciam a realidades diferentes. Hoje, há que criar um respeito baseado na confiança mútua e é bom que os alunos sintam que o Professor está lá como um orientador e como alguém cuja experiência lhe permite lidar com a situação de aprendizagem de maneira diferente já que tem uma cultura que o adolescente não tem. Se essa confiança se estabelecer, haverá menos problemas em contexto de sala de aula.

José Monteiro_correio da guarda_ 1

Que projetos ou atividades mais gostou de desenvolver?

Sempre me senti bem dentro da Escola e participei pouco em atividades extraescola, como visitas de estudo de um dia ou dois, como se faziam antigamente.

De qualquer modo sempre que havia a possibilidade de os alunos participarem quer em palestras, quer em representações teatrais ou de outra índole na cidade, fazia questão de os meus alunos estarem presentes.

Como nos últimos anos lecionei as disciplinas de Literatura Portuguesa e Clássicos da Literatura promovi conversas com escritores não só por convite pessoal, mas também em colaboração com o TMG, BMEL e Museu. Privilegiei escritores e autores da cidade ou distrito, pois normalmente são pouco conhecidos dos jovens. Lembro que as publicações de autores da Guarda, até há pouco tempo, eram quase inexistentes e não tinham visibilidade.

 

Quais os momentos ou acontecimentos ocorridos na sua vida profissional que lhe trazem melhores recordações? E os piores?

Foram anos de realização profissional bastante gratos. As melhores recordações que me ficaram no coração foi o reconhecimento que, em cada ano, os alunos me foram fazendo e os agradecimentos recebidos deles.

As lágrimas nos olhos, os abraços recebidos no final de cada ano letivo foram a “medalha” mais genuína que como professor pude receber.

Há uma recordação que ficará sempre na memória que foi a publicação do livrinho “Para sempre … talvez não”, realizado na disciplina de Área Escola e publicado pelo TMG, no ano letivo de 2007/2008. Foi escrito, nas aulas, por um grupo de 5 alunas, mas só foi possível a sua execução pelo apoio que a turma toda deu. O 12º C era uma turma incrível! Ia dizer que não houve momentos maus, mas já que falei na turma, na riqueza dos trabalhos realizados e na rebeldia dos jovens que não quis prejudicar cortando-lhe as asas, houve uma entidade da cidade que achou exagerada a liberdade dada aos alunos nos seus trabalhos de investigação. Assim, data desse ano a única mancha no meu currículo profissional: uma repreensão escrita que me foi dada pela Direção da Escola. Aliás essa mancha para mim foi mais um louvor, mas que custa, custa!

 

Acha que o trabalho e o papel dos professores têm sido desvalorizados?

Sim. A partir do “consulado” de Maria de Lurdes Rodrigues, a profissão foi bastante desvalorizada especialmente porque em vez de professores passámos a ser técnicos burocráticos. E de exercer a profissão com liberdade pedagógica, como muito bem expressou Sebastião da Gama na sua poesia, passámos a ser funcionários cansados, como se diz no poema de António Ramos Rosa. E a base dessa desvalorização é económica e política e não pedagógica. Infelizmente!

 

Como vê, atualmente, a relação dos professores com os pais? É diferente daquela que se verificava há décadas atrás?

Hoje, o relacionamento entre a Escola e os Pais/EE é diferente da que se verificava há anos. A preocupação maior dos Pais era que os filhos aprendessem e conseguissem superar as dificuldades.

Na atualidade, a Escola é vista em termos sociais como um prolongamento da creche e por isso alguns encaram-na como “depósito dos filhos”. A preocupação com a aprendizagem mantém-se, mas com outra perspetiva. Assim, a relação Pais / Professores tornou-se um pouco mais conflituosa já que a perspetiva como a Escola é encarada por ambas as partes é mais divergente.

 

As novas tecnologias trouxeram muitas transformações no processo ensino/aprendizagem?

Acho que deviam ter sido em maior número do que aquelas que se produziram. Nós, professores, não fomos capazes de acompanhar as novas tendências do processo e, por isso, ficámos algumas vezes parados no tempo (estou a generalizar obviamente).

A evolução foi muito rápida e nem sempre os Centros de Formação e as Escolas/Ministério ofereceram aos agentes educativos meios e instrumentos pedagógicos virados para as novas tecnologias. Especialmente o Ministério achou que os professores tinham obrigação de aprender sozinhos, como se isso não fosse um dever do próprio Ministério. Desta maneira, quando se deu o desenvolvimento rápido das novas tecnologias, ninguém estava preparado suficientemente para as aplicar nas escolas. Ainda hoje se nota esse desfasamento.

 

Como pessoa de cultura e atenta à cultura procurou sensibilizar e envolver os alunos em atividades externas desta área?

Uma das minhas preocupações, em termos de ensino, sempre foi que os alunos tivessem horizontes abertos mais além do que aquilo que a escola/programas lhes dava.

Daí que a abertura à cultura fosse um dos motivos impulsionadores da aprendizagem. Já referi atrás que procurei levar os alunos a participarem nas atividades desenvolvidas na cidade. Sempre que era possível lá estávamos ou como ouvintes, ou como intervenientes. Assim, foram várias as atividades em que participei com os meus alunos quer na BMEL, quer no TMG, quer no Museu. O livrinho, que referi acima, foi publicado pelo TMG, pois o Diretor daquela altura, Américo Rodrigues, fez todos os possíveis para que aquela atividade não ficasse apenas na escola, mas fosse divulgada à comunidade.

Lembro também, a título de exemplo, a participação dos alunos numa atividade do Museu em que foram “atores” ativos e uma outra mais recente, na BMEL, onde leram poemas na apresentação de uma poeta de Lisboa, Lília Tavares. Fica a noção de que poderia ter sido feito muito mais, mas muitas vezes os horários rígidos da Escola não permitiram uma maior presença.

 

Os professores são participativos nas atividades culturais, dentro e fora da escola?

Dentro da Escola tirando raras exceções os docentes participam de boa vontade nos acontecimentos programados. Nos últimos anos, o Ministério tenta implementar nos alunos o gosto pela leitura recorrendo aos Professores bibliotecários e a diversas atividades que foram bem recebidas pelo corpo docente. [No Agrupamento a que pertenço, o papel do Professor bibliotecário foi muito bem dinamizado pelos Professores Joaquim Igreja e Adelaide Mariano que desenvolveram imensas atividades procurando incentivar os alunos à leitura.]

Fora da escola, infelizmente a presença dos professores nas atividades culturais é muito escassa. Parece que os agentes educativos vivem um pouco alheados da cultura. Há, no entanto, em quase todas as atividades desenvolvidas um grupo que marca presença assídua.

 

Houve alunos/alunas que ficaram para sempre na sua memória? Acompanha ou procura acompanhar os seus percursos profissionais?

Sim, felizmente! Há um grupo bastante numeroso com que fui mantendo contacto. Essa relação pós-escola, traduz-se por exemplo na apresentação de livros entretanto publicados por eles.

Hoje, as redes sociais facilitam esse contacto e entre os amigos que tenho no facebook ou no instagram há um grupo muito grande de antigos alunos. Fora das redes sociais, há outros contactos que se estabelecem e que me permitem acompanhar o seu percurso profissional.

É um orgulho ver o êxito que têm nas várias áreas em que se integraram no mundo do trabalho. Claro que o contacto mais frequente é com aqueles que se tornaram professores e que sentem o que eu sentia, daí a troca de mensagens sobre o processo de aprendizagem.

 

A sua ligação à poesia é conhecida. Como surgiu esse gosto? Autores preferidos?

A poesia surgiu naturalmente ao longo dos anos de estudos. Um dos responsáveis por esse gosto foi o meu Professor de Português dos 10º e 11º anos, Padre António Crespo, que, nas aulas, lia poesia de maneira emotiva e expressiva. A partir daí, o gosto foi crescendo.

A princípio, li o nosso Augusto Gil todo e outros autores da época como Afonso Lopes Vieira. Depois nasceu o gosto pelos grandes poetas portugueses do século XX: Fernando Pessoa, Miguel Torga, Sophia e Eugénio. Estes são os meus poetas de referência.

Dos atuais, gosto de ler poesia de Nuno Júdice, João Barreto Guimarães, Jorge Sousa Braga, Ana Luísa Amaral, Filipa Leal, Lília Tavares e Maria Afonso. Não tanto na poesia, mas como autores de referência literária atual, leio Valter Hugo Mãe, João Tordo, José Luís Peixoto, Afonso Cruz entre outros.

 

E quanto à sua produção poética? O que tem feito e que projetos estão em perspetiva?

Na apresentação do meu livro de poesia, em 2015, referi que seria uma publicação única pois quis fazer com ela uma homenagem aos meus pais cujo centenário de nascimento celebrávamos. Por isso, não tenho planos de publicação em breve. Não quer dizer que não venha a acontecer daqui a uns anos.

Continuo a escrever poesia e prosa, mas para a gaveta. A escrita é uma libertação da rotina diária, mas intimista. A exposição ao público não é necessária para o ato criativo. Se vier a existir tudo bem. Assim, perspetivas de publicação nos próximos anos, não há.

 

Como vê a atividade cultural realizada na Guarda?

Face às verbas destinadas à cultura(s) pelo município(s), muito se consegue fazer na cidade. As prioridades vão para espetáculos de carácter populista – a cultura popular também é importante e merece ser divulgada – com música de fácil memorização. Quanto à cultura séria e que leva a pensar, os responsáveis pela programação fazem o possível por concretizar uma oferta diversificada que vai da música ao teatro e a conferências sobre assuntos importantes.

No entanto acho que se deveria fazer uma pouco mais. O referente da nossa cidade e patrono da Biblioteca, Eduardo Lourenço, pediria um pouco mais e melhor. A cidade, em tempos não muito distantes, foi uma referência cultural a nível nacional, hoje não o é. Os tempos são outros é verdade e, repito, os diretores do TMG, BMEL e MUSEU tentam trazer à cidade algum dinamismo, mas sem ovos….

Um aspeto relevante, e que me apraz destacar, tem sido a realização de atividades que impliquem as escolas e com horários em tempos de aulas. Haver atividades só ao fim de tarde e noite não atrai os jovens a participar pois têm outros interesses para esses horários. A cultura e a Escola deviam caminhar juntas de mãos dadas.

 

Que iniciativas, já realizadas, gostaria de sublinhar? E o que gostaria de propor?

As representações teatrais de qualidade, os espetáculos com cantores e grupos musicais de relevo, as exposições importantes que tem havido na Galeria de Arte, na BMEL e no Museu são iniciativas que merecem mais relevo citadino. No entanto, destaco as publicações de livros que têm sido feitas com autores da cidade. Muitos deles passam ao lado do grande público e seria uma pena pois temos na cidade bons escritores.

A minha proposta, para além das atividades que vão sendo feitas, era levar esses autores (escritores e artistas plásticos) às escolas para que os alunos pudessem ter um contacto mais forte com aquilo que se faz na cidade. E isso é possível sem grandes custos para a autarquia.

 

Quais os seus projetos, a curto prazo?

Não tenho grandes projetos delineados. Para já, viver cada dia usufruindo das coisas boas da vida. O contacto com a natureza é um dos legados dos meus pais e agora vai ser possível realizá-lo mais e melhor.

Além disso, aproveitar as oportunidades de aprender quer lendo mais, quer fazendo mais visitas a sítios ainda não visitados. Alargar e aprofundar conhecimentos e transmiti-los através da escrita. O projeto horaciano do carpe diem! continua a ser o melhor, na minha perspetiva."Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais." (Rubem Alves).

 

HS/Correio da Guarda

 

 

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publicado às 21:53

Nélia Carrilho: inovar na sala de aula

por Correio da Guarda, em 22.08.22

 

Nélia Carrilho, natural do Soito e residente na Guarda, é professora do Ensino Básico desde 1987. Apaixonada por desenvolvimento pessoal e relações humanas está empenhada em “despertar consciências para mudar comportamentos”.

Vive e sente a zona raiana, com diz ao CORREIO DA GUARDA. Aliás, diz, “não seria a mesma pessoa se não tivesse as influências da minha região com caraterísticas tão especiais.” Gosta de ensinar e de escrever poesia, que é para ela “um estado de alma”. E sonha com novos projetos. Um, que tinha “em sala de aula, agora ganha asas e vai a outras escolas e está a ser transformado para ser aplicado a um maior número de alunos”.

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O que representa para ti a zona raiana?

Nascida e criada na raia, vivo e sinto a raia como parte de mim e do meu ser. A família mais direta do lado do meu pai é espanhola. Então para mim é natural a vida naquele espaço. RAIA. Não seria a mesma pessoa se não tivesse as influências da minha região com caraterísticas tão especiais.

 

És uma defensora das tradições da raia? Tens uma participação ativa?

Sou defensora e vivo intensamente, cada vez mais, as nossas tradições. Gosto de divulgar a minha Raia e aproveito a minha profissão para a divulgar e dar a conhecer.

 

Há grandes diferenças entre o ontem e o hoje? O que se perdeu de forma mais significativa?

Muitas diferenças existem. Vivíamos numa região que dependia dos nossos vizinhos para ter os produtos mais básicos que possam imaginar. Como ir comprar pantufas, colorau para as matanças, laranjas, bananas, café e muitos outros. Ir ao lado de lá era meio de subsistência.

Cresci a ouvir espanhol, pois a tv que se via de lá era muito mais avançada que a nossa e tinha programas para crianças. Aprendíamos a língua por contacto direto. Esta talvez tenha sido a maior perda. As crianças perderam esta naturalidade cultural e bilingue.

 

Parte do teu ciclo de formação académica foi no Sabugal. Que lembranças do Externato/Colégio do Sabugal?

Para mim, que tinha estudado na minha terra, era a experiência de sair de casa. O externato tinha um papel preponderante na região e era um orgulho ir para o Sabugal.

Com apenas 15 anos sair de casa. Era uma emancipação precoce. Por aquela época estava entregue a mim própria e teria que construir o meu caminho.

Ficou a camaradagem, amizades que ainda duram e a gratidão de ter pertencido àquela casa.

 

Como surgiu a tua vocação pelo ensino?

Desde a escola primária tinha o sonho de ser professora. Nunca mudei de opinião, ou tive dúvidas. Talvez porque também tinha exemplos na família.

 

Como foi o teu percurso profissional?

Durante 30 anos percorri quilómetros por escolas de diversos distritos, até que cheguei à Guarda. Este ano, em janeiro integrei a equipa da nova direção do AEAAG, como adjunta.

O caminho foi feito entre dar aulas, ser parte ativa da escola e suas necessidades, integrar projetos e fazer formações para me manter na linha da frente pedagogicamente e inovar em sala de aula.

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E o gosto pela poesia, surgiu cedo?

Sim. Quando o meu professor de Português do Externato do Soito, explorou a poesia, fiquei a gostar das rimas e de brincar com as palavras.

 

Como defines a tua poesia?

A poesia é um estado de alma. Um dia posso escrever sobre o amor e outro sobre a terra. Escrevo sobre o que me vai na alma em determinado momento.

Também gosto de a promover em sala de aula. Os meus alunos cedo começam a rimar e a usar as palavras em diferentes contextos. As palavras saem naturalmente e gosto de escrever para que todos entendam. As palavras simples podem chegar a mais.

 

O que representou o lançamento, em 2017, do livro “Para Ti”?

Dar a conhecer o meu lado poético e tirar da gaveta o que tinha escrito há tempo, foi como presentear um público com parte de mim.

Foi mais uma marca no meu caminho, pois a partir daí passei a ser convidada para vários eventos e a poder utilizar a poesia para chegar a mais pessoas. Escrevo muitas poesias para eventos específicos e presentear outras. A escritora saiu à rua.

 

“Encontro com o Poder da Mente” é outro trabalho da tua autoria. Quando surgiu o interesse pela temática abordada?

O desenvolvimento pessoal entrou na minha vida em 2015. A partir daí é um caminho sem fim, sempre a aprender e a partilhar com outros.

Nesta área há uma diversidade de temáticas, mas as que mais gosto são a inteligência emocional, comunicação assertiva e o poder da mente.

Como dou palestras e faço workshops, senti necessidade de poder entregar aos participantes algo que pudesse ser entendido como o despertar do poder que cada um tem em si.

Daí escrevi este despertar e mais recentemente o EmocionalMente. Falar sobre emoções e compreendê-las muda a nossa perspetiva e visão das coisas e das pessoas. Desenvolvemos em nós a capacidade de melhorar, de nos relacionarmos connosco e com os outros.

 

“Semear Mentes, para curar o coração”. Esta é uma regra que segues com rigor?

Sim. Desde que comecei neste caminho que percebi que podia ajudar outras pessoas com problemas emocionais.

Então gosto de partilhar com outros este poder da mente como forma de semente para que cada um perceba o poder de cura que tem dentro e seguir a uma descoberta do Eu que cada um tem dentre e muitas vezes é desconhecido. A par da minha vida profissional, tenho outra vida. Esta. Que tem crescido muito ultimamente.

 

O desenvolvimento de projetos sobre emoções na infância é uma atividade em que te tens empenhado. Fala-nos da sua importância.

Neste meu caminho, não poderia esquecer os meus alunos e outras crianças que sofrem e nem sempre a escola tem resposta para as suas necessidades emocionais.

Nem sempre uma criança que não aprende tem a ver com falta de capacidades. Muitos têm graves problemas emocionais e as famílias não conseguem ter soluções.

Assim surgiu este lema que está relacionado com um projeto que tenho para os alunos, com a finalidade de trabalhar as emoções, levando assim a um melhor sucesso educativo. Já aplico o projeto “Caixa dos Segredos” há 4 anos e tem resultados fantásticos, nos alunos e suas famílias. Permitir que as crianças possam compreender o que sentem e porque sentem, melhora muito o seu estado emocional e as aprendizagens. Traz calmaria e melhor relacionamento com colegas e adultos. Há menos stress e maior empenho.

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E quanto a outros projetos, no futuro?

Estou envolvida em alguns. O projeto que tinha em sala de aula, agora ganha asas e vai a outras escolas e está a ser transformado para ser aplicado a um maior número de alunos.

Integro a criação da 1ª Academia de desenvolvimento Pessoal em Portugal. APSDH – Academia Portuguesa de Superação e Desenvolvimento Humano. Elementos de diferentes partes do país que se juntam para levar o nosso conhecimento aos portugueses e poder ajudar quem mais necessita. Estamos a finalizar as legalidades e vai ser apresentada nas Caldas da Rainha dia 5 de novembro, num evento a publicitar até lá.

O projeto EmocionalMente vai ser desenvolvido no AEAAG e vai ser direcionado para a gestão de conflitos, comunicação assertiva e cuidar dos alunos com graves problemas emocionais que sem esta ajuda estarão perdidos. Continuo a fazer workshops e palestras

Integro o projeto EBIF- Escolas bilingues e interculturais de fronteira. Com organização da OEI (Organização de Estados Ibero Americanos) e dos Ministérios dos dois países. Temos vindo, desde há dois anos a desenvolver este projeto com os alunos de 5 turmas do Agrupamento, com a finalidade de promover o bilinguismo, a interculturalidade e a intercompreensão. Para que os alunos de fronteira possam recuperar estas caraterísticas que no passado nos eram inerentes. O projeto vai ter continuidade. Estamos à espera de indicações para este ano letivo. Ainda neste âmbito irei participar num Erasmus durante este ano letivo.

 

 

 

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publicado às 12:00

Lembrar Augusto Gil...

por Correio da Guarda, em 26.02.22

 “Batem leve, levemente,

Como quem chama por mim…

Será chuva? Será gente?

Gente não é certamente

E a chuva não bate assim…”

 

 O poeta Augusto Gil, o autor da conhecida “Balada da Neve” é, seguramente, uma das figuras mais conhecidas da galeria de guardenses ilustres.

Augusto César Ferreira Gil nasceu na freguesia de Lordelo, Porto, a 30 de Julho de 1870; berço fortuito devido à circunstância de sua mãe se encontrar ali, acidentalmente. A família era toda Beira: “o pai do Maçal do Chão, concelho de Celorico; a mãe nada e criada na própria sede do concelho. Desde a idade de três meses, Gil residiu na Guarda, que ele considerava, pelos laços de sangue e do coração, como sua terra natal”. Escreveu Ladislau Patrício, biógrafo e cunhado do poeta.

Augusto Gil passou a maior parte da sua vida na mais alta cidade de Portugal e aqui fez os primeiros estudos; frequentou, depois, o Colégio de S. Fiel, após o que regressou à Guarda, onde se encontrava em 1887. Tempo depois, ingressou como voluntário na vida militar que deixou com o início dos estudos na Escola Politécnica; estes seriam interrompidos, contudo, por motivo de doença. Em finais de 1889 foi autorizado a frequentar a Escola do Exército onde o aproveitamento lectivo não foi exemplar; passados dois anos, em Maio de 1891, ingressou no Regimento de Infantaria 4 e aí prestou serviço até ao mês de Novembro.

De novo na Guarda, Augusto Gil fez nesta cidade, em 1892 e 1893, os exames do Liceu, rumando posteriormente para Coimbra, em cuja Universidade cursou Direito; na cidade do Mondego teve como companheiros Alexandre Braga, Teixeira de Pascoais, Egas Moniz e Fausto Guedes Teixeira, entre outros. Concluída a formatura, em 1898, Augusto Gil regressou à Guarda; neste período a vida não lhe correu de feição e foi confrontado com diversos problemas, de ordem profissional e de ordem económica; pretendeu exercer advocacia mas não conseguiu “clientela que lhe desse ao menos para sustentar o vício do tabaco”; curiosamente, o poeta já tinha vaticinado estas dificuldades “na aldeia sertaneja, onde hei-de ser/o melhor poeta e o pior legista”.

Desejou ser professor provisório do Liceu mas o conselho escolar dessa época não o considerou competente para reger a cadeira de português. Ao longo dos anos sucederam-se diversas contrariedades e episódios que deixaram traços indeléveis no percurso literário de Augusto Gil. Decidiu ir para Lisboa e foi trabalhar com Alexandre Braga; em 1909 regressou à Guarda, enredado em dificuldades financeiras.

Augusto Gil - poeta.jpg

Com a implantação da República, impulsionou o aparecimento do Centro Republicano da Guarda e fundou o semanário “A Actualidade”, que dirigiu entre 1910 e 1912. Embora este jornal tenha surgido com meio de promoção do ideário republicano, assumiu um pendor acentuadamente literário, contando com a colaboração do Pd. Álvares de Almeida, Ladislau Patrício, Amândio Paul e Afonso Gouveia, para além de outras personalidades.

No mês de Novembro de 1911 - quando João Chagas fez parte, pela primeira vez, de um governo da República – Augusto Gil foi nomeado Comissário da Polícia de Emigração Clandestina, pelo que foi viver para Lisboa. No ano seguinte casou com Adelaide Sofia Patrício, irmã do segundo director do Sanatório Sousa Martins, o médico e escritor Ladislau Patrício.

Após ter exercido, durante escassos meses, o cargo de Governador Civil de Aveiro, voltou para a capital onde teve, em 1918, uma passagem pelo Ministério da Instrução Pública; no ano seguinte foi nomeado Director Geral das Belas Artes. Em Lisboa foi uma figura altamente conceituada nos meios intelectuais e sociais; assim não é de estranhara a homenagem de que foi alvo no Teatro Nacional, em 19 de Junho de 1927. A comissão promotora dessa iniciativa integrou nomes como Júlio Dantas, José Viana da Mota, Henrique Lopes de Mendonça, Columbano Bordalo Pinheiro, Eduardo Schwalbach e Gustavo Matos Sequeira.

Distinguido com o grau de Grande Oficial da Ordem de Santiago de Espada e com a Ordem da Coroa da Bélgica Augusto Gil foi eleito, em 12 de Abril de 1923, por unanimidade, sócio correspondente da Academia de Ciências de Lisboa.

O trabalho de Augusto Gil cruzou-se, frequentemente, com períodos de grande sofrimento, resultado da doença que o atormentava. “A doença que desde o primeiro quartel da existência o consumiu e as dificuldades materiais com que sempre mais ou menos lutou, encontram-se no fundo de toda a sua obra, e que sabe se até não a condicionaram”, observou Ladislau Patrício num apontamento biográfico sobre o poeta.

Nomeado Secretário-Geral do Ministério da Instrução Pública não chegou a tomar posse desse cargo pois morreu a 26 de Fevereiro de 1929, numa casa situada na Rua Bartolomeu Dias, em Lisboa. O seu falecimento foi notícia destacada nos principais jornais do país e, naturalmente, pela imprensa da Guarda, em cujas páginas se sucederam as mais elogiosas referências ao homem e ao poeta.

O funeral de Augusto Gil (a 1 de Março, na Guarda) constituiu, de acordo com os relatos jornalísticos da época, uma grande manifestação de pesar. “Tudo o que a Guarda tem de mais distinto acorreu a tomar parte na sentida homenagem” e participar no cortejo fúnebre que se “revestiu de desusada imponência”.

Os restos mortais de Augusto Gil repousam num jazigo localizado logo à entrada do cemitério municipal da Guarda, ostentando dois versos de “Alba Plena”: “E a pendida fronte, ainda mais pendeu.../E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...”

Jazigo Augusto Gil.jpg

“Musa Cérula”, “Versos”, “Luar de Janeiro”, “O Canto da Cigarra”, “Gente de Palmo e Meio”, “Sombra de Fumo”, “Alba Plena”, “Craveiro da Janela”e “Avena Rústica” foram as principais produções literárias deste poeta, cujo trabalho evoluiu quase à margem de escolas ou correntes literárias. “Não é um romântico, nem parnasiano, nem simbolista: é ele – o Augusto Gil – nome que é um gracioso ritmo”, observou Bulhão Pato.

Sampaio Bruno considerava-o, numa missiva que lhe dirigiu em 1915, “um dos raros e grandes escritores” do país, pois “tem emoção e é poeta; tem correcção, e é artista. Ter emoção e ter correcção é a sua perfeição”. Muitos dos versos de Augusto Gil passaram para o cancioneiro popular, como sublinharam alguns estudiosos da sua obra, suportada num verso melodioso e num ritmo suave.

Foi e é um dos poetas entre nós a quem o povo mais abriu o coração, e quando o povo abre o coração a um poeta, o seu amor repercutir-se-á pelo tempo além”, como anotou João Patrício. De facto, se Augusto Gil cultivou a poesia, as letras, cultivou também o seu amor pela Guarda onde escreveu uma grande parte dos seus melhores poemas; a cidade bem se pode orgulhar do seu “mais alto poeta” e recordá-lo é um dever de memória.

 

Helder Sequeira

 

 

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Apresentação de livro de Manuel Daniel

por Correio da Guarda, em 09.12.21

Livro de Manuel Daniel.jpg

O livro “Caminhada Imperfeita. Edição comemorativa”, de Manuel Daniel, vai ser apresentado no dia 12 de dezembro, pelas 15 horas, no Auditório do Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa.

A apresentação é feita no âmbito da Feira do Livro 2021, organizada pelo Município de Vila Nova de Foz Côa.
Este livro, que é uma edição conjunta do Município de Mêda e Vila Nova de Foz Côa, será apresentado pelo  Presidente da Câmara de Vila Nova de Foz Côa, João Paulo Sousa e por Jorge Maximino.

A sessão contará, também, com a participação de vários convidados que irão declamar e cantar alguns poemas do autor, já falecido.

 

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Simpósio Internacional de Arte Contemporânea

por Correio da Guarda, em 05.06.21

 

Na Guarda vai decorrer, entre 9 e 27 de junho, o Simpósio Internacional de Arte Contemporânea (SIAC).

Trata-se de uma iniciativa da Câmara Municipal da Guarda, através do seu Museu, que contará com o envolvimento de dezenas de artistas de vários países.

O SIAC tem por base, como habitualmente, exposições, produção de arte ao vivo e formação artística. O Simpósio Internacional de Arte Contemporânea foi criado em 2016 com o objetivo de incrementar a proximidade entre artistas e público, promovendo também o envolvimento especial da comunidade educativa.

SIAC 2021.jpg

As atividades integradas no programa do SIAC vão ter lugar no Museu da Guarda, na Galeria de Arte do Teatro Municipal da Guarda, na Praça Luís de Camões, na Rua da Torre, na Torre de Menagem, no Quarteirão do Associativismo, entre outros espaços e lugares (da Torre de Menagem ao Torreão).

O programa abrange expressões criativas, exposições, residências artísticas, recitais de poesia, palestras, cinema, visitas guiadas, arte ao vivo, cursos de formação artística, arte urbana, música e dança contemporâneas, teatro e publicações.

Os interessados podem obter mais informações aqui.

 

 

 

 

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Américo Rodrigues tem novo livro de poesia

por Correio da Guarda, em 19.04.21

 

Américo Rodrigues tem editado um novo livro de poesia, intitulado “desmoronamento”, com a chancela das Edições Sr. Teste.

Esta obra, que reúne poemas recentes do autor, inclui desenhos de Maria Lino. De referir que foi feita também uma edição especial do livro que inclui, em cada exemplar, um desenho original da pintora e escultora.

Novo Livro de Américo Rodrigues.jpg

A coletânea de poemas de Américo Rodrigues integra-se na coleção “Fulgor Quotidiano”, em que estão representados autores como Kafka, Artaud, Hannah Arendt, Octavio Paz, Walter Benjamin, Bataille, Michaux, entre outros. Américo Rodrigues é o primeiro poeta vivo editado por aquela editora, que acaba também de lançar um livro de E.M. de Melo Castro, de quem o autor guardense era admirador.

Livros -.jpg

Face aos condicionalismos resultantes da atual pandemia a apresentação será feita no decorrer de uma conversa através da plataforma digital Zoom, hoje a partir das 19h30, com a participação dos editores, Américo Rodrigues, Eugénia Melo e Castro e Rui Torres.

Américo Rodrigues, atual diretor-geral das Artes, nasceu em 1961, tendo sido diretor do Teatro Municipal da Guarda (2005-2013) e coordenador da Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (2005-2018)

Américo Rodrigues - Foto Correio da Guarda .jpg

Actor, poeta sonoro e performer, Américo Rodrigues é autor de várias obras de poesia, crónica, teatro e literatura para crianças. “Na nuca”(1982), ”Lá fora: o segredo” (1986) “A estreia de outro gesto” (1989), “Património de afectos” (1995), “Vir ao nascedoiro e outras histórias (1996), “Instante exacto” (1997), “Despertar do funâmbulo” (2000), “O mundo dos outros”(2000), ”Até o anjo é da Guarda” (2000),“Panfleto contra a Guarda” (2002), “Uma pedra na mão” (2002), “Obra  completa – revista e aumentada” (2002), “O mal – a incrível estória do homem-macaco-português” (2003), “A tremenda importância do kazoo na evolução da consciência humana” (2003), ”Escatologia” (2003), “Os nomes da terra” (2003), “A fábrica de sais de rádio do Barracão (2005),  “Aorta Tocante” (2005), “O céu da boca” (2008),  “Escrevo-Risco” (2009) e “Cicatriz:ando” (2009) são alguns dos seus trabalhos. O seu último livro de poesia publicado foi "Arquivo Morto" (2017).

Coordenou os cadernos de poesia “Aquilo”, do boletim/revista “Oppidana”, foi co-diretor da revista “Boca de Incêndio”, coordenador da revista cultural “Praça Velha” e da coleção de cadernos “O fio da memória”. Fundou o Teatro Aquilo e também o Projéc~.

Colunista de vários jornais, recebeu o Prémio Gazeta de Jornalismo Regional e também o Prémio Nacional de Jornalismo Regional.

Em 2010 recebeu a medalha de mérito cultural atribuída pelo Ministério da Cultura.

Foi animador cultural na Casa de Cultura da Juventude da Guarda/FAOJ (desde 1979 até 1989) e na Câmara Municipal da Guarda (desde 1989), onde coordenou o Núcleo de Animação Cultural.

 

 

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No aniversário da morte de Augusto Gil...

por Correio da Guarda, em 26.02.21

AUGUSTO GIL.png

Ocorre hoje, dia 26 de fevereiro, a passagem do 92º aniversário da morte de Augusto Gil, o autor da conhecida “Balada da Neve”. Augusto César Ferreira Gil nasceu na freguesia de Lordelo, Porto, a 30 de julho de 1870; berço fortuito devido à circunstância de sua mãe se encontrar ali, acidentalmente.

Augusto Gil passou a maior parte da sua vida na mais alta cidade de Portugal e aqui fez os primeiros estudos; frequentou, depois, o Colégio de S. Fiel, após o que regressou à Guarda, onde se encontrava em 1887.

Tempo depois, ingressou como voluntário na vida militar que deixou com o início dos estudos na Escola Politécnica; estes seriam interrompidos, contudo, por motivo de doença. Em finais de 1889 foi autorizado a frequentar a Escola do Exército onde o aproveitamento letivo não foi exemplar; passados dois anos, em maio de 1891, ingressou no Regimento de Infantaria 4 e aí prestou serviço até ao mês de Novembro. 

De novo na Guarda, Augusto Gil fez nesta cidade, em 1892 e 1893, os exames do Liceu, rumando posteriormente para Coimbra, em cuja Universidade cursou Direito; na cidade do Mondego teve como companheiros Alexandre Braga, Teixeira de Pascoais, Egas Moniz e Fausto Guedes Teixeira, entre outros.

Concluída a formatura, em 1898, Augusto Gil regressou à Guarda; neste período a vida não lhe correu de feição e foi confrontado com diversos problemas, de ordem profissional e de ordem económica; pretendeu exercer advocacia mas não conseguiu “clientela que lhe desse ao menos para sustentar o vício do tabaco”; curiosamente, o poeta já tinha vaticinado estas dificuldades “na aldeia sertaneja, onde hei-de ser/o melhor poeta e o pior legista”.

Desejou ser professor provisório do Liceu mas o conselho escolar dessa época não o considerou competente para reger a cadeira de português. Ao longo dos anos sucederam-se diversas contrariedades e episódios que deixaram traços indeléveis no percurso literário de Augusto Gil. Decidiu ir para Lisboa e foi trabalhar com Alexandre Braga; em 1909 regressou à Guarda, enredado em dificuldades financeiras.

Com a implantação da República, impulsionou o aparecimento do Centro Republicano da Guarda e fundou o semanário “A Actualidade”, que dirigiu entre 1910 e 1912. Embora este jornal tenha surgido com meio de promoção do ideário republicano, assumiu um pendor acentuadamente literário, contando com a colaboração do Pd. Álvares de Almeida, Ladislau Patrício, Amândio Paul e Afonso Gouveia, para além de outras personalidades.

No mês de novembro de 1911 - quando João Chagas fez parte, pela primeira vez, de um governo da República – Augusto Gil foi nomeado Comissário da Polícia de Emigração Clandestina, pelo que foi viver para Lisboa. Após ter exercido, durante escassos meses, o cargo de Governador Civil de Aveiro, voltou para a capital onde teve, em 1918, uma passagem pelo Ministério da Instrução Pública; no ano seguinte foi nomeado Diretor Geral das Belas Artes.

Em Lisboa foi uma figura altamente conceituada nos meios intelectuais e sociais; assim não é de estranhara a homenagem de que foi alvo no Teatro Nacional, em 19 de junho de 1927. A comissão promotora dessa iniciativa integrou nomes como Júlio Dantas, José Viana da Mota, Henrique Lopes de Mendonça, Columbano Bordalo Pinheiro, Eduardo Schwalbach e Gustavo Matos Sequeira.

Augusto GIL.jpeg

O trabalho de Augusto Gil cruzou-se, frequentemente, com períodos de grande sofrimento, resultado da doença que o atormentava. “A doença que desde o primeiro quartel da existência o consumiu e as dificuldades materiais com que sempre mais ou menos lutou, encontram-se no fundo de toda a sua obra, e que sabe se até não a condicionaram”, observou Ladislau Patrício num apontamento biográfico sobre o poeta.

Nomeado Secretário-Geral do Ministério da Instrução Pública não chegou a tomar posse desse cargo pois morreu a 26 de fevereiro de 1929, em Lisboa.

O funeral de Augusto Gil (a 1 de março, na Guarda) constituiu, de acordo com os relatos jornalísticos da época, uma grande manifestação de pesar. “Tudo o que a Guarda tem de mais distinto acorreu a tomar parte na sentida homenagem” e participar no cortejo fúnebre que se “revestiu de desusada imponência”.

Os restos mortais de Augusto Gil repousam num jazigo localizado logo à entrada do cemitério municipal da Guarda, ostentando dois versos de “Alba Plena”: “E a pendida fronte, ainda mais pendeu.../E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...” “Musa Cérula”, “Versos”, “Luar de Janeiro”, “O Canto da Cigarra”, “Gente de Palmo e Meio”, “Sombra de Fumo”, “Alba Plena”, “Craveiro da Janela”e “Avena Rústica” foram as principais produções literárias deste poeta, cujo trabalho evoluiu quase à margem de escolas ou correntes literárias. “Não é um romântico, nem parnasiano, nem simbolista: é ele – o Augusto Gil – nome que é um gracioso ritmo”, observou Bulhão Pato.

Muitos dos versos de Augusto Gil passaram para o cancioneiro popular, como sublinharam alguns estudiosos da sua obra, suportada num verso melodioso e num ritmo suave. Foi e é um dos poetas entre nós a quem o povo mais abriu o coração, e quando o povo abre o coração a um poeta, o seu amor repercutir-se-á pelo tempo além”, como anotou João Patrício. De facto, se Augusto Gil cultivou a poesia, as letras, cultivou também o seu amor pela Guarda onde escreveu uma grande parte dos seus melhores poemas; a cidade bem se pode orgulhar do seu “mais alto poeta” e recordá-lo é um dever de memória.

Recorde-se que o Museu da Guarda assinalou no passado ano, a 30 de julho, na passagem do 150º aniversário do nascimento do poeta, inaugurando uma exposição alusiva. Este museu é, há décadas fiel depositário do espólio de Augusto Gil, lembrado numa mostra expositiva - "150 anos com Augusto Gil" que pretendeu constituir-se “como um momento de encontro entre o passado e o presente, uma oportunidade para evocar e (re)descobrir uma das mais ilustres figuras da cidade, que imortalizou o seu amor pela Guarda e pela sua região através de poemas que a memória coletiva não esquece”.

(Helder Sequeira)

 

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publicado às 12:41

Novo número da revista Praça Velha

por Correio da Guarda, em 11.12.20

 

No Auditório do Paço da Cultura/ Museu da Guarda terá lugar no dia 15 de dezembro, pelas 18 horas, o lançamento de mais um número da revista cultural “Praça Velha”.

O nº40 da revista, com a coordenação do Museu da Guarda, assinala os 150 anos do nascimento do escritor Augusto Gil. À sua vida e obra é dedicado o núcleo temático principal, que conta com as colaborações de Hélder Sequeira, Anabela Matias, Ana Margarida Fonseca, Luísa Antunes Paolinelli, Martim Ramos Vasco, Helena Rebelo e Victor Afonso.

pracavelha40.jpg

De acordo coma informação divulgada, "neste número especial, agregou-se ao bloco temático não só a grande entrevista a Ernesto Rodrigues, sobre o “Contexto histórico-cultural da geração de Augusto Gil”, como também, o Portfolio subordinado ao tópico “Memórias e evocações iconográficas de Augusto Gil”.

A secção Património e História reúne artigos de Ana Cristina Trindade, Augusto Moutinho Borges, José Eduardo Franco e José Maria Silva Rosa, António Marques, José António Quelhas Gaspar, Manuel Luiz Fernandes dos Santos, Francisco Manso, Aires Diniz, Salete Pinto e, finalmente, José P. da Cruz.

Além da inserção de um conto de Augusto Gil, o apartado Escrita Literária oferece uma narrativa de João Esteves Pinto e versos de Cristino Cortes, Carlos d’Abreu, Daniel Rocha e Carlos Adaixo. As recensões críticas de livros incluem as colaborações de Sara Teixeira, José Maria dos Santos Coelho, José Luís Lima Garcia, Agostinho Ferreira, Fernando Carmino Marques, António Oliveira, Júlio Salvador, Natércia Monteiro, Miguel de Gouveia Rebocho Esperança Pina, José Valbom, Manuel Ferreira, António José Dias de Almeida, Helena Rebelo, Gabriel Neto, Inês Costa e Tatiana Guedes da Fonseca.

 

Fonte: CMG

 

 

 

 

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publicado às 18:01

Exposição sobre Augusto Gil

por Correio da Guarda, em 06.09.20

Exposição Augusto Gil - foto Helder Sequeira.jpg

No Paço da Cultura da Guarda continua patente a exposição “150 anos com Augusto Gil”, promovida pelo Museu da Guarda.

Esta exposição  pretende celebrar os 150 anos do nascimento do poeta, uma vez que o Museu desta cidade é, há décadas, o “fiel depositário” do seu espólio.

“A mostra expositiva pretende constituir-se como um momento de encontro entre o passado e o presente, uma oportunidade para evocar e (re)descobrir uma das mais ilustres figuras da cidade, que imortalizou o seu amor pela Guarda e pela sua região através de poemas que a memória coletiva não esquece”, como deu a conhecer o Museu da Guarda

A exposição tem entrada livre.

Exposição sobre Augusto Gil -foto HS.jpg

 

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publicado às 12:20


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