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Tendo ocorrido, dia 16 de julho, a passagem do aniversário do 85º aniversário do nascimento de Jesué Pinharanda Gomes, não poderíamos deixar de evocar este ilustre ensaísta, historiador, filósofo e investigador, que faleceu a 27 de julho de 2019.
Natural de Quadrazais, concelho do Sabugal, onde nasceu em 16 de julho de 1939, Pinharanda Gomes, figura incontornável da cultura portuguesa, comentou-nos um dia que, literariamente falando, era natural da Guarda; embora realizado em Lisboa. Isto porque, como nos disse, foi na cidade mais alta de Portugal que lançou as primeiras raízes.
Numa das suas muitas obras, Pinharanda Gomes escreveu que, “na esquina do tempo, e tendo saído da Guarda há muitos anos (parece que temos o destino da emigração) foi-nos concedida a graça de permanecermos fiel à mátria”.
Essa fidelidade foi constante, exemplar, de uma grandeza própria de personalidades de enorme saber e erudição, mas simultaneamente simples, humanas e profundamente solidárias com a sua terra de origem.
A sua presença, frequente, em iniciativas realizadas na Guarda ou na região, a par das muitas intervenções proferidas sobre temáticas e personalidades ligadas à nossa região comprovaram isso mesmo. Pinharanda Gomes foi exemplo “(…) de um estudioso desinteressado, sem prebendas nem honras institucionais, fazendo do estudo erudito uma vocação de vida”, como escreveu Miguel Real.
No conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes avultam três áreas: os contributos na História da Filosofia; as monografias da história da Igreja e os estudos regionais; afirmou-se, sempre, um defensor convicto, e incansável, do nosso património histórico-cultural e outrossim dos valores humanos, mormente desta zona raiana.
Numa entrevista que nos concedeu para a revista cultural “Praça Velha”, quando questionado sobre qual das facetas (historiador, filósofo, crítico literário, ensaísta e conferencista) melhor se enquadrava no perfil de homem de cultura, realçava que tinha alguns livros de filosofia pura, nomeadamente o seu livro de estreia, "que é o Exercício da Morte, O Pensamento e Movimento – que é uma introdução, uma ascese filosófica – e que naturalmente deveria ser por aí que eu deveria ter caminhado, e também o Dicionário de Filosofia Portuguesa, ou Entre Filosofia e Teologia. Ora o que acontece é que no mundo não estamos sós, estamos com os outros e, ou porque somos solicitados pelas pessoas, ou pelos temas, todos acabamos por nos dispersar por outras coisas; comigo aconteceu um pouco isso.
Como desde muito cedo – ainda na Guarda – tive uma vocação para a pesquisa, quando fui para Lisboa, e passei a dispor de mais fontes documentais, iniciava muitas vezes a investigação de um tema; depois, à medida que investigava esse tema surgia documentação sobre outros e custava-me abandoná-la, pelo que tomava notas e assim foram surgindo estudos diversos, em várias disciplinas. Contudo, penso que pelo número de livros e estudos publicados, cabe-me muito melhor a classificação de historiador da cultura com a tónica na história da Filosofia portuguesa e também na história da Igreja contemporânea, da época moderna”.
Pinharanda Gomes concluía, depois que era “um hermeneuta da cultura, quer dizer, procuro interpretar os seres, os factos e as coisas do âmbito cultural, sobretudo do pensamento, mas de modo a preenchê-las com o meu próprio significado. De um modo geral faz-se exegese cultural, extraindo significados dos dados. O exegeta é colocado perante um facto, ou perante um ser, uma obra, e procura tirar daí alguma coisa. Eu tenho procurado caminhar no sentido inverso; aliás, não é por acaso que em filosofia há um léxico que tem uma origem modestíssima.”
Este pensador evidenciava, ainda, a área da “historiografia filosófica” por ser neste âmbito onde produziu “maior quantidade de trabalhos de fundo. Na História da Igreja Moderna embora tenha muitos títulos publicados, a maior parte deles são opúsculos, separatas, estudos que saíram em revistas, ou conferências proferidas em congressos; claro que tenho algumas obras de fundo, como é o caso da História da Diocese da Guarda e os Congressos Católicos em Portugal, e outros; mas no conjunto, quando se olha para a minha bibliografia, o que permanece é de facto o primeiro capítulo que tenho considerado, Filosofia e História da Filosofia; é a área à qual tenho dedicado mais tempo e empenho.” Referiu-nos nessa entrevista.
Contudo, o seu labor, nesta matéria, não se circunscreveu às edições já conhecidas, pois houve muito trabalho que não veio a público, pelo menos diretamente, e que diz respeito às centenas de verbetes escritos para Dicionários e Enciclopédias, quase sempre assinados, ou com as letras P.G.
Como eminente autodidata erudito, Pinharanda Gomes deixou vastíssima bibliografia iniciada em finais da década de 50 do passado século,1960. Em 20 de março de 2018, e num justo reconhecimento à sua obra, a Universidade da Beira Interior atribuiu a Pinharanda Gomes o Doutoramento Honoris Causa
“Ao longo de décadas, Pinharanda Gomes foi (…) um dos mais prolixos hermeneutas da História e tradição do nosso pensamento filosófico. Investigador e sistematizador nato, jamais se deixou prender pelas etiquetas de historiador, ou de filósofo (…)”. Escrevia José Almeida no artigo “Para uma visão de Pinharanda Gomes sobre o Galaaz de Portugal”, que integra o conjunto de trabalhos inseridos num livro dedicado à obra e pensamento deste filósofo, ensaísta e investigador, intitulado “Pinharanda Gomes – A Obra e o pensamento, estudos e testemunhos”.
Recordemos que no Sabugal funciona o Centro de Estudos Pinharanda Gomes. Neste Centro onde está reunido todo a acervo documental particular, que o autor doou à autarquia, bem como cerca de 3 500 opúsculos e volumes sobre temáticas diversas; algumas dessas publicações integraram a exposição que esteve patente na Biblioteca Nacional, em Lisboa, em 2022. “Pinharanda Gomes, historiador do pensamento português” foi o tema dessa exposição que pretendeu homenagear “esta figura, principalmente na vertente histórico-filosófica da sua obra, sem, contudo, menosprezar o pensamento original do autor e as outras contribuições dele em vários âmbitos da cultura portuguesa.” Um intelectual que honra o concelho onde nasceu, a Guarda onde também estudou e viveu, o país e o espaço da lusofonia.
Será que a Guarda o continua a lembrar, a ter presente o legado cultural que deixou, a perceber a sua grandeza, a valorizar toda a sua investigação e ampla bibliografia? É que, como alguns dos estudiosos da sua obra têm destacado, Jesué Pinharanda Gomes foi um inquestionável “historiador do pensamento português de todos os tempos.”
Hélder Sequeira
“Pinharanda Gomes, historiador do pensamento português” é o tema da exposição que vai estar patente na Biblioteca Nacional (NB), entre 13 de abril e 17 de setembro do corrente ano.
Esta mostra, e de acordo com a informação divulgada pela BN, é dedicada a Jesué Pinharanda Gomes (Sabugal, 1939 – Loures, 2019), pretendendo destacar o autor enquanto o maior historiador do pensamento português de todos os tempos.
Ativo numa perspetiva espiritualista e católica, estatuto que reivindica desde os primeiros livros e a que sempre se manteve fiel, Pinharanda Gomes produziu uma obra vastíssima, sobre uma inúmera multiplicidade de temas.
Autodidata, nascido em Quadrazais, Sabugal, terra raiana de contrabandistas, a que tem devotado parte importante dos seus escritos, Pinharanda Gomes só soube de ser de nacionalidade portuguesa quando iniciou a frequência do ensino primário.
Possuidor do mais vasto saber sobre a história do pensamento português, de que se destacam os três volumes da História da Filosofia Portuguesa (1981-1991), bem como sete volumes da série Pensamento Português (1969-1993), regista em todos os seus livros uma adesão viva ao modo religioso e de se tematizar as questões filosóficas.
Autor prolífico, resgatou do esquecimento histórico inúmeros autores integrados na mundividência espiritualista (Joaquim Alves da Hora, João de São Tomás, Samuel da Silva, João Lourenço Insuelas, Prudêncio Quintino Garcia, Francisco Rendeiro, Pereira de Freitas, entre outros), prestando sólida consistência à existência de uma corrente filosófica em Portugal que, em continuidade, por vezes subterraneamente, desprezada pelo racionalismo e pelo positivismo, condenada pelo modernismo, tem privilegiado, desde os alvores da nacionalidade, o espírito face à matéria, a alma face ao corpo, a transcendência face à imanência, a metafísica face à positividade empírica.
Este é, de facto e de direito, o estatuto singular de Pinharanda Gomes no seio da cultura portuguesa contemporânea: para além do seu pensamento pessoal, harmónico com a restante obra de historiógrafo da história intelectual portuguesa segundo uma visão religiosa e espiritualista, os seus estudos demarcam com clareza o fio de continuidade existente em Portugal, de um modo constitutivo, de pensadores que, ora situados no poder de Estado, ora contra este, ora a este indiferentes (os místicos), incessantemente, sem hiatos temporais, interrogaram, sem desfalecimento, segundo uma posição religiosa (não necessariamente católica e eclesiástica, como, por exemplo Amorim Viana, Sampaio Bruno e Teixeira de Pascoaes) ou apenas espiritual (por exemplo, Antero de Quental) a face de Deus e as qualificações filosóficas decorrentes: o ser, a existência, a essência, o devir, a causalidade e o determinismo, o acaso, a criação, a morte.
A mostra “Pinharanda Gomes: historiador do pensamento português” pretende homenagear esta figura, principalmente na vertente histórico-filosófica da sua obra, sem, contudo, menosprezar o pensamento original do autor e as outras contribuições dele em vários âmbitos da cultura portuguesa.
A mostra integra materiais do espólio guardado no Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes,no Sabugal, assim como do acervo da Biblioteca Nacional de Portugal, instituição da qual Pinharanda Gomes foi assíduo frequentador durante a sua vida.
Esta exposição é comissariada por Miguel Real, Renato Epifânio e Fabrizio Boscaglia.
Fonte: Biblioteca Nacional
Em Lisboa, no salão nobre do Palácio da Independência, vai decorrer hoje um encontro de homenagem a Jesué Pinharanda Gomes.
Trata-se de uma iniciativa conjunta de várias instituições que pretende assinalar o dia (essa era a data oficial do seu registo de nascimento) em que Pinharanda Gomes faria 80 anos.
Natural de Quadrazais, o ensaísta, historiador, filósofo e investigador Jesué Pinharanda Gomes faleceu dia 27 de julho em Lisboa.
No conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes avultam três áreas: os contributos na História da Filosofia; as monografias da história da Igreja e os estudos regionais.
O ensaísta, filósofo e historiador Jesué Pinharanda Gomes, falecido no passado dia 27 de julho, foi considerado na nota difundida pela Presidência da República como "um dos nomes mais destacados no estudo e divulgação do pensamento português" e “trabalhador incansável, um homem de convicções profundas.
Pinharanda Gomes (nascido em Quadrazais, Sabugal), figura incontornável da cultura portuguesa, foi tudo isso e muito mais; foi “um exemplo vivo de um estudioso desinteressado, sem prebendas nem honras institucionais, fazendo do estudo erudito uma vocação de vida”, como escreveu Miguel Real.
Literariamente falando, Pinharanda Gomes era natural da Guarda, embora realizado em Lisboa, como nos referiu; foi na cidade mais alta de Portugal que lançou as primeiras raízes. A sua fidelidade à “mátria” foi constante, exemplar, de uma grandeza própria de personalidades de enorme saber, mas simultaneamente simples, humanas e profundamente solidárias com a sua terra de origem.
No conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes avultam três áreas: os contributos na História da Filosofia; as monografias da história da Igreja e os estudos regionais. Defensor convicto, e incansável, do nosso património histórico-cultural assumiu igualmente a salvaguarda dos valores humanos, mormente desta zona raiana.
Em entrevista que nos concedeu, há alguns anos atrás, para a Revista “Praça Velha”, declarava-se “um hermeneuta da cultura” pois procurava “interpretar os seres, os factos e as coisas do âmbito cultural, sobretudo do pensamento, mas de modo a preenchê-las” com o seu próprio significado. O seu vasto labor não se circunscreveu, contudo, às edições conhecidas, pois “há uma atividade que não vem muito a público e que diz respeito às centenas de verbetes” que redigiu para Dicionários e Enciclopédias, quase sempre assinados, ou com as letras P.G.
Desde 1981, e após a realização do I Encontro de Comunicação Social da Beira Interior, promovido, na Guarda, pela Rádio Altitude que os meus contactos com Pinharanda Gomes foram regulares, acentuados com a colaboração por ele dada ao quinzenário Notícias da Guarda. Aliás – é justo e oportuno realçar – foi sempre um inquestionável defensor da imprensa regional, sublinhando sempre o seu importante papel informativo e cultural.
Recordemos que em 1983 publicou “Memórias de Riba Coa e da Beira Serra – A Imprensa da Guarda”, obra através da qual quis evocar os “homens e mulheres que, desde meados do século XIX, fizeram os jornais no distrito da Guarda, pioneiro da imprensa política regional e da imprensa católica nacional”. Na nota introdutória desse livro, Pinharanda Gomes afirmava que a “progressão cronológica do aparecimento de jornais, a tipologia diferenciada, as alternâncias ideológicas, são quadros vivos mesmo agora que, de muitos deles, já não temos senão raros exemplares”. Leitor atento da imprensa regional, mormente da Guarda, Pinharanda Gomes bem pode ser considerado um paladino dos jornais editados no país real. A imprensa tem o dever da memória, assim como a Rádio da sua Guarda, onde interveio, no plano cultural, em finais da década de 50 do passado século.
Nestas breves notas, mais do que discorrer pela obra, vastíssima, de Pinharanda Gomes importa relembrar o mestre, o homem de cultura atento ao que se passava na região onde nasceu; correspondendo sempre aos convites formulados para aqui transmitir o seu saber, partilhar a sua experiência, incentivar o estudo.
A melhor homenagem que lhe poderemos fazer será, sem dúvida, conhecer e divulgar a sua obra onde sobejam inúmeras indicações para diferenciadas e interessantes linhas de investigação e conhecimento, em vários campos do saber; perpetuando assim a sua memória. (Hélder Sequeira)
In O Interior, 1|08|2019
O ensaísta, historiador, filósofo e investigador Jesué Pinharanda Gomes faleceu hoje em Lisboa.
Natural de Quadrazais, concelho do Sabugal, onde nasceu em 16 de julho de 1939, Pinharanda Gomes, figura incontornável da cultura portuguesa, comentava-nos há alguns anos atrás que, literariamente falando, era natural da Guarda; embora realizado em Lisboa, como nos dizia, foi na cidade mais alta de Portugal que lançou as primeiras raízes.
Numa das suas muitas obras, Pinharanda Gomes escreveu que, “na esquina do tempo, e tendo saído da Guarda há muitos anos (parece que temos o destino da emigração) foi-nos concedida a graça de permanecermos fiel à mátria”.
Essa fidelidade foi constante, exemplar, de uma grandeza própria de personalidades de enorme saber e erudição mas simultaneamente simples, humanas e profundamente solidárias com a sua terra de origem.
A sua presença, frequente, em iniciativas aqui realizadas ou as intervenções proferidas sobre temáticas e personalidades ligadas à nossa região comprovaram isso mesmo. Pinharanda Gomes foi “um exemplo vivo de um estudioso desinteressado, sem prebendas nem honras institucionais, fazendo do estudo erudito uma vocação de vida”, como escreveu Miguel Real.
No conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes avultam três áreas: os contributos na História da Filosofia; as monografias da história da Igreja e os estudos regionais; ele tem-se afirmado um defensor convicto, e incansável, do nosso património histórico-cultural e outrossim dos valores humanos, mormente desta zona raiana.
Em entrevista que nos concedeu, há alguns anos atrás, e que foi publicada na Revista Praça Velha, Jesué Pinharanda Gomes questionado sobre qual das facetas (historiador, filósofo, crítico literário, ensaísta e conferencista) melhor se enquadrava no perfil de homem de cultura, realçava que tinha alguns livros de filosofia pura, nomeadamente o seu ivro de estreia, "que é o Exercício da Morte, O Pensamento e Movimento – que é uma introdução, uma ascese filosófica – e que naturalmente deveria ser por aí que eu deveria ter caminhado, e também o Dicionário de Filosofia Portuguesa, ou Entre Filosofia e Teologia. Ora o que acontece é que no mundo não estamos sós, estamos com os outros e, ou porque somos solicitados pelas pessoas, ou pelos temas, todos acabamos por nos dispersar por outras coisas; comigo aconteceu um pouco isso.
Como desde muito cedo – ainda na Guarda – tive uma vocação para a pesquisa, quando fui para Lisboa, e passei a dispor de mais fontes documentais, iniciava muitas vezes a investigação de um tema; depois, à medida que investigava esse tema surgia documentação sobre outros e custava-me abandoná-la, pelo que tomava notas e assim foram surgindo estudos diversos, em várias disciplinas. Contudo, penso que pelo número de livros e estudos publicados, cabe-me muito melhor a classificação de historiador da cultura com a tónica na história da Filosofia portuguesa e também na história da Igreja contemporânea, da época moderna”.
Pinharanda Gomes concluía, depois que era “um hermeneuta da cultura, quer dizer, procuro interpretar os seres, os factos e as coisas do âmbito cultural, sobretudo do pensamento, mas de modo a preenchê-las com o meu próprio significado. De um modo geral faz-se exegese cultural, extraindo significados dos dados. O exegeta é colocado perante um facto, ou perante um ser, uma obra, e procura tirar daí alguma coisa. Eu tenho procurado caminhar no sentido inverso; aliás, não é por acaso que em filosofia há um léxico que tem uma origem modestíssima.”
Este pensador evidenciava, ainda, a área da “historiografia filosófica” por ser neste âmbito onde tem “produzido maior quantidade de trabalhos de fundo. Na História da Igreja Moderna embora tenha muitos títulos publicados, a maior parte deles são opúsculos, separatas, estudos que saíram em revistas, ou conferências proferidas em congressos; claro que tenho algumas obras de fundo, como é o caso da História da Diocese da Guarda e os Congressos Católicos em Portugal, e outros; mas no conjunto, quando se olha para a minha bibliografia, o que permanece é de facto o primeiro capítulo que tenho considerado, Filosofia e História da Filosofia; é a área à qual tenho dedicado mais tempo e empenho.”
Contudo, o seu labor, nesta matéria, não se tem circunscreveu às edições já conhecidas: “há uma atividade que não vem muito a público e que diz respeito às centenas de verbetes que tenho escrito para Dicionários e Enciclopédias, quase sempre assinados, ou com as letras P.G.”
Recorde-se que, a 20 de março de 2018, a Universidade da Beira Interior atribuiu a Pinharanda Gomes o Doutoramento Honoris Causa, como o “Correio da Guarda” noticiou. “Leonardina – Estudos acerca de Leonardo Coimbra” é o título do últimp livro de Jesué Pinharanda Gomes, apresentado no passado dia 25 de junho, pelas 17h30, no auditório da Fundação Engº António de Almeida, Porto.
O corpo de Jesué Pinharanda Gomes vai estar em câmara ardente na Igreja de Santo António dos Cavaleiros, a partir das 17 horas de amanhã, dia 28. Na segunda-feira, dia 29 de julho, pelas 10 horas terá lugar uma missa presidida pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, seguindo depois para Quadrazais, sua terra natal, onde se realizará o funeral pelas 18 horas. A Câmara Municipal do Sabugal decretou três dias de luto municipal. (Helder Sequeira)
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte de Jesué Pinharanda Gomes, considerando-o "um dos nomes mais destacados no estudo e divulgação do pensamento português", como se pode ler na nota publicada no sítio oficial da Presidência, na internet.
"Auto-didacta erudito, deixou-nos uma bibliografia vastíssima, iniciada em começos dos anos 1960, e que abarca temas filosóficos, culturais, literários, religiosos, teológicos e até etnológicos.
Escreveu sobre o «Cancioneiro de Quadrazais» (a sua terra natal, no concelho do Sabugal, distrito da Guarda), o platonismo e o aristotelismo, sobre Frei Bartolomeu dos Mártires, Guilherme Braga da Cruz, Santo Agostinho ou Leonardo Coimbra, entre outros, bem como inúmeros estudos sobre a Guarda e sobre figuras da Igreja em Portugal.
Defendendo a especificidade de um pensamento português, na sequência de movimentos como a Renascença Portuguesa ou o Saudosismo, Pinharanda Gomes editou obras de referência como Introdução à História da Filosofia Portuguesa, Pensamento Português (7 volumes) e Dicionário da Filsofia Portuguesa, interveio em conferências e colóquios e colaborou com a imprensa regional e nacional.
Co-fundador do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, sócio correspondente da Academia Internacional de Cultura Portuguesa e da Academia Portuguesa de História, Doutor Honoris Causa pela Universidade de Beira Interior, era um trabalhador incansável, um homem de convicções profundas e um indefectível de uma certa ideia de Portugal.
Endereço à Família e amigos os meus sentidos pêsames." Pode ler-se na nota oficial a que fizemos alusão.
“Leonardina – Estudos acerca de Leonardo Coimbra” é o título do novo livro de Jesué Pinharanda Gomes.
Este novo trabalho será apresentado no próximo dia 25 de junho, pelas 17h30, no auditório da Fundação Engº António de Almeida, Porto. A apresentação do livro estará a cargo de José Esteves Pereira e antecederá uma “Tertúlia Leonardina” com a participação de estudiosos de Leonardo Coimbra, nomeadamente Susana Rocha Relvas, Nuno Ornelas Martins, Carlos Moreira e Francisco de Oliveira. Vai estar patente uma mostra bibliográfica de Pinharanda Gomes, natural de Quadrazais (Sabugal) e figura incontornável da cultura portuguesa.
No conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes avultam três áreas: os contributos na História da Filosofia; as monografias da história da Igreja e os estudos regionais; tem-se afirmado um defensor convicto, e incansável, do nosso património histórico-cultural e outrossim dos valores humanos, mormente desta zona raiana. “Sentimos quanto é longo o dever de um homem dar contas públicas do muito ou do pouco que lhe foi possível realizar pela valorização do seu património, isto é, das coisas da sua terra natal”. No Sabugal funciona o Centro de Estudos Pinharanda Gomes onde está reunido todo a acervo documental particular que o autor doou à Câmara Municipal do Sabugal, bem como cerca de 3 500 opúsculos e volumes sobre temáticas diversas.
Pinharanda Gomes, é sócio fundador do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira e membro correspondente eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e da Academia Portuguesa de História; em março de 2018 recebeu o grau de Doutor Honoris Causa pela Universidade da Beira Interior. (H.S.)
"Celebrar o Saber Amigo» foi o tema do colóquio que decorreu hoje no Sabugal (e ontem na Covilhã), iniciativa de homenagem a Jesué Pinharanda Gomes.
O colóquio foi promovido pela Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior (por iniciativa das comissões científicas dos cursos de Licenciatura e de Mestrado em Ciências da Cultura), Câmara Municipal do Sabugal e Universidade Aberta (através do seu Centro Local de Aprendizagem do Sabugal), coincidindo com a passagem do sexto aniversário do Centro de Estudos Pinharanda Gomes, que se assinala precisamente neste sábado, 9 de Junho.
No Auditório Mubicipal falou-se hoje Sabugal, amanhã vai falar-se de “Jesué Pinharanda Gomes, fronteiro entre o futurismo de Orpheu e o mais fundo pensamento filosófico português”, por António dos Santos Pereira; “Uma ideia de Pátria para o século XXI: Presença de Pinharanda Gomes em 21 números da Revista Nova Águia”, por Renato Epifânio; “Identidade e Utopia”, Anabela Rita; “Dois pensadores sem academio: Spinoza e Pinharanda Gomes”, Luis Machado de Abreu, e “Pinharanda Gomes, o Estudioso: uma visão panorâmica do seu ficheiro bibliográfico”, por Maria Leonor Xavier, este tema apresentado no Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes, na visita que teve lugar pelas 15 horas.
Recorde-se que no passado dia 20 de março de 2018, a Universidade da Beira Interior atribuiu a Pinharanda Gomes o Doutoramento Honoris Causa, como o “Correio da Guarda” noticiou.
«Celebrar o Saber Amigo» é o tema do colóquio que terá lugar, hoje e amanhã, na Covilhã e no Sabugal, iniciativa de homenagem a Jesué Pinharanda Gomes.
O colóquio é promovido pela Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior (por iniciativa das comissões científicas dos cursos de Licenciatura e de Mestrado em Ciências da Cultura), Câmara Municipal do Sabugal e Universidade Aberta (através do seu Centro Local de Aprendizagem do Sabugal), coincidindo com a passagem do sexto aniversário do Centro de Estudos Pinharanda Gomes, que se assinala a 9 de Junho.
Este evento que decorrerá hoje na Covilhã (UBI, Anfiteatro da Parada, Pólo I) e amanhã, dia 9, no Sabugal (Auditório Municipal), reunirá alguns especialistas que, sob diversas perspetivas e abordagens, se debruçarão sobre a obra do autor homenageado.
Para hoje estão agendadas as comunicações “Pinharanda Gomes: historiador da Filosofia Portuguesa”, por António Braz Teixeira; “Pinharanda Gomes: entre a Filosofia e a Teologia”, por Maria de Lourdes Sirgado; “Pinharanda Gomes e a História da Filosofia”, por José Esteves Pereira; “Pinharanda Gomes e a Saudade”, por Manuel Cândido Pimentel e “A Saudade de Deus em Jesué Pinharanda Gomes”.
No Sabugal, amanhã vai falar-se de “Jesué Pinharanda Gomes, fronteiro entre o futurismo de Orpheu e o mais fundo pensamento filosófico português”, por António dos Santos Pereira; “Uma ideia de Pátria para o século XXI: Presença de Pinharanda Gomes em 21 números da Revista Nova Águia”, por Renato Epifânio; “Identidade e Utopia”, Anabela Rita; “Dois pensadores sem academio: Spinoza e Pinharanda Gomes”, Luis Machado de Abreu; “Perspectivas da normatividade em Pinharanda Gomes”, Paulo Ferreira da Cunha; “Síntese de uma obra: a última grande entrevista de Pinharanda Gomes”, Miguel Real, e “Pinharanda Gomes, o Estudioso: uma visão panorâmica do seu ficheiro bibliográfico”, por Maria Leonor Xavier, este tema a apresentar no Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes, na visita que terá lugar pelas 15 horas.
Recorde-se que no passado dia 20 de março de 2018, a Universidade da Beira Interior atribuiu a Pinharanda Gomes o Doutoramento Honoris Causa, como o “Correio da Guarda” noticiou.
«Celebrar o Saber Amigo» é o tema do colóquio que terá lugar, nos dias 8 e 9 de junho, na Covilhã e no Sabugal, iniciativa de homenagem a Jesué Pinharanda Gomes.
O colóquio é promovido pela Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior (por iniciativa das comissões científicas dos cursos de Licenciatura e de Mestrado em Ciências da Cultura), Câmara Municipal do Sabugal e Universidade Aberta (através do seu Centro Local de Aprendizagem do Sabugal), coincidindo com a passagem do sexto aniversário do Centro de Estudos Pinharanda Gomes, que se assinala a 9 de Junho.
Este evento que decorrerá no dia 8 na Covilhã (UBI, Anfiteatro da Parada, Polo I) e no dia 9 no Sabugal (Auditório Municipal), reunirá alguns especialistas que, sob diversas perspetivas e abordagens, se debruçarão sobre a obra do autor homenageado.
Para o primeiro dia estão agendadas as comunicações “Pinharanda Gomes: historiador da Filosofia Portuguesa”, por António Braz Teixeira; “Pinharanda Gomes: entre a Filosofia e a Teologia”, por Maria de Lourdes Sirgado; “Pinharanda Gomes e a História da Filosofia”, por José Esteves Pereira; “Pinharanda Gomes e a Saudade”, por Manuel Cândido Pimentel e “A Saudade de Deus em Jesué Pinharanda Gomes”.
No Sabugal, dia 9 de Junho, vai falar-se de “Jesué Pinharanda Gomes, fronteiro entre o futurismo de Orpheu e o mais fundo pensamento filosófico português”, por António dos Santos Pereira; “Uma ideia de Pátria para o século XXI: Presença de Pinharanda Gomes em 21 números da Revista Nova Águia”, por Renato Epifânio; “Identidade e Utopia”, Anabela Rita; “Dois pensadores sem academio: Spinoza e Pinharanda Gomes”, Luis Machado de Abreu; “Perspectivas da normatividade em Pinharanda Gomes”, Paulo Ferreira da Cunha; “Síntese de uma obra: a última grande entrevista de Pinharanda Gomes”, Miguel Real, e “Pinharanda Gomes, o Estudioso: uma visão panorâmica do seu ficheiro bibliográfico”, por Maria Leonor Xavier, este tema a apresentar no Centro de Estudos Jesué Pinharanda Gomes, na visita que terá lugar pelas 15 horas.
Recorde-se que no passado dia 20 de março de 2018, a Universidade da Beira Interior atribuiu a Pinharanda Gomes o Doutoramento Honoris Causa, como o “Correio da Guarda” noticiou.
Natural de Quadrazais, concelho do Sabugal, onde nasceu em 1939, Pinharanda Gomes, figura incontornável da cultura portuguesa, comentava-nos há alguns anos atrás que, literariamente falando, é natural da Guarda; embora realizado em Lisboa, como nos dizia, foi na cidade mais alta de Portugal que lançou as primeiras raízes.
Numa das suas muitas obras, Pinharanda Gomes escreveu que, “na esquina do tempo, e tendo saído da Guarda há muitos anos (parece que temos o destino da emigração) foi-nos concedida a graça de permanecermos fiel à mátria”.
Essa fidelidade tem sido constante, exemplar, de uma grandeza própria de personalidades de enorme saber e erudição mas simultaneamente simples, humanas e profundamente solidárias com a sua terra de origem.
A sua presença, frequente, em iniciativas aqui realizadas ou as intervenções proferidas sobre temáticas e personalidades ligadas à nossa região comprovam isso mesmo. Pinharanda Gomes “constitui, hoje, um exemplo vivo de um estudioso desinteressado, sem prebendas nem honras institucionais, fazendo do estudo erudito uma vocação de vida”, como escreveu Miguel Real.
No conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes avultam três áreas: os contributos na História da Filosofia; as monografias da história da Igreja e os estudos regionais; ele tem-se afirmado um defensor convicto, e incansável, do nosso património histórico-cultural e outrossim dos valores humanos, mormente desta zona raiana.
Em entrevista que nos concedeu, há alguns anos atrás, e que foi publicada na Revista Praça Velha, Jesué Pinharanda Gomes questionado sobre qual das facetas (historiador, filósofo, crítico literário, ensaísta e conferencista) melhor se enquadrava no perfil de homem de cultura, realçava que tinha alguns livros de filosofia pura, nomeadamente o meu livro de estreia, que é o Exercício da Morte, O Pensamento e Movimento – que é uma introdução, uma ascese filosófica – e que naturalmente deveria ser por aí que eu deveria ter caminhado, e também o Dicionário de Filosofia Portuguesa, ou Entre Filosofia e Teologia. Ora o que acontece é que no mundo não estamos sós, estamos com os outros e, ou porque somos solicitados pelas pessoas, ou pelos temas, todos acabamos por nos dispersar por outras coisas; comigo aconteceu um pouco isso.
Como desde muito cedo – ainda na Guarda – tive uma vocação para a pesquisa, quando fui para Lisboa, e passei a dispor de mais fontes documentais, iniciava muitas vezes a investigação de um tema; depois, à medida que investigava esse tema surgia documentação sobre outros e custava-me abandoná-la, pelo que tomava notas e assim foram surgindo estudos diversos, em várias disciplinas. Contudo, penso que pelo número de livros e estudos publicados, cabe-me muito melhor a classificação de historiador da cultura com a tónica na história da Filosofia portuguesa e também na história da Igreja contemporânea, da época moderna”. Pinharanda Gomes concluía, depois que é “um hermeneuta da cultura, quer dizer, procuro interpretar os seres, os factos e as coisas do âmbito cultural, sobretudo do pensamento, mas de modo a preenchê-las com o meu próprio significado. De um modo geral faz-se exegese cultural, extraindo significados dos dados. O exegeta é colocado perante um facto, ou perante um ser, uma obra, e procura tirar daí alguma coisa. Eu tenho procurado caminhar no sentido inverso; aliás, não é por acaso que em filosofia há um léxico que tem uma origem modestíssima.”
Este pensador evidenciava, ainda, a área da “historiografia filosófica” por ser neste âmbito onde tem “produzido maior quantidade de trabalhos de fundo. Na História da Igreja Moderna embora tenha muitos títulos publicados, a maior parte deles são opúsculos, separatas, estudos que saíram em revistas, ou conferências proferidas em congressos; claro que tenho algumas obras de fundo, como é o caso da História da Diocese da Guarda e os Congressos Católicos em Portugal, e outros; mas no conjunto, quando se olha para a minha bibliografia, o que permanece é de facto o primeiro capítulo que tenho considerado, Filosofia e História da Filosofia; é a área à qual tenho dedicado mais tempo e empenho.”
Contudo, o seu labor, nesta matéria, não se tem circunscrito às edições já conhecidas: “há uma atividade que não vem muito a público e que diz respeito às centenas de verbetes que tenho escrito para Dicionários e Enciclopédias, quase sempre assinados, ou com as letras P.G.”
HSequeira
Jesué Pinharanda Gomes vai ser distinguido, no próximo dia 20 de Março, pela Universidade da Beira Interior (UBI) com o grau de Doutor Honoris Causa. A UBI esclarece que a concessão do grau de Doutor Honoris Causa se destina “a homenagear personalidades eminentes, nacionais ou estrangeiras, de reconhecido mérito nos domínios do ensino, da ciência, da cultura, da arte e das atividades sociais, que tenham contribuído para o engrandecimento de Portugal ou da Universidade”.
“Ao longo de décadas, Pinharanda Gomes foi e, felizmente, continua a ser, um dos mais prolixos hermeneutas da História e tradição do nosso pensamento filosófico. Investigador e sistematizador nato, jamais se deixou prender pelas etiquetas de historiador, ou de filósofo que também o é. Com a Universidade tantas vezes de costas voltadas para ele, jamais negou auxiliá-la, colaborando junto desta, sempre que solicitado, revelando continuadamente os mais nobres valores associados a uma integridade ética e humana, definidora apenas dos grandes Mestres”. Palavras de José Almeida extraídas do texto “Para uma visão de Pinharanda Gomes sobre o Galaaz de Portugal”, que integra o conjunto de trabalhos inseridos no livro dedicado à obra e pensamento deste filósofo, ensaísta e investigador.
“Pinharanda Gomes – A Obra e o pensamento, estudos e testemunhos” é a publicação que reúne as intervenções e testemunhos apresentados num colóquio promovido, há alguns anos atrás, pelo Grupo de Investigação “Raízes e Horizontes da Filosofia em Portugal”, do Gabinete de Filosofia Moderna e Contemporânea do Instituto de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Natural de Quadrazais, concelho do Sabugal, onde nasceu em 1939, Pinharanda Gomes, figura incontornável da cultura portuguesa, comentava-nos há alguns anos atrás que, literariamente falando, é natural da Guarda; embora realizado em Lisboa, como nos dizia, foi na cidade mais alta de Portugal que lançou as primeiras raízes.
Numa das suas muitas obras, Pinharanda Gomes escreveu que, “na esquina do tempo, e tendo saído da Guarda há muitos anos (parece que temos o destino da emigração) foi-nos concedida a graça de permanecermos fiel à mátria”.
Essa fidelidade tem sido constante, exemplar, de uma grandeza própria de personalidades de enorme saber e erudição mas simultaneamente simples, humanas e profundamente solidárias com a sua terra de origem.
A sua presença, frequente, em iniciativas aqui realizadas ou as intervenções proferidas sobre temáticas e personalidades ligadas à nossa região comprovam isso mesmo. Pinharanda Gomes “constitui, hoje, um exemplo vivo de um estudioso desinteressado, sem prebendas nem honras institucionais, fazendo do estudo erudito uma vocação de vida”, como escreve Miguel Real num dos textos publicados na obra atrás referenciada.
“Na Guarda – sublinha José Domingues, outro dos articulistas – se desenvolveu uma fase crucial da ascese do adolescente, despertado para a vida espiritual por um conjunto de mestres, que por mais de uma vez recordarão ao longo da vida (…)”.
No conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes avultam três áreas: os contributos na História da Filosofia; as monografias da história da Igreja e os estudos regionais; ele tem-se afirmado um defensor convicto, e incansável, do nosso património histórico-cultural e outrossim dos valores humanos, mormente desta zona raiana.
Em entrevista que nos concedeu, há alguns anos atrás, e que foi publicada na Revista Praça Velha, Jesué Pinharanda Gomes questionado sobre qual das facetas (historiador, filósofo, crítico literário, ensaísta e conferencista) melhor se enquadrava no perfil de homem de cultura, realçava que tinha alguns livros de filosofia pura, nomeadamente o meu livro de estreia, que é o Exercício da Morte, O Pensamento e Movimento – que é uma introdução, uma ascese filosófica – e que naturalmente deveria ser por aí que eu deveria ter caminhado, e também o Dicionário de Filosofia Portuguesa, ou Entre Filosofia e Teologia. Ora o que acontece é que no mundo não estamos sós, estamos com os outros e, ou porque somos solicitados pelas pessoas, ou pelos temas, todos acabamos por nos dispersar por outras coisas; comigo aconteceu um pouco isso.
Como desde muito cedo – ainda na Guarda – tive uma vocação para a pesquisa, quando fui para Lisboa, e passei a dispor de mais fontes documentais, iniciava muitas vezes a investigação de um tema; depois, à medida que investigava esse tema surgia documentação sobre outros e custava-me abandoná-la, pelo que tomava notas e assim foram surgindo estudos diversos, em várias disciplinas.
Contudo, penso que pelo número de livros e estudos publicados, cabe-me muito melhor a classificação de historiador da cultura com a tónica na história da Filosofia portuguesa e também na história da Igreja contemporânea, da época moderna”. Pinharanda Gomes concluía, depois que é “um hermeneuta da cultura, quer dizer, procuro interpretar os seres, os factos e as coisas do âmbito cultural, sobretudo do pensamento, mas de modo a preenchê-las com o meu próprio significado. De um modo geral faz-se exegese cultural, extraindo significados dos dados. O exegeta é colocado perante um facto, ou perante um ser, uma obra, e procura tirar daí alguma coisa. Eu tenho procurado caminhar no sentido inverso; aliás, não é por acaso que em filosofia há um léxico que tem uma origem modestíssima.”
Este pensador evidenciava, ainda, a área da “historiografia filosófica” por ser neste âmbito onde tem “produzido maior quantidade de trabalhos de fundo. Na História da Igreja Moderna embora tenha muitos títulos publicados, a maior parte deles são opúsculos, separatas, estudos que saíram em revistas, ou conferências proferidas em congressos; claro que tenho algumas obras de fundo, como é o caso da História da Diocese da Guarda e os Congressos Católicos em Portugal, e outros; mas no conjunto, quando se olha para a minha bibliografia, o que permanece é de facto o primeiro capítulo que tenho considerado, Filosofia e História da Filosofia; é a área à qual tenho dedicado mais tempo e empenho.”
Contudo, o seu labor, nesta matéria, não se tem circunscrito às edições já conhecidas: “há uma atividade que não vem muito a público e que diz respeito às centenas de verbetes que tenho escrito para Dicionários e Enciclopédias, quase sempre assinados, ou com as letras P.G.”.
A atribuição do grau de Doutor Honoris Causa a Pinharanda Gomes é um justo reconhecimento pela sua atividade em prol da cultura portuguesa.
Helder Sequeira
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