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Notícias da Guarda e região | Reportagem | Crónicas | Entrevistas | Apontamentos | Registos
Castanheiro gigante. Guilhafonso (Guarda).
Ao longo das últimas décadas, e como consequência dos inúmeros fogos florestais, têm desaparecido, importantes parcelas de manchas verdes e outrossim de espécies autóctones.
Na ausência ou a lenta resposta em termos de reflorestação – pelo menos de forma eficaz, sustentada e gradual – aumenta, anualmente, a extensão do território com um desolador panorama de áreas enegrecidas e agrestes, erguendo os gestos trágicos de uma floresta extinta.
Os recentes incêndios ocorridos, por todo o país – alguns com dimensão assustadora que exigiram, uma vez mais, um esforço hercúleo por parte dos nossos bombeiros – sublinharam a tragédia, a par de levantarem múltiplas questões, sistemática e teimosamente reeditadas…
As outrora anunciadas, e rapidamente esquecidas, medidas de reflorestação mostraram, na prática, a inconsistente persistência das intenções oficiais, relegando sempre para os períodos do martírio das florestas e haveres das populações a retórica circunstancial das boas e pragmáticas medidas; as palavras e o propalado empenho, fenecem logo após se apagarem as chamas e se afastarem as televisões do “teatro das operações”…terminologia que já aborrece, de tanta utilização e perante o ar teatral de alguns protagonistas…
Fazer o confronto entre o património florestal de ontem e a realidade de hoje não é tarefa difícil, pois as evidências estão ao alcance dos nossos olhares, por mais restritos que sejam alguns horizontes.
É trágica esta falta de intervenção, real e sistemática, neste sector, como se a floresta e o ambiente não fossem duas importantes e insubstituíveis riquezas do nosso País, onde parece haver, por parte de muitas entidades e departamentos oficiais um incrível alheamento pela preservação e aumento das zonas verdes, numa contínua cedência aos interesses económicos.
Em contrapartida, aumenta a mancha de desertificação e perecem muitas das peculiaridades e belezas paisagísticas, resumidas à fotografia de arquivo ou às memórias individuais, impotentes perante a evolução dos tempos; não podemos ficar presos aos mais mediáticos (mas inconsequentes) projetos de reflorestação mas interessa ir mais além, desenvolver uma ação quotidiana, sistemática e global.
Repensar o nosso património florestal e construir novos horizontes – onde o verde seja uma cor associada a montes e vales desta terra, em que alguns continuam a acreditar, mesmo com a apatia de muitos poderes – é uma tarefa urgente; caso contrário, estaremos a progredir para o fatal desaparecimento das nossas aldeias e vilas, perdendo, gradualmente, um dos poucos bens que alguns ainda nos reconhecem: a qualidade do ambiente... Neste, como noutros assuntos, importa reavivar as memórias.
E por falarmos em memória, é importante que não se esqueçam as imagens do trabalho e esforço dos nossos bombeiros, a sua abnegação, o risco permanente em que colocam as suas vidas…
Os nossos Bombeiros, pelo seu exemplo, pelo seu papel em prol da sociedade, pela sua coragem não devem apenas ser enaltecidos e apoiados apenas nestes períodos de horror e tragédia; devem ter sempre o nosso profundo respeito, apreço, apoio e gratidão!... (H.S.)
In O Interior, 18|Agosto|2016
A cíclica catástrofe dos incêndios, nos períodos de estio, ou tradicionalmente mais quentes, tem depauperado o património florestal desta região.
Ao longo dos anos desapareceram importantes e ricas parcelas de manchas verdes e outrossim de espécies autóctones, sem que tenha havido, pelo menos de forma eficaz, sustentada e gradual, a substituição das árvores desaparecidas; permanece, assim, numa grande extensão do território do distrito da Guarda o desolador panorama de áreas enegrecidas e agrestes, erguendo os gestos trágicos de uma floresta destruída...
As outrora anunciadas, e rapidamente esquecidas, medidas de reflorestação mostraram, na prática, a inconsistente persistência das intenções oficiais, relegando sempre para os períodos da tragédia a retórica circunstancial das boas e pragmáticas medidas, palavras fenecidas logo após se apagarem as luzes da ribalta.
E não é difícil fazer o confronto entre o património florestal de ontem e a realidade de hoje, pois as evidências estão ao alcance dos nossos olhares, por mais restritos que sejam alguns horizontes.
É trágica esta falta de intervenção, real e sistemática, neste sector; como se a floresta e o ambiente não fossem duas importantes e insubstituíveis riquezas do nosso País, onde parece haver, por parte de muitas entidades e municípios, um incrível alheamento pela preservação e aumento das zonas verdes, numa contínua cedência às forças económicas locais e regionais. Em contrapartida, aumenta a mancha de betão e perecem muitas das peculiaridades e belezas paisagísticas, resumidas à fotografia de arquivo ou às memórias individuais, impotentes perante a evolução dos tempos.
Assim, é urgente repensar o nosso património florestal e construir novos horizontes, onde o verde seja uma cor associada a montes e vales desta terra, em que alguns continuam a acreditar, mesmo com a apatia dos poderes.
De nada adianta debitar, para ouvido popular receber, que o distrito já não é o que era e tudo isto são exigências do progresso. Caso contrário estaremos a progredir para uma maior desertificação (total) das nossas aldeias e vilas, a perdemos, gradualmente, um dos poucos bens que as estatísticas nos atribuem: a qualidade do ambiente; também sujeito a outros perigos.
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