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Museóloga e investigadora, Dulce Borges elaborou no ano de 2000 o processo de classificação desse conjunto arquitetónico do ex-Sanatório Sousa Martins. Decorridos todos estes anos considera que “a ausência de interesse tem sido gritante, imperdoável e inaceitável. Os edifícios em completa ruína, além de constituírem um perigo permanente, são um verdadeiro atentado à história local”. Ao CORREIO DA GUARDA afirma que estamos perante “um dos maiores, se não o maior atentado patrimonial, cometido na Guarda, no último século.”
Natural da Guarda, Dulce Helena Pires Borges é licenciada em História e mestre em Museologia e Património Cultural; foi diretora do Museu da Guarda entre 1986 e 2012, tendo comissariado todas as exposições aí realizadas; entre 2018 e 2021 coordenou a Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço. “O Museu da Guarda entre o passado e o futuro; Espaços e Colecções” é um dos seus trabalhos publicados, tendo inúmeros textos seus em diversos catálogos, livros e revistas, bem, como na imprensa regional e nacional. Atualmente coordena o Departamento do Património, Cultura e Turismo da Diocese da Guarda.
Nesta entrevista considera que na Guarda falta “uma política cultural estruturada”.
O que representou para si o período em que esteve como diretora do Museu da Guarda?
Ter sido diretora foi apenas uma circunstância. Claro que os 26 anos em que exerci o cargo de diretora, inicialmente por nomeação, seguida de renovadas comissões de serviço e provimentos por concursos públicos, me enchem de orgulho.
No entanto, o que realmente esse exercício significou para mim foi um encontro com a história e com o património da região e, em particular, o da cidade. Foi também um enorme desafio à construção e implementação de formas de comunicar e contar, através da realização de exposições, edição de catálogos e outras publicações, bem como, através da dinamização, de forma sempre qualificada, dos espaços e das coleções, de áreas do saber e de partes dessa história utilizando o património à guarda do museu e, por vezes, outro de tutelas diferenciadas. Fui diretora, em total acumulação com as funções de conservadora, no que de abrangente esta carreira profissional representa.
Desempenhei funções no Museu da Guarda desde 1982 até 2017. Uma realização profissional e também pessoal.
Quais os trabalhos/projetos que mais gostou de desenvolver?
Houve, felizmente, muitos projetos que me trouxeram grande satisfação. Desde o programa de dinamização do património classificado do distrito que ao tempo era coordenado pelo Museu da Guarda, como a Sé da Guarda, as muralhas de Almeida, o Convento de Santa Maria de Aguiar e os castelos de Pinhel e de Trancoso, através de concertos e exposições temáticas.
Nestas funções realço, como de superior importância, a recolocação do retábulo em talha dourada na igreja do Convento de Santa Maria de Aguiar, que há décadas havia sido retirado e levado para o Mosteiro da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Nesta dinâmica posso recordar, ainda, o sucesso que constituiu a implementação de uma rentável bilhética para subida aos terraços da Catedral. Os protocolos com o IPG que permitiram ao museu aceder a inovadoras tecnologias, de que destaco um protocolo de colaboração, no âmbito do qual foi realizada e disponibilizada uma Visita virtual à exposição permanente do museu e que ao tempo constitui uma verdadeira revolução na linguagem de comunicação!
No campo da produção e apresentação de exposições destaco apenas as que reputo de maior importância porque estabeleceram marcantes plataformas de comunicação com os diversos públicos e com investigadores: Exposição sobre a história do Sanatório Sousa Martins; a que estudou e divulgou a obra fotográfica de António Correia – Foto Hermínios, a exposição, depois itinerante, acompanhada de catálogo sobre a vida e obra da artista popular Maria Barraca; a exposição, realizada em parceria com os Museus de Gão Vasco e Lamego, sobre o importante património exvotista existente nas respetivas dioceses, igualmente itinerante, com o titulo: Do Gesto á memória; a que foi realizada para comemorar os 800 de atribuição do foral à cidade: Guarda. História e Cultura Judaica, cujo catálogo mereceu, por parte da APOM, a atribuição do 1.º Prémio; a exposição integrada no Centenário da Implantação da República sobre Carolina Beatriz Ângelo, em que o catálogo foi igualmente vencedor do 1.º Prémio da APOM; a colaboração com o Instituto Arqueológico Alemão para realização de investigações no Cabeço das Fráguas, de que resultou a produção de um molde com a reprodução exata da inscrição que ali se encontra, com recurso a um scanner a laser, bem como, a exposição e o colóquio temático, projetos colaborativos bem conseguidos, que divulgaram o Museu da Guarda e as suas coleções no seio da comunidade cientifica europeia, conforme atesta a qualidade dos estudos realizados por aquele instituto e o painel de oradores participantes.
Dentro de uma abordagem à linguagem da arte contemporânea destaco a apresentação na Guarda da obra dos artistas plásticos Manuel Cargaleiro, Maria Keil, Bartolomeu dos Santos, Paulo Neves, Albuquerque Mendes, Júlio Cunha e ainda as três mostras, acompanhadas de catálogo, sobre a coleção particular de António Piné. A obra de artistas plásticos naturais da região como Eduarda Lapa, Evelina Coelho ou Abel Manta foram objeto de apresentação no Museu da Guarda. O concerto pioneiro, em 1989, de Pedro Caldeira Cabral. A primeira conferência proferida na Guarda pela historiadora Rita Costa Gomes em 1986 após a publicação do seu livro: A Guarda Medieval. Edições de catálogos ou outras publicações como A História da Música na Sé da Guarda, os estudos sobre Augusto Gil, a edição fac-similada do Foral do Jarmelo, os roteiros sobre o museu foram outras áreas de trabalho que ficam para as gerações futuras enriquecerem com novos estudos.
Houve algum projeto que não tenha conseguido implementar?
Se não implementei outros projetos que tinha em mente foi porque decidi, em 2012, no final da minha comissão de serviço, deixar a direção do Museu da Guarda por me encontrar fisicamente esgotada, na sequência de 30 anos a trabalhar sozinha sem a colaboração de qualquer outro técnico superior.
Durante mais de 30 anos o quadro de pessoal deste museu teve apenas a diretora como a única técnica superior. Fui eu que saí da direção por opção pessoal e não por qualquer outra razão. Considero hoje oportuna a decisão então tomada, pois ser-me-ia bastante difícil desenvolver um projeto museológico, com que me identificasse, inserida nas novas estruturas orgânicas que vieram tutelar os museus em geral e, em particular, o Museu da Guarda.
Recordo que, por via de uma nova política museológica nacional, iniciada exatamente nesse ano, o museu deixou de estar sob a administração da Secretaria de Estado da Cultura e foi perdendo prestígio e importância institucional ao passar, sucessivamente, para a dependência da Direção Regional de Cultura do Centro e, desde 2015, para a tutela da autarquia, ficando a sua atividade sujeita a determinadas vicissitudes que alteraram a missão que penso dever ser seguida pelo Museu da Guarda.
E quais eram as principais dificuldades que, enquanto diretora, encontrava no dia a dia do Museu?
Um quadro de pessoal exíguo, um orçamento deficitário, em que a verba anual era praticamente para despesas de funcionamento, com vencimentos e manutenção da atividade da estrutura junto do público, e sempre condicionada pela falta de um espaço para exposições temporárias e outras atividades. Perante esta dificuldade, e numa tentativa de ultrapassar a situação, havia uma rotação frequente entre uma parte da exposição permanente e as exposições temporárias que pretendíamos apresentar.
Nesta dinâmica há a salientar os colaboradores do museu, sempre empenhados em garantir essa rotatividade, com elevada exigência de esforço físico necessário, obrigando a uma entrega e dedicação que são de realçar. Pessoalmente, também as tarefas eram sempre muito exigentes e trabalhosas pois, para além de não ter ninguém com formação académica que possibilitasse reflexões conjuntas sobre estratégias de investigação, também recaia sobre mim todo o trabalho de programação, investigação, produção e concretização dos planos de atividade anualmente apresentados e escrutinados pelo superior tutelar de Lisboa.
Como vê a relação das pessoas da Guarda, da região, com o Museu?
Não lhe sei responder, porquanto um espaço museológico, tal como eu o entendo, é substancialmente diferente de um espaço onde se desenvolvem múltiplas atividades, de diferentes áreas, nas quais não há necessidade de se aplicarem as práticas da museologia e da museografia, como hoje acontece.
Defendeu, por diversas vezes e em contextos diferenciados, a criação de um museu no antigo espaço do Sanatório Sousa Martins. O que faltou para esta ideia se concretizar e que impacto teria uma unidade museológica com o perfil idealizado na altura?
Como certamente se recordará, na sequência da realização pelo Museu da Guarda em 1994 da Exposição sobre a história do Sanatório Sousa Martins, ganhou interesse a criação de um museu sobre a história da luta contra a tuberculose. Para o efeito, em 1999, foi criada uma comissão pela administração do Hospital, à qual presidi e que viu o seu mandato interrompido por decisão de uma nova administração, entretanto nomeada.
Em fevereiro de 2005 foi noticiado que o Museu Nacional de Saúde ficaria sediado num dos pavilhões do extinto Sanatório Sousa Martins, correspondendo a uma unidade museológica de âmbito nacional, dependendo, por isso, a sua concretização da vontade do governo de então, e que, por razões que desconheço, nunca foi efetivada.
Tal promessa, a ter tido concretização, teria sido uma extraordinária mais valia para o panorama cultural da cidade, através de uma descentralização museológica que vinha potenciar e qualificar uma rede museológica que, criada em tempo certo, teria aportado à cidade e região novos públicos, novos investigadores, mais conhecimento.
Acha que o conjunto do ex-Sanatório Sousa Martins é um caso perdido?
Elaborei o processo de classificação desse conjunto arquitetónico de carater assistencial em 2000, numa tentativa de salvaguardar, proteger e de alertar as instituições públicas, ministérios da saúde, da cultura e a própria autarquia, para esse importante marco da história da saúde em Portugal, mas, sobretudo, da história da cidade da Guarda nos campos da saúde, social, económico, cultural e ambiental e também na área de produção científica. O processo de classificação como CIP, Conjunto de Interesse Público, foi publicado na Portaria n.º 39/2014, DR, 2ª série, n.º 14 de 21 janeiro 2014, estranhamente, demorou 14 anos a ser concluído.
Como refere na sua pergunta trata-se, ou melhor, tratava-se, de um “conjunto” o qual valia sobremaneira, por esse mesmo aspeto que lhe dava unicidade. Era único no País! Senti sempre um enormíssimo distanciamento de todas as entidades. Os anos passaram, perdeu-se praticamente tudo, desde o património móvel e imóvel, ao paisagístico, florestal, lúdico, médico e científico.
A ausência de interesse tem sido gritante, imperdoável e inaceitável. Os edifícios em completa ruína, além de constituírem um perigo permanente, são um verdadeiro atentado à história local. Creio que é mesmo um dos maiores, se não o maior atentado patrimonial, cometido na Guarda, no último século.
A Guarda poderia ter outros museus? Quais?
Mais do que outras estruturas museológicas, que são sempre equipamentos culturais que, para funcionarem devidamente, absorvem grandes recursos financeiros, a cidade poderia ter, a partir da célula mãe (Museu da Guarda) alguns núcleos museológicos destinados a apresentar a herança judaica, a história comercial e industrial da cidade e a história da imprensa que, desde a segunda metade do século XIX, aqui teve enorme relevância.
Como podemos querer conhecer o outro se não nos conhecemos a nós próprios? Porque se desperdiçam energias na procura de falsas identidades? Há ainda muita história da Guarda por contar e é através dessas narrativas, que importa construir, que nos podemos diferenciar da repetição e da generalização. Falta potenciar a nossa identidade através de novas linguagens comunicacionais e criativas.
A par da sua atividade profissional desenvolveu trabalhos de investigação e tem escrito sobre temáticas diferenciadas. Sobre que áreas incidiu a sua atenção?
Gosto da história local, da arquitetura nomeadamente da industrial, do urbanismo, das artes decorativas e da história institucional.
Como vê a investigação que é ou tem sido feita sobre a Guarda? O que sugere?
A história da Guarda e da região nas suas múltiplas áreas tem sido objeto de muitos estudos de nível académico superior. Teses de mestrado, de doutoramento e investigações desenvolvidas por muitos centros de investigação têm tratado a nossa história.
Porém, uma boa parte de tais estudos não chega ao conhecimento da sociedade porque não têm uma divulgação ampliada através de edições. Mesmo na cidade se publicam muitas trabalhos de investigação, mas as atividades de promoção livreira não englobam este tipo de estudos.
Era importante o setor cultural do Município criar e desenvolver uma plataforma local onde se partilhassem essas informações, na qual uma equipa bem preparada, os autores e as entidades públicas e privadas tratariam de divulgar esses estudos.
É responsável, há cerca de dois anos, pelo Departamento do Património, Cultura e Turismo da Diocese da Guarda. O que representou este desafio e que balanço faz do trabalho até agora desenvolvido?
O desafio representou a continuidade do trabalho de conhecimento, investigação, conservação e divulgação do património histórico, artístico e cultural, agora centrado na matriz religiosa.
A identificação, o contacto com este vastíssimo património, a criação de normas visando a sua conservação e proteção, bem como, a sua divulgação, tem sido um trabalho muito estimulante porquanto nos reporta para a beleza da criação artística feita pelo génio humano na sua relação com o Divino, ao longo dos séculos. É uma tarefa que necessita de muitos meios, mas sobretudo de boas vontades alicerçadas numa convicta consciência patrimonial.
Como vê, atualmente, a Guarda em termos culturais?
É importante que coexista a democratização cultural e a democracia cultural. A democratização do acesso à cultura, garantida pela Constituição, é uma conquista de abril e, como tal, deve ser garantida.
Por outro lado, a prática da democracia cultural deve, para além do apoio ao associativismo, garantir a criação de dinâmicas culturais, com atenção à cultura popular, o apoio à criação artística, criação e manutenção de redes nas diversas áreas artísticas e culturais.
É nesta coexistência que, por vezes, se sente alguma falta de articulação e, também, a ausência de uma política cultural estruturada, fazendo com que as atividades aconteçam de per si, isoladamente, e sem um fio condutor.
Tem em projetos, trabalhos de investigação em curso?
Gostaria de continuar, e vou continuar, com pequenos trabalhos de investigação, já identificados, a concretizar em ritmo menos exigente.
Junto a uma das portas (a mais utilizada diariamente) da Sé Catedral da Guarda está colocada uma placa que associa aquele monumento ao Instituto Português do Património Cultural. É sem dúvida uma informação errada, absurda e a carecer da devida atualização; aquele Instituto já não existe desde o ano de 1992.
O Instituto Português do Património Cultural foi criado em 1980, integrado na Secretaria de Estado da Cultura, tendo sido substituído em 1992 pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) que, entre 1992 e 2007, regulou a classificação do património histórico português.
Em 27 de outubro de 2006 foi publicado o Decreto Lei n.º 215/2006 que fundiu o Instituto Português do Património Arquitectónico e o Instituto Português de Arqueologia, dando origem ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, I.P. (IGESPAR, I.P.).
No ano de 2011, a 29 de dezembro, o IGESPAR foi extinto por fusão com o Instituto dos Museus e da Conservação, passando a existir a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).
As atribuições da DGPC foram, a partir de 1 de janeiro de 2024, distribuídas pelo Património Cultural, I.P. e pela Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E.
Será que ninguém, com responsabilidades nesta área e no monumento em causa, reparou nesta persistente desatualização ou esperam alguma verba do PRR para proceder à substituição da referida placa?
Estes “pequenos” pormenores fazem também a diferença na atitude para com o nosso património…
Hélder Sequeira
Fonte e foto: Câmara Municipal de Pinhel
A Associação de Turismo Militar Português lançou hoje a plataforma digital do Roteiro de Turismo Militar. Trata-se de um projeto nacional que foi implementado em colaboração com os municípios portugueses e com o apoio da Direção-Geral do Património Cultural.
Esta plataforma integra um conjunto de rotas temáticas associadas à história militar nacional, sendio, numa primeira fase apresentadas a Rota da Guerra Peninsular e a Rota dos Castelos e Muralhas do Mondego.
Amanhã assinala-se o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.
A Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo associa-se à Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), em colaboração com o ICOMOS Portugal nas comemorações deste dia sob a temática “Passados Complexos: Futuros Diversos”
Esta iniciativa tem a finalidade de promover uma abordagem crítica ao universo do património cultural, procurando refletir sobre o passado e projetar um futuro mais solidário e mais inclusivo.
Assim, o município de Figueira de Castelo Rodrigo preparou visitas guiadas ao património edificado, nomeadamente à Torre de Almofala e respetivo Centro Interpretativo, ao Real Mosteiro de Santa Maria de Aguiar e à mítica Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo. As visitas devem respeitar todas as normas de segurança impostas pela DGS no combate à COVID-19.
Inscrições obrigatórias:
( Posto de Turismo de Castelo Rodrigo 271 311 277 | turismocr@cm-fcr.pt | Posto de Turismo de Figueira de Castelo Rodrigo 271 311 365 | turismofcr@cm-fcr.pt )
O projeto PAR – Património Azulejar Religioso na Diocese da Guarda, dinamizado pelo IPG, foi distinguido, no âmbito da candidatura aos “Prémios SOS Azulejo”, com o Prémio Estudo e Divulgação. Este galardão é atribuído no contexto do Prémio da União Europeia para o Património Cultural/Europa Nostra, iniciativa lançada pela Comissão Europeia em 2002, financiado pelo Europa Criativa e organizado pela Europa Nostra.
O júri evidenciou o “excecional nível da candidatura e contributo para a valorização do património azulejar português”.
O Presidente do IPG, Constantino Rei, mostrou a sua satisfação pela atribuição deste prémio “esperando que ele sirva de exemplo para outros projetos, pois o património imaterial que nós temos é muito valioso; é necessário preservá-lo mas é sobretudo necessário divulgá-lo e utilizá-lo como instrumento de promoção do turismo da região”.
A entrega deste galardão terá lugar no próximo dia 24 de Maio, pelas 15 horas, no Palácio Fronteira (Lisboa). Recorde-se que no passado dia 18 de Dezembro, foi apresentado na Guarda (na Igreja de S. Vicente) o livro PAR – Património Azulejar Religioso na Diocese da Guarda”; esta publicação resultou de uma parceria entre o Instituto Politécnico da Guarda (IPG) e a Diocese da Guarda.
O projeto, que agora se concretiza em forma de livro “nasceu, há cerca de dois anos, da constatação da necessidade de sistematizar e promover o relevante património azulejar religioso que existe na área que abrange o distrito e a diocese da Guarda. Tesouro devidamente inventariado pela Diocese, o património azulejar, parte dele passível de ser usufruído livremente, porque visível da via pública, mas não devidamente valorizado em alguns casos, tornou-se o alvo de interesse para a elaboração desta publicação”, como esclareceu a Profª Doutora Anabela Sardo, que coordenou o projeto.
Esta docente do IPG considerou, então, que “esta riqueza, nem sempre preservada da melhor forma ao longo dos tempos, mas, ainda assim, existente em número considerável no território que se circunscreveu, despertou a curiosidade de um grupo de pessoas com sensibilidades e competências diversas.”
Assim foi preocupação dos elementos que estiveram ligados a este projeto “dar voz aos belos e singulares painéis azulejares religiosos que, graciosa e alegremente, se oferecem ao apreço e deleite do residente, visitante ou turista, devoto ou não, nas aldeias, vilas e cidades da região”.
A Profª Anabela Sardo elucidou que a referida edição “não tem, nem podia ter, o ensejo de mostrar todo o vastíssimo património azulejar existente e inventariado, pelo que foi imperioso definir-se uma escolha metodológica, optando-se por selecionar os exemplares cuja importância histórica, artística e religiosa servissem de exemplo e convidassem a descobrir os outros não menos fascinantes que podem encher de cor e magia a passagem do visitante” acrescentando que foi objetivo principal “a valorização de um património, de um território e, como não podia deixar de ser, das suas gentes, ajudando, simultaneamente, a promover o Turismo e a aumentar a autoestima de uma região.”
Fonte: IPG
“ (…) À vossa disposição esta biblioteca formada, sabe-se lá com que sacrifício, por Pinharanda Gomes, que muito valoriza o património cultural do Sabugal e da região. Um catálogo posto à disposição dos interessados poderá estimular a vinda a estas terras serranas de estudiosos para uma proveitosa consulta.
A par do turismo de lazer, há o turismo cultural, indispensável a um país que se quer melhor apetrechado quando se debate numa encruzilhada e tem que optar por um caminho”.
João Bigotte Chorão,
In Revista Praça Velha, vol. 33
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