Alojamento: SAPO Blogs
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Notícias da Guarda e região | Reportagem | Crónicas | Entrevistas | Apontamentos | Registos
Sé Catedral da Guarda. Interior.
Capela do Mileu, Guarda.
“Discover Guarda” é uma nova proposta para (re)descobrir toda uma região onde a história, os monumentos de arquitetura militar, igrejas, o ambiente, a paisagem e a cultura cimentam toda uma identidade. “Uma região com tanto para descobrir e viver”, como é referido na capa de apresentação nova plataforma digital.
Este é um trabalho da autoria de Carlos Martins que há dois anos começou a trabalhar neste projeto, o qual teve subjacente a preocupação em reunir “diversas informações relativas à Guarda” e sobretudo as fotografias que este guardense registou ao longo dos últimos dez anos.
“Queria um site que contivesse as informações organizadas e de fácil acesso. Com tantas informações e variáveis para gerir, foram muitas as vezes fiz e refiz tudo de raiz…. Muitas horas de trabalho…”, refere Carlos Martins
Adianta, entretanto, que este é um projeto em que aproveitou “para desenvolver vários tipos de conhecimento, tais como a programação informática, design gráfico, fotografia e cultural.”
O autor do Discover Guarda esclarece “que já tem muitas informações, mas também é bem certo que muitas outras faltam e faltarão. Este é um projeto inacabado que tem como objetivo ir desenvolvendo ao longo do tempo”.
Um trabalho sem dúvida com grande mérito e de inquestionável utilidade para quem quer (re)descobrir, sentir e viver esta região ímpar. Parabéns, Carlos Martins.
Helder Sequeira
A oitava edição dos “Encontros Alma por Almeida” está a decorrer naquela vila desde ontem e até amanhã, 2 de outubro.
Os “Encontros Alma por Almeida” são uma iniciativa anual da Associação de Desenvolvimento das Encostas da Fonte Santa (ADEFS), organizados com o objetivo de despertar o interesse pelo património ambiental/ rural/cultural de Almeida enquanto espaço capaz de sensibilizar e motivar cidadãos do mundo a participarem na sua preservação/valorização e na sua dinamização económica.
Em cada ano têm um programa específico pretendendo-se, com o deste ano, proporcionar um encontro entre pessoas, ou com o nome Almeida ou de descendência almeidense ou com outras ligações a Almeida.
A edição de 2022 foca-se num projeto: “os Almeidas por Almeida”. O programa pode ser consultado aqui.
Em Sortelha (Sabugal) vai decorrer de 16 a 18 de setembro o evento “Muralhas com História”.
Esta iniciativa pretende evocar o período histórico coincidente com a fundação medieval de Sortelha, com principal foco no reinado de D. Sancho II que, em 1228, lhe outorga foral (fundação da vila e construção da muralha).
De acordo com a informação divulgada pela Câmara Municipal do Sabugal, “a viagem ao quotidiano medieval será complementada com recriação histórica, mercado medieval, acampamento militar, ofícios e vivências, cetraria e animais da quinta, ritmos medievais, artes circenses, torneios de armas a pé e a cavalo, jogos medievais, animação contínua ‘pera cá e pera lá’ e animação infantil.”
Os interessados podem obter mais informação aqui.
No Paço da Cultura da Guarda foi apresentado hoje o livro “Roteiro das Beiras e Serra da Estrela – Pegadas de Fé”.
Esta publicação resulta de uma cooperação entre a Diocese da Guarda e a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE), para “valorizar o património afeto ao culto e espalhado pelo vasto território” da diocese egitaniense.
O roteiro, como é referido na obra agora apresentada, convida o leitor “a visitar os monumentos de culto classificados (37) que se encontram espalhados pelo território” da CIMBSE e “a descobrir outros não menos fascinantes entre um vasto património”.
Este roteiro integra fotografias de Bernardo Gomes e Susana Milhões, com textos de Joana Pereira.
De referir que o texto se encontra traduzido em inglês, francês e espanhol.
Após a apresentação deste livro teve lugar a abertura doa exposição “Mulier, Mater, Magistra” (Mulher, Mãe, Mestra) que vai estar patente até 30 de novembro, no espaço da antiga capela do edifício onde outrora funcionou o Paço Episcopal, na Rua Alves Roçadas.
O Dia Internacional dos Museus é hoje assinalado.
Criado em 1977 pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), este dia (18 de maio) pretende promover, junto da sociedade, uma reflexão sobre o papel dos museus no seu desenvolvimento.
Em 2022 o Dia Internacional dos Museus é assinalado sob o tema “O Poder dos Museus”, tendo subjacente a intenção de explorar o potencial dos museus para produzir mudanças positivas nas suas comunidades. Este objetivo desenvolve-se em três vertentes: o poder de alcançar a sustentabilidade; o poder de inovar nas áreas da digitalização e acessibilidade; o poder de reforçar a comunidade através da educação.
Em Portugal, nas últimas décadas, aumentou significativamente, o número de museus; o distrito da Guarda não ficou fora dessa tendência. A pandemia veio, entretanto, a colocar fortes constrangimentos aos museus, que perderam visitantes e receitas, obrigando à adoção de diferenciadas estratégias e planos.
Claro que a designação de museu implica ter em conta o perfil e as características da instituição museológica. De acordo com o ICOM, por museu deve entender-se “uma instituição permanente, sem fins lucrativos, que adquire, conserva, investiga, comunica e exibe para fins de estudo, educação e lazer, testemunhos materiais do homem e do seu meio”.
É inquestionável que o museu assume, cada vez mais, um eminente papel pedagógico e didático, afirmando-se, simultaneamente, como um eficaz meio de comunicação. Numa sociedade onde, face às transformações económicas, se dá uma maior atenção à ocupação dos tempos livres, ao turismo e à cultura, compreende-se que seja reforçado o papel dos museus como centros de conhecimento e de ofertas plurifacetadas, aproveitadas pela escola.
As conceções hodiernas do museu têm conduzido, nas últimas décadas, à criação de novos e inovadores espaços museológicos, de temáticas diferenciadas, e outrossim a uma nova prática na forma de expor os objetos e de os fazer “falar”. A nova museologia abriu promissores horizontes, mais abrangentes do grande público.
De um modo geral, as comunidades locais não geram mecanismo e atitudes de salvaguarda dos seus valores patrimoniais, já que do texto legal à atuação prática medeia, como sabemos, uma enorme distância. É que, muitas vezes, falta o primeiro impulso ou a consciência clara do caminho a seguir. É fundamental, neste contexto, desenvolver uma forte sensibilização, das pessoas e entidades, para que não se percam os valores existentes, assegurando a sua transmissão e conhecimento às gerações futuras.
O Museu está no centro deste processo e daí que o seu desenvolvimento tem de passar pelo apoio do público, do cidadão. O empenho e envolvimento dos amigos dos museus assegurará uma imagem diferente destas instituições junto da comunidade. O museu não é, hoje, “um mercado do tempo livre”, na elucidativa expressão de Francisca Hernández Hernández, mas um lugar de convivência e de encontro, na aceção mais lata da palavra. Assim, é fundamental que se amplie o número dos amigos dos museus e se valorizem, cada vez mais, estas instituições.
Nunca será demais sublinhar que “os museus são um importante meio de intercâmbio cultural, enriquecimento de culturas e desenvolvimento de compreensão mútua, cooperação e paz entre os povos”. Hoje, mais do que nunca, importa destacar a cooperação e a paz.
O Dia Internacional dos Museus é celebrado numa data particularmente importante para a Guarda; tenhamos em conta a inauguração do Sanatório Sousa Martins, em 18 de maio em 1907. Uma efeméride de que falamos já neste jornal e a qual gostaríamos de articular com a temática que temos estado a abordar. É que a ideia e a proposta de um Museu do Sanatório Sousa Martins parecem ter ficado pelo caminho…pesem os esforços e a investigação desenvolvida, mormente por Dulce Helena Borges (cujo trabalho é de toda a justiça relembrar).
Exposição sobre o Sanatório, realizada no Museu da Guarda (1994), dirigido, então, por Dulce Helena Borges.
Será oportuno recordar que, no ano 2000, uma comissão mandatada pela Administração do Hospital da Guarda efetuou o levantamento do espólio que seria destinado a um Museu do Sanatório Sousa. O que seria, desde logo, instituição única, com estas características, a nível nacional.
O trabalho desenvolvido, nessa altura, nos vários edifícios permitiu identificar e inventariar muitos objetos e equipamentos que pertenceram à antiga unidade de tratamento da tuberculose. A relação do material identificado, bem como as atas das reuniões da referida comissão foram oportunamente entregues à direção da unidade hospitalar em referência. Há anos, chegou a ser anunciada, na Guarda a criação do Museu da Saúde, que teria um âmbito nacional. Tempo depois, em Lisboa, foi assinado um protocolo entre o Instituto Nacional de Saúde “Doutor Ricardo Jorge” e a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica com vista à implementação de um Museu da Saúde.
Face às mudanças físicas e estruturais operadas nos vários edifícios existentes no Parque da Saúde (e nas intenções que têm sido anunciadas, mas como intenções valem o que valem…), urge acautelar, salvaguardar, o espólio ainda existente, definindo séria e responsavelmente um espaço condizente; honrando também a memória de clínicos cuja atividade profissional engrandeceu a Guarda.
Por várias vezes aqui acentuámos a importância que tem o conhecimento de personalidades ligadas à Guarda, quer pelo nascimento, quer por laços afetivos ou profissionais. O reencontro com essas pessoas e a salvaguarda da sua memória e obra, viabiliza uma valorização citadina, numa simultânea homenagem a quem protagonizou a afirmação e o engrandecimento da cidade.
Fará, assim, todo o sentido recordar médico Lopo José de Figueiredo de Carvalho, a propósito do aniversário do seu nascimento, ocorrido no passado dia 3 de maio; um distinto clínico que está ligada à cidade da Guarda e ao Sanatório Sousa Martins, de que foi o primeiro diretor. Ainda no Parque da Saúde, o outrora denominado pavilhão novo, que ladeia atualmente a Av. Rainha D. Amélia, completa o 69º aniversário; foi inaugurado, a 31 de maio de 1953, ainda com Ladislau Patrício a dirigir o Sanatório.
Pavilhão D. António de Lencastre, um dos edifícios do Sanatório Sousa Martins (Guarda)
Neste Dia Internacional dos Museus, que evoca o poder da instituição museológica, não será despropositado desafiar entidades, investigadores e cidadãos a refletirem e agirem no sentido de não ser apagada uma importante página da história da Guarda do passado século, bem como da história da saúde e da tuberculose em particular.
Hélder Sequeira
O centésimo décimo quinto aniversário da inauguração do Sanatório da Guarda ocorre hoje, dia 18 de maio.
Esta instituição, recorde-se, foi uma das principais instituições de combate e tratamento da tuberculose em Portugal.
A designação de “Cidade da Saúde”, atribuída à Guarda, em muito se fica a dever à instituição que a marcou indelevelmente, ao longo de sete décadas, no século passado.
A Guarda foi, nessa época, uma das cidades mais procuradas do nosso país; a afluência de pessoas deixou inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural.
A sua apologia como localidade “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras, pois era “a montanha mágica” junto à Serra. Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) subiam à cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do clima de montanha, praticando, assim, uma cura livre, não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos.
As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões. Isto porque não havia, no início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; uma situação que originou fortes preocupações nas entidades oficiais.
No primeiro Congresso Português sobre Tuberculose, o médico Lopo de Carvalho tinha já destacado os processos profiláticos usados na Guarda.
Este médico foi um dos mais empenhados defensores da criação do Sanatório guardense (do qual viria a ser o primeiro direto), que seria inaugurado, a 18 de maio de 1907, com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
O fluxo de tuberculosos superou, largamente, as previsões, fazendo com que os pavilhões construídos se tornassem insuficientes perante a procura. O Pavilhão 1 teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a sua capacidade.
Um novo pavilhão foi acrescentado, em 1953, aos três já existentes. O Sanatório Sousa Martins ganhou, consequentemente, maior dimensão e capacidade de tratamento dos tuberculosos.
Anotar a vergonhosa realidade dos antigos pavilhões e a passagem dos 115 anos após a inauguração deste Sanatório, não é um mero exercício de memória ritualista. É evidenciar o estado lastimoso em que se encontra o património físico de uma instituição com merecido relevo na história da saúde em Portugal.
Um Santório ligada à solidariedade, à cultura e à história da radiodifusão sonora portuguesa, mercê da emissora aqui criada (Rádio Altitude).
Como já tínhamos escrito, é mais do que tempo para soluções e iniciativas concretas, em prol da reabilitação e aproveitamento desta memória, agonizante, no centro da cidade mais alta de Portugal.
Hélder Sequeira
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.