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João Pena é um exemplo de determinação e empenho profissional, abraçando a vida com uma dedicação plena à fotografia, sobretudo à arte da recuperação de antigas imagens, o que faz com inquestionável mestria.
“Nos últimos tempos, além de restaurar gosto de colorir as fotografias que valem essa atenção, mas nenhuma fotografia colorida pode substituir a imagem original a preto e branco. A cor oferece uma nova perspetiva de como pode ser apreciada, ajudando as pessoas de hoje a aproximarem-se da realidade do passado.” Afirmou ao Correio da Guarda.
Nesta cidade gostaria de ver criada uma Fototeca, que lhe permitisse “revisitar” a cidade no passado. “Uma fototeca seria um trabalho de sonho pois sei que existe muita coisa ‘’em gaveta’’ e merecia ser trabalhada e colocada aos olhos de todos.” E a Guarda tem de contar com gente válida como o nosso entrevistado de hoje.
João Pena Fonseca, nasceu na Covilhã a 2 de junho de 1971. Reside na Guarda desde os 6 anos de idade, possuindo formação em design de moda, área em que nunca chegou a trabalhar.
Trabalhou na Rádio F como comercial, foi sócio proprietário do Escocês Bar, gerente do Bar Aqui Jazz, técnico de farmácia na Farmácia Rêgo.
A sua vida fica marcada por um acidente de mota em que ficou tetraplégico, mas nunca deixou de ter vida social e profissional pela sua condição de mobilidade reduzida.
Iniciou em 2002, o trabalho em edição de fotografia como empresário em nome individual, atividade que desenvolve “com muito gosto” procurando servir da melhor forma “a quem lhe confia as suas imagens para guardar com a qualidade que merecem ter”.
Quando surgiu o interesse pela fotografia?
O gosto pela fotografia surgiu na adolescência, sempre que surgia oportunidade lá estava eu a pegar na máquina lá de casa para registar qualquer coisa, sempre que me deixavam, pois as máquinas na época eram com rolo e tinha que se ter cuidado para não perder o momento certo para ‘gastar’ uma fotografia.
Aos 16 anos com o dinheiro de um trabalho temporário de férias de verão, foi para a primeira máquina fotográfica e a partir daí foi sempre minha companheira para qualquer coisa que valesse ficar registado.
Em 1999 depois de um acidente de mota, no qual fiquei tetraplégico, e após muitos tratamentos e estabilizar, tinha que arranjar maneira de ter uma vida profissional útil, então foi aí que vi como meio a informática aliada á fotografia, a solução era uma coisa que gostava e podia fazer sem limitações.
O facto de o seu irmão Jorge se dedicar à fotografia teve alguma influência ou acentuou o seu interesse?
O meu irmão Jorge também tinha já o gosto pela fotografia e na altura era o designer gráfico da Optimus, aí sim foi muito útil pois foi quem me deu as primeiras dicas de como usar o Photoshop que me acompanha até hoje em dia como ferramenta de trabalho.
Quando começou a dedicar-se à recuperação de fotografias antigas?
Desde que iniciei como profissional em 2002, foi a editar e restaurar fotografias que arranjei os primeiros trabalhos.
O restauro de fotografias antigas surgiu por acaso e foi muito rápido que ganhei o gosto em especial nessa área, pois cada fotografia era um desafio que ainda hoje se mantém em deixar nos meus trabalhos a melhor perfeição possível.
Qual o tipo de fotos que mais tem recuperado? Retratos, fotos de monumentos?
Aparece um pouco de tudo, mas as fotografias de família para clientes particulares é o mais comum, para empresas e instituições mais fotografias das cidades e sua gente. Também faço trabalhos para revistas jornais, etc., a retocar fotografias de todos os géneros.
Quais são as mais difíceis de “trabalhar”?
As que apresentam maior desafio logicamente que são as mais estragadas, rasgadas, com manchas, riscos, tudo o que não devia ali estar pois está a perturbar o quereremos ver.
Nos últimos tempos, além de restaurar gosto de colorir as fotografias que valem essa atenção, mas nenhuma fotografia colorida pode substituir a imagem original a preto e branco. A cor oferece uma nova perspetiva de como pode ser apreciada, ajudando as pessoas de hoje a aproximarem-se da realidade do passado.
Acha que recuperar uma foto é um trabalho de grande responsabilidade?
Sim, sempre, pois cada cliente quer e merece o melhor resultado.
Em cada trabalho que entrego tento sempre ficar à frente das expectativas das pessoas, pois muitas vezes não sabem o que hoje em dia é possível fazer e por vezes é possível fazer nas fotografias; coisas que as pessoas nem imaginam.
Quando encontra trabalhos mais difíceis, face ao elevado estado de degradação das fotos, quais os procedimentos que implementa face à preocupação de salvaguardar a “verdade” da fotografia?
A verdade da fotografia é o que procuro deixar no final de cada trabalho, o meu objetivo é deixar o que está na fotografia e tirar tudo o que não interessa e considerar que valoriza a fotografia.
Para tal, o cliente tem de aceitar melhorar o registo original.
Considera que o seu trabalho é um contributo – face ao acervo documental que facilita – para um melhor conhecimento e estudo da Guarda e da região?
É o que mais gosto de fazer são as fotografias da Guarda, recuperá-las e saber a sua história pois cada fotografia regista um momento do passado e deixar perfeitas as imagens para serem vistas e apreciadas como merecem é o que mais gosto.
Considera que a Guarda devia ter uma Fototeca, com toda a necessária estrutura humana e técnica?
Era o meu maior gosto poder ter em mãos e tratar da melhor maneira o espólio que o Museu da Guarda e outras instituições locais devem ter, que precisa ser tratado e catalogado como deve e merece ser.
Uma fototeca seria um trabalho de sonho pois sei que existe muita coisa ‘’em gaveta’’ e merecia ser trabalhada e colocada aos olhos de todos.
Os seus clientes são maioritariamente originários da Guarda ou de vários pontos do país?
A maior parte da Guarda sem dúvida, mas já fiz trabalhos para todos os cantos do país e do mundo.
Por vezes é lá fora que somos mais bem reconhecidos pela qualidade do trabalho; não procuro isso mas sabe sempre bem ser reconhecido pelo que fazemos.
Em média quanto tempo demora a recuperar uma foto?
Depende sempre do mau estado em que está e o objetivo a que se destina, mas o estado da fotografia é o fator principal para o tempo que leva a recuperar, alguns trabalhos que parecem difíceis resolvem-se num par de horas; outras sim demoram muito, tenho fotografias com mais de uma semana para ficar como merecem.
Quais os comentários que tem recebido após a entrega dos seus trabalhos?
Felizmente bons, alguns já se sabe o que vai dali sair, mas muitos por vezes torna-se até engraçado ver a reação das pessoas ao ver o trabalho terminado, pois há coisas que a tecnologia e a técnica permitem fazer que surpreende as pessoas.
Há algum que o tenha sensibilizado mais?
Talvez o restauro do portfólio de António Correia, da Foto Hermínios, pois deixou em quantidade e qualidade um enorme número de fotografias que guardam o testemunho durante muito tempo, dos costumes, das pessoas e dos eventos da cidade em meados do século passado; como nenhum outro fotografo que eu conheça fez.
Ficou o meu trabalho em livro ‘’Manifesto de Uma Paixão’’ em edição do Museu da Guarda.
Tem sido convidado a colaborar, ao nível do tratamento de fotos, na edição de publicações?
Sim tenho alguns trabalhos a esse nível mais para fora da Guarda e através de agências que depois sai em livros, revistas etc.
Pensou já numa exposição sobre os trabalhos que já fez e que possam ser mais elucidativos sobre o seu labor?
Não é fácil pois o sigilo profissional que faço questão de preservar não me permite mostrar ao público muita coisa do melhor que sei fazer com as fotografias.
Talvez um dia reúna alguns trabalhos e mostre mais em pormenor o que se pode fazer com as fotografias.
Como pode ser contactado pelas pessoas interessadas na recuperação ou tratamento de fotos?
Atualmente as pessoas preferem as redes sociais onde tenho partilhado algum do meu trabalho e onde podem ver o meu contacto no Facebook e Instagram e numa página web nova que estou a terminar para promover o meu trabalho.
+info aqui.
“Ausência e Território: as aldeias da Serra, do Vale e da Meseta” foi o tema proposto para o roteiro fotográfico organizado, no passado sábado e domingo, pelo Centro de Estudos Ibéricos e Fotoclube da Guarda.
Tratou-se, como foi referido, de um desafio envolto na paixão pela fotografia e orientado para a (re)descoberta de realidades tão próximas e tão longínquas; territórios de solidão, de ausência que foram berço de múltiplos percursos individuais, de sonhos e de aventura…
Através da fotografia, “uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem tradução”, na elucidativa expressão de Sebastião Salgado, os participantes centraram as suas objetivas em pormenores, rostos, arquitetura, artefactos, caminhos, solidão, religiosidade, tradições, paisagens, flora, patrimónios, afetos, ausências, sulcos do tempo, ou caprichos da natureza…
Iniciativas como esta, se por um lado permitem um registo de realidades transversais às aldeias do interior, desertificado, envelhecido, por outro viabilizam a divulgação de múltiplos valores humanos, sociais e culturais que podem despertar consciências e incentivar esforços conducentes a medidas de valorização e revitalização de tantos lugares de memória.
As imagens obtidas consubstanciam narrativas e olhares que se ampliam agora nas redes sociais ou em trabalhos fotográficos destinados a futuras exposições e publicações, servindo igualmente de relevante recolha documental.
Para além disso, o envolvimento de pessoas oriundas de diferenciados locais perspetiva o desejo e o regresso de aprofundar o conhecimento de territórios, alargando esse entusiasmo a círculos pessoais ou profissionais; tanto mais que a hospitalidade beirã, a forma de estar e de ser das nossas gentes, cativa quem nos visita.
A disponibilidade para esclarecer, orientar, guiar, mostrar o património local, alertar para pormenores arquitetónicos, sublinhar a tipicidade de habitações, a descrição de tradições e episódios intimamente ligados às comunidades locais foi uma nota comum às aldeias visitadas, num roteiro que percecionou outra dimensão do país, uma sólida matriz identitária, nossa.
Vila Soeiro, Aldeia Viçosa (aldeias do Vale), Avelãs da Ribeira (aldeia da Meseta), Fernão Joanes e Videmonte (aldeias da Serra) balizaram um trajeto rico de imagens e emoções, num território que temos de salvaguardar, valorizar e divulgar, esbatendo ausências e abrindo caminhos para o futuro, através do contributo de todo, num empenho permanente e coletivo, liberto de calendários pessoais ou políticos. (Hélder Sequeira).
“O passado passou. O presente agoniza.” Estas palavras de Miguel Torga são uma legenda adequada para a imagem atual de dois dos emblemáticos pavilhões do antigo Sanatório Sousa Martins.
Neste contexto de elevação da língua e música portuguesa, e após um fim de semana de alegrias e emoções lusas, justifica-se uma breve nota sobre a importância da preservação da memória, e do património, de uma cidade que foi uma eminente âncora de esperança e futuro, na vanguarda da luta pela saúde.
“A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”, dizia o historiador Marc Bloch: daí que, uma vez mais, anotemos uma efeméride e a importância de salvaguardarmos e rentabilizarmos os edifícios de uma instituição que teve projeção nacional e internacional, associando ao facto a mais alta cidade do país.
Hoje, 18 de Maio, ocorre a passagem do 110º aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins, que foi uma das principais instituições de combate e tratamento da tuberculose, em Portugal. A designação de “Cidade da Saúde”, atribuída à Guarda, em muito se fica a dever a uma instituição que a marcou indelevelmente, ao longo de sete décadas, no século passado.
A Guarda foi, nessa época, uma das cidades mais procuradas de Portugal, afluência que deixou inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural; a sua apologia como localidade “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras da época, pois era “a montanha mágica” junto à Serra.
Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) subiam à cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do clima de montanha, praticando, assim, uma cura livre, não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos. As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões, dado não haver, de início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; situação que desencadeou fortes preocupações nas entidades oficiais da época.
Já no primeiro Congresso Português sobre Tuberculose, Lopo de Carvalho (que viria a ser o primeiro Director do Sanatório Sousa Martins, e pai de outro conceituado clínico) destacou os processos profiláticos usados na Guarda; este médico foi um dos mais fervorosos defensores da criação do Sanatório que seria inaugurado a 18 de Maio de 1907 – completam-se hoje 110 anos – com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
O fluxo de tuberculosos superou, largamente, as previsões, fazendo com que os pavilhões do Sanatório Sousa Martins (a autoria do projeto dos edifícios pertence a Raul Lino) se tornassem insuficientes perante a procura; o Pavilhão 1 (designado também de Lopo de Carvalho, onde está atualmente instalada a administração da ULS da Guarda) teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a sua capacidade.
Um novo pavilhão, que se juntou aos três já existentes, foi inaugurado em 31 de Maio de 1953; com este novo edifício (que ladeia a atual Avenida Rainha D. Amélia) o Sanatório Sousa Martins ganhou maior dimensão e capacidade de tratamento dos doentes.
Anotar a passagem dos 110 anos após a inauguração do Sanatório Sousa Martins não é cair em exercício de memória ritualista mas sublinhar o estado em que se encontra o património físico de uma instituição, indissociável da História da Medicina Portuguesa, da solidariedade social, da cultura (pelos projetos que criou e desenvolveu) e da radiodifusão sonora portuguesa.
É já tempo de novo tempo para ações concretas em prol da reabilitação e aproveitamento desta memória, agonizante, da Guarda do século passado...
Hélder Sequeira
(in O Interior, 18 Maio 2017)
O fórum sobre toponímia da Guarda, recentemente realizado nesta cidade, evidenciou, de forma objetiva, o muito que há a fazer no âmbito desta temática, bem como a diversidade de estudos por ela suscitados.
Se, por um lado, a investigação que pode ser desencadeada permitirá um enriquecimento cultural e o reforço da identidade citadina, por outro, uma atenção permanente irá referenciar situações que exigem uma adequada e correta intervenção.
Independentemente das conjunturas ou das agendas político-partidárias deve mover-nos uma Guarda da memória, a preocupação por uma cidade que preserve a sua história, dignifique os seus valores, honre os seus pergaminhos mas saiba construir pontes sólidas para o futuro, fidelizando simpatias, paixões, conquistando novos visitantes e residentes.
“As cidades são como os homens; têm ou não carácter – e a tê-lo importa preservá-lo”, como escreveu Eugénio de Andrade. A Guarda é muito mais que o património edificado; é memória, é somatório de vidas, experiências, é (deve ser) um pulsar coletivo. A Guarda, ciclicamente, tem-se esquecido de si; as pessoas têm esquecido a Guarda.
É imperativo de consciência e cidadania assumir-se uma consciência critica, uma intervenção constante em prol do nosso espaço coletivo, de referência e de vivências.
“O passado é, por definição, um dado que coisa alguma pode modificar. Mas o conhecimento do passado é coisa em progresso, que ininterruptamente se transforma e se aperfeiçoa” e, como acrescentava Marc Bloc, “a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”.
Através da toponímia podemos abrir portas para o conhecimento do passado, do passado desta cidade. Deste modo, poderemos interrogar-nos acerca da atenção que é dada à toponímia guardense, às simples placas que condensam em si informação preciosa.
Qual é o seu grau de conservação? Qual é o grau de legibilidade para os transeuntes? Algumas das placas existentes nas ruas da nossa cidade dão uma resposta inequívoca. É certo que a partir de alguns casos não se deve concluir o estado da larga maioria das placas toponímicas da Guarda mas, ainda assim, são imagens lamentáveis e injustificáveis; até porque, na maior parte dos casos, um pouco de atenção e uma intervenção rápida resolveriam estas questões sem delongas e praticamente sem gastos.
Uma passagem, atenta, pelas ruas da nossa cidade, permitirá outras interrogações: estão identificadas todas as ruas, mesmo tendo já designação toponímica? E os tipos de placas são idênticos na mesma rua?
Alargando o espaço, será que na mesma zona é utilizado o mesmo tipo de placas? Tem havido cuidados com a conservação e apresentação das placas toponímicas da Guarda?
A atribuição de nomes a determinadas ruas ou espaço suscita alguma incompreensão; quer pela classificação atribuída, quer pela inadequação ao espaço que se pretende envolver. O leitor facilmente identificará estes casos…
Verificamos também, na nossa cidade, que não tem havido critérios uniformes de colocação das placas, aplicando-as no local mais propício, ou fácil na ocasião, sem preocupações – pelo menos claras – de boa visualização ou leitura. Tanto se têm aplicado ao nível dos passeios como à altura de um primeiro andar.
Sem pretendermos ser exaustivos, uma outra questão: as placas elucidam-nos ou dão-nos uma referência temporal quanto às personalidades que levam o seu nome?
Claro que não poderemos, também, esquecer as alterações toponímicas introduzidas ao longo do tempo. Como escreveu Pinharanda Gomes, “na Guarda, e no decurso do nosso século [vinte], tem-se cometido, repetidas vezes, aleatórias modificações de toponímicos, dificultando ainda mais as tarefas dos que, por exemplo, dedicados a pesquisas arqueológicas, poderiam atacar desde logo o sítio exato, caso a memória do nome se mantivesse”.
Um dos casos mais evidentes é a Rua Francisco de Passos que continua a ser designada, pela generalidade dos guardenses, como Rua Direita. O seu nome evoca o Governador Civil da Guarda que desempenhou funções entre 11 de Junho de 1926 e 25 de Agosto do ano seguinte. Esta rua, recorde-se, constituiu a principal ligação da urbe medieval, unindo a cidadela do Torreão (também conhecida por Torre Velha da fortaleza, edificada provavelmente no século XII) à Alcáçova existente junto às portas da Covilhã (na zona em frente da Escola de Santa Clara).
As alterações toponímicas poderiam ser minimizadas caso fosse inserida a anterior designação, como aliás acontece noutras cidades, sobretudo com um significativo passado histórico. “Restaurar é restituir. A restituição da toponímia é um ato de honestidade cultural, de devolução do património à comunidade, de abandono de opções adventícias, por vezes decorrentes das situações políticas, e, por fim, de entrega aos arqueólogos e aos historiadores, de uma nova fonte documental para historiografia a fazer”, tal como bem observou Pinharanda Gomes.
A toponímia da Guarda é um vasto campo para estudo e investigação e pode levar-nos à (re)descoberta de múltiplas facetas do seu passado, validado por mais de oito séculos de história, enquanto urbe.
É importante que sejam implementadas correções imediatas, em muitos casos, e definidas novas estratégias, que podem passar (ao nível das novas ou futuras urbanizações) pelo apoio das novas tecnologias.
Saibamos, pois, assumir a nossa responsabilidade coletiva, privilegiando todos os contributos idóneos em favor dos reais e verdadeiros interesses da cidade, de modo a que não se apague o espírito e a magia da Guarda.
Helder Sequeira
in "O Interior"
15|Nov|2012
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