Alojamento: SAPO Blogs
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Notícias da Guarda e região | Reportagem | Crónicas | Entrevistas | Apontamentos | Registos
Há quarenta e nove anos, neste mesmo décimo segundo dia do mês de fevereiro, a Guarda estava no centro das atenções informativas, nacionais e internacionais. A realização da Cimeira entre os ministros dos Negócios Estrangeiros de Portugal e Espanha, respetivamente Melo Antunes e José Maria Areílza, fez convergir para a Guarda os mais importantes órgãos de comunicação social, dos dois países ibéricos.
“Recorde-se que a destruição [em 1975] da Embaixada espanhola em Lisboa, com valioso recheio, tornou delicadas as relações luso-espanholas. Neste contexto, o encontro da Guarda terá funcionado como uma tentativa para relançar as relações entre os países ibéricos. Os pontos acordados, constantes no comunicado conjunto, tiveram um significado secundário (...)”. Assim era referido na edição de 20 de fevereiro de 1976 da Revista FLAMA.
O ministro espanhol foi recebido, pelas 9h30, em Vilar Formoso pelo seu homólogo português, tendo os diplomatas viajado até à Guarda num helicóptero que aterrou parada do Regimento de Infantaria 12. O encontro na Guarda tinha sido mantido secreto até à meia-noite anterior; um dia antes nas duas capitais ibéricas constava que a reunião teria lugar em Estremoz.
D.R.
De acordo com o comunicado conjunto, divulgado após esta cimeira, “os dois ministros assinaram um acordo sobre a delimitação da plataforma continental, um acordo sobre a delimitação do mar territorial e da zona contínua, e, ainda, um Protocolo adicionado ao acordo sobre o aproveitamento do troço internacional do Rio Minho.
No decurso das conversações caracterizadas pelo espírito de amizade e boa vizinhança que os dois governos desejam dar às suas relações, foi passado em revista o estado das relações culturais entre os dois países (...). No domínio das questões fronteiriças, examinou-se, de modo especial o projeto de construção de uma ponte internacional sobre o Rio Guadiana entre Vila Real de Santo António e Ayamonte (...). Exprimiu-se o desejo mútuo de uma maior colaboração técnica e administrativa em matéria aduaneira, com o objectivo de facilitar o tráfego internacional entre os dois países (…)” .
Para César Oliveira, “o espírito da Guarda mais não foi do que o esforço luso-espanhol para ultrapassar as tensões e a carga de potenciais conflitos entre os dois Estados, na segurança de que em Espanha parecia ser irreversível o caminho para a democracia e de que em Portugal as tentações esquerdistas e radicais estavam duradouramente afastadas” .
A Guarda ficou, desta maneira, como um marco de referência no processo de normalização das relações luso-espanholas e marcou, indubitavelmente, o segundo ano do pós-25 de Abril.
Hélder Sequeira
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.