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Madalena Ferreira: há jornalistas a viverem pesadelos

por Correio da Guarda, em 03.11.24

 

Madalena Ferreira é um rosto conhecido da informação televisiva, mas também uma voz da rádio, uma jornalista que continua a privilegiar “o gosto pela descoberta e o prazer de levar ao público(s) o produto de muito e grato trabalho.” Isto apesar de reconhecer que, atualmente, existe um “jornalismo institucional, de agenda. Dos políticos e das direções dos meios de comunicação social.” Como disse ao CORREIO da GUARDA.

“Na falta de recursos faz-se jornalismo ao telefone, de bancada e perdeu-se muito a ida ao terreno”, o que para esta jornalista é um retrocesso. Por outro lado, e na sua forma de estar e de ser, não hesita em acrescentar que “sem independência financeira não há liberdade. Venha quem vier.” 

Natural da aldeia de Barracão (Guarda), onde nasceu há 53 anos, Madalena Ferreira estudou jornalismo na Guarda e Direito em Coimbra, sempre a trabalhar. Na Rádio Altitude, na Radio F, Diário de Notícias, 24 horas, Rádio Clube Português, Jornal de Notícias, TSF e SIC onde permanece há 17 anos. Recentemente fez estágio e exame à Ordem dos Advogados “com vontade de exercer a profissão, o que acontece vai para ano e meio”, referiu ao CORREIO DA GUARDA. Nesta entrevista falou-nos dos trabalhos que a marcaram e outrossim de um inédito episódio ocorrido no decorrer da sua vida profissional, como jornalista.

 

 

Madalena_Ferreira_SIC_

Como surgiu a entrada para o jornalismo? Foi o jornalismo que a escolheu, como já comentou?

Realmente foi porque eu nunca tinha cogitado fazer esse caminho. Nunca até o Emílio Aragonês acompanhado do Dr. Lopes Craveiro me desafiar a fazer os testes para entrar na Rádio Altitude.

Pouco tempo antes, lembro-me de ouvir quer o Emílio Aragonês, quer o Francisco Carvalho e pensar na profissão deles como algo longínquo e inalcançável até. De maneira que o convite apareceu rodeado de alguma incredibilidade da minha parte.

Por um lado, era muito jovem, tinha apenas 17 anos e por outro, como é que alguém experimentado se tinha lembrado de uma miúda sem provas dadas ou, pelo menos, sem dar qualquer sinal de talento ou vocação, pensei eu à época.

 

Esteve também ligada à Rádio (e continua a estar). Como ocorreu essa ligação e que memórias mais gratas guarda dessa época?

Esta questão está muito ligada à anterior porque a entrada na Rádio foi o início de um percurso de descobertas. Até sobre mim própria.

E ainda bem que bem que aconteceu porque pouco tempo depois de entrar na Altitude seguir apaixonei-me realmente pela Rádio. Não tanto pela música que ainda passei algum tempo, mas pela informação.

Recordo-me que numa noite eleitoral, precisamente o Hélder Sequeira deixou-me acompanhar e trabalhar um bocadinho na dinâmica da chegada de resultados eleitorais e a sua transmissão imediata aos ouvintes.

Foi para mim extraordinário perceber a magia de chegar primeiro, isto é, a magia de estar em cima do acontecimento e informar quem nos seguia como ficava o tecido eleitoral no concelho, no distrito e no país.

Acho que foi aí que decidi que aquela seria a minha vida. Podia ter corrido mal no sentido em que, muitas vezes, o que queremos não é que o que vivemos, mas realmente para mim foi o princípio de grandes coisas. Abriu-se um mundo de conhecimento que nem sabia que apreciava tanto.

 

Nessa altura a inclinação era mais para a rádio ou para a imprensa escrita?

A escrita na Imprensa vem muito depois. Tem outras características e até aqui fiz um caminho de aprendizagem. Com imensa alegria e vontade permanente de aperfeiçoar o registo que difere bastante do radiofónico. Neste último caso escreve-se quase como se fala e na imprensa não pode ser.

 

Como vê a evolução que se verificou, ao nível dos media, desde os seus primeiros anos de atividade nesta área?

A mudança foi gigante. Não falo para já do que virá com a inteligência artificial, mas a internet foi a maior revolução contemporânea e com ela mudou como comunicamos.

A televisão pública deixou de ser única, vieram as privadas e a imagem passou a existir nos jornais e nas rádios com as plataformas online. Até a nível local as páginas online levam a Guarda ao cabo do mundo. Pelo caminho perderam-se algumas coisas porque o dinheiro ou a falta dele comanda o resto.

Na falta de recursos faz-se jornalismo ao telefone, de bancada e perdeu-se muito a ida ao terreno. Isso é para mim o maior retrocesso.

 

Como está hoje o jornalismo em Portugal? Há uma crise no jornalismo e na comunicação social?

Claramente. Não há pedradas no charco. Há jornalismo institucional, de agenda. Dos políticos e das direções dos meios de comunicação social. E mais não digo.

 

Falta jornalismo de investigação?

Sim. Também por falta de recursos, mas porque interessa pouco a quem manda.

 

Sendo uma observadora privilegiada por viver aqui no interior, o que acha do atual panorama da imprensa regional? A imprensa regional tem vindo a perder a influência? Corre riscos de desaparecer?

Já respondi de algum modo, mas reitero que o panorama não é animador. Não há tecido produtivo que faça publicidade e assegure receitas.

Pode parecer um detalhe, mas para mim é essencial para manter a independência dos órgãos de informação. Não sendo assim, continuamos impávidos e serenos a ver financiamento ilegal por parte dos municípios disfarçadas de publicidade institucional.

É um filme de terror. Ver como tudo o resto fica condicionado e comprometido. Sem independência financeira não há liberdade. Venha quem vier.

 

Quais são os principais problemas com que debatem os jornalistas que trabalham no interior do país? As dificuldades são maiores?

Isto anda tudo ligada como dizia o poeta. Sem órgãos de informação que andem pelos seus próprios pés, sem vencimentos decentes, não se vive, sobrevive-se.

Salvam-se os jornalistas que trabalham para órgãos nacionais, mesmo assim não são todos. Veja-se o exemplo recente da crise na Global Média que atirou os correspondentes ao chão. Quem vivia apenas dessa colaboração viu o seu presente ferido de morte e o futuro necessariamente ameaçado.

Tenho colegas a viver autênticos pesadelos. Este mundo não é uma “seara nova” nem tão pouco um porto seguro.

 

Quais os melhores momentos da sua atividade jornalística?

Os incêndios de Pedrógão Grande em 2017 pela resiliência que foi preciso ter diante do drama de tantas famílias.

A jornada Mundial da Juventude do ano passado por ser testemunha da apologia dos movimentos ecuménicos na mais tenra idade e sempre que fiz investigação SIC, reportagens especiais e Grande Reportagem.

Madalena Ferreira_JMJ_

Os prémios também souberam bem, mas nunca tanto como o gosto pela descoberta e o prazer de levar ao público(s) o produto de muito e grato trabalho.

 

A sua detenção, praticamente no decorrer de um noticiário radiofónico, foi, para além de inédito, um momento diferenciador e negativo? Acha que esse ato foi um atentado à atividade jornalística e à liberdade de imprensa?

Acho que o episódio ganhou uma dimensão de maior impacto porque foi a primeira detenção de um jornalista pós 25 de abril. Aconteceu a pretexto da violação do segredo de justiça, mas soou como se fosse uma detenção por delito de opinião. Ainda mais porque já se falava à boca pequena que Abílio Curto podia ser detido a qualquer momento por suspeitas de corrupção.  E esse acabaria por ser o argumento decisivo do recurso interposto pelo Ministério Público (o mesmo organismo que mandou deter, mas com outro protagonista) para o Tribunal da Relação de Coimbra e que ditou a minha absolvição. Muita gente não saberá, mas o Procurador António Tomás entendeu que eu não deveria ter dado a notícia da acusação porque os visados ainda não tinham sido notificados, mas foi uma falsa questão.

Primeiro porque a acusação é pública e em segundo lugar, a sua divulgação já não perturbava a investigação. Por outro lado, eu não assaltei o tribunal para ter contacto com o processo e à luz do Código de processo penal da época, essas eram todas causas de exclusão de ilicitude. A meu ver houve um excesso de zelo e essa tese também era a do então PGR, Dr. Cunha Rodrigues. Depois o assunto foi de tal maneira mediatizado que, conjugado com outras forças, acabei por ser poupada de uma estadia breve na cadeia da Guarda. Mas foi por pouco. Pouco tempo depois, a lei foi alterada, e, o acesso dos jornalistas aos processos ficou dependente de uma malha ainda mais fina.

Julgo que o caso abalou a opinião pública, porque, na perceção mais popular dos acontecimentos havia um político a contas com a justiça quando a jornalista é que pagava as favas. Cheguei a ser julgada primeiro que o então presidente da Câmara da Guarda. Claro que depois tudo ficou no lugar: Abílio Curto foi condenado e preso e eu fui absolvida.

 

E a entrada para a televisão quando e como ocorreu? Foi um desafio diferente?

Diferente e também inesperada. Assinei contrato em 15/10/2007, fez agora 17 anos. Muito embora já andasse a ensaiar desde maio. Estava bastante insegura quando aceitei o desafio porque nunca tinha feito e televisão e, por mais que as linhas orientadoras do jornalismo sejam padronizadas, a televisão tem as suas especificidades. De maneira que não sabia se seria capaz.

Trabalhei muito, pesquisei muito como se fazia, vi exemplos dos melhores e pouco a pouco fiz o eu caminho. Para terem uma ideia só passados 7 anos é que consegui enfrentar as câmaras com naturalidade. Mas aprendi imenso e fiz até algum trabalho disruptivo se comparado com o que outros correspondentes tinham feito até aí. E acho que de algum modo demonstrei que é possível combater o centralismo informativo a partir do trabalho que se faz nas regiões do interior do país.

MADALENA FERREIRA _SIC_inf (1)

A experiência anteriormente adquirida na rádio e na imprensa foi importante para os trabalhos que tem feito, ao longo dos anos, na televisão?

Sim claro. Primeiro porque a linguagem da rádio é muito próxima da que é usada em televisão. Não é por acaso que muitos dos profissionais que foram fundadores da SIC em 1992 provinham da Rádio. A experiência na imprensa ajudou a cimentar a minha posição porque a leveza da linguagem com a profundidade das histórias que se contam são bons pontos de partida.

 

Qual foi a reportagem que mais a marcou?

Não foi uma. Foi uma sucessão de reportagens nos incêndios de Pedrógão Grande. Estive 5 semanas sem folgas e logo depois entrei de férias. Nos primeiros dez dias não consegui descansar. A agitação era tão grande, as marcas eram tão profundas que aquela narrativa não me saía da cabeça. Foi muito duro.

 

O seu trabalho em televisão foi já por várias vezes distinguido. O que significa para si este reconhecimento?

Seria talvez tema de conversa dos netos ao serão se tivesse filhos. Como não tenho acho que vão diluir-se na espuma dos dias e dos anos. Claro que o reconhecimento é bonito, mas recebo cada prémio como se fosse o elogio dos telespetadores que gostaram dos trabalhos, mas que nunca puderam dizer-me pessoalmente.

 

Na sua atividade jornalística alguma vez se sentiu ameaçada ou em situações de risco?

Ameaçada já fui várias vezes. Até quando estava na Rádio. Em risco sempre que relatamos a força dos incêndios ou entramos por caminhos que abalam interesses instalados. Foi assim por exemplo quando fiz uma Investigação SIC sobre os importadores de combustível de marca branca e expus todo o esquema nacional de quem ganhava e devia milhões ao Estado.

 

Um dos seus projetos da sua juventude era a advocacia, que já concretizou. O jornalismo pesou mais quando teve de escolher ou foi um plano delineado conscientemente?

Planos eu? Não. Até se diz que quando fazemos planos, o diabo vem e leva-os. Pois, realmente eu sempre dizia em casa que queria ser advogada e até quase ao final do liceu a minha ideia era essa. Mas como já contei, o convite para a Rádio mudou a trajetória. E, mudou, porque eu não sou de virar as costas a um bom desafio. É mais forte do que eu. Porém nunca abandonei o direito. Na minha cabeça essa vontade de aprender sobre a área continuava latente nos meus pensamentos. Tanto que cursei direito a trabalhar e o que aprendi foi muito útil à minha vida de jornalista. Em casos como os homicídios e fuga do Pedro Dias em reportagens de investigação.

 

Acha que o jornalismo a ajudou na sua “paixão” pelo Direito?

São duas paixões na verdade e as duas alimentaram-se uma à outra.

 

Como concilia, atualmente, a informação e advocacia?

Não é fácil. Em primeiro lugar tenho de ter em atenção que não pode haver confusões. Quando faço notícia não aceito procuração ou se tenho procuração em dado caso não posso fazer reportagem. Pode parecer simples, mas a gestão é delicada. Um dia haverá que fazer a opção por uma das carreiras.

 

Houve algum projeto que idealizou e não concretizou ainda? A sua vida vai dar-lhe o mote para um livro?

Credo. Eu não tenho essa importância. Tenho sim entre mãos um livro sobre um caso real de violência doméstica há 50 anos. O crime não foi tratado como violência doméstica, mas como homicídio qualificado. Morreu uma mulher por motivos fúteis evidentemente, mas ficam vários filhos cuja percurso espero ter a capacidade de relatar. Vamos ver quando.

Quanto a projetos, eu acho que ainda não fico por aqui, mas essa é uma conversa que vou adiar para um futuro próximo.

 

Que conselho daria aos jovens que queiram seguir a atividade jornalística, mormente no interior?

O conselho que tenho, e vale o que vale, não segue geografias. Se optarem por essa nobre profissão, saibam que não podem ter medo nem ser subservientes.

 

Da Guarda vê a região e o mundo? E o que vê de diferenciador na cidade mais alta?

Não. Na Guarda vemos algumas coisas, mas não vemos o mundo. Até porque eu sigo muito aquela ideia do Saramago de que para ver a ilha é preciso sair da ilha. Agora ser correspondente da SIC na Guarda já me permitir sair deste território e observar outras coisas que a seguir podem ser comparadas com os padrões que temos aqui. E isso é enriquecedor. Toda a experiência conjugada é que faz de nós seres informados e críticos.

Poderia dizer muitas coisas sobre a Guarda. Da boa quietude à quietude a mais. Mas olho para a Guarda como lugar onde sempre gosto de regressar. Isso para mim é que é o traço diferenciador. Por razões óbvias. Raízes e referências são fundamentais para nunca esquecermos de onde viemos.

 

 

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publicado às 10:30

Rádios: um importante papel social

por Correio da Guarda, em 16.02.22

 

No passado domingo, 13 de fevereiro, foi assinalado o Dia Mundial da Rádio. A designação desta data surgiu em 2011 na sequência da decisão dos estados-membros da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO. No ano seguinte, esta escolha seria validada pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

A opção por 13 de fevereiro prende-se com o facto de ter sido neste dia, em 1946, que a Rádio das Nações Unidas emitiu, pela primeira vez, um programa em simultâneo para um grupo de seis países. De anotar que por esse ano ocorriam na Guarda, no interior do Sanatório Sousa Martins, as primeiras experiências de radiodifusão sonora, as quais estiveram na origem da Rádio Altitude (RA).

Evocarmos esta data é, também, exercer o dever de memória para com o pioneirismo da Guarda no campo da radiodifusão sonora; pioneirismo materializado num projeto definido, oficialmente, em 1948 com o início das emissões regulares desta emissora; estação que continua a emitir (agora em frequência modulada e não em onda média, como acontecia à época) a partir da mais alta cidade do país.

Emílio Aragonez no Estúdio da RA - decada de 70

É importante que a Guarda, a região e o país não esqueçam esta marca informativa, incontornável quando se evoca a história da rádio em Portugal; até porque estamos a falar de uma emissora que foi uma verdadeira escola de rádio e jornalismo, um espaço de aprendizagem prática, de criatividade, de superação constante dos desafios diários.

A polivalência de funções por que passavam profissionais e colaboradores traduziu-se numa maior capacidade de responder às solicitações do dia a dia da rádio, dos ouvintes, da região. A RA é uma emissora de muitas vozes e rostos, de sonhos, de diferenciados contributos, afetos, ideias, de originalidades, de presença e solidariedade. A sua génese, longevidade, o percurso ímpar e a matriz beirã conferem-lhe, no panorama das rádios portuguesas, um estatuto especial.

Hoje, e falando no geral, as emissões radiofónicas passam, em larga medida, pelo meio digital, num recurso cada vez mais ligado às modernas aplicações e tecnologias. A rádio, a sua forma de estar e responder evoluiu e, felizmente, acaba por estar ainda mais perto, envolvendo o nosso quotidiano; a sua presença pode ser avaliada como plena confirmação de que o meio rádio não pereceu perante o digital e as novas tecnologias. A rádio encontrou novos pilares de sustentabilidade e de maior interação com o seu público.

A generalidade dos equipamentos que usamos diariamente, desde logo o telemóvel, o tablet ou outras expressões da materialização do progresso tecnológico, facilitam-nos e proporcionam o encontro com a rádio, mas para além das emissões em direto não se podem esquecer as vantagens proporcionadas pelo podcast. Neste contexto, para além de evidenciarmos que esta é uma das novas virtualidades a explorar pela rádio, convém aludir à mudança de paradigma do perfil da rádio local.

Helder Sequeira - Rádio Altitude - HS .jpg

Contudo, a eminente função social da rádio deve continuar a prevalecer, mesmo face ao desenvolvimento das tecnologias da informação. A pluralidade de novos canais e plataformas de informação criou cenários completamente distintos, onde se torna imprescindível uma atitude de inequívoco profissionalismo, objetivos claros, qualidade de conteúdos, planos adequados e uma atenção permanente aos constantes desafios tecnológicos.

Esgotados muitos dos modelos tradicionais e modificados os graus de atenção e exigência por parte dos ouvintes, torna-se necessário aferir constantemente os projetos e acentuar o espírito criativo, empreendedor. Os desafios da Rádio são imensos; na atualidade não é apenas no plano das ondas hertzianas que tem de ser posicionada a proposta radiofónica: a rádio tem de assegurar uma estratégia rigorosa e clara e assertiva no vasto horizonte da emissão online.

O fortalecimento da sua presença será sustentado, em larga medida, pela atenção à realidade social, económica, cultural e política da região onde a rádio está sediada. As pessoas, para além do entretenimento ou companhia que a rádio lhes proporciona, querem boas condições de audição, uma informação rápida, em cima da hora ou do acontecimento de proximidade; como têm defendido vários investigadores da área dos media, “a força do jornalismo numa emissora de rádio local é o instrumento que lhe dá a sensação de plenitude local e regional”.

Os ouvintes anseiam igualmente por um interlocutor atento, objetivo e credível, uma rádio com gente dentro, de entrega a um serviço público, solidário, afetivo; uma rádio que questione, esclareça, atue pedagogicamente, aponte erros, noticie triunfos, sinta e transmita o pulsar dos territórios, chame a si novos públicos.

Sabemos – por um conjunto de razões, mormente de ordem económica e financeira – que não é um trabalho fácil, mas o êxito constrói-se com competência, perseverança, humildade, diálogo, criatividade e sentido de responsabilidade. Em especial numa época que atravessa ainda a pandemia; esta, como sabemos, implicou profundas e radicais transformações em muitos setores; originou mudanças de estratégias, alterou métodos de trabalho, questionou sobre os caminhos a seguir no futuro. A comunicação social, mormente a rádio, não ficou imune. Daí a necessidade de refletir, objetivamente, sobre as medidas a adotar e igualmente e outrossim sobre os conteúdos programáticos a distinguir ou a criar, pensando no global em não em restritos setores de audiência.

Temos vindo a assistir a uma mudança de opções por parte das pessoas ao nível dos destinos de lazer, dos objetivos pessoais, das condições de segurança sanitária e mesmo dos percursos profissionais. A rádio não pode ficar indiferente a esta nova realidade e deve assumir, também neste plano, o seu importante papel informativo e pedagógico.

A Rádio é memória, que deve exercitar em respeito pelos ouvintes, honrando o compromisso da sua missão, no âmbito do quadro legal estabelecido e salvaguardando sempre os direitos fundamentais.

Lembro que “Rádio e Confiança” foi o tema proposto este ano, pela UNESCO para a comemoração deste Dia Mundial da Rádio; aquela organização da ONU justificou que este meio é um dos mais confiáveis e acessíveis, segundo diversos relatórios internacionais.

Estúdio de Rádio -  Animadora de Emissão - fot

O tempo presente continua a ser da rádio! De uma rádio cada vez mais interventiva que saiba ler o presente e construir o futuro; deverá ser também o tempo para uma nova e objetiva atenção às estações de radiodifusão existentes no interior do país.

Muitas das rádios foram perdendo o dinamismo inicial, esbatendo a identidade, afastando-se do quadro legislativo que definiu os seus objetivos, reduzindo-se – em tantos e conhecidos casos – a uma humilde função de retransmissão de outros canais.

É também o tempo de serem apoiadas as estações que, apesar das múltiplas dificuldades continuam “no ar”, sendo apenas lembradas aquando de datas comemorativas, como a que foi assinalada a 13 de fevereiro.

Apoiar estas emissoras é um imperativo moral e ato de justiça, pelo seu papel de serviço público que desenvolvem em prol das populações.

 

Hélder Sequeira 

(in O Interior, 16.fev.2022)

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publicado às 18:05

Sete dias com os Media

por Correio da Guarda, em 29.04.21

 

Entre 3 e 9 de maio terá lugar a operação 7 Dias com os Media. Trata-se de uma semana de incentivo à educação para os media e a melhores níveis de literacia mediática, organizada pelo Grupo Informal sobre Literacia Mediática (GILM).

Esta iniciativa, que começou em 2013, é subordinada, este ano, ao tema “Participar faz a diferença!”, mantendo-se o  objetivo que tradicionalmente caracteriza esta ação: incentivar o acesso, a compreensão, a análise crítica e esclarecida dos media, bem como a produção, através da partilha de atividades e projetos registados pelos participantes  aqui

Pelo contexto provocado pela pandemia de COVID-19, para a edição de 2021 o GILM sugere alguns temas que poderão inspirar a realização de atividades/ projetos: os media em tempos de pandemia, a infodemia e a desinformação, as desigualdades sociais e digitais que se tornaram mais visíveis neste tempo.

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Continua a ser possível a partilha de materiais e atividades sobre outras temáticas, desde que relacionadas com os objetivos da iniciativa, nos formatos e suportes que os participantes escolherem (desenho, fotografia, cartaz, notícia, vídeo, podcast…)!

Tal como nas edições anteriores, esta iniciativa dirigida à sociedade em geral pretende contar com a participação de todos os interessados em desenvolver projetos/atividades, desde que alinhados com os objetivos propostos.

As edições anteriores revelaram participantes muito diversos: escolas, associações, bibliotecas, clubes, meios de comunicação social, universidades, famílias… sendo que outra meta passa por manter e, se possível, aumentar essa diversidade de participações.

Quem quiser participar deverá fazer o registo da(s) atividade(s) e projeto(s) através de formulário de registo disponível na própria plataforma da iniciativa, o qual será apreciado pelo GILM e transformado numa ficha de registo da iniciativa que ficará publicada e visível no site.

Os participantes que quiserem partilhar resultados/evidências das suas atividades/projetos poderão enviar os materiais para o endereço 7diasmedia@gmail.com, para que os mesmos possam ser associados e partilhados com a respetiva ficha de inscrição.

 

 

 

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publicado às 08:22

Perspetivar novos rumos..

por Correio da Guarda, em 23.04.20

 

Hoje estamos num mundo diferente e com um conjunto de inimagináveis desafios para o futuro.

De um dia para o outro – fruto da atual pandemia – tiveram que ser tomadas medidas de distanciamento físico, implementadas reformulações e ajustes nos processos de trabalho, paralisadas múltiplas atividades e serviços, rentabilizados recursos humanos e técnicos, assegurado o aproveitamento mais aprofundado das novas tecnologias da informação.

Naturalmente que estas mudanças, indispensáveis, implicam a consciencialização do cenário que atravessamos; evidenciam a necessidade de uma forte determinação em assumir o espírito da informação na sua plena essência, sem esquecer a inovação indispensável.

Ao longo das últimas semanas têm sido inúmeros os apelos para haver uma postura atenta e crítica perante as falsas notícias, veiculadas especialmente através das redes sociais, de forma a “introduzir a falsidade ou o medo, como estratégia para alcançar notoriedade”, como sublinhou a Comissão Episcopal da Cultura, dos Bens Culturais e das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa.

Daí o realce dado à importância e ao esforço dos profissionais da comunicação social, pois nestas circunstâncias de extrema necessidade a exigência de verdade e de informação. De recordar, a propósito, que também no início do passado mês, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) aprovou um conjunto de normas orientadoras com vista a serem incentivados padrões de boas práticas, por parte dos media, na cobertura de doenças e situações epidémicas.

O Conselho Regulador dessa entidade relembrou o papel da comunicação social no alerta e informação ao público, em matéria de saúde pública. “Sobretudo se elas configuram emergências, desencadeadoras de estados de inquietação e nervosismo entre o público, caracterizáveis como de generalizado alarme”, pelo que, acrescentava, “se justificam cuidados redobrados na confirmação da veracidade da informação.”

O Conselho Regulador da ERC apelou aos órgãos de comunicação para uma redobrada atenção em situações que possam causar alarme social. Nessas normas orientadoras, destacou que “o tratamento jornalístico de questões de saúde pública, epidémicas ou não, deve assegurar escrupulosamente os deveres de rigor, abstendo-se da formulação de juízos especulativos e alarmistas, da divulgação de factos não confirmados”. Por outro lado, alertou para a necessidade de ser garantido “o respeito pela proteção da identidade e a reserva sobre a intimidade da vida privada dos doentes e das suas famílias”.

A ERC lembrou, no que diz respeito às fontes de informação, que devem ser privilegiadas as fontes especializadas oficiais, mas sem prejuízo da sua verificação/confrontação com outras; entre as fontes de informação especializadas sublinha-se a importância de dar prioridade às científico-médicas, e entre estas a serem o mais possível diversificadas.”

Há três semanas atrás a Federação Internacional de Jornalistas apelou, igualmente, a uma cobertura mediática, por parte dos meios de comunicação relativamente ao novo coronavírus, sem “pânico justificado”, de forma a evitar “abordagens sensacionalistas” e “teorias da conspiração”. Para esta federação mundial de sindicatos de jornalistas, que representa 600 mil profissionais, o papel dos media na cobertura desta pandemia é “fornecer aos cidadãos informações verificadas, precisas e factuais, evitando dados sensacionalistas que podem levar ao pânico geral e ao medo”.

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Assim, o posicionamento noticioso e a definição clara das fontes de informação, essenciais e credíveis, permitem o suporte seguro para o trabalho esperado pelos leitores de hoje e de amanhã. Ultrapassada esta conjuntura ímpar e preocupante, há que olhar para o futuro e perspetivar rumos, sem esquecermos que vão ser necessárias medidas de apoio para a comunicação social; necessidade já reconhecida, entre outras associações e organizações, pela Confederação Portuguesa dos Meios de Comunicação Social. “Numa altura em que o país atravessa “uma situação nunca antes vivida”, importa garantir que a comunicação social, “nomeadamente os órgãos de âmbito local, podem continuar a cumprir as suas funções de informar e de manter acompanhados todos aqueles que agora estão sujeitos a um ainda maior confinamento e isolamento social, sendo que ajudar a comunicação social local a manter-se em funcionamento é, “uma medida de interesse nacional”.

O seu papel continuará a ser de grande importância, aliado a uma eminente função pedagógica que passa, nomeadamente, por implementar a consciencialização dos deveres e cuidados do cidadão face a situações de emergência.

Hoje o perfil da emergência foi o que todos sabemos, mas se numa situação futura (que desejamos nunca ocorra) houver um corte prolongado de energia elétrica, por exemplo? Estamos preparados para receber a informação? As rádios locais (que podem constituir-se como verdadeiras antenas da proteção civil) estão equipadas com geradores que lhes permitam as emissões e a consequente difusão das orientações/recomendações por parte das entidades competentes? Qual a percentagem de cidadãos que têm tomado devida nota da necessidade de um “kit de emergência” (onde nomeadamente, estejam produtos para necessidades básicas, medicamentos, máscara, cópias de documentos de identificação, um rádio portátil e lanterna com pilhas extra, etc,)? Não temos que ser apenas agentes de saúde pública (como se tem apelado, embora haja ainda alguns a assobiar para o lado…) mas também de proteção civil.

Este tempo de pandemia deve ser também de profunda reflexão, espírito de solidariedade e cooperação, determinação em superar as dificuldades, de valorização dos vários setores profissionais, de medidas objetivas e de preparação (a possível, é óbvio) para novas ocorrências, onde a informação credível e imediata será sempre necessária. (Helder Sequeira)

 

In jornal O Interior 23|04|2020

 

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publicado às 00:01

Descodificar a realidade...

por Correio da Guarda, em 20.03.20

 

Estamos a viver um tempo de incerteza, angústia e de novas experiências, mas também de afirmação de valores solidários face a uma ameaça real, inquietante, mortífera.

Há algumas semanas atrás, enquanto a presença do Covid 19 não se manifestava ainda em território nacional, alguns meios de comunicação enveredaram por um lamentável histerismo e ânsia de registo de casos, em vez de optarem por uma atitude pedagógica que servisse de alerta para os previsíveis cenários, suscitasse uma análise atenta das medidas a implementar, reduzisse a propagação do alarmismo.

Essa exagerada obsessão conduziu, desde logo, a uma inflamação noticiosa, arrastada, consequentemente, para as redes sociais; nestas, cresceu, diariamente, o número de especialistas em coisa nenhuma, debitando alarvidade e protagonizando dúbios e inconfessáveis aproveitamentos de uma realidade que merece uma abordagem diferenciada, serena, adequada.

A sensatez, o rigor e o equilíbrio informativo são fundamentais nesta como noutras situações de instabilidade, ameaça e perigo em que a credibilidade e objetividade das notícias devem constituir uma permanente preocupação de quem está nos media com verdadeiro sentido ético, deontológico e profissional.

Atitude que estabeleça uma fronteira precisa das falsas notícias veiculadas pelas redes sociais onde se ampliam a mesquinhez, a má formação, os ódios, a insolência, a preocupante falta de formação moral e cultural de muitas pessoas, tantas vezes escondidas atrás de um perfil falso; claro que há igualmente (e até em maior percentagem) posturas corretas, indicações insuspeitas, exemplos louváveis, iniciativas oportunas às quais, perante a quantidade de informação e comentários nem sempre é dada a atenção devida.

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Neste contexto de proliferação de falsas notícias é fundamental que os tradicionais meios de comunicação sublinhem a sua importante social e assumam, também nessas plataformas digitais, o seu papel de forma que o público os veja como referência informativa, credível.

É justo referir que no contexto local e regional tem existido essa preocupação, reconhecida pelo público mais atento aos textos produzidos. Contudo, as fake news, não sendo um fenómeno novo, nunca assumiram, como hoje, um contágio tão devastador que atinge mesmos os grandes e conceituados meios de comunicação; a natural tendência em dar em “primeira mão” uma notícia, antecipando-se à sua concorrência mais direta, leva à difusão de informação errónea…

Não é por acaso que tem vindo a aumentar por parte de instituições de ensino a preocupação em desenvolverem iniciativas destinadas a um melhor conhecimento dos mecanismos de informação e desinformação nas plataformas digitais, assim como a permitirem o uso de aplicações que viabilizam a validação da informação e descodificação das notícias falsas.

Assim, em situações como a que estamos a atravessar, com consequências ainda imprevisíveis, os media tradicionais lidam com dificuldades e responsabilidades acrescidas, tanto mais quanto por parte das estruturas/entidades nacionais nem sempre a gestão da comunicação tem sido a melhor, de forma a facilitar a recolha de dados precisos.

Sendo certo que a atual pandemia deve ser objeto de fundamentada preocupação, e suscitar as medidas e cuidados que exige, o alarmismo social deverá ser evitado. A comunicação social tem um papel importante a desempenhar, servindo esta experiência para se reformularem procedimentos e estratégias. (Hélder Sequeira)

in O Interior, 19|03|2020

 

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publicado às 21:55

Talk Media Veritas na Guarda

por Correio da Guarda, em 10.07.19

 

    Na Guarda vai decorrer amanhã, a partir das 14h30, a ação “Talk Media Veritas”, centrada sobre a luta contra a iliteracia mediática, manipulação jornalística e desinformação.

    Trata-se de uma iniciativa da Associação Portuguesa de Imprensa (API) em parceria com o semanário “A Guarda” que terá lugar na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, com intervenções de João Palmeiro, Paulo Pena e Hélder Sequeira.

   O Media Veritas é um programa de combate à iliteracia mediática, contra a manipulação jornalística e a desinformação promovido pela APImprensa - Associação Portuguesa de Imprensa em parceria com o Google.org e financiado pela Fundação Tides (uma entidade filantrópica norte americana).

  Refira-se que este programa tem por finalidade, “no âmbito nacional, a Literacia dos Media junto das comunidades mais vulneráveis ao longo de dois eixos (adolescentes e jovens e seniores) mas assegurando também uma base para garantir a sua continuidade.”

  Através do Media Veritas, e segundo a APImprensa, pretende-se “contribuir para uma sociedade mais livre, informada e democrática; dotar os mais vulneráveis consumidores de informação, designadamente os adolescentes/jovens e seniores, a nível local e regional, de ferramentas que os habilitem a estar melhor informados e assim garantir a construção de um país mais justo e equilibrado; promover o desenvolvimento do pensamento crítico e do uso de fontes de informação credíveis e apoiar os órgãos de comunicação social, contribuindo para garantir a fiabilidade dos respetivos conteúdos.”

Literacia dos Media .jpg

 

 

 

 

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publicado às 18:00

Presente e futuro dos Media

por Correio da Guarda, em 30.06.13

 

     Francisco Pinto Balsemão, Agustín Remesal e Carlos Correia são os oradores da Conferência “Presente e Futuro dos Media” que decorrerá amanhã na Guarda.

    Esta conferência terá lugar no Auditório do Instituto Politécnico, localizado na Rua Soeiro Viegas, no complexo dos Serviços de Ação Social.

    A entrada é livre.

 

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publicado às 08:25

Presente e Futuro dos Media

por Correio da Guarda, em 21.06.13

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publicado às 17:35


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