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Médicos Ilustres na Guarda

por Correio da Guarda, em 04.08.24

 

A terceira “Conversa Aberta” sobre Médicos Ilustres na Guarda será dedicada a Ladislau Patrício e terá lugar no dia 26 de setembro, a partir das 18 horas, no Museu da Guarda.

Ladislau Patrício – terceiro diretor do Sanatório Sousa Martins – foi um médico distinto, apreciado escritor, humanista, acérrimo defensor da sua Guarda, biógrafo do poeta Augusto Gil (seu cunhado). Este, clínico que integrou a estrutura diretiva da Ordem dos Médicos e foi o proponente da criação da especialidade de Tisiologia.

A “Conversa Aberta”, que terá Hélder Sequeira como moderador e palestrante, é promovida pela Secção Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos, em parceria com o Museu da Guarda.

Ladislau Patrício_helder sequeira _ .jpg 

 

 

 

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publicado às 12:00

Francisco Sobral recordado na Guarda

por Correio da Guarda, em 11.07.24

 

A Secção Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos, em parceria com o Museu da Guarda, vai promover hoje, 11 de julho, pelas 18 horas, a segunda “Conversa Aberta” sobre Médicos Ilustres na Guarda, dedicada a Francisco Sobral.

O médico Francisco Sobral nasceu no Porto, em 1843. Formado na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, entrou mais tarde na vida militar. Em 1869, e como cirurgião-ajudante, foi colocado no Regimento de Infantaria 12, aquartelado na Guarda, passando a cirurgião-mor deste Regimento em 1883.

Francisco Sobral_médico.jpeg

Neste mesmo ano, debelou, com enorme coragem e dedicação, uma terrível epidemia de tifo que assolava a vila de Manteigas. Foi agraciado, ainda em 1883, com o grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada.

Na Guarda, ficou conhecido como médico dos pobres, cidade onde faleceu em 1888, com 45 anos de idade. Os restos mortais deste ilustre clínico repousam no Cemitério de Nossa Senhora do Templo, em mausoléu levantado por subscrição pública.

Esta Conversa Aberta, que decorrerá no auditório do Museu da Guarda, terá Manuel Luís dos Santos como moderador e palestrante. A entrada é livre.

 

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publicado às 09:34

Pavilhão Novo do Sanatório da Guarda: memórias…

por Correio da Guarda, em 31.05.24

 

Hoje, 31 de maio, completam-se 71 anos após a inauguração do denominado Pavilhão Novo do Sanatório que constitui, hoje, o mais antigo bloco do Hospital da Guarda.

Este ato, previsto inicialmente para 28 de maio de 1953, ocorreu três dias depois, com a presença dos Ministros do Interior e das Obras Públicas.

A imprensa da cidade deu especial relevo ao ato, apresentando o novo pavilhão como “um edifício gigantesco com 250 metros de comprido e com 350 leitos destinados exclusivamente a doentes pobres”.

Com a construção deste novo pavilhão, o Sanatório Sousa Martins procurou aumentar a capacidade de resposta às crescentes solicitações das pessoas afetadas pela tuberculose, ampliando assim o seu papel na luta contra essa doença.

O elevado número de doentes com fracos recursos há muito fazia sentir a necessidade de dotar esta conhecida unidade de saúde com novas instalações; pretensão que os responsáveis pelo Sanatório Sousa Martins tinham já manifestado ao Ministro das Obras Públicas, aquando da sua visita, à Guarda, em 1947. As obras do novo pavilhão foram iniciadas quatro anos depois.

Pavilhão do Sanatório da Guarda_ .jpeg

A entrada em funcionamento deste pavilhão era aguardada com compreensível expectativa, mormente por quem trabalhava no Sanatório Sousa Martins.

O seu diretor, Dr. Ladislau Patrício – que nesse mesmo ano deixaria essas funções, bem como a atividade clínica – definiu o edifício como “um novo e valioso instrumento na luta em defesa da saúde pública do país”.

Na Guarda viveu-se mais um dia festivo. “Cerca do meio-dia, a estrada que conduz ao Sanatório tornara-se um rio de gente”, noticiou o jornal A Guarda. O Pavilhão Novo constitui, de facto, um marco importante na história do Sanatório Sousa Martins, instituição que não pode, de forma alguma, ser dissociada da Guarda do século XX.

Recordar esta efeméride é sublinhar quanto é fundamental a salvaguarda desta memória viva onde, no presente, prossegue a atividade hospitalar. Conciliar os rumos exigidos pelo progresso com a especificidade deste edifício será contribuir para o reencontro com décadas em que a Guarda conquistou, justamente, a designação de Cidade da Saúde.

 

Hélder Sequeira

 

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publicado às 08:45

Médicos Ilustres da Guarda

por Correio da Guarda, em 21.05.24

Conversa Aberta_ORDEM DOS MÉDICOS _foto Helder Se

A Secção Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos promoveu ontem, no Museu da Guarda, a primeira «Conversa Aberta» sobre Médicos Ilustres nesta cidade.

Esta primeira conversa foi dedicada a Carolina Beatriz Ângelo no dia em que se comemoram os 146 anos do seu batizado.  Antonieta Garcia e Maria do Sameiro Barroso falaram  pouco da história a ilustre médica, republicana e sufragista e a primeira mulher a votar em Portugal.
 
Ainda no dia de ontenm foi inaugurado no Espaço #4 do Museu, uma exposição sobre a Vida e Obra da ilustre médica que ira ficar para visita ate ao dia 9 de junho.
 
Este ciclo de "Conversa Aberta" sobre Médicos Ilustres da Guarda irá prosseguir, como ontem foi divulgado, no próximos meses, em parceria com o Museu da Guarda.
 
 
 

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publicado às 17:00

Ordem dos Médicos lembra Carolina Beatriz Ângelo

por Correio da Guarda, em 17.05.24

 

A Secção Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos, em parceria com o Museu da Guarda,  vai promover na próxima segunda-feira, 20 de maio, uma sessão dedicada a Carolina Beatriz Ângelo, médica, republicana e sufragista, a primeira mulher a votar em Portugal.

Trata-se de uma iniciativa no âmbito do ciclo “Conversa Aberta” que decorrerá na Galeria Espaço#4, do Museu da Guarda, no contexto da temática "Médicos Ilustres na Guarda" .

A conversa será conduzida, a  partir das 17 horas, por Antonieta Garcia e Maria do Sameiro Barroso. Nesse dia será, ainda, inaugurada nesse espaço uma exposição sobre a vida e obra de Carolina Beatriz Ângelo.

Carolina Beatriz Angela_n.jpg 

 

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publicado às 22:19

Sousa Martins: devoção popular na Guarda

por Correio da Guarda, em 18.08.22

 

Na Guarda, à entrada do Parque da Saúde, o busto do médico Sousa Martins é diariamente o ponto de convergência de muitos crentes da sua acção milagrosa, na linha de uma devoção popular que se manifesta, também em Lisboa (no Campo de Santana) ou em Alhandra. Hoje, 18 de agosto, assinala-se o aniversário da sua morte, ocorrida em 1897.

Sousa Martins - Hospital da Guarda _HS .jpg

O singelo monumento que se ergue dentro dos muros do ex-Sanatório da Guarda, a que a Rainha D. Amélia atribuiu o nome deste distinto clínico, continua a ser alvo permanente de preces e agradecimentos. Emoldurado de flores e envolvido em diferenciadas manifestações de agradecimentos por graças ou auxílios recebidos, junto dele chegam pessoas dos mais diversos escalões sociais ou culturais.

Oriundas um pouco de toda a região, preferem realçar a fé que depositam na intervenção e auxílio de Sousa Martins, invocando, na maioria dos casos, graves situações de saúde ou momentos de grande desespero. Qualquer hora do dia é propícia para alguns momentos de recolha espiritual e de preces que radicam na intimidade ou no sofrimento pessoal; mesmo à noite há quem vá ali rezar ou acender uma simples vela.

Ao serem questionados sobre o motivo que as conduz até ao busto daquele clínico as pessoas, regra geral, são parcas em palavras e querem o anonimato, embora declarem que têm “muita fé no irmão Sousa Martins”, sustentem a “ajuda recebida” e o considerem um santo.

Esta devoção de muitos residentes, ou não, nesta zona do interior não é apenas de hoje; aliás o nome de Sousa Martins está associado à Guarda desde o início do século passado, mercê da estrutura sanatorial que existiu nesta cidade.

A toponímia guardense consagra, igualmente, a memória deste vulto da medicina portuguesa, numa das ruas do moderno Bairro da Senhora dos Remédios, ele que é lenitivo para a dor ou sofrimento de muitos cidadãos anónimos, como se pode deduzir das placas de agradecimento ou objectos de cera deixados junto do seu busto.

 

  • O homem e o médico

 

José Tomás de Sousa Martins nasceu em Alhandra, a 7 de Março de 1843, no seio de uma família com escassos recursos económicos. Orfão de pai, aos sete anos, foi com a idade de doze trabalhar como praticante para a Farmácia Ultramarina, em Lisboa, propriedade de um tio seu, Lázaro Joaquim de Sousa Pereira.

Frequentou o Liceu Nacional de Lisboa e a Escola Politécnica; com aulas de manhã, trabalhava de tarde na farmácia e à noite dava explicações de forma a conseguir receitas para as despesas inerentes à sua formação académica. Concluído o curso de farmácia, em 1864, continuou a frequentar a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, terminando o curso de medicina aos 23 anos, em 1866; foi sempre um aluno distinto.

Eleito, em 1868, sócio da Sociedade de Ciências Médicas, em 1872 Sousa Martins leccionava já na Escola Médico Cirúrgica, onde viria a reger as cátedras de Patologia Geral, Semiologia e História da Medicina; exerceu actividade clínica no Hospital de S. José, em Lisboa, numa época em que a tuberculose ceifava anualmente milhares de vidas.

Em 1881 a Sociedade de Geografia de Lisboa promoveu uma Expedição Científica à Serra da Estrela, a qual foi integrada, entre outros, por Sousa Martins; dessa iniciativa resultou a elaboração de relatórios das várias secções científicas, que aparecem compilados num volume intitulado “Expedição Científica à Serra da Estrela” e, dois anos depois, o livro “Quatro Dias na Serra da Estrela”, da autoria de Emídio Navarro. A expedição teve o mérito (e sobretudo através da determinação de Sousa Martins), de chamar a atenção dos meios científicos e clínicos para as condições que a região oferecia no tratamento da tuberculose.

Sousa Martins defendeu a implantação de Casas de Saúde nesta zona, impulsionando a fundação, em 1888, do “Club Herminio”, uma associação de carácter humanitário que se manteve durante cerca de quatro anos; no verão desse ano, e correspondendo aos argumentos de Sousa Martins e de Guilherme Teles de Meneses, o médico Basílio Freire, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, instalou-se na Serra da Estrela, onde assegurou consultas gratuitas aos doentes que o procuravam.

Os esforços que Sousa Martins desenvolveu, fortalecidos pelas suas esclarecidas convicções, em muito contribuíram para a construção do Sanatório que viria a ter o seu nome, perenemente ligado à mais alta cidade de Portugal; para a Guarda vieram milhares de doentes que procuravam aqui a cura desta doença infecto-contagiosa provocada pela micro-bactéria conhecida por “bacilo de Koch”.

 

  • O primeiro sanatório da ANT

 

A Rainha D. Amélia materializou no sanatório guardense (o primeiro a ser construído pela ANT, inaugurado a 18 de Maio de 1907) a homenagem a Sousa Martins, atribuindo a esta instituição o nome daquele clínico, cuja acção e dinamismo ela tinha já evocado numa intervenção pública da Associação Nacional aos Tuberculosos, realizada em 1889. Sousa Martins, refira-se, tinha falecido dois anos antes, em Alhandra, no dia 18 de Agosto de 1897, depois de ter sido atingido pela tuberculose.

O Rei D. Carlos comentaria que se tinha apagado “a mais brilhante luz” do seu reinado. Guerra Junqueiro, referindo-se à personalidade de Sousa Martins, escreveu que ele se deu “como o Sol dá a luz, aos miseráveis, aos tristes, aos sonhadores. Foi o amigo carinhoso e cândido, dos pobres e dos poetas. A sua mão guiou, a sua boca perdoou, os seus olhos choraram. Teve sorrisos para a graça, enlevos para a arte, lágrimas para a dor”.

Numa cidade que não esquece o homem, o médico e o cientista cujo nome foi dado a um dos mais destacados sanatórios de altitude, permanece a devoção popular e a afirmação, a muitas vozes, da sua influência espiritual.

 

Helder Sequeira

 

 

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publicado às 13:49

No aniversário de Lopo de Carvalho...

por Correio da Guarda, em 03.05.22

Lopo de Carvalho - primeiro diretor do Sanatório

Por várias vezes acentuámos a importância que tem o conhecimento de personalidades ligadas à Guarda, quer pelo nascimento, quer por laços afetivos ou profissionais.

Como escrevemos, uma cidade, para além dos seus cartazes monumentais e artísticos mais emblemáticos, pode projetar-se por múltiplas referências a pessoas, que mercê das suas qualidades ou trabalho, nos mais variados campos, devem figurar da galeria de figuras ilustres.

O reencontro com essas personalidades e a salvaguarda da sua memória e obra, viabiliza uma valorização citadina, numa simultânea homenagem a quem protagonizou a afirmação e o engrandecimento da cidade.

Fará, assim, todo o sentido recordar – no dia do aniversário do seu nascimento   -   o médico Lopo José de Figueiredo de Carvalho; uma personalidade que está indissociavelmente ligada à cidade da Guarda e ao Sanatório Sousa Martins, de que foi o primeiro diretor.

Natural de localidade de Tojal (concelho do Satão), onde nasceu a 3 de maio de 1857, Lopo de Carvalho frequentou a Universidade de Coimbra e licenciou-se em Medicina no ano de 1883. Aluno brilhante, no final do curso foi convidado, pela sua Faculdade, a iniciar o doutoramento, proposta que declinou.

Nesse mesmo ano foi trabalhar para a Meda, como médico municipal; aí exerceu a sua atividade profissional, durante dois anos, prosseguida mais tarde na Guarda, passando ainda o seu percurso como clínico pelos Açores (Graciosa) e por Lisboa.

Com a fixação na Guarda (onde residiu até à sua morte) passou também a exercer as funções de professor do Liceu, à semelhança do que aconteceu com outras conhecidas figuras guardenses da época; cedo dedicou à causa da luta contra a tuberculose e a empenhar-se, ativamente, na criação de estruturas vocacionadas para o tratamento daquela doença, assim como no estabelecimento de normas e regulamentos sanitários.

“A defesa contra a tuberculose está regulamentada convenientemente, há muito tempo, na cidade da Guarda e em todo o distrito; o essencial é cumprir-se a lei e isso é da exclusiva competência das autoridades (…). É esta cidade a única no país que regulamentou a sua defesa contra a tuberculose. Os primeiros aparelhos de Trillat (pelo formol sobre pressão), para a desinfecção das casas e das roupas, que vieram para o nosso país foram adquiridos pela Câmara da Guarda por proposta minha”, escreveu aquele médico na resposta a acusações que lhe foram dirigidas por alguns articulistas da imprensa local, cujo entendimento sobre a importância do Sanatório divergia das ideias de Lopo de Carvalho e de quantos o acompanhavam na afirmação e desenvolvimento daquela unidade de saúde.

O primeiro diretor do Sanatório respondia aos seus críticos dizendo que “a higiene não se pode fazer somente em artigos de jornais e ofícios burocráticos. Para se fazer higiene é preciso gastar-se muita água e dinheiro”.

A “Curabilidade da Tuberculose Pulmonar”, trabalho apresentado no Congresso de Medicina de Lisboa, foi uma das suas mais aplaudidas intervenções em reuniões científicas, na maioria das quais levantou a bandeira das potencialidades da Guarda como cidade da saúde. Aquando do “Congresso de Tuberculose” realizado em Londres, em 1901, foi convidado por Sir William Broadbent para a vice-presidência honorária daquele evento científico.

Os seus esforços, conjugados com o apoio recebido da Assistência Nacional aos Tuberculosos, a que presidia a Rainha D. Amélia, conduziram à construção do Sanatório da Guarda, inaugurado em 18 de Maio de 1907.

Lopo de Carvalho seria agraciado, pelo Rei D. Carlos, com a Comenda de S. Tiago. “É de todo o ponto merecida a distinção, que recai sobre um verdadeiro homem de ciência, tisiólogo eminente, que tem sido, no nosso país, um dos mais denodados combatentes contra a tuberculose”, noticiou o Diário Ilustrado. Redator do jornal “Estudos Médicos”, assim como de “Coimbra Médica”, Lopo de Carvalho colaborou também com as publicações “Movimento Médico”, “Revista de Medicina e Cirurgia” e “Medicina Contemporânea”.

O seu consultório funcionou no edifício conhecido (na atual Rua Vasco da Gama) por Dispensário o qual doou, em 1932, ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos; na rua que ostenta o seu nome existe uma casa que Leopoldina Lopo de Carvalho (a esposa deste médico) doou à cidade, com finalidades específicas; destinado, inicialmente a Arquivo Distrital nela funcionou um Jardim Infantil com o nome da benemérita senhora; hoje, o edifício ameaça ruína…

Lopo José de Carvalho (pai de outro conceituado clínico e professor universitário, Fausto Lopo de Carvalho) faleceu na Guarda a 6 de julho de 1922.

O jornal Distrito da Guarda, a propósito do seu falecimento, escreveu que “o nome do Dr. Lopo de Carvalho não se perde no passado; o que se perde é a sua inteligência e os seus vastos conhecimentos científicos”. O mesmo periódico, passados alguns anos, destacava os serviços “prestados a esta terra” pelo referido clínico. “E no estrangeiro, onde foi por várias vezes, tomando parte de congressos, ou em viagens de estudo, conhecia-se o seu nome em todas as estâncias de cura de tuberculose. Conhecia-se e admirava-se porque, nesta especialidade, o médico distinto pairava muito acima do normal”.

De entre os trabalhos publicados refiram-se “Seroterapia na Tuberculose Pulmonar”, “Uma Epidemia da Febre Tifóide”, “As causa da Febre Tifóide em Portugal” e “Tuberculosos Curados”, este em co-autoria com Amândio Paul, que lhe sucedeu na direção do Sanatório Sousa Martins.

Relembrar Lopo de Carvalho é reler uma importante página da história da Guarda do passado século, bem como da história da saúde e da tuberculose em particular.

 

Hélder Sequeira

 

 

 

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publicado às 08:30

A doente do quarto 23

por Correio da Guarda, em 16.12.21

 

O tempo presente, os cenários da atual pandemia, a realidade hospitalar, o papel dos profissionais de saúde e a passagem do 138º aniversário de nascimento de Ladislau Patrício suscitaram a releitura de “A Doente do quarto 23”.

Uma peça de teatro onde, como sublinhou Antonieta Garcia, “perpassa um agudíssimo sentido do valor da vida humana, do absurdo da sua condição”, colocando o autor “do lado dos que não desistem, não se contentam, dos que questionam esperançadamente o tema da cura”. É certo que o terceiro diretor do Sanatório Sousa Martins enquadra esta obra no contexto da época, mas nem por isso deixa de ter ideias e verdades que estão ainda hoje válidas, atuais.

“A Doente do quarto 23” foi um dos mais divulgados trabalhos de Ladislau Patrício, tendo esta peça sido também representada em Goa. No panfleto de divulgação, este médico era apresentado como eminente tisiólogo português” e, após ser mencionado como diretor de um dos melhores sanatórios de Portugal, destacavam-no como “como cientista de nomeada, de fama internacional na sua especialidade”, assim como “figura prestigiosa no mundo das letras”; “A doente do quarto 23 é uma jovem meiga e formosa, atingida pela tuberculose na flor da idade. Filha e neta de tuberculosos, o implacável bacilo de Koch não a poupa por sua vez”.

Mas quem foi Ladislau Patrício? Um guardense ilustre, médico distinto, apreciado escritor, um acérrimo defensor da sua terra, das qualidades das suas gentes, das suas riquezas históricas e culturais.

Ladislau Fernando Patrício nasceu na Guarda, a 7 de dezembro de 1883. Após concluir os estudos nesta cidade foi para Coimbra, onde conviveu “fraternalmente com alunos das diversas Faculdades, alguns dos quais se distinguiram mais tarde, pela vida fora, no campo das ciências, das artes, das letras e da política”, nomeadamente António Sardinha, Alfredo Pimenta, Hipólito Raposo, Alfredo Monsaraz, Cândido Guerreiro, Ramada Curto, João de Barros, entre outros.

Antes de terminar a formação conducente à obtenção da licenciatura em Medicina, Ladislau Patrício prestava já cuidados médicos – como ele próprio revelou – tendo “praticado no Sanatório” em 1907, aquando da entrada em funcionamento desta unidade de tratamento da tuberculose. Em 1909 foi opositor a um concurso para exercer as funções de médico municipal em Loulé, cargo para o qual foi nomeado em 2 de setembro desse ano.

Com a implantação da República, este clínico teve uma fugaz passagem pela vida política; em 1910 aparece como Vice-Presidente da Comissão Executiva do Centro Republicano da Guarda, presidida por seu cunhado, o poeta Augusto Gil. Em 1911 esteve à frente dos destinos do município guardense, mas foi breve a sua permanência como autarca.

Augusto Gil, juntamente com o matemático Mira Fernandes (também cunhado de Ladislau Patrício), tentou convencer o médico guardense a fixar-se em Lisboa, para aí desenvolver a sua vida profissional; contudo nunca o conseguiu demover da ideia de permanecer na localidade que o viu nascer.

O registo biográfico de Ladislau Patrício inclui ainda a referência à passagem pelo Liceu Nacional da Guarda, onde lecionou a partir de 1911. Entre 1917 e 1919 dirigiu o Sanatório Militar de S. Fiel, em Louriçal do Campo (Castelo Branco), atividade da qual deixou interessantes indicações num relatório que publicou, em 1920, sob o título “A Assistência em Portugal aos feridos da guerra por tuberculose”.

Em 1922, a convite do médico Amândio Paul, passou a trabalhar (como subdiretor) no Sanatório Sousa Martins, dirigido nessa época por aquele clínico, a quem viria a suceder, em 1932; nessas funções permaneceu até 7 de dezembro de 1953. Os sanatórios constituíram, aliás como aconteceu com os Dispensários, um dos pilares essenciais da luta contra a tuberculose

Na vida de Ladislau Patrício sobressai, de facto, um “autêntico sacerdócio pela Guarda e pelos doentes do Sanatório”, onde, como é sabido, se encontravam doentes de todas as condições sociais e económicas; provenientes de das mais diversas origens geográficas. A sua atividade clínica estendeu-se igualmente ao Hospital Francisco dos Prazeres, tendo presidindo à Liga de Amigos daquela unidade de saúde; trabalhou ainda na Delegação de Saúde da Guarda e no Lactário desta cidade, após a morte do Dr. António Proença

No ano de 1939, Ladislau Patrício foi eleito vogal da Ordem dos Médicos, estrutura profissional que teve como primeiro bastonário o Prof. Elísio de Moura. Na sequência de uma proposta do médico guardense foi criada, no âmbito da Ordem, a especialidade de Tisiologia, “com o acordo unânime dos membros do Conselho Geral”. Especialidade cuja criação tivemos o ensejo de evocar, no passado ano, no Congresso Português de Pneumologia.

Ladislau PATRÍCIO - Médico .png

 

No Sanatório Sousa Martins sabemo-lo empenhado em apoiar, em finais da década de quarenta, a radiodifusão sonora; o primeiro regulamento da Rádio Altitude (1947), estação que nasceu naquele espaço sanatorial, tem a chancela de Ladislau Patrício,

Um dos seus principais sonhos concretizou-se em 31 de maio de 1953, com a inauguração do Pavilhão Novo do Sanatório Sousa Martins (paralelo à atual Avenida Rainha D. Amélia), um “edifício gigantesco com 250 metros de comprido e com 350 leitos destinados exclusivamente a doentes pobres”; meses depois completou 70 anos, “atingindo assim o limite de idade oficial como delegado de Saúde e diretor do Sanatório. Em finais de fevereiro de 1955 Ladislau Patrício foi viver para Lisboa; aí escolhido para Presidente do Conselho Regional da Casa das Beiras, função que viria mais tarde abandonar, a seu pedido.

Ladislau Patrício, que faleceu na noite de Natal de 1967, é um dos nomes consagrados na galeria de médicos-escritores, tendo manifestado bem cedo a sua faceta de homem de cultura. No Sanatório Sousa Martins apoiou projetos com indiscutível alcance cultural e social; veja-se o caso do jornal “Bola de Neve” e da Rádio Altitude.

O “Bacilo de Kock e o Homem” é uma das suas obras, de cariz científico mais divulgadas, a qual se integra na Biblioteca Cosmos, dirigida por Bento de Jesus Caraça; “Altitude: o espírito na Medicina” é outro dos mais significativos trabalhos de Ladislau Patrício, reunindo impressões, “vivas reações dum temperamento perante determinada série de factos”, onde o autor deixa vincado que o médico, para além das suas funções técnicas, “tem uma missão espiritual a cumprir. A sua atitude na vida, e sobretudo no tratamento dos doentes, deverá ser a do sábio que procura a verdade e a do artista que cultiva a ilusão”. Ladislau Patrício escreveu ainda “Teatro Sem Actores” “Casa Maldita” e “O Mundo das Pequenas Coisas”, para além da peça a que aludimos no início, merecedora de ser, de novo, levada à cena.

Lembrar o nome de Ladislau Patrício (que integra a toponímia da Guarda e de Lisboa) é um inquestionável ato de justiça, pelo seu exemplo, pela sua dedicação aos doentes, pela postura intransigente na defesa dos cuidados de saúde e do progresso da mais alta cidade de Portugal.

Hélder Sequeira

 

In "O Interior", 16/12/2021

 

 

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publicado às 23:20

Urgências...

por Correio da Guarda, em 30.11.21

AVISO.jpg

Este aviso, que foi colocado nas Urgências do Hospital Sousa Martins, na Guarda, deve merecer a atenção e grande preocupação de todos nós, residentes ou não na área de influência desta unidade de saúde.

São conhecidas as carências de profissionais, em diversas valências; insuficiências e necessidades cíclica e repetidamente acentuadas; alheamento do poder central, ainda que amortecido de quando em vez por uma outra promessa fugaz. De promessas, adiamento da resolução dos problemas, desconsideração por quantos aqui vivem e trabalham estamos todos fartos.

Este, não só pela forma como pelo conteúdo, é um sinal de um alarme já numa graduação muito elevada! E não esqueçamos que este é um tempo de muitas diferenças, de pandemias, de resiliências…tempo de não poder adoecer!...

Espera-se a Urgência adequada para que não continue a ser recorrente uma insuficiência de meios e condições num Hospital cuja relevante ação e resposta à região onde está inserido deve ser lembrada e reforçada.

 

 

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publicado às 12:48

ULS: surpresa com o número de vagas de médicos

por Correio da Guarda, em 06.07.21

 

Hospital Sousa Martins -Guarda - foto HS.jpg

O Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Guarda (ULS) manifestou-se “surpreendido com o número de vagas” de médicos que foi atribuido à ULS.

Em nota divulgada pelo referido Conselho de Administração, é referido que este “manifestou a seu tempo o reporte das necessidades desta unidade de saúde às entidades competentes, identificando as áreas carenciadas”.

No passado mês de maio a Unidade Local de Saúde da Guarda viu reconhecidas dez vagas para especialidades carenciadas na área hospitalar, das 13 identificadas pelo Conselho de Administração para esta instituição. “Não tendo estas vagas sido ocupadas mantiveram-se as mesmas carenciadas”, acentua a nota divulgada pela ULS.

Acrescenta que no dia 2 de julho com a publicação de dois despachos, “foram identicadas 7 vagas para recutamentos de médicos para áreas hospitalares e 3 vagas para Cuidados de Saúde Primários, respectivamente”.

O Conselho de Administração da ULS da Guarda adianta que “está a envidar todos os esforços junto das entidades competentes no sentido de mitigar os efeitos desta decisão pouco equitativa” para a sua área de abrangência.

 

 

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publicado às 19:32


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