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A inscrição lusitana em caracteres latinos constitui um dos principais atractivos do Cabeço das Fráguas.
Localizado a este da freguesia da Benespera, a escassos quilómetros da cidade da Guarda, o Cabeço das Fráguas é um importante sítio arqueológico (datado do séc. V a.C.) e antigo local de culto a divindades lusitanas. No topo da montanha, a 1015 metros de altitude, existe um planalto onde estavam implantadas edificações religiosas, sendo ainda evidentes vestígios de muralhas em todas as portelas do cabeço.
O percurso ao Cabeço das Fráguas, apenas acessível a pé, foi encenado no passado ano, num interessante, importante e pedagógico projecto da Culturguarda.
A primeira referência à inscrição rupestre existente numa rocha do Cabeço das Fráguas remonta, segundo alguns investigadores, ao século XVIII, mas anotações feitas pelo pároco de Pousafoles do Bispo sobre uma laje com caracteres indecifráveis.
O texto, estudado na segunda metade do século passado, descreve um sacrifício de tipo suovetaurilia dedicado a várias divindades indígenas. Ao apresentar uma invocação religiosa de língua indígena em alfabeto latino, esta inscrição é considerada um importante testemunho da romanização dos cultos locais.
“OILAM . TREBOPALA ./ INDI . PORCOM . LAE(uel B)BO ./ COMAIAM . ICCONA . LOIM/INNA . OILAM . VSSEAM ./ TREBARVNE . INDI . TAVROM./ IFADEM [...?]/ REVE . TRE [...]”
"A Trebopala uma ovelha e a Laebo um porco, a Iccona Loiminna uma vaca (vitela?), a Trebaruna uma ovelha de um ano(?) e a Reva Tre-(?) um touro de cobrição”.
Na sequência dos trabalhos arqueológicos que ali decorreram a partir de 2006 (conduzidos pelo Instituto Arqueológico Alemão de Madrid) foi dado novo contributo para um maior conhecimento da inscrição rupestre divulgada em 1943, pela primeira vez, pelo General João de Almeida e publicada, em 1956, pelo arqueólogo guardense Adriano Vasco Rodrigues, a quem se deve, aliás, o despertar da curiosidade por parte da comunidade científica.
As últimas prospecções foram suscitadas, precisamente, pela existência de referida invocação às divindades e interesse em esclarecer o contexto arqueológico no qual terão decorrido os aludidos actos religiosos, assim como pela necessidade de conhecer melhor aquele recinto fortificado, ao qual se terão deslocado - para celebrarem os seus ritos – as populações das terras em redor, entre o século VIII a.C. e final do século I d.C. Nas imediações do cabeço foram encontradas 20 aras religiosas contemporâneas dos lusitanos, o que se reveste da maior importância já que, por comparação, em toda a província vizinha de Salamanca (Espanha) são conhecidas apenas 18.
Em 2009, O Instituto Arqueológico Alemão de Madrid desenvolveu, com a colaboração do Museu da Guarda e da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, o projecto de moldagem da inscrição. O molde, processado por especialistas da Universidade Técnica de Berlim, integra, actualmente, a exposição permanente do Museu da Guarda, tendo sido já apresentado na mostra temporária "Religiões da Lusitânia. Loquuntur saxa" do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
Recorde-se que a primeira apresentação pública deste molde (cópia, à escala natural, do texto epigrafado na rocha) teve lugar há três anos, na exposição "Porcom, Oilam, Taurom |Cabeço das Fráguas, o santuário no seu contexto", realizada no Museu da Guarda.
Helder Sequeira
Iniciou-se hoje, na Guarda, a romagem teatral ao Cabeços das Fráguas, no âmbito da iniciativa “Passos à Volta da Memória”, um produção da Culturguarda para a autarquia guardense.
“A montanha sobe-se e os vales, antes caminhos, tornam-se horizontes aos olhos de todos. O Cabeço das Fráguas será transformado nesta migração de sensações. Da História à lenda. Do Teatro ao mito. Das palavras rigorosas às oníricas fantasias. As personagens históricas e contemporâneas, divinas ou humanas, misturam-se nesta caminhada, serra acima, até à inscrição lusitana com caracteres latinos, a célebre “Laje da Moura”. Aí, a 1015 metros, terá lugar o ritual de oferenda aos deuses que será partilhado por todos, actores e público, numa comunhão de memórias.” Refere a sinopse divulgada pela Culturguarda.
Esta produção tem coordenação geral de Américo Rodrigues e encenação de João Neca (igualmente autor do texto), com interpretação de António Rebelo, David Ribeiro, João Neca, João Pereira, Luís Teixeira, Marco Cruz, Nuno Rebelo e Pedro Sousa (actores do grupo de teatro “Gambozinos e Peobardos”, da Vela).
O Cabeço das Fráguas, sítio arqueológico de grande importância, referente a um antigo local de culto a divindades lusitanas, datado do séc. V a.C., é o destino desta romagem teatral.
No topo do cabeço encontra-se uma escavação arqueológica que prova a existência de algumas edificações lusitanas possivelmente destinadas ao culto. A consubstanciar essa mesma ideia está a existência de uma das únicas inscrições em língua lusitana escrita com caracteres latinos. Nas imediações do cabeço foram encontradas 20 aras religiosas contemporâneas dos lusitanos, o que se reveste da maior importância já que, por comparação, em toda a província vizinha de Salamanca, Espanha, apenas existem 18 aras.
O Cabeço das Fráguas Localiza-se junto da Quinta de S. Domingos, na zona este da freguesia de Benespera, no concelho da Guarda. A altitude do cabeço é de 1015 metros; no seu topo existe um planalto onde estavam implantadas as edificações religiosas. Em todas as portelas existem vestígios de muralhas.
O acesso só é possível a pé mas esta visita é perfeitamente compensada pelo reencontro com o passado, com um património ímpar, com um bela e inebriante paisagem.
Uma interessante e original proposta a não perder, todos os sábados (até 22 de Setembro).
HS/ (Fonte: TMG)
“Porcom, Oilam, Taurom. Cabeço das Fráguas: o santuário no seu contexto” é o tema da jornada que vai decorrer no Museu da Guarda, no próximo dia 23 de Abril, sobre a investigação que foi desenvolvida naquela estação arqueológica, localizada a escassos quilómetros desta cidade.
Esta iniciativa, promovida pelo Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, em colaboração com o Museu da Guarda e o Centro de Estudos Ibéricos, pretende analisar este espaço de santuário em função dos novos dados obtidos e enquadrá-lo no seu contexto regional, cronológico e temático.
De referir que este encontro, de carácter interdisciplinar, coincide com a exposição que está patente no museu guardense, até 31 de Maio.
Organizada pelo Instituto Arqueológico Alemão e pelo Museu da Guarda, esta mostra apresenta pela primeira vez ao público o molde da inscrição rupestre em língua lusitana identificada no local, que salvaguarda esse importante texto epigráfico e facilita o seu acesso, até agora difícil, a investigadores e eruditos.
De acordo com alguns investigadores, a primeira referência a esta inscrição remonta ao século XVIII. O pároco de Pousafoles do Bispo anotou a existência, no Cabeço das Fráguas, de uma lage com caracteres indecifráveis. Estes descrevem a oferenda de vários animais a diversas divindades, conjugando no mesmo texto o alfabeto latino e a chamada língua lusitana, falada na época pré-romana em quase todo o território do ocidente hispânico.
Com o processo de moldagem que foi concretizado no passado ano, os trabalhos arqueológicos em curso desde 2006 no Cabeço das Fráguas (localizado nas proximidades da freguesia de Benespera, Guarda) entraram numa nova fase e deixaram um eminente contributo para um maior conhecimento da referida inscrição rupestre divulgada, pela primeira vez, em 1943 pelo General João de Almeida e publicada, em 1956, pelo arqueólogo guardense Adriano Vasco Rodrigues, a quem se deve, aliás, o despertar da curiosidade por parte da comunidade científica.
As prospecções que ali decorreram, resultaram, precisamente, da existência de referida invocação às divindades e do interesse em esclarecer o contexto arqueológico no qual terá decorrido o aludido acto religioso.
De acordo com informação do Museu da Guarda, tratou-se da “primeira vez que esta inscrição, já famosa no meio científico europeu, foi reproduzida fielmente à escala natural com recurso à avançada tecnologia de LaserScan, levada a cabo no terreno por uma empresa especializada portuguesa”.
O projecto, impulsionado pelo Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, foi desenvolvido com a colaboração do Museu da Guarda e da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O referido molde, processado por especialistas da Universidade Técnica de Berlim, passa a integrar a exposição permanente do Museu da Guarda.
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