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A Quinta do Crestelo, em Seia, está a patrocinar um estudo, investigação e inventariação da herança judaica e seus sinais no concelho de Seia
Este estudo está a ser desenvolvido por uma equipa de trabalho que integra Alberto Martinho, professor e sociólogo/antropólogo e Luiza Metzker Lyra, entre outros.
No âmbito deste trabalho a freguesia de Santa Marinha surge em destaque pelo seu elevado conjunto de sinais, marcas e cruciformes atribuídos aos Judeus/Cristãos-novos que nesta região se dedicaram sobretudo ao comércio, mesteirais e ofícios sobretudo ligados à lã e tecelagem, mas também "viviam de sua fazenda".
Antiga vila medieval e sede de concelho extinto na reforça administrativa do século XIX, SANTA MARINHA revela-se surpreendente neste campo, tendo em conta a diversa tipologia de inscrições e pelas noticias que ainda permanecem na memória local da presença da comunidade hebraica com "seus saberes e cabedais".
Não obedecendo aquilo que na generalidade das localidades onde terão existidos Judiarias, comunas ou famílias judias com as casas de "porta larga e outra estreita", alias o que era comum para judeus e não judeus comerciantes ou mestres de ofício, em Santa Marinha essa tipologia arquitectónica é variável, notando contudo a dupla funcionalidade das casas, para residência, para arrecadação e loja/oficina e em alguns casos pátio.
Numa das casas, de raiz medieval, é possível ver um armário que é tido ou conhecido como sendo um "Hekhal" ou "Aron Ha-Kodesh (em Askenazi) " onde se guardavam os rolos da Torah ou onde eram colocadas as candeias sobretudo em Shabbat. Está virado a oriente, como é obrigatório nestes casos. Este edifício possui diversos cruciformes e outras marcas.
Interessante não deixa de ser o pentagrama e cruciformes associados numa das casas existentes no lugar de Casal de Santa Marinha.
Nesta investigação foi importante a colaboração de Armando Ribeiro Vale, serralheiro que tem raízes em Povoa do Concelho e que guarda em si memórias de um passado judaico íntimo que quer desenvolver e dar a conhecer.
Este potencial de sinais e marcas, arquitectura e património construído em que se incluem solares, espaços públicos, o Pelourinho e o edifício da antiga Câmara e Cadeia, as pontes romanas, estradas romano-medievais, a paisagem serrana, as pessoas constituem, no seus conjunto, um potencial para o desenvolvimento de iniciativas culturais e turísticas capazes de atrair gentes ávidas de conhecer algo diferente num Portugal interior, em plena Beira Serra.
Santa Marinha foi vila e sede de concelho, em Julho de 1150 recebeu o seu primeiro foral, o segundo foi concedido por D. Manuel I em Lisboa a 15 de Maio de 1514. O concelho foi extinto em 1836. Fez parte do arcediagado de Seia, o qual transitou da Diocese de Coimbra para a Diocese da Guarda em 1882.
“Seja bem-vindo quem vier por bem” é o mote para uma visita ao “tempo e espaço” daquilo que foi a presença dos Judeus na Guarda.
Entre cultura, tradições e fé, os visitantes são convidados a assistir –até 31 de Agosto – a uma história, que embora ficcionada, podia muito bem ter acontecido.
Percorrendo as suas ruas, visitando suas casas, observando seus altares, as pessoas podem dar conta daquilo que foram os amores e desamores, hábitos e perseguições de hebreus.
São estes os ingredientes duma visita (produzida pela Culturguarda com encenação de Antónia Terrinha e coordenação geral de Américo Rodrigues) que pretende chamar a atenção para esta comunidade, a qual contribuiu, de forma inequívoca, para o desenvolvimento da mais alta cidade de Portugal.
As sessões decorrem de terça a sábado, a partir das 17h30, com início na Praça Luis de Camões. Uma iniciativa a não perder.
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