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Em Freixo de Numão, concelho de Vila Nova de Foz Côa, foi inaugurado no passado sábado, 27 de agosto, o Centro Interpretativo António Sá Coixão. O ato inaugural foi complementado com uma homenagem a António Sá Coixão – professor, historiador e arqueológo – “pela dedicação, entrega e trabalho desenvolvido ao longo de 44 anos, em prol da história, cultura e promoção do território”.
O Centro Interpretativo está localizado no Largo da Praça em Freixo de Numão.
Na foto, em primeiro plano, António Sá Coixão. Foto: C.M. Vila Nova de Foz Coa
António Sá Coixão é natural da freguesia de Freixo de Numão, licenciado em História, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde obteve o grau de Mestre em Arqueologia. Foi professor do ensino secundário, em Vila Nova de Foz Côa, desempenhou também o cargo de vereador da Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa e de Presidente da Junta de Freguesia de Freixo de Numão.
No ano de 1980, António Sá Coixão impulsionou a constituição da Associação Cultural Desportiva e Recreativa de Freixo de Numão, tendo fundado o jornal “Notícias de Freixo de Numão” para além de se afirmar como dinamizador de múltiplas atividades. Contudo uma das áreas onde mais sobressaiu foi no campo da investigação arqueológica no seu concelho, onde lançou os “primeiros circuitos turísticos de base cultural e patrimonial.”
A criação do Museu da Casa Grande de Freixo de Numão é outro dos projetos que concretizou, associando o seu nome a várias publicações editadas pela Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa. A autarquia fozcoense atribuiu-lhe a Medalha do Concelho, a maior distinção municipal, da Vila Nova de Foz Côa.
A sua tese de doutoramento, em Estudos do Património – Arqueologia, subordinada ao tema “A Romanização do Baixo Côa” (defendida em 2017) é o resultado de um contínuo trabalho de investigação no concelho de Vila Nova de Foz Coa.
Pode ficar a conhecer melhor este investigador e arqueólogo, natural do distrito da Guarda, aqui.
Nestas colunas escrevemos, por várias vezes, sobre a importância da toponímia, em cujo âmbito cabem múltiplos contributos e ações que podem suscitar uma ampla diversidade de estudos.
Se a investigação que pode ser desencadeada permitirá, por um lado, um enriquecimento cultural e o reforço da identidade local, por outro, irá identificar situações que exigem uma adequada e correta intervenção.
Independentemente das conjunturas ou das agendas político-partidárias, deve mover-nos uma Guarda da memória, a preocupação por uma cidade que preserve a sua história, dignifique os seus valores, honre os seus pergaminhos, mas saiba construir pontes sólidas para o futuro, envolver colaborações qualificadas, motivar o empenho dos seus habitantes, conquistar quem nos visita. “As cidades são como os homens; têm ou não carácter – e a tê-lo importa preservá-lo”, como escreveu Eugénio de Andrade.
A Guarda é muito mais que o património edificado; é memória, é somatório de vidas, experiências, é (deve ser) um pulsar coletivo, permanente. A Guarda, ciclicamente, tem-se esquecido de si; muita gente tem esquecido a Guarda.
É imperativo de consciência e cidadania assumir-se uma consciência crítica, uma intervenção constante em prol do nosso espaço coletivo, de referência e de vivências. “O passado é, por definição, um dado que coisa alguma pode modificar. Mas o conhecimento do passado é coisa em progresso, que ininterruptamente se transforma e se aperfeiçoa” e, como acrescentava Marc Bloch, “a incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado”.
Através da toponímia – tema que dá o mote para estas anotações – podemos abrir portas para o conhecimento do passado. Assim, poderemos começar por nos interrogar acerca da atenção que damos à toponímia guardense, aos suportes físicos dos topónimos que condensam em si informação preciosa. Para além da necessidade de substituição de muitas placas, de forma a ser viabilizada uma clara identificação, importa lembrar a importância em associar anteriores denominações toponímicas. Sabemos que foram muitas as alterações toponímicas introduzidas ao longo do tempo.
Como escreveu Pinharanda Gomes, “na Guarda, e no decurso do nosso século [vinte], tem-se cometido, repetidas vezes, aleatórias modificações de toponímicos, dificultando ainda mais as tarefas dos que, por exemplo, dedicados a pesquisas arqueológicas, poderiam atacar desde logo o sítio exato, caso a memória do nome se mantivesse”.
Em vários casos, a designação atual de artérias citadinas é preterida, mercê do enraizamento de hábitos, ao antigo topónimo. Como exemplo, na Guarda, poderemos evocar a Rua Francisco de Passos que continua a ser designada, pela generalidade dos guardenses, como Rua Direita. O seu nome evoca o Governador Civil da Guarda que desempenhou funções entre 11 de junho de 1926 e 25 de agosto do ano seguinte. Esta rua, recorde-se, constituiu a principal ligação da urbe medieval, unindo a cidadela do Torreão (também conhecida por Torre Velha da fortaleza, edificada provavelmente no século XII) à Alcáçova existente junto às portas da Covilhã (na zona em frente da Escola de Santa Clara).
As alterações de nomes podem ser minimizadas, nestes como noutros casos, com a referência à anterior designação; aliás as novas placas toponímicas da Guarda, que estão a ser progressivamente introduzidas, já contemplam essa informação, quando é caso disso; essas placas, equipadas com “QRCode”, permitem aos transeuntes obter indicações sobre o nome ou facto referenciados. “Restaurar é restituir. A restituição da toponímia é um ato de honestidade cultural, de devolução do património à comunidade, de abandono de opções adventícias, por vezes decorrentes das situações políticas, e, por fim, de entrega aos arqueólogos e aos historiadores, de uma nova fonte documental para historiografia a fazer”, tal como anotou Pinharanda Gomes, num dos seus livros.
A toponímia da Guarda é um vasto campo para estudo e investigação e pode levar-nos à (re)descoberta de múltiplas facetas do seu passado, validado por mais de oito séculos de história, enquanto urbe. Neste contexto, justifica-se a edição de um trabalho atualizado, com informação documental pertinente para simples consultas ou para subsequentes investigações.
Recorde-se que a “Toponímia Histórica da Guarda”, da autoria de Vergílio Afonso, foi editada em 1984. Desde essa altura a cidade cresceu, foram criadas novas ruas e urbanizações, atribuídos muito novos topónimos. É certo que têm sido publicados alguns artigos e livros sobre toponímia, como é o caso de “A Toponímia da cidade da Guarda e a construção da memória pública no século XX”, da autoria de Maria José Neto, editado em 2013. Uma obra com o propósito de esclarecer como “as alterações de ordem política interferem na actualização e construção da memória pública”, através da qual foi feito “o levantamento dos topónimos existentes no início do século XX para (…) se identificarem, nas nomeações e renomeações das vias, os topónimos de continuidade e de ruptura com a conjuntura vigente. Caracterizado o espaço do centro histórico no início do século XX, acompanhou-se a expansão da urbe até ao ano de 1980, identificaram-se os protagonistas e os ritos usados na criação da memória pública.” Como escreveu, então, a autora.
Em 2015, o Politécnico da Guarda publicou o livro "Desafios e Constrangimentos do Estudo da Toponímia – intervenções e contributos”, na sequência de um fórum, com várias edições, sobre a mesma temática. Nos últimos anos, com maior ou menor regularidade, têm sido publicados alguns trabalhos na revista “Praça Velha”, incidindo sobre diferentes personalidades consagradas na toponímia guardense.
Ainda que as novas tecnologias e os equipamentos de comunicação hodiernos facilitem o acesso a muitos dados, isso não exclui a importância – para o presente e para o futuro – de uma publicação, abrangente e com múltiplos contributos interdisciplinares, sobre a Toponímia da Guarda; com rigor, ilustrada, de consulta fácil, acessível e útil à generalidade dos cidadãos, residentes ou visitantes.
Saibamos, pois, assumir a nossa responsabilidade coletiva, privilegiando todos os contributos idóneos em prol do conhecimento da toponímia da Guarda, de modo a incrementar a valorização desta terra, reconhecendo o seu espírito e magia.
Hélder Sequeira
No Fundão vai decorrer no próximo dia 4 de maio, a partir das 10 horas, a quarta sessão do Fórum Património, Cultura e Turismo, promovido pelo Departamento do Património, Cultura e Turismo (DPCT) da diocese da Guarda.
“À semelhança das sessões já realizadas na Guarda, Covilhã e Seia, o DPCT, para além de dar a conhecer a nova orgânica criada na diocese nas áreas do património, cultura e turismo, irá apresentar um conjunto de comunicações que visam evidenciar a importância dos bens culturais da Igreja, a sua preservação e divulgação”. Afirmou Dulce Borges, Coordenadora do DPCT, a propósito desta iniciativa.
Segundo Dulce Borges, “a descentralização deste tipo de ações na área geográfica da diocese, visa sensibilizar os atores locais da importância que existe na criação e desenvolvimento de redes colaborativas entre as autarquias, populações e academias na defesa na prossecução daqueles objetivos”.
Após uma intervenção do Bispo da Diocese da Guarda, D. Manuel Felício, o programa deste Fórum integra uma comunicação subordinada ao tema “O Departamento do Património, Cultura e Turismo: objetivos e desafios”, por Dulce Borges; “Salvaguardar e valorizar os bens culturais da Igreja: estratégias e dinâmicas na Diocese de Viseu”, é o título da intervenção que será feita por Fátima Eusébio (atual diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja), enquanto Hélder Sequeira fará uma comunicação sobre “O papel da comunicação na defesa do património religioso diocesano”; “Entre o passado e o futuro: o lugar do Património na Igreja de hoje”, será o tema a desenvolver por Carlos Caetano.
Neste Fórum, Aires Almeida apresentará uma intervenção sobre o “Porquê um Regulamento para a gestão e proteção do património e bens culturais da Diocese da Guarda” enquanto Gonçalo Fernandes irá falar de “Itinerários turísticos e património religioso. Desafios de valorização territorial”.
Recorde-se que o DPCT tinha participado, no passado dia 16 de março na sétima edição dos “Itinerários do Sentir”, em Alcongosta, onde a criação de redes colaborativas entre as autarquias, populações e academias com a diocese da Guarda da Guarda foi defendida pelo Presidente da Câmara Municipal do Fundão. A referida iniciativa, sob “O património religioso numa comunidade aldeã: que sentires, que futuro?” foi dedicada à visitação ao património religioso de Alcongosta (Fundão), localidade integrada na diocese da Guarda.
Paulo Fernandes, Presidente da Câmara do Fundão, considerou que as redes colaborativas devem visar o “bem maior que é a inventariação, o estudo, a preservação e a divulgação do património religioso móvel, imóvel e imaterial.”
O Fórum, que vai ter lugar no Salão Nobre da Câmara Municipal do Fundão, (com entrada livre a todos os interessados) inscreve-se também nesse objetivo e procura ampliar a ação de sensibilização de párocos, investigadores e comunidades locais iniciada a 17 de novembro de 2023 na Guarda, aquando da primeira ação do DPCT.
Este departamento tem já pronto o Regulamento de Gestão e Proteção do Património e Bens Culturais da Diocese da Guarda que em breve será apresentado publicamente.
Por outro lado, o DPCT tem agendadas outras iniciativas que pretendem dar prossecução aos objetivos traçados pela sua equipa de trabalho.
“A feminização do jornalismo regional em contexto português: o caso dos jornais centenários” é o título da tese de doutoramento que a jornalista Liliana Carona defendeu recentemente na universidade de Coimbra. A investigação contemplou a análise documental dos 40 jornais regionais centenários (localizados maioritariamente no norte do país) a aplicação de um inquérito a profissionais da imprensa regional, e a realização de entrevistas em profundidade.
Este trabalho permitiu concluir que a composição destes jornais reflete “uma evidente desigualdade de género, nomeadamente no que diz respeito ao número de mulheres a desempenhar cargos de chefia”.
Como foi sublinhado, “apenas 6 jornais têm diretoras mulheres (15%); 40% dos jornais são editados unicamente em papel, ou seja, a maioria tem presença no digital, mas com evidentes dificuldades de modernização tecnológica. Plataformas obsoletas ou não atualizadas”. De referir que 40% destes jornais são semanários e 11 (27,5%) são associados da AIC - Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.
No que diz respeito aos resultados do Inquérito feito a profissionais da imprensa regional, “olhando ao total de respostas do inquérito realizado a profissionais da imprensa regional, concluímos que cerca de metade da amostra (44,3%) em análise, é a favor da inclusão de uma alínea/diretriz, dedicada exclusivamente à igualdade de género, no Código Deontológico dos jornalistas”, adiantou Liliana Carona.
Relativamente aos profissionais da imprensa regional, verifica-se uma população maioritariamente feminina (58,8%), com predomínio dos que possuem 41-50 anos (36,1%), havendo mais mulheres com grau de escolaridade de ensino superior (licenciatura, mestrado, doutoramento): 48,3% homens com licenciatura, 66,1% mulheres.
A autora desta tese de doutoramento destaca ainda que “em comparação com as mulheres, um maior número de homens afirma refletir sobre igualdade de género no jornalismo, sendo que do total de respostas, 7% admite nunca ter pensado no tema. 6,7% de homens garantem pensar ‘sempre’ sobre o tema, por oposto a 6,3% de mulheres a indicarem a mesma resposta”.
Os homens ‘concordam totalmente’ (8%) que jornalistas mulheres, em geral, têm mais aptidão para escrever assuntos relacionados com mulheres. As mulheres ‘concordam totalmente’ nessa afirmação, numa percentagem inferior (7%); já 28% dos homens desempenham o cargo de direção editorial, número superior às profissionais do género feminino na função de diretora da publicação (16% de mulheres).
A propósito desta investigação, Liliana Carona acrescentou que as mulheres consideram ter sido mais vezes alvo de discriminação de género, constatando-se uma média mais elevada para as mulheres. Nenhum homem referiu ter sido ‘muitas vezes’ alvo de discriminação por causa do género. 5% das mulheres indica ter sido alvo de discriminação ‘muitas vezes’. De salientar, e de acordo com o estudo em referência, que as mulheres são mais afetadas pela precariedade no jornalismo (24,2% das mulheres afirma ter contrato temporário de trabalho, face a 7% de homens).
Nesta tese é recomendada a definição, no âmbito da Carteira Profissional de Jornalista, do título de jornalista de imprensa regional, apresentando-se também a necessidade de inclusão de alínea específica e exclusiva, no Código Deontológico dos Jornalistas, dedicada à igualdade de género, no que diz respeito às fontes ouvidas.
Nas sugestões apresentadas pela jornalista autora deste trabalho académico, está ainda acentuada a necessidade urgente de “debater e analisar o tratamento desigual nas redações da imprensa regional, que é ocultado e negado”, bem como a importância da aposta na formação e redefinição e clarificação das normas de acesso à profissão.
A implementação de planos para a igualdade de género adaptados ao contexto dos media e jornalismo e o investimento na digitalização dos arquivos dos jornais centenários são outras medidas defendidas.
Liliana Carona, integra o grupo R/COM (Renascença) há 13 anos, enquanto jornalista correspondente na região interior centro, sendo também diretora do jornal Notícias de Gouveia (desde 2015); exerce ainda funções docentes Escola Superior de Educação de Viseu e na Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda.
HS/CGuarda
No Museu Arqueológico do Carmo, em Lisboa, vai ser apresentado hoje o livro "Côa Symposium - Novos Olhares sobre a Arte Paleolítica".
Este livro tem a coordenação de Thierry Aubry, André Santos e Andrea Martins.
A apresentação decorrerá a partir das 17h30.
Foto: DCV
Uma equipa de 10 alunos do Departamento de Ciências da Vida (DCV) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTU) tem estado a participar na escavação da necrópole de Moreira de Rei, Trancoso.
Esta atividade, iniciada em julho e prolongada pelo mês de agosto, ocorreu no âmbito do protocolo de cooperação assinado entre o DCV e a Câmara Municipal de Trancoso.
Esta intervenção, na maior necrópole de sepulturas escavadas na rocha da Península Ibérica, foi realizada com o aconselhamento científico na área da Antropologia Biológica pela Profª Ana Maria Silva, docente do DCV.
O Departamento de Ciências da Vida (DCV), criado em junho de 2009, agrega o ensino e a investigação nas áreas de Antropologia, Ecologia, Biologia Molecular e Celular, Bioquímica, Biotecnologia e Microbiologia.
O último número da Revista Iberografias, recentemente apresentado na Guarda, integra uma série de trabalhos que nos facultam importante informação para um melhor conhecimento desta zona do interior, em várias vertentes e temáticas.
A título de exemplo poderemos mencionar artigos como “Geografia, literatura, viagem: ler o território, interpretar a Serra da Estrela” (Rui Jacinto), “A expedição Científica à Serra da Estrela em 1881”. Da aventura ao domínio do território” (Helena Gonçalves Pinto), “Serra da Estrela: literatura geográfica” (Cristina Robalo Cordeiro, Rui Jacinto, Duarte Belo) ou “A nova Igreja de São Vicente: construção e estética” (António Prata Coelho, Daniel Martins, Antonieta Pinto).
Por outro lado, no mais recente volume da revista “Praça Velha” escreve-se sobre “Do Património da Guarda. Casas Armoriadas” (Manuel Luiz dos Santos), “Eduardo Tracana, do R12 às campanhas em África. Roteiro de uma Expedição” (Anabela Matias), “Uma realidade esquecida – os Médicos de partido” (Aires Diniz), “Génese do concelho da Guarda: termo e população” (Francisco Manso), “A ocupação romana e alto medieval do sítio S. Gens (Celorico da Beira)” (António Carlos Marques, Gabriel de Souza, Catarina Tente), “O Primeiro de Maio na Guarda, entre a Primeira República e o Estado Novo: uma celebração de Luta, Festa e Propaganda” (José Lima Garcia) e “D. Brites do Mercado e Manuel Henriques do Mercado (fragmentos da vida de um casal cristão-novo)” (Antonieta Garcia), entre outros excelentes textos.
Nunca será demais realçar estes importantes e oportunos contributos – assim como empenho e profissionalismo colocado nestas edições – que enriquecem o fundo bibliográfico e documental colocado à disposição de quem queira aprofundar o estudo sobre a cidade da Guarda e região envolvente, sob várias abordagens.
Contudo julgamos que poderia ser ampliada a informação sobre os conteúdos destas (como de outras) publicações, através dos canais que as novas tecnologias colocam ao nosso dispor, captando a atenção de novos leitores, sobretudo aqueles com ligações (familiares ou afetivas) à Guarda, mas residindo noutras regiões, ou mesmo no estrangeiro.
É notória, mormente nalgumas redes sociais, a apetência por documentação e publicações sobre a cidade e distrito, remetendo para memórias ou para o desejo de fazer o confronto entre passado e presente.
Sendo certo que é possível a aquisição direta ou através de via postal, a agilização da disponibilidade dos conteúdos em formato digital, mediante o adequado pagamento, contribuiria, seguramente, para uma maior divulgação.
A relevante atividade que tem sido desenvolvida por estas publicações merece ser apoiada e valorizada, em prol da cultura, do conhecimento, da investigação, do património. (Hélder Sequeira)
In "O Interior", 20/12/2019
A Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai promover amanhã, 12 de dezembro, a quinta edição das Jornadas de Educação e Investigação em Saúde.
A edição 2019 tem como principais objetivos promover o debate sobre Sustentabilidade, Saúde e Cidadania; divulgar a investigação realizada na ESS/IPG; sensibilizar a comunidade escolar para a importância da realização de atividades de investigação e promover redes de colaboração entre diferentes investigadores e instituições.
De entre os painéis dedicados à apresentação de pósteres e projetos de investigação, o programa integra uma Mesa Redonda dedicada à "Sustentabilidade, Saúde e Cidadania", onde a Economia da Saúde e a Literacia da Saúde serão os temas em debate, para além da projeção do filme de António Sequeira "No Limiar do Pensamento", que retrata os temas da família, o estigma e a doença mental. Os interessados podem obter mais informações em www.ess.ipg.pt/
A escolha de futebolistas para as seleções jovens portuguesas encontra-se fortemente influenciada pelo mês do seu nascimento, de acordo com um estudo efetuado por estudantes da licenciatura em Desporto do Instituto Politécnico da Guarda (IPG).
Os resultados deste trabalho académico indicam uma forte tendência para os futebolistas nascidos no primeiro semestre do ano dominarem as convocatórias para as seleções jovens, especialmente entre os 15 e 19 anos. Por exemplo, na seleção de sub16 verifica-se que 88% dos atletas selecionados para os torneios oficiais que tiveram lugar durante 2018 nasceram num dos meses correspondentes ao primeiro semestre do ano, sendo que apenas 12% nasceram no segundo semestre.
Questionado se isto significa que os atletas nascidos no primeiro semestre são especialmente talentosos, Pedro Esteves (docente do IPG), coordenador deste projeto de investigação, referiu que “o efeito da idade relativa tem sido detetado em diversas modalidades e níveis competitivos sendo que a explicação para uma maior representatividade dos atletas nascidos nos primeiros meses do ano prende-se com a vantagem temporal associada a um maior desenvolvimento antropométrico (ex: altura, peso), físico (ex: força, velocidade), entre outros.”
Exemplificando, Pedro Esteves acrescentou que “um atleta nascido a 3 de janeiro face a um outro nascido a 20 de dezembro possui um avanço temporal de praticamente um ano. Este fenómeno é especialmente crítico durante a fase da adolescência onde os ritmos de desenvolvimento “corporal” são especialmente variáveis para atletas da mesma idade, que acabam por competir no mesmo escalão. Importa realçar que esta é uma vantagem temporária já que após a adolescência os níveis diferenciados de desenvolvimento tendem a ser esbatidos.”
Instado a pronunciar-se sobre as consequências práticas poderão advir deste efeito de idade relativa, o referido investigador assinalou que “em primeiro lugar, os atletas com avanço no processo de desenvolvimento podem estar a ser erroneamente identificados pelos treinadores como mais talentosos quando, na verdade, esta vantagem tende a ser temporária. Por outro lado, se estes atletas mais desenvolvidos forem consistentemente selecionados para as seleções pode-se criar um ciclo difícil de reverter dado que estes terão acesso a mais e melhores contextos de prática (ex: condições de treino, qualidade dos treinadores, experiências competitivas) que reforçam a sua vantagem face aos atletas com desenvolvimento mais “atrasado”. Isso não significa que os atletas nascidos no segundo semestre do ano fiquem irremediavelmente afastados das oportunidades de recrutamento; contudo, terão pela frente um grande desafio para superar os constrangimentos atrás mencionados. Importa assim questionar, quantos talentos poderão estar a passar entre os “dedos” dos agentes responsáveis pelo recrutamento”
Relativamente ao impacto deste estudo pode no processo de seleção de atletas com talento, Pedro Esteve disse que “os resultados por encontrados sugerem que o efeito de idade relativa nas seleções nacionais de futebol masculino parece diminuir a partir dos 19 anos, o que deverá merecer da parte dos investigadores, bem como dos responsáveis federativos, uma reflexão em tornos dos fatores que poderão contribuir para esta situação. Provavelmente, nestas idades, os atletas nascidos no segundo semestre do ano, pela combinação de características intrínsecas e de oportunidades de desenvolvimento externas conseguem superar a desvantagem acumulada e penetrar na rede de recrutamento”.
Este docente do Instituto Politécnico da Guarda acrescentou ainda que “de um ponto de vista prático existem diversas organizações desportivas a nível mundial que têm vindo a refletir sobre a temática da idade relativa e, neste sentido, criar medidas de compensação no sentido de minorar este efeito, como é o caso do bio-banding. Parece-nos assim importante, com este estudo, colocar na agenda mediática o tópico da idade relativa no sentido de estimular a discussão, a nível dos clubes e das seleções, sobre como potenciar o processo de identificação e seleção de talento no desporto, e no futebol em particular”.
O Presidente do Instituto Politécnico da Guarda, Joaquim Brigas, comentou que este estudo “é mais uma prova, objetiva, da investigação que é feita no IPG, e neste caso vertente na área do desporto”. Congratulando-se com a realização deste trabalho, Joaquim Brigas evidenciou o “prestígio do curso de Desporto do IPG, a qualidade do ensino ministrado e o alto nível do corpo docente”.
O estudo científico que suporta estes resultados será apresentado no congresso CIDESD2019, a 1 e 2 de fevereiro.
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