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Uma equipa composta por alunos apoiados pela Associação Desenvolver o Talento (ADoT), com sede na Guarda ganhou o primeiro prémio “Novas Fronteiras da Engenharia_Alunos”, referente a ano 2024. Os alunos Rodrigo Rebelo Gonçalves (Escola Secundária Fernando Namora, Condeixa-a-Nova), Rodrigo Gaspar (Escola Secundária Campos Melo, Covilhã) e Rodrigo Cabral (Conservatório de Música da Covilhã), conquistaram o primeiro prémio deste concurso que é promovido pela Ordem dos Engenheiros Centro.
Os estudantes, que desenvolvem atividades na Associação Desenvolver o Talento (ADoT), Guarda, apresentaram o projeto intitulado “Junk4R - Aplicação baseada em Inteligência Artificial para o Design Sustentável de Artigos de Mobiliário ou de Decoração,” recebendo o prémio de 1200 Euros.
A Associação Desenvolver o Talento (ADoT), com sede na Guarda, apoia jovens com capacidades de excelência, não só da Guarda, mas de todos o País, promovendo atividades regulares ligadas à programação e robótica.
O projeto “Junk4R” promove a abordagem dos 4R – Reduzir, Reutilizar, Reciclar e Recuperar. A partir da submissão da imagem de um objeto, peça ou artigo sem uso ou descartável, das indicações do artigo de mobiliário ou decoração que se pretende criar e do seu estilo, é gerado pela aplicação o prompt a ser usado nas ferramentas de IA abertas do OpenAI, por uma biblioteca externa que facilita o uso da conexão entre a aplicação e o API. Estas ferramentas sugerem soluções criativas e sustentáveis, assim como as instruções detalhadas para transformar objetos considerados lixo em peças úteis e esteticamente agradáveis.
Para a ADoT, “este prémio representa não apenas um reconhecimento do talento e dedicação dos alunos, mas também a importância de iniciativas educacionais que incentivam a aplicação de tecnologias emergentes em prol da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável.”
A rádio continua a ter um papel fundamental na informação regional e, com distinta flexibilidade, na aproximação às pessoas; seja no meio urbano ou rural. Como já escrevemos noutra ocasião, essa proximidade dever ser incrementada cada vez mais, possibilitando uma constante auscultação de anseios, registando as perspetivas sociais, económicas e políticas, dando voz às pessoas, ampliando a informação, levantando novas questões e problemas; importa que a rádio (e a imprensa) não se circunscreva às agendas informativas institucionais.
Sabemos que o atual cenário, em vários planos, é de apreensão e de difíceis desafios para a comunicação social regional e, obviamente, para rádio em particular face ao crescendo de exigências legais. Aliás é estranho, ou talvez não, que na recente campanha eleitoral pouco ou nada se tenha ouvido sobre a crise que afeta a comunicação social; crise que alguns analistas consideram se possa repercutir na significativa redução do número de profissionais que trabalham nas rádios, mercê da implementação progressiva da inteligência artificial (IA) nas emissões diárias.
A Inteligência Artificial apresenta novos caminhos para mais eficiência e múltiplas vantagens ao nível da melhoria da programação e interação com os ouvintes; para além da automação das emissões radiofónicas a IA apresenta-se como forte apoio para produção de notícias, definição da sequência musical e de um conteúdo programático convidativo e diferenciado. Através de algoritmos e modelos automatizados a IA tem a capacidade de proceder à análise de uma enorme quantidade de informação, identificando padrões e desencadeando, consequentemente, procedimentos adequados.
O acompanhamento constante das atualizações e publicações nas redes sociais pode ser efetuado de uma forma rápida, detetando tendências e assinalando notícias e temáticas que podem interessar aos ouvintes, despertando assim a sua atenção. Através de software adequado podem ser produzidas mensagens para as redes sociais assim como conteúdos destinados a plataformas digitais que ampliam o trabalho da estação emissora. Como escreveu Cristiano Stuani, a IA “pode utilizar-se para produzir textos e conteúdos para as redes sociais, personalizar anúncios e analisar dados de audiência, ampliando o alcance da marca e oferecendo publicidade mais relevante e efetiva para os anunciantes”.
No último ano a Inteligência Artificial tem vindo a aumentar a sua presença e influência no mundo da rádio. Na Alemanha está já a funcionar, no âmbito de um projeto da Antenne Deutschland (AD), o canal Absolut Radio AI, que pode ser escutado em DAB +, sendo 100% produto da Inteligência Artificial. Com o recurso à tecnologia designada por Radio.Cloud é elaborada toda a programação, inserida a voz e definidos os intervalos musicais ou publicitários, apostando num auditório da faixa etária entre os 14 e 49 anos. O “animador de emissão” tem o nome de kAI. A diretora de programação da AD, Tina Zacher, afirmou a uma publicação da especialidade que as IA não irá substituir, nos próximos anos, os radialistas, mas “pode simplificar tarefas repetitivas, dando mais tempo para os profissionais da rádio serem criativos”.
O debate em torno das implicações da Inteligência Artificial no meio rádio é atual e necessário, bem como a necessidade de um melhor conhecimento da diversidade de aplicações disponíveis; ao nível da automação, utilização de voz, criação de cópias de conteúdos, novas fórmulas de atração de ouvintes. Acresce ainda a análise e clarificação das questões éticas, do impacto no emprego, da salvaguarda de direitos de autor e direitos conexos, da distinção de vozes criadas pela Inteligência Artificial.
Na área da indústria de equipamentos para radiodifusão não tem faltado quem argumente que o uso abusivo da Inteligência Artificial poderá criar situações indesejáveis; para outros ajudará a personalizar os conteúdos das emissões de rádio, a automatizar tarefas repetitivas e a melhorar a qualidade geral da programação. Sustentam, ainda, que a Inteligência Artificial pode viabilizar economia de tempo para as emissoras, ao assegurar conteúdos para os períodos da noite e madrugada, criando rapidamente podcasts e outros materiais de áudio online para sites. Aliás, ao nível da produção de podcasts, há empresas que perspetivam já para o corrente ano a disponibilização de tecnologia capaz de possibilitar a sua audição, por parte do público, na língua que pretendam. Naturalmente com as vantagens daí decorrentes e na expetativa de ampliação das mensagens publicitárias.
A utilização da inteligência artificial em novos equipamentos, produtos, serviços e inovações abre, assim, uma discussão ao nível político e ético, entre outras esferas de intervenção. Especialistas, nesta matéria, fizeram já notar a existência de questões legais sobre os direitos de propriedade e autoria de conteúdos criado por Inteligência Artificial; alertando também para a clarificação da forma como as emissoras podem proteger, legalmente, os conteúdos próprios.
Noutras perspetivas de análise, e sobre a problemática relativa à substituição dos animadores de emissão pela IA, é manifestada a opinião de que a Inteligência Artificial deve ser utilizada como ferramenta de ajuda à melhoria do fluxo de trabalho diário de apresentadores, programadores e jornalistas. Assim, é sublinhado que nesta matéria o grande benefício da IA, neste contexto, é assegurar as notícias locais e a identidade da emissora fora do horário normal de trabalho, quando ninguém está presencialmente; como sejam os períodos da noite ou em turnos de fim de semana. Daí que nomes conhecidos do mundo da indústria da rádio considerem que as aplicações de Inteligência Artificial, usadas pelas emissoras, vão preencher lacunas ao nível dos recursos humanos, não implicando a sua substituição; reforçam a vantagem de serem criados segmentos especiais em horários onde a presença do animador não está assegurada ou é inviável. Veja-se a realidade de tantas emissoras locais, mormente as sedeadas no interior de Portugal.
Espaços da programação onde podem pontuar as notícias locais, informação sobre as temperaturas e a previsão meteorológica ou, através de sistemas informáticos específicos, serem gerados podcasts sobre desporto, espetáculos culturais, tradições locais/regionais, roteiros turísticos, agenda de festividades.
Do outro lado no Atlântico, nos EUA, o RadioGPT (software com inteligência artificial vocacionado para a automatização das emissões de rádio) evoluiu já para um novo nível com o Futuri AudioAI, produzido pela Futuri Media, oferecendo uma presença em direto ao longo das 24 horas e durante todos da semana; garantindo, igualmente (e entre outras vantagens), a criação automática de podcasts e notícias para partilha.
A discussão sobre a importância, vantagens e perigos da Inteligência Artificial deve merecer a nossa melhor atenção. Embora se deva ter em conta que a IA pode ser um precioso auxílio dos profissionais da rádio (a par de uma ajuda importante na estratégia de conquista de novos públicos, da fidelização de ouvintes), não podemos esquecer a essência da Rádio.
A humanização deste meio de comunicação é fundamental e as pessoas não podem ser afastadas do processo evolutivo da Rádio, que continua a ter futuro, apesar dos múltiplos condicionalismos e desafios.
Hélder Sequeira
in O INTERIOR, 20mar2024
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