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Hoje, 31 de maio, completam-se 71 anos após a inauguração do denominado Pavilhão Novo do Sanatório que constitui, hoje, o mais antigo bloco do Hospital da Guarda.
Este ato, previsto inicialmente para 28 de maio de 1953, ocorreu três dias depois, com a presença dos Ministros do Interior e das Obras Públicas.
A imprensa da cidade deu especial relevo ao ato, apresentando o novo pavilhão como “um edifício gigantesco com 250 metros de comprido e com 350 leitos destinados exclusivamente a doentes pobres”.
Com a construção deste novo pavilhão, o Sanatório Sousa Martins procurou aumentar a capacidade de resposta às crescentes solicitações das pessoas afetadas pela tuberculose, ampliando assim o seu papel na luta contra essa doença.
O elevado número de doentes com fracos recursos há muito fazia sentir a necessidade de dotar esta conhecida unidade de saúde com novas instalações; pretensão que os responsáveis pelo Sanatório Sousa Martins tinham já manifestado ao Ministro das Obras Públicas, aquando da sua visita, à Guarda, em 1947. As obras do novo pavilhão foram iniciadas quatro anos depois.
A entrada em funcionamento deste pavilhão era aguardada com compreensível expectativa, mormente por quem trabalhava no Sanatório Sousa Martins.
O seu diretor, Dr. Ladislau Patrício – que nesse mesmo ano deixaria essas funções, bem como a atividade clínica – definiu o edifício como “um novo e valioso instrumento na luta em defesa da saúde pública do país”.
Na Guarda viveu-se mais um dia festivo. “Cerca do meio-dia, a estrada que conduz ao Sanatório tornara-se um rio de gente”, noticiou o jornal A Guarda. O Pavilhão Novo constitui, de facto, um marco importante na história do Sanatório Sousa Martins, instituição que não pode, de forma alguma, ser dissociada da Guarda do século XX.
Recordar esta efeméride é sublinhar quanto é fundamental a salvaguarda desta memória viva onde, no presente, prossegue a atividade hospitalar. Conciliar os rumos exigidos pelo progresso com a especificidade deste edifício será contribuir para o reencontro com décadas em que a Guarda conquistou, justamente, a designação de Cidade da Saúde.
Hélder Sequeira
O centésimo décimo quinto aniversário da inauguração do Sanatório da Guarda ocorre hoje, dia 18 de maio.
Esta instituição, recorde-se, foi uma das principais instituições de combate e tratamento da tuberculose em Portugal.
A designação de “Cidade da Saúde”, atribuída à Guarda, em muito se fica a dever à instituição que a marcou indelevelmente, ao longo de sete décadas, no século passado.
A Guarda foi, nessa época, uma das cidades mais procuradas do nosso país; a afluência de pessoas deixou inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural.
A sua apologia como localidade “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras, pois era “a montanha mágica” junto à Serra. Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) subiam à cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do clima de montanha, praticando, assim, uma cura livre, não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos.
As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões. Isto porque não havia, no início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; uma situação que originou fortes preocupações nas entidades oficiais.
No primeiro Congresso Português sobre Tuberculose, o médico Lopo de Carvalho tinha já destacado os processos profiláticos usados na Guarda.
Este médico foi um dos mais empenhados defensores da criação do Sanatório guardense (do qual viria a ser o primeiro direto), que seria inaugurado, a 18 de maio de 1907, com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
O fluxo de tuberculosos superou, largamente, as previsões, fazendo com que os pavilhões construídos se tornassem insuficientes perante a procura. O Pavilhão 1 teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a sua capacidade.
Um novo pavilhão foi acrescentado, em 1953, aos três já existentes. O Sanatório Sousa Martins ganhou, consequentemente, maior dimensão e capacidade de tratamento dos tuberculosos.
Anotar a vergonhosa realidade dos antigos pavilhões e a passagem dos 115 anos após a inauguração deste Sanatório, não é um mero exercício de memória ritualista. É evidenciar o estado lastimoso em que se encontra o património físico de uma instituição com merecido relevo na história da saúde em Portugal.
Um Santório ligada à solidariedade, à cultura e à história da radiodifusão sonora portuguesa, mercê da emissora aqui criada (Rádio Altitude).
Como já tínhamos escrito, é mais do que tempo para soluções e iniciativas concretas, em prol da reabilitação e aproveitamento desta memória, agonizante, no centro da cidade mais alta de Portugal.
Hélder Sequeira
Por várias vezes acentuámos a importância que tem o conhecimento de personalidades ligadas à Guarda, quer pelo nascimento, quer por laços afetivos ou profissionais.
Como escrevemos, uma cidade, para além dos seus cartazes monumentais e artísticos mais emblemáticos, pode projetar-se por múltiplas referências a pessoas, que mercê das suas qualidades ou trabalho, nos mais variados campos, devem figurar da galeria de figuras ilustres.
O reencontro com essas personalidades e a salvaguarda da sua memória e obra, viabiliza uma valorização citadina, numa simultânea homenagem a quem protagonizou a afirmação e o engrandecimento da cidade.
Fará, assim, todo o sentido recordar – no dia do aniversário do seu nascimento - o médico Lopo José de Figueiredo de Carvalho; uma personalidade que está indissociavelmente ligada à cidade da Guarda e ao Sanatório Sousa Martins, de que foi o primeiro diretor.
Natural de localidade de Tojal (concelho do Satão), onde nasceu a 3 de maio de 1857, Lopo de Carvalho frequentou a Universidade de Coimbra e licenciou-se em Medicina no ano de 1883. Aluno brilhante, no final do curso foi convidado, pela sua Faculdade, a iniciar o doutoramento, proposta que declinou.
Nesse mesmo ano foi trabalhar para a Meda, como médico municipal; aí exerceu a sua atividade profissional, durante dois anos, prosseguida mais tarde na Guarda, passando ainda o seu percurso como clínico pelos Açores (Graciosa) e por Lisboa.
Com a fixação na Guarda (onde residiu até à sua morte) passou também a exercer as funções de professor do Liceu, à semelhança do que aconteceu com outras conhecidas figuras guardenses da época; cedo dedicou à causa da luta contra a tuberculose e a empenhar-se, ativamente, na criação de estruturas vocacionadas para o tratamento daquela doença, assim como no estabelecimento de normas e regulamentos sanitários.
“A defesa contra a tuberculose está regulamentada convenientemente, há muito tempo, na cidade da Guarda e em todo o distrito; o essencial é cumprir-se a lei e isso é da exclusiva competência das autoridades (…). É esta cidade a única no país que regulamentou a sua defesa contra a tuberculose. Os primeiros aparelhos de Trillat (pelo formol sobre pressão), para a desinfecção das casas e das roupas, que vieram para o nosso país foram adquiridos pela Câmara da Guarda por proposta minha”, escreveu aquele médico na resposta a acusações que lhe foram dirigidas por alguns articulistas da imprensa local, cujo entendimento sobre a importância do Sanatório divergia das ideias de Lopo de Carvalho e de quantos o acompanhavam na afirmação e desenvolvimento daquela unidade de saúde.
O primeiro diretor do Sanatório respondia aos seus críticos dizendo que “a higiene não se pode fazer somente em artigos de jornais e ofícios burocráticos. Para se fazer higiene é preciso gastar-se muita água e dinheiro”.
A “Curabilidade da Tuberculose Pulmonar”, trabalho apresentado no Congresso de Medicina de Lisboa, foi uma das suas mais aplaudidas intervenções em reuniões científicas, na maioria das quais levantou a bandeira das potencialidades da Guarda como cidade da saúde. Aquando do “Congresso de Tuberculose” realizado em Londres, em 1901, foi convidado por Sir William Broadbent para a vice-presidência honorária daquele evento científico.
Os seus esforços, conjugados com o apoio recebido da Assistência Nacional aos Tuberculosos, a que presidia a Rainha D. Amélia, conduziram à construção do Sanatório da Guarda, inaugurado em 18 de Maio de 1907.
Lopo de Carvalho seria agraciado, pelo Rei D. Carlos, com a Comenda de S. Tiago. “É de todo o ponto merecida a distinção, que recai sobre um verdadeiro homem de ciência, tisiólogo eminente, que tem sido, no nosso país, um dos mais denodados combatentes contra a tuberculose”, noticiou o Diário Ilustrado. Redator do jornal “Estudos Médicos”, assim como de “Coimbra Médica”, Lopo de Carvalho colaborou também com as publicações “Movimento Médico”, “Revista de Medicina e Cirurgia” e “Medicina Contemporânea”.
O seu consultório funcionou no edifício conhecido (na atual Rua Vasco da Gama) por Dispensário o qual doou, em 1932, ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos; na rua que ostenta o seu nome existe uma casa que Leopoldina Lopo de Carvalho (a esposa deste médico) doou à cidade, com finalidades específicas; destinado, inicialmente a Arquivo Distrital nela funcionou um Jardim Infantil com o nome da benemérita senhora; hoje, o edifício ameaça ruína…
Lopo José de Carvalho (pai de outro conceituado clínico e professor universitário, Fausto Lopo de Carvalho) faleceu na Guarda a 6 de julho de 1922.
O jornal Distrito da Guarda, a propósito do seu falecimento, escreveu que “o nome do Dr. Lopo de Carvalho não se perde no passado; o que se perde é a sua inteligência e os seus vastos conhecimentos científicos”. O mesmo periódico, passados alguns anos, destacava os serviços “prestados a esta terra” pelo referido clínico. “E no estrangeiro, onde foi por várias vezes, tomando parte de congressos, ou em viagens de estudo, conhecia-se o seu nome em todas as estâncias de cura de tuberculose. Conhecia-se e admirava-se porque, nesta especialidade, o médico distinto pairava muito acima do normal”.
De entre os trabalhos publicados refiram-se “Seroterapia na Tuberculose Pulmonar”, “Uma Epidemia da Febre Tifóide”, “As causa da Febre Tifóide em Portugal” e “Tuberculosos Curados”, este em co-autoria com Amândio Paul, que lhe sucedeu na direção do Sanatório Sousa Martins.
Relembrar Lopo de Carvalho é reler uma importante página da história da Guarda do passado século, bem como da história da saúde e da tuberculose em particular.
Hélder Sequeira
A realização de alguns roteiros citadinos, que têm tido como referência figuras da nossa literatura, merece ser aplaudida e evidenciada como atividade a prosseguir. Por outro lado, este tipo de iniciativas lembra-nos que a Guarda oferece outras áreas temáticas, a rentabilizar em prol da valorização citadina, alargando os motivos de interesse.
Desde logo o caso da saúde, cuja história passa, inquestionavelmente, por esta cidade, à qual o nome do médico Sousa Martins está associado mercê da estrutura de luta contra a tuberculose aqui edificada.
A sugestão do tema vem a propósito da passagem do aniversário da morte de Sousa Martins, no dia de hoje (18 de agosto). A cidade lembra este vulto da medicina portuguesa não só no atual Parque da Saúde, mas também numa das ruas do Bairro da Senhora dos Remédios.
José Tomás de Sousa Martins nasceu em Alhandra, a 7 de março de 1843, no seio de uma família com escassos recursos económicos. Órfão de pai, aos sete anos, foi com a idade de doze trabalhar como praticante para a Farmácia Ultramarina, em Lisboa, propriedade de um tio seu, Lázaro Joaquim de Sousa Pereira.
Frequentou o Liceu Nacional de Lisboa e a Escola Politécnica; com aulas de manhã, trabalhava de tarde na farmácia e à noite dava explicações de forma a conseguir receitas para as despesas inerentes à sua formação académica. Concluído o curso de farmácia, em 1864, continuou a frequentar a Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, terminando o curso de medicina aos 23 anos, em 1866; foi sempre um aluno distinto.
Eleito, em 1868, sócio da Sociedade de Ciências Médicas, em 1872 Sousa Martins lecionava já na Escola Médico-Cirúrgica, onde viria a reger as cátedras de Patologia Geral, Semiologia e História da Medicina; exerceu atividade clínica no Hospital de S. José, em Lisboa, numa época em que a tuberculose ceifava anualmente milhares de vidas.
Sousa Martins, num relatório datado de 1880, fez a caracterização da tuberculose, nessa época, acentuando a importância da criação de sanatórios na zona da Serra da Estrela. Em 1881 a Sociedade de Geografia de Lisboa promoveu uma Expedição Científica à Serra da Estrela, a qual foi integrada, entre outros, por Sousa Martins. Dessa iniciativa resultou a elaboração de relatórios das várias secções científicas, que aparecem compilados num volume intitulado “Expedição Científica à Serra da Estrela” e, dois anos depois, o livro “Quatro Dias na Serra da Estrela”, da autoria de Emídio Navarro. Esta expedição teve o mérito (e sobretudo através da determinação de Sousa Martins), de chamar a atenção dos meios científicos e clínicos para as condições que a região oferecia no tratamento da tuberculose.
Sousa Martins defendeu a implantação de Casas de Saúde nesta zona, impulsionando a fundação, em 1888, do “Club Herminio”, uma associação de carácter humanitário que se manteve durante cerca de quatro anos; o conceituado tisiologista foi aclamado, pelos membros fundadores, sócio honorário e presidente perpétuo desta instituição de solidariedade.
Ainda em 1888, e correspondendo aos argumentos de Sousa Martins e de Guilherme Teles de Meneses, o médico Basílio Freire, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, instalou-se na Serra da Estrela, no Verão desse ano, onde assegurou consultas gratuitas aos doentes que o procuravam.
Os esforços que Sousa Martins desenvolveu, fortalecidos pelas suas esclarecidas convicções, em muito contribuíram para a construção do Sanatório que viria a ter o seu nome, perenemente ligado à mais alta cidade de Portugal; para a Guarda vieram milhares de doentes que procuravam aqui a cura desta doença infectocontagiosa provocada pela microbactéria conhecida por “bacilo de Koch”.
Pavilhão Rainha D. Amélia. Saantório Sousa Martins (Guarda)
A Rainha D. Amélia materializou no sanatório guardense (o primeiro a ser construído pela ANT, inaugurado a 18 de maio de 1907) a homenagem a Sousa Martins, atribuindo a esta instituição o nome daquele clínico, cuja ação e dinamismo ela tinha já evocado numa intervenção pública da Associação Nacional aos Tuberculosos, realizada em 1889. Sousa Martins tinha falecido dois anos antes, em Alhandra, no dia 18 de agosto de 1897, depois de ter sido atingido pela tuberculose.
O Rei D. Carlos comentaria que se tinha apagado “a mais brilhante luz” do seu reinado. Guerra Junqueiro, referindo-se à personalidade de Sousa Martins, escreveu que ele se deu “como o Sol dá a luz, aos miseráveis, aos tristes, aos sonhadores. Foi o amigo carinhoso e cândido, dos pobres e dos poetas. A sua mão guiou, a sua boca perdoou, os seus olhos choraram. Teve sorrisos para a graça, enlevos para a arte, lágrimas para a dor”.
Na Guarda não têm faltado pessoas que apontam Sousa Martins como o autor de autênticos milagres, na linha de uma devoção popular que se manifesta, objetivamente, em Lisboa (no Campo de Santana) ou em Alhandra. O singelo monumento que se ergue dentro dos muros do ex-Sanatório da Guarda continua, diariamente, a ser alvo de preces e agradecimentos.
Apesar de não ter legado muitas publicações, Sousa Martins deixou atrás de si várias gerações de médicos, uma Escola Clínica e, sobretudo, um verdadeiro exemplo de doação à sociedade e à Medicina. A Guarda não esquece, na sua toponímia, o homem, o médico e o cientista cujo nome foi dado a um dos mais destacados sanatórios de altitude, que projetou esta cidade no país e no estrangeiro.
E aqui está uma personalidade que pode balizar locais e pontos de visita num futuro roteiro temático sobre a saúde (figuras, estruturas, etc.) na Guarda. Fica a sugestão.
Hélder Sequeira
O dia 18 de maio de 1907 constituiu uma das mais imponentes jornadas festivas da Guarda, marcada por um expressivo envolvimento coletivo que importa recordar a propósito da passagem (nesta última terça-feira), do 114º aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins.
Nesse longínquo dia de 1907 abriu-se um novo período da história citadina; se, por um lado, a Guarda ficou dotada com um moderno Hospital, tutelado pela Misericórdia, por outro iniciou, através do Sanatório, uma eminente atividade médica e assistencial que colocou a cidade mais alta de Portugal nos roteiros internacionais das estruturas de saúde vocacionadas para o combate à tuberculose.
O fluxo de tuberculosos superou, largamente, as previsões, fazendo com que os edifícios do Sanatório Sousa Martins se tornassem insuficientes perante a procura; este era aconselhado a todos quantos sofriam de “tuberculose pulmonar, anemia, fraqueza organica, impaludismo, etc.”, como noticiava a imprensa local.
O impacto económico e cultural destas duas instituições (Sanatório Sousa Martins e do Hospital da Misericórdia da Guarda, a que seria atribuído o nome do então Provedor, Dr. Francisco dos Prazeres) fez-se sentir ao longo de várias décadas, como tem sido reconhecido e evidenciado em vários trabalhos.
Na cidade conjugaram-se, nessa época, uma série de fatores que viabilizaram a concretização do sonho de alguns, alicerçado numa sólida determinação e na multiplicidade de atos solidários, apesar dos circunstancialismos político-sociais do Portugal do início do século XX.
É interessante verificar o tácito entendimento entre representantes de diferentes posturas ideológicas em função do momento festivo que a cidade ia viver, tanto mais que o ato inaugural destas unidades de saúde era engrandecido com a presença do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia. A Guarda, como foi afirmado na imprensa local, não podia abdicar dos seus pergaminhos de cidade fidalga e hospitaleira.
A inauguração (inicialmente prevista para 28 de abril e depois para 11 de Maio) dos três pavilhões que integravam o Sanatório ocorreu a 18 de maio de 1907, com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia que materializou nesta instituição de tratamento da tuberculose a homenagem a Sousa Martins, atribuindo-lhe o nome daquele clínico, cuja ação e dinamismo ela tinha já evocado numa intervenção pública, no seio da Associação Nacional aos Tuberculosos, realizada em 1889.
“Aos dezoito dias do mês de Maio de mil novecentos e sete, num dos edifícios recentemente construídos no reduto da antiga Quinta do Chafariz, situada à beira da estrada número cinquenta e cinco, nos subúrbios da cidade da Guarda, estando presentes Sua Majestade a Rainha Senhora Dona Amélia (...), procedeu-se à solenidade da abertura da primeira parte dos edifícios do Sanatório Sousa Martins e da inauguração deste estabelecimento da Assistência Nacional aos Tuberculosos, fundada e presidida pela mesma Augusta Senhora (...)”. Assim ficou escrito no auto que certificou a cerimónia inaugural da referida estância de saúde.
O jornal A Guarda, num texto intitulado “A inauguração do Sanatório Souza Martins – impressões d’um forasteiro” relatou que D. António de Lencastre começou por ler “o seu relatório. Não se ouve quasi nada. Só se sabe que cita Hipocrates e elogia Souza Martins. O discurso tem todo o ar d’um relatório. Vê-se que está escrito à machina em quatro folhas de papel branco. Ha numeros à mistura (...) Vem depois Lopo de Carvalho, cuja voz também sumida não nos deixa ouvir bem” todo o seu discurso.
Nesse mesmo dia, cerca das 15 horas, o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia foram inaugurar o novo edifício do Hospital da Misericórdia da Guarda, na atual rua Dr. Francisco dos Prazeres. Na capela da nova unidade hospitalar, teve lugar a cerimónia da bênção do edifício, pelo Arcebispo-Bispo da Guarda, “seguindo os monarcas para a enfermaria dos homens onde o sr. Provedor na presença de numerosa assistencia leu um bem elaborado relatório sobre a construcção das obras do novo hospital”.
Hoje, o estado de abandono e degradação dos antigos pavilhões do Sanatório Sousa Martins não dignifica uma cidade que se quer afirmar pela história e anseia ser capital europeia da Cultura. Tal como aconteceu da data festiva atrás referida, é urgente uma união de esforço e a procura dos melhores planos no sentido de serem recuperados, salvaguardados e utilizados esses edifícios seculares.
Anotar a passagem dos 114 anos após a inauguração do Sanatório Sousa Martins não é cair em exercício de memória ritualista, mas apelar – uma vez mais – para a preservação do património físico de uma instituição, indissociável da História da Medicina Portuguesa, da solidariedade social, da cultura (pelos projetos que criou e desenvolveu) e da radiodifusão sonora portuguesa (na Guarda continua a emitir a Rádio Altitude, a mais antiga emissora local no nosso país); serve também para recordar o historial de uma instituição que continua a ter no Hospital Sousa Martins uma sequência assistencial e referência evidente nestes tempos de pandemia
O Parque da Saúde da Guarda não pode continuar a ter no seu seio uma memória agonizante de um Sanatório que constitui um incontornável ex-libris da nossa cidade. (Hélder Sequeira)
In "O Interior", 20/5/2021
Ladislau Patrício, o médico guardense que foi o terceiro diretor do Sanatório Sousa Martins, foi hoje evocado no 36º Congresso da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a decorrer desde quinta-feira em Albufeira.
No painel dedicado ao tema “A Pneumologia ao longo da História”, Hélder Sequeira apresentou uma comunicação subordinada ao tema “Ladislau Patrício: pioneiro da especialidade de pneumotisiologia em Portugal”.
Num contexto particularmente difícil, tal como o que foi registado nas primeiras décadas do século passado, o conferencista sublinhou as palavras do próprio Ladislau Patrício, quando observava que “(…) nenhuma vida se presta talvez como a de médico para revelar o valor moral do homem, porque não há outra de certo em que uma alma bem formada encontre mais ocasiões e pretextos para fazer o bem.”
Depois de aludir à sua biografia e à atividade na Guarda, em particular no Sanatório Sousa Martins – onde foi também um visionário do papel da comunicação em saúde e da importância da radiodifusão sonora, materializada nas emissões da Rádio Altitude – concluiu que Ladislau Patrício “deve ser recordado e estudado, enquanto médico, paladino da luta contra a tuberculose, pioneiro da especialidade de pneumotisiologia, como escritor e como cidadão.”
Ladislau Fernando Patrício nasceu na Guarda, a 7 de dezembro de 1883, e faleceu em Lisboa a 24 de dezembro de 1967. Com a implantação da República, este clínico teve uma fugaz passagem pela vida política; em 1910 aparece como Vice-Presidente da Comissão Executiva do Centro Republicano da Guarda e em 1911 esteve à frente dos destinos do município guardense.
Em 1922, a convite do médico Amândio Paul, passou a trabalhar (como subdiretor) no Sanatório Sousa Martins, dirigido nessa época por aquele clínico, a quem viria a suceder, em 1932; nessas funções permaneceu até 7 de dezembro de 1953.
Na sequência de uma proposta do médico guardense foi criada, no âmbito da Ordem dos Médicos, a especialidade de Tisiologia,
“Ladislau Patrício – como foi referido nessa comunicação - é um dos nomes consagrados na galeria de médicos-escritores, tendo manifestado bem cedo a sua faceta de homem de cultura. No Sanatório Sousa Martins apoiou projetos com indiscutível alcance cultural e social; veja-se o caso do jornal “Bola de Neve” e da Rádio Altitude”. O “Bacilo de Kock e o Homem” é uma das suas obras, de cariz científico mais divulgadas, sendo “Altitude: o espírito na Medicina” outro dos mais significativos trabalhos de Ladislau Patrício.
Hoje, 31 de maio, completam-se 67 anos após a inauguração do denominado Pavilhão Novo do Sanatório que constitui, hoje, o mais antigo bloco do Hospital da Guarda.
Este acto, previsto inicialmente para 28 de maio de 1953, ocorreu três dias depois, com a presença dos Ministros do Interior e das Obras Públicas.
A imprensa da cidade deu especial relevo ao acato, apresentando o novo pavilhão como “um edifício gigantesco com 250 metros de comprido e com 350 leitos destinados exclusivamente a doentes pobres”.
Com a construção deste novo pavilhão, o Sanatório Sousa Martins procurou aumentar a capacidade de resposta às crescentes solicitações das pessoas afetadas pela tuberculose, ampliando assim o seu papel na luta contra essa doença.
É que o elevado número de doentes com fracos recursos há muito fazia sentir a necessidade de dotar esta conhecida estância sanatorial com novas instalações, pretensão que os responsáveis pelo Sanatório Sousa Martins tinham já manifestado ao Ministro das Obras Públicas, aquando da sua visita, à Guarda, em 1947. As obras do novo pavilhão foram iniciadas quatro anos depois.
A entrada em funcionamento deste pavilhão era aguardada com compreensível expectativa, mormente por quem trabalhava no Sanatório Sousa Martins.
O seu diretor, Dr. Ladislau Patrício – que nesse mesmo ano deixaria essas funções, bem como a sua atividade clínica – definiu o edifício como “um novo e valioso instrumento na luta em defesa da saúde pública do país”.
Na Guarda viveu-se mais um dia festivo. “Cerca do meio dia, a estrada que conduz ao Sanatório tornara-se um rio de gente”, noticiou o jornal A Guarda. O Pavilhão Novo constitui, de facto, um marco importante na história do Sanatório Sousa Martins, instituição que não pode, de forma alguma, ser dissociada da Guarda do século XX.
Recordar esta efeméride é anotar, tão somente, quanto é fundamental a salvaguarda desta memória viva onde, no presente, prossegue a atividade hospitalar.
Conciliar os rumos exigidos pelo progresso com a especificidade deste edifício será contribuir para o reencontro com décadas em que a Guarda conquistou, justamente, a designação de cidade da saúde. (Hélder Sequeira).
Na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, Guarda, está patente a partir de hoje, e até 27 de março, a exposição "Ladislau Patrício entre a Saúde e a Escrita".
Esta exposição está integrada no Projeto “A Terra da Escrita”, apresentando a vida e obra de Ladislau Patrício, médico e escritor.
Ladislau Patrício, nascido na Guarda a 7 de dezembro de 1883, foi um médico distinto, apreciado escritor, um acérrimo defensor da sua terra, das qualidades das suas gentes, das riquezas históricas e culturais desta cidade.
Após ter concluído os seus estudos na sua terra natal rumou a Coimbra, onde conviveu “fraternalmente com alunos das diversas Faculdades, alguns dos quais se distinguiram mais tarde, pela vida fora, no campo das ciências, das artes, das letras e da política”, nomeadamente António Sardinha, Alfredo Pimenta, Hipólito Raposo, Alfredo Monsaraz, Cândido Guerreiro, Ramada Curto, João de Barros, entre outros.
Antes de terminar os estudos conducentes à obtenção da licenciatura em Medicina (o que ocorreu em 30 de setembro de 1908) Ladislau Patrício já prestava cuidados médicos, como ele próprio revelou, tendo “praticado no Sanatório” em 1907, aquando da entrada em funcionamento desta conhecida unidade de tratamento da tuberculose.
Em 1909 foi opositor a um concurso para exercer as funções de médico municipal em Loulé, cargo para o qual foi nomeado em 2 de setembro desse ano.
Com a implantação da República, este clínico teve uma fugaz passagem pela vida política; em 1910 aparece como Vice-Presidente da Comissão Executiva do Centro Republicano da Guarda, presidida por seu cunhado, o poeta Augusto Gil. Em 1911 esteve à frente dos destinos do município guardense; foi breve a sua permanência como autarca.
Augusto Gil, juntamente com o matemático Mira Fernandes (também cunhado de Ladislau Patrício), tentou convencer o médico guardense a fixar-se em Lisboa, para aí desenvolver a sua atividade profissional; contudo nunca o conseguiu demover da ideia de permanecer na localidade que o viu nascer. “Eu tenho três terras no meu coração: a Guarda, minha amada terra natal, Coimbra onde me formei e a distante Parada, berço da minha mulher”, escreveu, mais tarde, num dos seus trabalhos.
O registo biográfico de Ladislau Patrício passa ainda pelo Liceu Nacional da Guarda, onde lecionou a partir de 1911, à semelhança de outras destacadas figuras dessa época.
Entre 1917 e 1919 dirigiu o Sanatório Militar de S. Fiel, em Louriçal do Campo (Castelo Branco), atividade da qual deixou interessantes indicações num relatório que publicou, em 1920, sob o título “A Assistência em Portugal aos feridos da guerra por tuberculose”.
Em 1922, a convite do médico Amândio Paul, passou a trabalhar (como subdiretor) no Sanatório Sousa Martins, dirigido nessa época por aquele clínico, a quem viria a suceder, em 1932; nessas funções permaneceu até 7 de Dezembro de 1953; recordemos que os sanatórios constituíram, aliás como aconteceu com os Dispensários, um dos elementos essenciais da luta contra a tuberculose
Na vida de Ladislau Patrício sobressai, de facto, um “autêntico sacerdócio pela Guarda e pelos doentes do Sanatório”, onde, como é sabido, se encontravam doentes de todas as condições sociais e económicas.
O seu labor clínico estendeu-se ao Hospital Francisco dos Prazeres, tendo presidindo à Liga de Amigos daquela unidade de saúde; trabalhou ainda na Delegação de Saúde da Guarda e no Lactário desta cidade, após a morte do Dr. António Proença
No ano de 1939, Ladislau Patrício foi eleito vogal da Ordem dos Médicos, estrutura profissional que teve como primeiro bastonário o Prof. Elísio de Moura, docente na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Na sequência de uma proposta do médico guardense foi criada, no âmbito da Ordem, a especialidade de Tisiologia, “com o acordo unânime dos membros do Conselho Geral”.
No Sanatório Sousa Martins sabemo-lo empenhado em apoiar, em finais da década de quarenta, a radiodifusão sonora no seio daquela unidade de tratamento da tuberculose.
O primeiro regulamento da Rádio Altitude (outubro de 1947) tem a chancela de Ladislau Patrício, que por diversas vezes utilizou os microfones desta rádio para contactar os seus concidadãos; na passagem do 750º aniversário da cidade, assinalou a efeméride naquela emissora, através de uma intervenção onde exaltava a Guarda, como terra da saúde e de progresso…
Um dos sonhos de Ladislau Patrício concretizou-se em 31 de Maio de 1953, através da inauguração do Pavilhão Novo do Sanatório Sousa Martins, um “edifício gigantesco com 250 metros de comprido e com 350 leitos destinados exclusivamente a doentes pobres”; meses depois completou 70 anos, “atingindo assim o limite de idade oficial como delegado de Saúde e diretor do Sanatório, onde prestou serviço durante 31 anos, 12 como médico assistente e 19 como diretor.
Em finais de fevereiro de 1955 Ladislau Patrício foi viver para Lisboa, onde foi escolhido para Presidente do Conselho Regional da Casa das Beiras, função que viria mais tarde abandonar, a seu pedido; faleceu na noite de Natal de 1967.
Ladislau Patrício é um dos nomes consagrados na galeria de médicos-escritores, tendo manifestado bem cedo a sua faceta de homem de cultura. No Sanatório Sousa Martins apoiou projetos com indiscutível alcance cultural e social; veja-se o caso do jornal “Bola de Neve” e da Rádio Altitude, que estiveram dependentes, inicialmente, da Caixa Recreativa daquela unidade hospitalar.
O “Bacilo de Kock e o Homem” é uma das suas obras, de cariz científico mais divulgadas, a qual se integra na Biblioteca Cosmos, dirigida por Bento de Jesus Caraça; não deixa de ser elucidativa a presença de Ladislau Patrício nesta colecção.
“Altitude: o espírito na Medicina” é um dos mais significativos trabalhos de Ladislau Patrício, reunindo impressões, “vivas reacções dum temperamento perante determinada série de factos”, onde o autor deixa vincado que o médico, para além das suas funções técnicas, “tem uma missão espiritual a cumprir. A sua atitude na vida, e sobretudo no tratamento dos doentes, deverá ser a do sábio que procura a verdade e a do artista que cultiva a ilusão”.
“A Doente do Quarto 23” foi outra das obras que alcançou grande notoriedade; esta peça chegou a ser representada em Goa. Ladislau Patrício escreveu ainda “Teatro Sem Actores” “Casa Maldita” e “O Mundo das Pequenas Coisas”.
O médico Ladislau Patrício dá o seu nome, desde 1893, a uma das artérias da zona urbana da Quinta do Pinheiro, na Guarda. A Câmara Municipal da Guarda deliberou a designação de uma das ruas desta zona da cidade em reunião do executivo realizada a 22 de fevereiro de 1983; o ato de atribuição do nome ocorreu a 15 de maio de 1983.
O nome deste clínico guardense está igualmente presente na toponímia lisboeta, atribuição feita em 27 de maio de 1987, por decisão do executivo da Câmara Municipal de Lisboa.
Honrar a memória de Ladislau Patrício é um inquestionável acto de justiça, pelo seu exemplo, pela sua dedicação aos doentes, pela postura intransigente na defesa da Guarda. (Hélder Sequeira)
Hoje ocorre a passagem do 108º aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins, na Guarda, durante décadas conhecida como “Cidade da Saúde”.
Esta designação em muito se ficou a dever ao Sanatório que a marcou, indelevelmente, ao longo de décadas, no século passado.
A Guarda foi uma das cidades mais procuradas de Portugal; a afluência de milhares de pessoas à cidade deixou inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural. A sua apologia como localidade “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras da época, pois era “a montanha mágica” junto à Serra.
Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) subiam à cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do clima de montanha, praticando, assim, uma cura livre, não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos.
As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões, dado não haver, de início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; situação que desencadeou fortes preocupações nas entidades oficiais da época.
Em 1881 a Sociedade de Geografia de Lisboa promoveu uma Expedição Científica à Serra da Estrela, sendo integrada, entre outros, pelo médico Sousa Martins Dessa expedição resultou a elaboração de relatórios das várias secções científicas.
A iniciativa teve, igualmente, o mérito, e através dos esforços de Sousa Martins, de chamar a atenção dos meios científicos e clínicos de então para as condições que esta região oferecia para o tratamento da tuberculose.
Quatro anos depois realizou-se o primeiro Congresso Português sobre Tuberculose onde Lopo de Carvalho (que viria a ser o primeiro Director do Sanatório Sousa Martins, e pai de outro conceituado clínico) discursou sobre os processos profiláticos usados na Guarda.
Este médico foi um dos mais fervorosos defensores da criação do Sanatório que seria inaugurado a 18 de Maio de 1907, com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia. A autoria do projeto dos edifícios pertence a Raul Lino.
O fluxo de tuberculosos superou, largamente, as previsões, fazendo com que os pavilhões do Sanatório Sousa Martins se tornassem insuficientes perante a procura; o Pavilhão 1 (designado também de Lopo de Carvalho, e onde funciona atualmente a sede e administração da ULS da Guarda) teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a sua capacidade.
Um novo pavilhão, que se juntou aos três já existentes, foi inaugurado em 31 de Maio de 1953; com este novo edifício – onde funcionam a Medicina Interna, Obstetrícia, Cardiologia e Pediatria – o Sanatório Sousa Martins ganhou maior dimensão, assumindo-se, ainda mais, como uma “povoação” auto-suficiente, dentro da própria cidade. Este edifício – do qual foram já transferidos a maioria dos serviços, para o novo bloco hospitalar – assinala, no corrente ano, o seu 62º aniversário,
Após o 25 de Abril de 1974, o Sanatório Sousa Martins entrou na fase final da sua existência. Em Novembro do ano seguinte aquele Sanatório foi integrado no Hospital Distrital da Guarda; após 68 anos de existência, esta instituição de saúde conclui a sua eminente função social.
Recorde-se que o antigo Sanatório Sousa Martins, na Guarda, foi classificado como conjunto de interesse público, através de portaria da portaria 39/2014, do Secretário de Estado da Cultura; nela é referido que a classificação do antigo Sanatório reflete os critérios relativos ao “carácter matricial do bem, ao génio do respetivo criador, ao seu interesse como testemunho notável de vivências ou factos históricos, ao seu valor estético, técnico e material intrínseco, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista de memória coletiva, e às circunstâncias suscetíveis de acarretarem diminuição ou perda da perenidade ou da integridade do bem”.
Certo é que os antigos e emblemáticos pavilhões do Sanatório Sousa Martins são hoje elucidativa expressão de abandono e degradação.
Esperemos que estas breves notas suscitem, nos responsáveis e decisores, um atenta reflexão, que reforce a necessária determinação em salvaguardar a memória e um património ímpar da cidade mais alta de Portugal. É lamentável este estado de abandono a que foi votada a estrutura física de uma das mais proeminentes instituições da Guarda do século XX. (Helder Sequeira)
Em anterior post alertámos para o perigo de desaparecimento de peças e material diverso que pertenceu ao antigo Sanatório Sousa Martins. As obras em curso no Parque da Saúde implicam a necessidade de destruir espaços que, até agora, serviam de “arrecadação” de muito desse espólio, onde, naturalmente, haveria algum recheio sem interesse.
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