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O Comando Territorial da Guarda da GNR está a comemorar o seu 13º aniversário, com um programa iniciado na passada segunda-feira.
Nesse dia decorreu no Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda (TMG) a tertúlia "Não sou de ferro", a que se seguiu ontem no TMG um Concerto Nacional pela Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana.
Amanhã, quinta-feira, terá lugar (pelas 15 horas) a Cerimónia Militar Comemorativa do dia da Unidade que será transmitida em direto desde o Quartel do Comando Territorial da Guarda. Mais informação aqui.
Amanhã, dia 2 de Dezembro, assinalam-se 103 anos após a chegada dos primeiros elementos da Guarda Republicana à cidade mais alta de Portugal, ato que foi festivamente assinalada pelas entidades locais e população citadina.
O dia 2 de Dezembro de 1914 “estava de rigoroso inverno, caindo uma chuva impertinente”, como noticiava o jornal “O Combate”, editado na Guarda. Contudo, nem as condições atmosféricas adversas impediram de afluir, à entrada da cidade, “muito povo com a bandeira da Infantaria nº 12, irrompendo em manifestações entusiásticas ao chegar da força”, que era comandada pelo capitão Cesário de Augusto d’Almeida Viana.
Os elementos desta companhia (4ª de Infantaria), e de acordo com o que divulgou a imprensa citadina, foram, depois, distribuídos por Aguiar da Beira, Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Fornos de Algodres, Vila Nova de Foz Coa, Gouveia, Guarda (12 de cavalaria e 22 de Infantaria), Manteigas, Meda, Pinhel (6 de cavalaria e 8 de infantaria), Sabugal, Seia e Trancoso.
Na Guarda parte dos elementos da força ficaram no edifício da Câmara Municipal (onde funciona atualmente a Escola de Santa Clara) e os restantes nas instalações do antigo “colégio jesuítico”, hoje Paço Episcopal, na Rua do Encontro; refira-se que a 31 de Outubro de 1914, e de acordo com a ata da Comissão Executiva da Câmara da Guarda, tinha sido pedida, à “Comissão de Execução da Lei de Separação do Estado das Igrejas, a cedência da casa onde esteve o colégio das Irmãs Doroteias”, na altura desabitada, “para instalar provisoriamente a Guarda Republicana” até que fossem concluídas as obras de adaptação que a autarquia estava a realizar.
Nessa época, a cidade era uma “aldeia grande, com as mil deficiências que caracterizavam os pequenos burgos do interior: seriam pouco mais de seis mil os seus habitantes, acantonados no velho bairro de São Vicente, com a cidade nova a querer romper pelo Campo de S. Francisco, Bonfim e Arrabalde”, como escreveu José Maria de Almeida. Descrevendo, depois, o quadro citadino, o articulista refere-se a uma terra quase parada no tempo. “Sem água canalizada, sem esgotos, com os deficientes hotéis de Abel Ferreira de Abreu (Hotel Central) e de José António dos Santos (Hotel Santos), a luz elétrica de fraca potência, escasso policiamento, sem cafés modernos, apenas com a recriação oferecida pelo Teatro dos Bombeiros, pelo Club Egitaniense, frequentado pela alta burguesia, e o Grémio Sande e Castro pelos caixeiros, pequenos comerciantes e funcionários públicos, a Guarda era, tinha de ser mesmo, uma cidade morta, polvilhada de tuberculosos, espalhados pelas casas de doentes, como a da Tamanqueira, da Etelvina ou da Chica, modestas e deficientes pensões, situadas à ilharga da cidade”.
A esta realidade acresciam o clima político e social subsequente à implantação da República, numa cidade onde se desenrolaram, ao longo dos anos seguintes vários episódios que testemunharam múltiplos antagonismos.
Nos jornais de matriz republicana, publicados antes e depois da data que marcou um novo ciclo na história política portuguesa, encontramos textos de grande lucidez e reflexões apaixonadas, a par de uma preciosa informação sobre o pulsar da vida local, sobre o papel interventivo de muitas personalidades, sobre as estratégias dos grupos que detinham ou pretendiam o poder, sobre as divergências pessoais ou de grupos. Da leitura e do estudo, crítico, destes jornais poderemos evoluir para um conhecimento mais completo de um período em que o mapa político e institucional do distrito da Guarda era palco de grande efervescência e outrossim de mudanças.
Neste contexto, melhor se compreendem o significado e a importância da vinda da Guarda Republicana.
A partir desta histórica data, a Guarda Republicana abriu um novo ciclo no policiamento e segurança do distrito, mais tarde com novos postos e seções. Em 1917 a 4ª Companhia passou a integrar as seções da Guarda, Pinhel e Gouveia; a partir de 1920, e já integrada no Batalhão nº 5, com sede em Coimbra, foram sendo instalados novos postos.
Decorridos estes 103 anos, a GNR continua bem presente na Guarda da região e da sua divisa, alimentando ainda, certamente, o sonho de melhores instalações e condições para quantos integram esta força de segurança. (Helder Sequeira)
Na Guarda foi hoje recriada a chegada dos primeiros elementos da GNR à cidade, ocorrida há cem anos.
O espectáculo, encenado, contou com um pelotão fardado à época que, transportado numa composição ferroviária, deu entrada da estação da CP da Guarda poucos minutos depois das 14 horas.
Nesta evocação histórica, os elementos da GNR foram recebidos pelas entidades oficiais de então (Presidente da Comissão Executiva Municipal, Governador Civil do Distrito); dezenas de figurantes animaram esta recriação do momento festivo que a cidade viveu aquando da chegada da Guarda Republicana, em 2 de Dezembro de 1914.
A personagem do Governador Civil (interpretada por Vasco Queiroz) agradeceu “penhoradamente, ao governo da Nação, este valioso contributo que hoje se concretiza com a presença do garboso corpo da Guarda Republicana que temos na nossa frente”.
No seu texto, baseado em documentação da época, mormente na reportagem feita então pelo jornal “O Combate”, o Governador manifestou a sua convicção “que estes homens vão ser hercúleos pilares da segurança das nossas gentes e bens, imagem real da nova ordem política estabelecida, guardadores dos princípios basilares da República!”
O Presidente da Comissão Executiva Municipal – protagonizado por Daniel Rocha – afirmou que “Republicana, a Guarda fraterna e hospitaleira recebe-vos de braços abertos. A Guarda, a Republicana, terá deste concelho o respeito e a gratidão de quem deseja a tranquilidade, a ordem pública; o apoio de quem abraçou este novo e ansiado regime, batendo-se pela igualdade, pela democracia, pela justiça! Este é um momento de grande significado para a história do nosso concelho.”
A concepção/coordenação do espectáculo (organizado pelo Comando Territorial da Guarda da GNR e com o apoio da Câmara Municipal) e a direcção de actores esteve a cargo de Américo Rodrigues. A ligação das intervenções e a descrição dos momentos desta recriação histórica foi feita pelo personagem que interpretava o papel de um jornalista de “O Combate”, período republicano que foi editado na Guarda, dirigido por José Augusto de Castro.
Na ocasião foi também distribuído “O Paladino”, uma publicação feita para esta iniciativa que, apesar das condições atmosféricas instáveis (tal como há 100 anos atrás…) atraiu um elevado número de pessoas.
Após ser tocado o Hino Nacional, pela Banda da Guarda Nacional Republicana, o pelotão da GNR, entidades oficiais presentes, actores, figurantes e o público que se deslocou à estação da CP rumaram para o Parque Urbano do Rio Diz, onde decorreu a cerimónia oficial comemorativa dos 100 anos da GNR na Guarda.
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