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O Centro de Estudos Ibéricos (CEI) vai promover nos dias 22 e 29 de janeiro, no âmbito das comemorações do seu vigésimo aniversário, o webinar “Geografias & Poéticas da Fronteira”, iniciativa do projeto “Leituras do Território”, coordenado por Cristina Robalo Cordeiro, professora da Universidade de Coimbra (UC) e membro da Comissão Científica do CEI.
Na primeira sessão, que terá lugar no dia 22 de janeiro, pelas 15h00, será apresentado o livro “Geografias & Poéticas da Fronteira. Leituras do Território”, com intervenções de Cristina Robalo Cordeiro, Rui Jacinto, Duarte Belo e Alfredo Cunha. No dia 29 de Janeiro, pelas 14h30, sob o tema geral “Geografias da fronteira: pensar os limites e seus novos contornos”, terão lugar 17 intervenções, divididas em três painéis: 14h30 - Fronteiras d’aquém e além Ibéria: memórias, vivências, imaginários (intervenções de Valentín Cabero; Pedro Salvado; José Maria Semedo; Jadson Luís Rebelo; Dirce Suertegaray; Adriana Dorfman; Regina Coeli Machado e Silva); 16h00 - As fronteiras e o futuro: novos limites, outros contornos do mundo (intervenções de Rui Jacinto; Frédéric Durand; Emilio Jovando Zeca; Danielle Ayres; Fernando Jose Ludwig; Catarina Oliveira; Vanda Dias); 17h30 - Fronteiras e outros limites: o tempo, o espaço o modo (intervenções de Lúcio Cunha; Álvaro Domingues; Valentín Cabero; Rogério Haesbaert).
As inscrições podem ser feitas aqui.
A pintora guardense Gracinda Costa faleceu ontem, 14 de janeiro, com 62 anos de idade.
Funcionária da Câmara Municipal da Guarda, desde 1983, Gracinda Costa era natural de Angola.
Foi a autora da ilustração de vários livros, nomeadamente “Guarda e o seu património” e “Sabugal e o seu Património”, tendo participado em diversas exposições coletivas e algumas individuais.
Destas últimas refira-se a exposição “Biodiversidade da Serra da Estrela que no passado ano foi promovida em Fornos de Algodres, numa iniciativa da autarquia local em colaboração com a Câmara Municipal da Guarda.
Gracinda Costa estava desde 2009 com as funções de Assistente Técnica no Espaço Educativo e Florestal – Quinta da Maúnça onde apoiou as atividades realizadas com a comunidade educativa e outros grupos de visitantes.
Na Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda foram ontem entregues, por funcionários do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) 60 dos 300 sacos angariados com roupa e bens alimentares, no âmbito de uma ação solidária do IPG.
Esta iniciativa teve em vista ajudar os utentes mais desfavorecidos da ULS, na sequência de uma recolha de alimentos, roupas, fraldas e brinquedos angariados pelos não docentes do IPG, durante a quadra natalícia.
Ontem, a receção do referido material foi feita pelo Vogal do Conselho de Administração da ULS da Guarda, António Monteirinho, e pela equipa do Serviço Social daquela unidade hospitalar
A entrega às famílias desfavorecidas, já referenciadas pelas Assistentes Sociais da ULS da Guarda, será feita nos próximos dias.
Fonte no Parque da Saúde. Guarda. (foto: Helder Sequeira)
Guarda. Parque da Saúde.
Guarda. Escola de Santa Clara.
Foto: CMG
Guarda.
A 6 de dezembro de 1185 D. Sancho I subiu ao trono de Portugal, sendo aclamado rei, três dias depois, na cidade de Coimbra. Uma efeméride que, nestas anotações de hoje, pretendemos sublinhar, dada a ligação histórica deste monarca à cidade da Guarda.
Recordamos que em 27 de novembro de 1199 D. Sancho I outorgou à Guarda carta de foral, documento através do qual os seus habitantes recebiam diversos privilégios, sendo igualmente concedidos incentivos ao povoamento desta zona fronteiriça, aliás dentro da estratégia defendida pelo rei português.
O seu nome, como é do domínio público, está consagrado na toponímia guardense, numa artéria que, localizada em pleno centro histórico da cidade, liga a Rua Direita ao Largo do Passo do Biu.
D. Sancho I, segundo rei de Portugal e cognominado como O Povoador, era filho de D. Afonso Henriques e D. Mafalda de Sabóia; nascido em Coimbra, em 11 de novembro de 1154, o herdeiro da coroa ficou bem cedo ligado à vida político-militar do reino português, com uma associação efetiva à governação, a partir de 1172.
Dois anos depois, o futuro rei casou com D. Dulce de Aragão (filha da Rainha de Aragão e do Conde de Barcelona), continuando a assumir responsabilidades decorrentes do seu estatuto real; em 1178 é D. Sancho que comanda uma expedição em território sob domínio muçulmano, incursão que chegou aos arredores de Sevilha.
Após a morte do pai D. Sancho ficou à frente dos destinos do reino português; a reorganização do território português e a defesa das localidades junto às, ainda, indefinidas e instáveis fronteiras com os domínios de Leão e dos muçulmanos (a sul), foram duas das suas primeiras prioridades. Estas articularam-se com a imperiosa necessidade de incrementar o povoamento e defesa das zonas conquistadas.
Assim, promoveu a vinda de colonos estrangeiros, doou terras e fortalezas às ordens militares, criou concelhos e mecanismos de administração pública, fomentou o surto económico e agrícola e concedeu forais a cerca de cinco dezenas de localidades, nomeadamente à Guarda, em 27 de novembro de 1199 (documento que segue o modelo do foral de Salamanca).
Antes desta data (1199), a Guarda confinava-se a uma pequena comunidade “guardada por uma pequena atalaia ou torre – uma guarda – que vigiava a circulação de gentes e bens que percorriam a via colimbriana, o principal eixo de penetração no planalto beirão”, como escreveu Helena da Cruz Coelho.
A Guarda assumiu, deste modo, uma posição estratégica de vital importância na defesa da linha fronteiriça da época, protagonizando a centralidade de toda a vasta região envolvente, sobre a qual afirmava a sua influência direta; a sua notoriedade como centro urbano foi reforçada com transferência (entre 1201 ou 1202) da sede do Bispado da Egitânia, cimentando assim o seu estatuto de cidade.
Esta reorganização da jurisdição religiosa apoiou os propósitos régios ao nível do fortalecimento e valorização da zona fronteiriça.
Com a conquista de Silves (que viria a perder algum tempo depois) em 1196, D. Sancho passou a intitular-se Rei de Portugal e dos Algarves. A sua permanência no trono foi atravessada por diversas contendas militares, fomes e pestes, em especial no período entre 1192 e 1210.
As lutas com o vizinho reino de Leão e sobretudo os constantes prélios com os almóadas (dinastia marroquina que dominava as terras da Península Ibérica sob alçada muçulmana) ocuparam muitos anos do reinado deste monarca português, que teve ainda de se debater com alguns sérios problemas levantados pelo clero (vejam-se os conflitos com D. Martinho Rodrigues, Bispo do Porto, e também com D. Pedro Soares, Bispo de Coimbra, com os quais se reconciliou no último ano do reinado).
A célebre cantiga de amigo “Muito me tarda / o meu amigo na Guarda”, foi durante muito tempo associada a D. Sancho I que a teria, segundo alguns autores, dedicado a D. Maria Pais Ribeiro (a célebre Ribeirinha, de quem teve seis filhos); estudos mais recentes afastaram-no da autoria dessa poesia embora seja verdade que não foi alheio às necessidades de incremento cultural, como o comprova o apoio dado a alguns elementos do clero que estudaram além-fronteiras. D. Sancho I faleceu em Coimbra em 26 de março de 1211, tendo sido sepultado no Mosteiro de Santa Cruz.
A história da Guarda está indissociavelmente ligada ao segundo rei de Portugal; na Praça Luís de Camões (igualmente conhecida por Praça Velha) a sua estátua (cuja deslocalização tem suscitado os mais variados comentários e acesa controvérsia) é um dos símbolos citadinos mais visitados.
Se o local escolhido para “acantonar” a estátua do segundo rei português deve merecer uma análise serena e o confronto entre as soluções deva privilegiar uma inserção e contextualização naquele espaço com a merecida dignidade, por outro lado deveriam ser tomadas as medidas adequadas para o seu devido destaque naquela que é a sala de visitas da cidade.
Começando, desde já e sem demoras, pela iluminação noturna da estátua – que não configura grande dificuldade técnicas ou exige orçamentos significativos – de forma que não seja acentuada a ostracização a que tem sido votada; prosseguindo, sem hesitações, com a resolução definitiva do estacionamento desordenado de veículos, em redor da Catedral.
Se pretendemos uma imagem atrativa da nossa cidade, não se pode continuar a descurar pequenos pormenores que não passam desapercebidos aos visitantes e outrossim aos residentes. Até porque, como referiu Mia Couto, uma cidade “não é apenas um espaço físico” mas assume-se como “o centro de um tempo onde fabricam e refabricam as identidades próprias”.
Não esqueçamos, pois, a nossa identidade.
In O Interior, 17 dezembro 2020
Guarda. Porta da Torre dos Ferreiros.
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