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O Município da Guarda vai estar presente na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) 2025 que decorrerá, entre hoje e 16 de março, no Parque das Nações.
Esta participação, que está integrada no espaço da Comunidade Intermunicipal da Região Beiras e Serra da Estrela, “visa promover a riqueza natural, cultural e gastronómica da nossa região, destacando-se, entre outros, os produtos endógenos como a morcela da Guarda, o bucho raiano, a bola parda e os vinhos da Beira Interior, entre outros, e as ofertas turísticas exclusivas do território da Guarda, com destaque para os Passadiços do Mondego e o património cultural do concelho”. Refere a Câmara Municipal da Guarda numa nota informativa.
No decorrer deste certame, e segundo a autarquia, irá ser apresentada a quarta edição do Guarda WineFest agendada os dias 11,12 e 13 de julho.
Na BTL a edilidade guardense promoverá diversas iniciativas que pretendem divulgar as suas propostas turísticas, destacando o património cultural, as tradições gastronómicas e o turismo de natureza e aventura.
Hoje, 12 de março, será apresentado, pelas 12h, o Projeto 'Morcela da Guarda e Bucho Raiano- Especialidade Tradicional Garantida'
O Município da Guarda, em parceria com o Município do Sabugal, irá realizar uma apresentação no formato Talk Show. Durante a conversa, serão exibidos pequenos filmes promocionais sobre os produtos endógenos 'Morcela da Guarda' e 'Bucho Raiano', que “simbolizam a riqueza cultural e gastronómica da região.”
Amanhã o programa integra, pelas 17h30, uma Degustação Vínica em harmonia com a Bola Parda da Guarda.
Para o dia 15 de março, pelas 17 horas, está programada uma apresentação sobre Turismo de Natureza e Aventura, Passadiços do Mondego, Modalidades Desportivas.
No próximo dia 1 de março vai decorrer, no Sabugal, o XV Capítulo da Confraria do Bucho Raiano.
O programa, para além do tradicional almoço, integra música, performance teatral, animação de rua, desfile de confrarias. A cerimónia capitular terá lugar no Auditório Municipal do Sabugal; a oração de sapiência será proferida pelo juiz conselheiro Cipriano Nabais, natural de Quadrazais.
No jardim fronteiro ao auditório haverá uma degustação de enchidos, queijos e outros sabores da gastronomia raiana. A animação cultural na sessão solene de entronização de novos confrades estará a cargo do músico sabugalense João Nunes e do grupo de animação cultural Badagoneiros.
No final da cerimónia haverá um desfile do Confrarias, animado por um grupo de tocadores de concertina. O almoço de bucho acontecerá no restaurante Casa da Esquila, do chef Rui Cerveira, no Casteleiro.
As inscrições estão já abertas e “a direção da Confraria espera juntar no Sabugal algumas centenas de convivas, entre confrades, familiares e amigos, em boa parte vindos de vários pontos do país”, como é referido em nota informativa enviada ao CG.
O Bucho Raiano é um produto gastronómico de excelência, constituído por várias carnes de porco temperadas numa mistura especial, envolvida num invólucro natural (o bucho) e fumadas ao calor da lareira. As carnes do bucho têm origem nas terras raianas, sendo temperadas com pimentão, que, noutro tempo, era contrabandeado pelos homens que se afoitavam na travessia da fronteira.
Segundo a tradição, o bucho é cozido ao lume em panela de ferro, durante três horas, indo à mesa em travessa de barro, ladeado por grelos de nabo, batata cozida, morcela e farinheira e acompanha com um bom vinho tinto.
O bucho come-se no inverno, mas, segundo a tradição, é obrigatório ir à mesa na época do Entrudo, servido para toda a família reunida.
A Confraria do Bucho Raiano, fundada em 2009, vem promovendo o bucho e outros sabores gastronómicos raianos, contribuindo para a afirmação desse produto como uma das maiores imagens de marca das nossas terras.
A plataforma gastronómica “The Taste Atlas” distinguiu o Queijo Serra da Estrela como um dos melhores queijos do mundo.
O “The Taste Atlas” pretende descobrir as iguarias mais saborosas do mundo, destacano os alimentos tradicionais dos vários países do mundo, reconhecendo os pratos e as receitas mais populares, entre outros aspetos.
Na sua mais recente lista destacou os melhores queijos de leite de ovelha, assinalando distinguiu o Queijo Serra da Estrela como um dos melhores do mundo; este produto serrano é o primeiro a aparecer na lista do top 50, com uma pontuação de 4,6 pontos, numa escala de 0 a 5.
Em Carrapichana. concelho de Celorico da Beira, vai decorrer nos próximos dias 26 e 27 de outubro o Festival de Borrego Serra da Estrela, uma iniciativa do município celoricense e da Estrelacoop.
Segundo a organização, "o certame objetiva promover o Borrego Serra da Estrela DOP, produto endógeno de excelência e um dos mais emblemáticos tesouros do património cultural e gastronómico do município de Celorico da Beira e da região da Serra da Estrela, bem como, exaltar as qualidades ímpares desta carne que o entronizam na cozinha portuguesa e, em especial, na serrana."
Uma nota informativa divulgada pela Câmara Municipal de Celorico da Beira, o festival tem nos seus objetivos "valorizar, afirmar e consolidar a posição cimeira do Borrego Serra da Estrela DOP na fileira do borrego nacional, mormente as suas qualidades singulares, advindas da alimentação à base do leite materno, como a tenrura, a maciez, o sabor, a cor e o cheiro, assim como, as diversas formas de o confecionar, que vão do tradicional assado e guisado ao sofisticado e inovador gourmet"; daí que promova entre de 18 a 27 de outubro a Semana Gastronómica, nos restaurantes aderentes de toda a Região Demarcada de Produção de Queijo e Borrego Serra da Estrela.
Durnangte os dias do fesstival, as pessoas vão ter oportunidade de "degustar e deliciar-se com Borrego Serra da Estrela DOP, confecionado pelas mãos e a arte dos Chef’s Rui Cerveira, Paulo Cardoso e da MasterChef Sandra, no recinto do certame no Espaço Restauração e “Taste on Fire” e na Oficina Gastronómica com o Chef celoricense, António Santos."
Entretanto, decorrem até ao próximo dia 22 de outubro, as inscrições para a Caminhada e BTT “Rota do Borrego”, que terão lugar no dia 27 de outubro, na freguesia da Carrapichana, no âmbito do Festival do Borrego Serra da Estrela DOP 2024. As duas atividades desportivas são consideradas de grau de dificuldade média/baixa. O Passeio BTT desenrolar-se-á ao longo de 25 Km, com reforço alimentar em Vila Boa do Mondego. Os participantes da Caminhada terão de percorrer um trajeto de 8 km, recebendo reforço alimentar na Carrapichana. A credenciação dos participantes terá lugar a partir das 08H30, no Largo da Feira na Carrapichana, estando a partida prevista às 09H30, para as duas atividades.
Os interessados podem fazer a sua inscrição aqui.
A segunda edição do Guarda Wine Fest está a decorrer desde ontem, e até amanhã, nesta cidade.
Este evento de promoção de vinhos e do território, de entrada livre, é organizado pela Câmara Municipal da Guarda e pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), juntando mais de 50 produtores de vinho da Beira Interior, do Douro e do Dão.
O programa inclui 'Conversas sobre Vinho' guiadas por Rodolfo Tristão, Tiago Macena e Tiago Marques. Amanhã, dia 15 serão promovidas duas conversas com Rodolfo Tristão, Sommelier e Crítico de Vinhos, uma às 17h30, focada no 'Dão, o field blend de clássicos e descoberta dos monovarietais', e outra, às 19h30, centrada no tema 'Douro, Brancos de altitude e tintos elegantes para dias quentes'. No terceiro e último dia, 16 de julho será organizada a sessão 'Beira Interior - Diversidade e Terroir', às 17h15, com Tiago Marques, Formador WSET. A finalizar, às 21h00, o público será desafiado a refletir sobre a sustentabilidade na sessão «Wine Lees - a economia circular no setor vitivinícola - reutilização dos subprodutos as 'borras'», guiada por Mariana Saavedra Silva, Carlos Pinto, Marcelo Sequeira, José Lemos e Estevan Carballo.
De referir que a gastronomia está igualmente presente nestes dias. Além de contar com três espaços de restauração em funcionamento durante o evento, com propostas desenvolvidas para apresentar a harmonização da gastronomia com o vinho, o Guarda Wine Fest vai contar com a participação de dois conceituados chefes de cozinha, que irão protagonizar sessões de showcooking. No dia 15 de julho, às 18h30, será organizado um Showcooking com o Chefe Hernâni Ermida, Consultor e presença habitual em programas de televisão, e no dia 16, pelas 19h30, uma sessão com o Chefe Paulo Cardoso, Formador no IGEP.
O programa integra ainda a visita de 12 Sommeliers nacionais ao evento e um tour pela região da Beira Interior, com objetivo de proporcionar negócios e promover os vinhos regionais juntos a este grupo de influenciadores.
O Guarda Wine Fest tem entrada livre, ficando a participação nas atividades do programa sujeita aos lugares disponíveis. As provas de vinho nos diferentes expositores são possíveis com a aquisição do copo oficial de provas.
Fonte: CMG
“A gastronomia da Guarda é diferenciadora das outras regiões” sustenta António Sequeira, conhecedor dos tipos de culinária de vários países e experiência nas diversas tendências.
Natural de Avelãs de Ambom (concelho da Guarda) desde jovem que desenvolveu a sua atividade profissional na área da restauração e cozinha, conquistando, mercê do seu trabalho e empenho, uma merecida notoriedade.
Um dos projetos que está a desenvolver atualmente é o “Quinta à Mesa”, o qual tem por objetivo “aumentar e diversificar a produção” de legumes diferenciados.
Como começou a tua vida profissional e a tua ligação ao mundo da confeção de alimentos/cozinha?
Tudo começou no ano de 1967 ao terminar a escolaridade obrigatória O meu pai deu-me a escolher entre ficar na aldeia ou vir para Lisboa, obviamente vim para a capital.
Comecei a trabalhar num restaurante cujo proprietário era da minha aldeia e tinha emigrado para o Brasil. Estive neste estabelecimento até finais de 1976, tendo como funções desde aprendiz de cozinha, balcão mesas e até papelaria/ tabacaria.
Iniciei estudo noturno numa escola particular, equivalente ao ciclo preparatório. Os passos seguintes foram trabalhar em vários restaurantes como cozinheiro. Destaco entre alguns o “Le jardin”, “O caseiro” e “Adega de Belém”. Entretanto fiz um curso de cozinha na Escola Hoteleira de Lisboa e ingressei no Hotel Altis, pois era sonho de qualquer cozinheiro entrar numa equipe dum hotel; depois seguiu-se o Alfa e o Méridien.
Abriu uma vaga para formador no Centro de Formação Profissional para o Sector Alimentar, na Pontinha (CFPSA) e aí estive quatro anos a dar formação, tendo sido destacado para Bordéus, Macon e Hamburgo para ministrar formação de cozinha e doçaria portuguesa a imigrantes que residiam nestes locais.
A tua formação engloba o conhecimento de vários tipos de culinária de vários países, experiência nas diversas tendências culinárias, tradicional, Nouvelle Cuisine e cozinha de fusão, Cozinha Molecular. Há preferências especiais?
Além da cozinha portuguesa, destaco na cozinha espanhola, a paella à valenciana, zarzuela, soldaditos de Pavia e bacalhau pil-pil embora, injustamente se atribua à cozinha espanhola como sendo uma cozinha apenas de tapas e bocadilhos; claro que o prato mais conhecido é a paella, mas a cozinha espanhola, justiça seja feita, é muito mais rica.
Os supremos de galinha à moda de Kiev (antigamente cozinha russa, hoje ucraniana) não o destaco por razões atuais, mas sempre foi um prato da minha preferência, é um prato de técnicas difíceis.
A cozinha de fusão foi um movimento francês iniciado por chefes com Bocuse, Guerard, Verge, Troigross, entre outros porque a nouvelle cuisine ja tinha como princípio técnicas e ingredientes diferentes do usual.
Ainda não temos um prato que sirva de referência ou que seja um ícone na gastronomia portuguesa, porque são criações de chefes e estes são fruto dos seus restaurantes. Talvez um dia fiquem registadas as suas criações; claro que nesta análise estou a falar de chefes portugueses, se falar de Feran Adria ou Blumenthal e Alex Atala (dando este último destaque aos produtos brasileiros) estou a falar obviamente, também, de cozinha molecular.
Eu não tenho nenhum prato preferido, mas a espetacularidade e as técnicas baseadas na ciência tornam esta cozinha como infindável, pois as reações químicas dos alimentos submetidos às mais variadas técnicas fazem com que não passe de moda tão rapidamente pois ainda há muito a explorar.
O que achas da cozinha tradicional portuguesa?
É uma cozinha riquíssima e, infelizmente, ainda não está muito explorada; isto porque alguns dos pratos mais comuns já foram alvos de recriações, mas se alguns chefes fizessem uma pesquisa mais profunda talvez os aliciasse a recriar novos pratos.
Como exemplo disso recordo aqui alguns pratos dos quais tive conhecimento através de um gastrónomo que tive o privilégio de conhecer e participar com ele como júri num festival de gastronomia dos templários; já o conhecia, pois tinha lido os seus livros de pesquisa da cozinha portuguesa.
Falo de José Quitério. Através dele tomei conhecimento de muitas receitas antigas, tais como caldeirada seca adegas, bacalhau à João do buraco, bacalhau à Zé do gato, lulas com carne de porco, perdiz com ameijoas, etc.
A gastronomia da Guarda, e região circundante, é diferenciadora? És um defensor da nossa gastronomia?
Claro que sou defensor! A gastronomia da Guarda é diferenciadora das outras regiões pelo facto se ser uma zona muito fria, o queijo da serra, as maçãs bravo de Esmolfe, os enchidos, as sopas, os pratos de cabrito e as trutas são alguns exemplos dessa diferença.
Não é uma cozinha muito rica em diversidade, mas é uma cozinha rústica e forte em sabores.
Ainda em termos regionais, Guarda, quais são os pratos da tua preferência?
O cabrito, a morcela, farinheira, o queijo, a sopa de castanhas e as trutas.
O teu percurso profissional passou pela função de Chefe de Cozinha de vários e conhecidos restaurantes, nomeadamente de Lisboa. Quais os que te deixaram mais gratas recordações e que pratos suscitavam a tua preferência?
Entre muitos destaco o “Rancho” do restaurante o Caseiro, do Altis os “patês e as galantines”, do Méridien o “robalo à Paul Bocuse” e “ballotine de linguado e salmão com trio de manteigas montadas” (beurre blanc).
No Méridien foi o início da tão famosa nouvelle cuisine pelo menos em Portugal; foi uma experiência enriquecedora. Este hotel foi uma grande referência para muitos profissionais
Foste o proprietário do restaurante Taverna D ´El Rei. Como e onde surgiu esse projeto e como evoluiu? Era uma proposta diferenciadora de outros restaurantes?
Bom, ter um restaurante meu sempre foi um sonho, claro que é o sonho de muitos profissionais.
Foi por acaso num aniversário de umas pessoas amigas, e um dos presentes tinha um espaço no Montijo e assim surgiu este projeto.
Evoluiu bastante até surgir no espaço de um ano e meio uma crítica gastronómica no jornal Expresso; esta crítica foi excelente e projetou o restaurante a nível nacional.
Mas uma mudança de sentido de trânsito, mudança essa orquestrada pelo vereador da Câmara, levou a uma quebra de mais de 50% das vendas. Esta situação levou-me a trespassar o restaurante, sonho que virou pesadelo.
Ainda hoje recordo com agrado os elogios de muitos clientes, alguns deles figuras públicas. Fiz uma pesquisa da gastronomia do Montijo e arredores e isso foi diferenciador em relação a outros estabelecimentos.
Foram vários os Hotéis onde trabalhaste. Quais os que te deixaram melhores recordações e que responsabilidades tinhas?
O Méridien sem dúvida. Nunca chefiei um hotel, as minhas funções foram como chefe de partida; “partida” é o equivalente a uma secção, como por exemplo secção dos peixes, carnes ou dos frios.
No teu currículo está a passagem, como aluno e como docente, pela Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril. Como professor a quem se dirigiu a formação ministrada e em que consistiu?
As pessoas que queriam tirar uma licenciatura na área alimentar tinham por objetivo serem chefes de cozinha, trabalhar em empresas a desenvolver novos produtos e higiene e segurança alimentar
Esta licenciatura tem disciplinas muito importantes para a área da restauração. É uma licenciatura que confere aos alunos um vasto conhecimento em diferentes áreas, embora três anos não sejam suficientes para chefiar, mas com dois ou três anos de experiência no mercado de trabalho dá-lhes um grande know how para o futuro.
Como aluno, proporcionou-me conhecimento e uma visão completamente diferente da cozinha e restauração em geral, disciplinas como microbiologia, história da alimentação, tecnologia alimentar, química alimentar, enologia, fisiologia, análise financeira, recursos humanos, etc.
Esta diversidade de disciplinas dá ao aluno um conhecimento e performance ficando com bases muito importante para o desempenho da sua atividade profissional, para seu próprio benefício e do consumidor.
António Sequeira (no lado direito da foto) com o chef António Silva
O teu trabalho como formador passou igualmente pela Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal. Que atividades e formações foram desenvolvidas nesse âmbito?
Na ACPP fui formador em cursos de cozinha tanto para jovens como para adultos, e fui responsável pelo núcleo jovem; isto implicava treinar jovens para as olimpíadas de culinária. Pela associação fui também júri de concursos nacionais de culinária “Toque dór Nestlé” e para eleger o Chefe cozinheiro do ano.
Em 1992 e 1996, foste Treinador e Selecionador da Seleção de Juniores da equipa Nacional nas Olimpíadas de Culinária IKA. Fala-nos desta experiência e qual o trabalho desenvolvido.
Foi uma experiência extremamente enriquecedora, porque as olimpíadas são o melhor que se faz em culinária, e observei coisas notáveis e técnicas fantásticas.
O trabalho era treinar os jovens para competirem com outros profissionais de muitos países na área da cozinha e pastelaria, muitas destas seleções eram apoiadas por grandes empresas.
Todas as olimpíadas têm como base um produto, no caso dos juniores, em 92 o produto era salmão e em 96 frango, na sobremesa também escolhem um produto ou uma técnica; sabemos antecipadamente qual o produto e os treinos são nesta base.
E sobre o teu trabalho enquanto Treinador da equipa do concurso Mundial de Culinária em Stavenger 94, Noruega, o que recordas?
Recordo o convívio com outras seleções e colegas, experiências gastronómicas não só no concurso, mas algumas equipes ofereciam refeições a todos os elementos das equipes.
Recordo um fantástico lago perto de uma montanha, onde decorreu um almoço oferecido pela Finlândia. Davam a cada participante uma mochila com talheres, guardanapos de pano copos feitos em madeira e uma tábua em madeira que servia de prato! Comida e técnicas tradicionais! Nunca vou esquecer este convívio.
Estávamos nós, portugueses, junto ao lago falando de tudo, incluindo alguns disparates, quando uma jovem senhora de cabelo louro quase branco se dirigiu a nós em bom português: ficámos boquiabertos! Era uma chefe de cozinha finlandesa que tinha estado no Brasil muitos anos!
O concurso de culinária era fazer um prato de base tradicional, mas contemporâneo e este evento foi também o congresso da Wacs (World Association of Chefs Societies). Nesta cidade reuniram-se cozinheiros de todo o mundo para competir e confraternizar, foi também uma experiência fantástica pois foi-nos dado a conhecer um pouco da cultura deste país, estava muito bem organizado. Desde a visita aos fiordes, passeios em barcos vikings e quintas com grupos de danças típicas.
A tua atividade passou também pelo trabalho no Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar. Como decorreu essa experiência e em que cidades foi desenvolvida?
Fui para França logo assim que entrei como formador para esta instituição; fui colocado em Bordéus para lecionar um curso de cozinha e pastelaria portuguesa a portugueses residentes nesta cidade.
Este curso teve a duração de 4 meses; também estive em Macon e posteriormente em Hamburgo.
Durante os quatro anos que estive no Cfpsa também lecionei em Estremoz e na sede deste centro. Foi uma experiência extraordinária, dado que aprendemos com os alunos alguns conhecimentos sobre a gastronomia local destas comunidades.
Mais recentemente, ocorreu a tua ligação ao Instituto Técnico de Alimentação Humana (ITAU). Que trabalho desenvolveste, nesse contexto?
Como responsável das salas VIP, o meu trabalho consistia em preparar refeições para a presidência da Siemens, sempre que havia reuniões de negócios com altos representantes tanto de câmaras municipais, CEOs da Siemens de outros países assim como membros do governo.
Foi extremamente satisfatório pois exigia muito conhecimento e sensibilidade porque para a Siemens era muito importante que estes serviços corressem bem, uma vez que uma boa refeição pode ter um final favorável em qualquer negócio.
E sobre o teu trabalho nas Edições Impala, em especial quanto à produção e execução de receitas, para as revistas desse grupo, que balanço fazes?
Faço um balanço muito positivo, pois foram 10 anos de alegrias, sucessos e sacrifícios. Éramos líderes de mercado e mudávamos hábitos e tendências, pois quando cheguei a esta editora não era usual a utilização de ervas aromáticas nas receitas tais como manjericão, segurelha, estragão, aneto, funcho, cebolinho etc....
Inicialmente éramos 5 elementos na cozinha e passados dois anos passamos para 10 e trabalhávamos em dois turnos, das 9h às 18h e outro grupo das 18h à meia-noite. O número de receitas por mês também quadruplicou. Tínhamos de ter muita imaginação e conhecimento, pois os temas não podiam ser repetidos nem as receitas, por exemplo.
No tema de Natal não podíamos repetir receitas publicadas no ano anterior, isso obrigava-nos a uma grande pesquisa.
Presentemente estás vocacionado para produção de mini legumes diferenciados. Fala-nos desta nova fase e do Quinta à Mesa.
Bom, como cozinheiro senti sempre que os produtos que nos vinham parar às mãos eram produzidos fora de Portugal e não era fácil a sua aquisição
Isso levou-me a pensar em produzir cá esses mesmos legumes, daí este projeto “Quinta à mesa”. O objetivo é aumentar e diversificar a produção.
Achas que os jovens de hoje se interessam mais pela cozinha?
Claro que sim, essa é uma das razões porque há mais inscrições para frequentar cursos e licenciaturas em cozinha, o nível de qualidade e os prémios dados a chefes de cozinha e a restaurantes serem premiados com estrelas Michelin origina este interesse.
Em dez, quinze anos a gastronomia em Portugal evoluiu muito, somos mais procurados por turistas e mesmo os nacionais procuram novos restaurante para outras experiências.
E na região da Guarda o que poderia ser feito para valorizar ainda mais a gastronomia regional?
Se houver polos de interesse, há mais visitantes, mais visitantes significa consumo. Assim se valoriza tudo o que se produz numa região. Os festivais gastronómicos são os eventos mais procurados do norte a sul de Portugal, se uma determinada região não dá a conhecer a sua gastronomia e os seus produtos não há valorização.
Há algum projeto teu que possa vir a passar pela Guarda?
Não está nos meus horizontes
Vens com frequência à Guarda? O que achas da atual realidade social e económica?
Três a quatro vezes por ano. Não tenho permanecido muito tempo na Guarda, vou lá de quando em vez, às compras, e não estou nesta zona mais do que 4 a 5 dias.
Daí que não tenho uma opinião muito realista da situação social e económica, mas é impossível não observar que esta cidade está muito melhor do que há dez anos; por norma quando as capitais dos países evoluem, por arrasto nas outras cidades também há mudanças.
Houve uma grande melhoria devido a melhoria das vias de acesso, assim como os serviços e o atendimento e quando estes três indicadores se conjugam o resultado é obviamente uma melhoria do nível de vida.
Na Guarda vai decorrer amanhã e depois, 3 e 4 de julho, o primeiro festival de gastronomia de altitude do país, denominado Altitudo.
Este evento com o selo, “Arrebita Portugal” é uma criação da Amuse Bouche que tem como missão estimular a economia e o comércio locais, dinamizar as cidades e as regiões e incentivar o turismo nacional; neste caso a incidência é sobre a valorização da cozinha e dos produtos de montanha.
Entre cozinheiros mais jovens e estrelas Michelin, internacionais e nacionais, são mais de 30 os chefs que vão cozinhar em altitude com os melhores produtos que a Guarda tem para oferecer.
Arcangelo Tinari, do estrelado Villa Maiella, em Abruzzo, vai cozinhar um prato de sabores bem italianos, Pallota, Cacio e Ovo. Está também confirmado o uruguaio Matías Perdomo, um dos mais aclamados chefs da cena gastronómica milanesa (Contraste, Milão, 1* Michelin), que decidiu enveredar pela street food argentina com um projeto de empanadas.
Este evento vai contar com pesos pesados de quatro nomes cimeiros da gastronomia portuguesa, chefs de restaurantes premiados com estrelas Michelin: Tiago Bonito (Largo do Paço, 1* Michelin), Ricardo Costa (The Yeatman, 2* Michelin), Pedro Lemos (Pedro Lemos, 1* Michelin) e António Loureiro (A Cozinha, 1* Michelin).
Braço direito do chef José Avillez no duplamente estrelado Belcanto, também David Jesus estará presente na primeira edição do ALTITUDO. Em parceria com a sua companheira Sandra Freitas, a dupla apresentará na Guarda o seu projeto The Millstone Sourdough, uma padaria artesasal virtual lançada em plena pandemia que em breve terá morada física em Lisboa.
De destacar, ainda, a presença de Francesco Ogliari e Marisa Tiago (do afamado Tua Madre, em Évora), dos jovens Leonor Godinho e Pedro Oliveira, ou de Pedro Abril e Zé Paulo Rocha, membros do coletivo New Kids on the Block.
Tendo como missão a divulgação do melhor que a região da Guarda tem para oferecer do ponto de vista gastronómico, o ALTITUDO é também uma montra dos melhores produtos locais. Entre os pratos criados pelos chefs estão várias propostas com a melhor carne da região, como a Sandes de Vaca Velha e Queijo da Serra, do chef Ricardo Costa, o Hot Dog de Cabrito Assado, proposta de Hugo Brito, ou os Croquetes de Vaca Jarmelista à moda de Lafões com Ketchup de Cereja do Fundão (Napoleão Valente).
No menu não faltam também opções de peixe - como é o caso da Truta, Puré de Cherovia Assada e Molho de Escabeche, um prato criado pelo chef Mateus Freire inspirado nos melhores produtos da sua terra natal, a Covilhã – e vegetarianas.
Para finalizar a refeição, não faltam opções tentadoras como o Brownie, Grand Marnier, crème de mascarpone e cerejas (6€), da chef Natalie Castro, ou a sobremesa luso-brasileira de Angélica Salvador: Queijo da Serra, Goiaba e Mel da Guarda.
Paralelamente ao evento, e com o intuito de dinamizar a restauração local, haverá também uma campanha que envolve alguns dos mais conhecidos restaurantes da cidade. Entre os dias 1 e 4 de julho, os restaurantes irão incluir no seu menu habitual um prato ALTITUDO.
Os restaurantes aderentes à iniciativa serão: O Tacho, Belo Horizonte, Desigual, Aliança, Solar de Beira, Ferrinho, Nobre – Vinhos e Tal, Petiscos e Mordiscos, Marisqueira O Caçador, Sardinha, A Mexicana, Aquarius, Colmeia, O Galego, Bola de Prata, Portas do Sol e O Convívio.
Este festival será ao ar livre e o espaço foi pensado tendo em conta todas as regras de segurança em vigor; o número de visitantes nunca ultrapassará os 400 em permanência (capacidade máxima), para que todos possam desfrutar do evento em segurança.
O ALTITUDO decorre entre as 13h e as 21h30 no dia 3 de julho, e no período das 13h às 21h no dia 4 de julho. A entrada no recinto é gratuita, de forma a garantir que todos possam provar os pratos confecionados pelos chefs, à venda entre os 6€ e os 8€.
Especificando as alternativas que serão apresentados, no dia 3 de julho podem apreciar os pratos confecionados por Gustavo Delgado + Manuel Paiva (Sangue na Guelra) - Spring Roll de Couve-Coração com Escabeche de Tomate e Molho de Requeijão (6€); Stéphanie Audet (Senhor Uva) -Tomate, Zimbro, Feijoca, Queijo Curado, Pólen de Abelha (7€); Leonor Godinho + Pedro Oliveira - Cabra no Pão (8€); Nuno Noronha + Vania Galindo (Alzur) - Tamal de Focinho de Porco e Couve com Creme de Ajíres Serranos (6€); Hugo Brito (Boi Cavalo) - Hot Dog de Cabrito Assado (7€); Vítor Adão (Plano) - Mão de Vaca com Grão, Pickle de Cebola Roxa e vazia de Vaca Jarmelista (6€); Francesco + Marisa (Tua Madre) - Espetada de Borrego, Tatzkiki e Pão de Fermentação Lenta (7€); Napoleão Valente (Pabe) - Croquetes de Vaca Jarmelista à moda de Lafões com Ketchup de Cereja do Fundão (6€); Cristiano Barata + Miguel Diniz (Projecto Vifanas) - Milho Grelhado, Especiarias, Flakes de Peixe Seco (6€); Arcangelo Tinari (Villa Maiella, 1* Michelin) - Pallota, Cacio e Ovo (7€); João Costa (Dsigual Wine House) - Taco de Atum com Crumble de Farinheira da Guarda e Geleia de Malaguetas (7€); Mateus Freire (Osso Bento) - Truta, Puré de Cherovia Assada e Molho de Escabeche (7€); Ricardo Nogueira (Mugasa) - Sandes de Leitão com pão da Guarda (6€); Matias Perdomo (Contraste) - Empanadas de Frango / Prosciutto e queijo (7€); Pedro Abril + José Paulo (NKOTB) - Sandes de Croquete de Borrego da Beira (7€).
Já para o dia 4 de julho ficam as propostas de Cristiano Barata + Miguel Diniz (Projecto Vifanas) - Vifana (6€); Tiago Bonito (Largo do Paço, 1* Michelin) - Rosbife de Borrego em Bolo do Caco, Pepino, Iogurte de Ovelha e Hortelã (7€); António Nobre (Degust'AR) - Gaspacho Alentejano com Enchidos da Beira (Opção vegetariana disponível) (7€); João Cura (Almeja) - Grão de Bico, Carqueja e Vegetais (7€); Maurício Vale (SOI) - Bao de Frango Grelhado com Ervas Tailandesas, Molho Satay e Pickles (7€); Ricardo Carola (Aliança) - Costela Mendinha de Vaca Jarmelista (7€); David Jesus + Sandra Freitas (The Millstone Sourdough) - Bordaleira de Leite, Brasas de Rosmaninho, Brioche de Cepas, Queijo da Serra e Pêssego Avinagrado (7€); Diogo Noronha (Food Riders) - Creme de Cherovia e Carqueja, Alho Fresco e Tostada de Milho Bio (6€); António Loureiro (A Cozinha, 1* Michelin) - Feijoada de Cogumelos, Cachaço de Cabrito, Morcela da Guarda e Arroz de Carqueja (8€); Pedro Lemos (Pedro Lemos, 1* Michelin) - Milhos com Costelas em vinha de alho (8€); Natalie Castro (Isco) - Brownie, Grand Marnier, Crème de Mascarpone e Cerejas (6€); Angélica Salvador (In Diferente) - Queijo da Serra, Goiaba e Mel da Guarda (6€); Ricardo Costa (The Yeatman, 2* Michelin) - Sandes de Vaca Velha e Queijo da Serra (6€); Matias Perdomo (Contraste) - Empanadas de Frango / Prosciutto e Queijo (7€) e Arcangelo Tinari (Villa Maiella, 1* Michelin) - Pallota, Cacio e Ovo (6€).
Mais informação aqui.
Fonte: CMG
A Câmara Municipal de Manteigas vai promover, entre 9 e 18 de julho, o Festival da Truta de Manteigas 2021 / Roteiro Gastronómico, em onze restaurantes sedeados naquele concelho
"A presença da truticultura e a prática da pesca, neste troço do alto Zêzere, enriquece a gastronomia local, com diversos restaurantes a incorporar este prato típico na sua ementa", como é sublinhado numa nota informativa daquele município.
O Festival da Truta de Manteigas pretende promover este recurso endógeno e dinamizar a economia local, enquanto que, simultaneamente, potencia a exploração do Viveiro das Trutas e a sua visita enquanto espaço interpretativo, relacionado com a biologia da espécie, desde o seu habitat às técnicas de produção em contexto de viveiro, reafirmando, assim, a importância que esta unidade tem para a região.
A instalação de um viveiro de produção de trutas em Manteigas, então designado por Posto Aquícola da Fonte Santa, ocorreu em 1952. As águas abundantes, frias e límpidas contribuíram para a escolha do local. O objetivo para a instalação do viveiro mantém-se nos dias de hoje: repovoamento das massas de água da região, para garantir a sustentabilidade da população de salmonídeos, e venda para consumo alimentar.
Este Festival da Truta de Manteigas conta com a colaboração do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).
A Câmara Municipal de Manteigas vai promover, de 8 a 10 de novembro, o Festival de Outono.
Esta iniciativa tem por objetivo a promoção e divulgação da gastronomia local e de todas as potencialidades naturais, “numa estação do ano onde as cores douradas dão outro colorido às encostas e vales”, como foi referido pela autarquia.
O desfile de moda «Manteigas Dourada», centrado nas cores do Outono, promete ser arrojado e inovador, logo na primeira noite do certame, dia 8 de novembro. Nessa mesma noite, o espetáculo do Rouxinol Faduncho garante animação e muita gargalhada.
O dia 9 de novembro será marcado pela realização do Trail «Trilhos do Burel», que irá percorrer veredas e caminhos do Concelho em três diferentes distâncias (36km, 25km e 13km), bem como uma caminha de 13km, cujo evento conta com a parceria da Associação Desportiva de Manteigas e do Grupo BTT de Manteigas.
A Prova das Sopas de Outono encerra a tarde do dia 09 de novembro, um concurso que irá levar à mesa os melhores sabores locais da época, numa iniciativa conjunta com o Agrupamento 232 São Pedro - Manteigas - Corpo Nacional de Escutas.
O dia 10 de novembro inicia-se com a saída de campo «Conhecer e Reconhecer Cogumelos Silvestres e Plantas Aromáticas e Medicinais», com recolha e exposição posterior dos exemplares no recinto do Festival. Para o início da tarde está agendado um showcooking promovido pela Escola Profissional de Hotelaria de Manteigas.
No final da tarde do último dia do evento, o público será convidado a participar no Concurso «Doce e Salgado de Outono» e no «Magusto e Prova de Jeropiga Caseira».
Uma das novidades da edição do Festival de Outono deste ano é a implementação do Cantinho do Chefe, onde os mais novos vão ter oportunidade de assistir a um espetáculo de magia temática de comida, ateliers de showcooking, experiências na cozinha e caça ao tesouro.
Fonte: Câmara Municipal de Manteigas
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