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Com a devida vénia, transcrevemos um trabalho do popular “Jornal do Galo”, relativo ao evento agendado para o dia 11 de Fevereiro.
“Guarda. 9 de Fevereiro de 2013.
Do nosso enviado especial-
À cidade da Guarda começaram a chegar muitos visitantes que pretendem assistir ao aguardado Julgamento e Morte do Galo do Entrudo, cujo início está marcado para as 21h30 da próxima segunda-feira.
Os protagonistas e a assistência vão em cortejo (muito animado, diga-se de passagem) desde o Jardim José de Lemos até à Praça Velha, onde terá lugar o julgamento.
As expectativas, relativamente ao desenlace do julgamento são muitas e as opiniões sobre o culpado da crise são diversas; muitas pessoas têm mesmo adquirido o “pin” identificativo das suas opções.
Pela cidade temos visto muitas pessoas com máquinas fotográficas e câmaras de vídeo, preparadas para registarem o máximo de imagens sobre este acontecimento que tem suscitado o interesse de todo o país.
Os forasteiros procuram, entretanto, degustar as iguarias regionais e conhecer todos os recantos e encantos da cidade mais alta de Portugal.
A nossa reportagem ouviu um desses visitantes.
Jornal do Galo (JG) – Qual foi o motivo que o trouxe à Guarda?
Visitante (V) – O julgamento do Galo, desse bandido, claro! Só espero que se faça justiça, e da boa!!
JG – E veio de onde?
V – Vim de Loulé! Eu prefiro o Carnaval daqui, é mais tradicional e gosto muito deste ar da Guarda. Até trouxe uns boiões para levar daqui algum, para ter lá em casa, e inalar sempre que estiver deprimido. Olhe que faz mesmo muito bem, Amigo! Faz mesmo muito bem. As pessoas daqui nem lhe dão o devido valor…
JG – E veio tão cedo?
V – Claro, vir no próprio dia era um “esticão”; assim vim mais a minha Carolina e os catraios para eles conhecerem a cidade e comermos um bom caldo do grão, um bem temperado bucho, bom queijo e umas morcelinhas. E depois gosto muito de ver a Sé Catedral, é muito bonita, não acha? Ainda pensei que podia ver o iglô que fizeram na praça mas já me disseram que derreteu…foi pena, foi pena…Olhe, amigo, vai um copinho?
JG – Muito obrigado, temos de continuar a nossa reportagem
V – E quando publica isto no seu jornal? É para mostrar lá minha terra, ahhahh!…vão ficar invejosos…
JG – É já hoje. O nosso jornal é muito evoluído.
Houve quem, atempadamente, se informasse relativamente às condições meteorológicas, de forma a estar prevenido. Foi o caso de uma outra pessoa entrevistada pela nossa reportagem.
JG – O senhor veio também para o julgamento?
Entrevistado (E) – Sim senhor, já vim no passado ano e olhe que fui daqui encantado. Gosto desta gente da Beira, da Guarda e desta animação.
JG – E veio de onde?
E – Do Porto.
JG – E acha que o tempo está bom para este julgamento?
E –Oh Amigo, eu vi as previsões antes de vir, e são boas para este tipo de iniciativas! Nem que chovessem picaretas eu vinha na mesma! Isto é imperdível e é uma vez por ano!
JG – E não acha que está frio?
E – Qual frio? Isto dá saúde e faz bem ao esqueleto. Vocês jornalistas preocupam-se com cada coisa. Esta temperatura é normal aqui na região e isso é que lhe dá mais interesse. Não queria que nesta altura do ano estivesse tempo de praia?!... Mas não, acho que está bom tempo. Quem tiver frio que vista mais roupa! E a folia faz aquecer a gente. Olhe, desculpe lá mas tenho ali o meu pessoal à espera para irmos comer uma chouriçada à moda da Guarda. Bom trabalho.
É esta a predisposição, e alegria, das pessoas contactadas pela nossa reportagem.
Muito entusiasmo e muitas expectativas em relação ao julgamento do Galo do Entrudo; também muita satisfação pelos produtos locais e pela boa gastronomia. E como nos dizia um habitante da Guarda, “há espaço para todos. Isto é porreiro, pá”!
Mais do que um excelente espectáculo, o “Julgamento e Morte do Galo do Entrudo” é um distinto e conseguido cartaz de promoção da Guarda.
É um resultado de um projecto consistente que definiu, desde o início, objectivos claros e soube galvanizar a adesão das associações, colectividades, da população guardense; um projecto que tem tido a preocupação de se renovar, enriquecer, aperfeiçoar, criar novas facetas, motivar participações, gerar expectativas junto dos residentes ou dos visitantes.
Aliás, é justo sublinhar que, de ano, para ano, o interesse de pessoas oriundas de outras regiões do país tem aumentado; a prová-lo a sua presença e os comentários elogiosos que fazem a este respeito; opiniões de pessoas insuspeitas, logo registos a ter em boa conta.
O elevado número de pessoas que, mais uma vez, assistiram ao cortejo e ao julgamento traduz o entusiamos por um espectáculo com este perfil, constituindo igualmente um importante indicador para futuras edições, na linha de um ciclo e calendário bem aceite pelos guardenses. É com propostas desta natureza, diferenciadoras, que a Guarda tem de ser afirmar na estratégia de atracção de novos visitantes e turistas.
A adesão das pessoas representa, sem dúvida, a melhor recompensa para quantos estiveram directamente ligados à produção deste espectáculo colectivo, do qual a Guarda se pode e dever orgulhar.
Este ano se o julgamento inovou ao nível dos textos – com uma maior abrangência satírica – denotou também inquestionáveis melhorias técnicas e sinais de uma reflexão profunda sobre as anteriores edições, o que conduziu a um patamar qualitativo muito mais elevado.
Entretanto, talvez não seja descabido começar a pensar numa futura produção de escultura/figura do “Galo da Guarda”, materializando o símbolo principal do espectáculo, perpetuando – através da sua comercialização – este cartaz turístico da mais alta cidade portuguesa (esta distinção não pode, felizmente, ser retirada por decisão governamental).
Concluindo, a Guarda assistiu a um excelente espectáculo, cuja continuidade se deseja.
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