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Notícias da Guarda e região | Reportagem | Crónicas | Entrevistas | Apontamentos | Registos
Na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), Guarda, está patente até ao próximo dia 16 de maio uma exposição intitulada "Voz do Silêncio - Prisões políticas portuguesas".
Trata-se de um projeto de reconstituição de Prisões Políticas do Estado Novo através de uma missão fotográfica levada a cabo entre 1999 e 2005 no Tarrafal, “Colónia Penal do Tarrafal”, na Prisão Forte de Peniche, na Cadeia do Aljube, na Prisão Forte de Caxias, na Sede da PVDE-PIDE/DGS de Lisboa (António Maria Cardoso), na Sede da PIDE-DGS de Coimbra e na Sede PIDE-DGS do Porto.
Na sexta, 15 de dezembro, vai ser inaugurada na Galeria do Teatro Municipal da Guarda a edição de 2023 da exposição “Transversalidades – Fotografia sem fronteiras”, promovida pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI).
Esta exposição é o resultado do concurso de fotografia com o mesmo nome, promovido todos os anos pelo CEI. Nesta edição contou com mais de 600 concorrentes de 70 países.
Recorde-se que o grande vencedor da edição 2023 foi o fotógrafo alemão Arez Ghaderi, com o portfolio intitulado “On the way to Italy”, um conjunto de imagens que ilustram a saga da travessia marítima de imigrantes africanos rumo à Europa.
Durante a sessão inaugural será também apresentado o catálogo da exposição.
Guarda. Torre de Menagem.
O Dia Mundial da Fotografia é hoje assinalado.
Esta evocação assenta na invenção do daguerreótipo, um processo fotográfico que foi desenvolvido, em 1837, por Louis Daguerre.
Em Janeiro de 1839 a Academia Francesa de Ciências anunciou a invenção do daguerreótipo e a 19 de Agosto, desse mesmo ano, o Governo francês considerou a invenção de Loius Daguerre como um presente "grátis para o mundo".
Recorde-se que outro processo fotográfico - o calótipo, inventado também em 1839 por William Fox Talbot - contribuiu para que o ano de 1839 fosse considerado o ano da invenção da fotografia.
Uma simples nota para assinalar 13 anos de edição deste blogue. Continuam presentes os objetivos iniciais e são desenhadas, agora, novas ideias. Bem hajam pela vossa leitura...
O Centro de Estudos Ibéricos vai levar a efeito, a partir de amanhã, 29 de abril, e até 1 de maio a quarta edição dos Encontros “Imagem e Território: Fotografia sem Fronteiras”, em formato online e semi-presencial.
Integrados no projeto “Transversalidades” estes encontros resultam do envolvimento ativo do CEI na cooperação territorial e no seu comprometimento com os territórios de baixa densidade, visando, através da Imagem, dinamizar a cooperação e a inclusão dos territórios, rompendo com a exclusão e invisibilidade a que estão votadas vastas regiões do país e do mundo.
Os Encontros conjugam diversas atividades em torno da temática da Fotografia e do Território, nomeadamente Exposições, Debates, Mostras e Publicações, estruturadas de acordo com os temas: Território, Arte e Fotografia, Sociedade, Tempos de pandemia, Transversalidades (Mostra de Autores Premiados), Viagem e Cidade.
O programa completo pode ser consultado aqui.
João Pena é um exemplo de determinação e empenho profissional, abraçando a vida com uma dedicação plena à fotografia, sobretudo à arte da recuperação de antigas imagens, o que faz com inquestionável mestria.
“Nos últimos tempos, além de restaurar gosto de colorir as fotografias que valem essa atenção, mas nenhuma fotografia colorida pode substituir a imagem original a preto e branco. A cor oferece uma nova perspetiva de como pode ser apreciada, ajudando as pessoas de hoje a aproximarem-se da realidade do passado.” Afirmou ao Correio da Guarda.
Nesta cidade gostaria de ver criada uma Fototeca, que lhe permitisse “revisitar” a cidade no passado. “Uma fototeca seria um trabalho de sonho pois sei que existe muita coisa ‘’em gaveta’’ e merecia ser trabalhada e colocada aos olhos de todos.” E a Guarda tem de contar com gente válida como o nosso entrevistado de hoje.
João Pena Fonseca, nasceu na Covilhã a 2 de junho de 1971. Reside na Guarda desde os 6 anos de idade, possuindo formação em design de moda, área em que nunca chegou a trabalhar.
Trabalhou na Rádio F como comercial, foi sócio proprietário do Escocês Bar, gerente do Bar Aqui Jazz, técnico de farmácia na Farmácia Rêgo.
A sua vida fica marcada por um acidente de mota em que ficou tetraplégico, mas nunca deixou de ter vida social e profissional pela sua condição de mobilidade reduzida.
Iniciou em 2002, o trabalho em edição de fotografia como empresário em nome individual, atividade que desenvolve “com muito gosto” procurando servir da melhor forma “a quem lhe confia as suas imagens para guardar com a qualidade que merecem ter”.
Quando surgiu o interesse pela fotografia?
O gosto pela fotografia surgiu na adolescência, sempre que surgia oportunidade lá estava eu a pegar na máquina lá de casa para registar qualquer coisa, sempre que me deixavam, pois as máquinas na época eram com rolo e tinha que se ter cuidado para não perder o momento certo para ‘gastar’ uma fotografia.
Aos 16 anos com o dinheiro de um trabalho temporário de férias de verão, foi para a primeira máquina fotográfica e a partir daí foi sempre minha companheira para qualquer coisa que valesse ficar registado.
Em 1999 depois de um acidente de mota, no qual fiquei tetraplégico, e após muitos tratamentos e estabilizar, tinha que arranjar maneira de ter uma vida profissional útil, então foi aí que vi como meio a informática aliada á fotografia, a solução era uma coisa que gostava e podia fazer sem limitações.
O facto de o seu irmão Jorge se dedicar à fotografia teve alguma influência ou acentuou o seu interesse?
O meu irmão Jorge também tinha já o gosto pela fotografia e na altura era o designer gráfico da Optimus, aí sim foi muito útil pois foi quem me deu as primeiras dicas de como usar o Photoshop que me acompanha até hoje em dia como ferramenta de trabalho.
Quando começou a dedicar-se à recuperação de fotografias antigas?
Desde que iniciei como profissional em 2002, foi a editar e restaurar fotografias que arranjei os primeiros trabalhos.
O restauro de fotografias antigas surgiu por acaso e foi muito rápido que ganhei o gosto em especial nessa área, pois cada fotografia era um desafio que ainda hoje se mantém em deixar nos meus trabalhos a melhor perfeição possível.
Qual o tipo de fotos que mais tem recuperado? Retratos, fotos de monumentos?
Aparece um pouco de tudo, mas as fotografias de família para clientes particulares é o mais comum, para empresas e instituições mais fotografias das cidades e sua gente. Também faço trabalhos para revistas jornais, etc., a retocar fotografias de todos os géneros.
Quais são as mais difíceis de “trabalhar”?
As que apresentam maior desafio logicamente que são as mais estragadas, rasgadas, com manchas, riscos, tudo o que não devia ali estar pois está a perturbar o quereremos ver.
Nos últimos tempos, além de restaurar gosto de colorir as fotografias que valem essa atenção, mas nenhuma fotografia colorida pode substituir a imagem original a preto e branco. A cor oferece uma nova perspetiva de como pode ser apreciada, ajudando as pessoas de hoje a aproximarem-se da realidade do passado.
Acha que recuperar uma foto é um trabalho de grande responsabilidade?
Sim, sempre, pois cada cliente quer e merece o melhor resultado.
Em cada trabalho que entrego tento sempre ficar à frente das expectativas das pessoas, pois muitas vezes não sabem o que hoje em dia é possível fazer e por vezes é possível fazer nas fotografias; coisas que as pessoas nem imaginam.
Quando encontra trabalhos mais difíceis, face ao elevado estado de degradação das fotos, quais os procedimentos que implementa face à preocupação de salvaguardar a “verdade” da fotografia?
A verdade da fotografia é o que procuro deixar no final de cada trabalho, o meu objetivo é deixar o que está na fotografia e tirar tudo o que não interessa e considerar que valoriza a fotografia.
Para tal, o cliente tem de aceitar melhorar o registo original.
Considera que o seu trabalho é um contributo – face ao acervo documental que facilita – para um melhor conhecimento e estudo da Guarda e da região?
É o que mais gosto de fazer são as fotografias da Guarda, recuperá-las e saber a sua história pois cada fotografia regista um momento do passado e deixar perfeitas as imagens para serem vistas e apreciadas como merecem é o que mais gosto.
Considera que a Guarda devia ter uma Fototeca, com toda a necessária estrutura humana e técnica?
Era o meu maior gosto poder ter em mãos e tratar da melhor maneira o espólio que o Museu da Guarda e outras instituições locais devem ter, que precisa ser tratado e catalogado como deve e merece ser.
Uma fototeca seria um trabalho de sonho pois sei que existe muita coisa ‘’em gaveta’’ e merecia ser trabalhada e colocada aos olhos de todos.
Os seus clientes são maioritariamente originários da Guarda ou de vários pontos do país?
A maior parte da Guarda sem dúvida, mas já fiz trabalhos para todos os cantos do país e do mundo.
Por vezes é lá fora que somos mais bem reconhecidos pela qualidade do trabalho; não procuro isso mas sabe sempre bem ser reconhecido pelo que fazemos.
Em média quanto tempo demora a recuperar uma foto?
Depende sempre do mau estado em que está e o objetivo a que se destina, mas o estado da fotografia é o fator principal para o tempo que leva a recuperar, alguns trabalhos que parecem difíceis resolvem-se num par de horas; outras sim demoram muito, tenho fotografias com mais de uma semana para ficar como merecem.
Quais os comentários que tem recebido após a entrega dos seus trabalhos?
Felizmente bons, alguns já se sabe o que vai dali sair, mas muitos por vezes torna-se até engraçado ver a reação das pessoas ao ver o trabalho terminado, pois há coisas que a tecnologia e a técnica permitem fazer que surpreende as pessoas.
Há algum que o tenha sensibilizado mais?
Talvez o restauro do portfólio de António Correia, da Foto Hermínios, pois deixou em quantidade e qualidade um enorme número de fotografias que guardam o testemunho durante muito tempo, dos costumes, das pessoas e dos eventos da cidade em meados do século passado; como nenhum outro fotografo que eu conheça fez.
Ficou o meu trabalho em livro ‘’Manifesto de Uma Paixão’’ em edição do Museu da Guarda.
Tem sido convidado a colaborar, ao nível do tratamento de fotos, na edição de publicações?
Sim tenho alguns trabalhos a esse nível mais para fora da Guarda e através de agências que depois sai em livros, revistas etc.
Pensou já numa exposição sobre os trabalhos que já fez e que possam ser mais elucidativos sobre o seu labor?
Não é fácil pois o sigilo profissional que faço questão de preservar não me permite mostrar ao público muita coisa do melhor que sei fazer com as fotografias.
Talvez um dia reúna alguns trabalhos e mostre mais em pormenor o que se pode fazer com as fotografias.
Como pode ser contactado pelas pessoas interessadas na recuperação ou tratamento de fotos?
Atualmente as pessoas preferem as redes sociais onde tenho partilhado algum do meu trabalho e onde podem ver o meu contacto no Facebook e Instagram e numa página web nova que estou a terminar para promover o meu trabalho.
+info aqui.
Guarda. Vista parcial em dia de neve. (foto de arquivo).
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