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Natural da Guarda, Eduardo Flor é Técnico de Prótese Dentária há 43 anos. Contudo, desde sempre que procurou atividades para os seus tempos de lazer de forma a tornar a sua vida “menos monótona”, como disse ao CORREIO DA GUARDA.
“Pratiquei caça, pesca, tiro de competição, danças de Salão e neste momento a fotografia ocupa-me todo o tempo disponível”. Para onde quer que vá, Eduardo Flor vai sempre acompanhado de máquina fotográfica. “E na ausência dela, uso o telemóvel”, acrescenta no seu peculiar tom jovial.
Dos seus projetos não exclui fazer um catálogo com as espécies de aves existentes no distrito da Guarda.
Quando surgiu o interesse pela fotografia?
Digamos que o interesse pela fotografia surgiu logo a seguir a ter deixado a caça, sentia falta de andar pelo monte à procura de algo.
Depressa me apercebi que o podia fazer com uma máquina fotográfica. Passei então, a ter muito mais prazer em andar pela natureza a “caçar” fotograficamente sem interferir com os animais e seu ecossistema.
A emoção é a mesma, rastejo, escondo-me e espero muitas vezes horas para conseguir o meu objetivo, trazer as melhores imagens que posso ou por vezes nada...
Que géneros de fotos prefere? Fotografia de rua, paisagem, retrato…?
Durante muitos anos pratiquei apenas fotografia de natureza, porém, comecei a reparar que, por vezes, observava paisagens espetaculares e únicas, monumentos, pessoas dignas de um registo fotográfico.
A atividade em ambiente agrícola entre outras, que poderiam enriquecer o meu portfólio. Neste momento, se bem que o foco principal é a natureza, não deixo de aproveitar uma boa fotografia, quer seja paisagem ou retrato, não esquecendo a fotografia urbana que gosto de fazer nas grandes cidades.
Fotografia a cores ou a preto e branco?
Como o meu foco principal é a fotografia da Natureza, as minhas fotos são na maioria a cores, pois as aves têm cores lindíssimas que se perderiam se fosse a preto e branco; pessoas, aldeias ambiente rural e urbano prefiro o registo a preto e branco.
Preocupa-se com o trabalho de edição das fotografias? É um trabalho moroso?
Como faço fotos em ficheiros Raw, todas elas passam por programas de edição, primeiro, porque tenho que as passar para jpeg, que é um ficheiro em que a foto fica com menos resolução, ficando assim preparada para ser postada numa qualquer rede social ou outro, e também para dar um toque nas sombras, quando é preciso, ou para dar um jeito nos enquadramentos.
Como tenho o cuidado de ajustar as funções da câmara às condições do local onde vou permanecer para fotografar, permite-me perder pouco tempo depois na edição.
A zona da Guarda é a preferida para os seus trabalhos? Que outras zonas em especial?
A zona da Guarda é a zona onde fotografo mais frequentemente, não por ser a preferida, mas por ser a zona onde habito; para o tipo de fotografia que mais faço (aves) a minha zona preferida é Aveiro, onde a biodiversidade é muito rica, a espécies de aves é muito superior devido à morfologia dos terrenos e zonas marítimas.
Também gosto de ir até Espanha para fotografar Aves Rapinas e algumas vezes vou para as Lagoas de Sesimbra, aquando das migrações das aves para essa zona.
O que gosta mais de fotografar na Guarda?
A riqueza dos nossos monumentos, que fazem já parte do meu portfólio, mas que não me canso de procurar outras perspetivas, a realização de eventos que tragam muita gente à rua, para aí sim me deliciar a fotografar expressões.
No Inverno, quando as neblinas estão localizadas na parte mais alta da cidade, também é um prazer fotografar e quando neva na mais alta.
Como têm reagido as pessoas à suas fotos?
A reação no geral é muito positiva; em primeiro lugar porque muitas das aves que publico nas redes sociais não são fáceis de registar e não são vulgares, de cores lindíssimas, de uma beleza invulgar.
Sendo habitual deslocar-me a muitos locais, fora do nosso distrito, tenho uma variedade enorme de espécies. Como publico fotos em várias páginas do facebook é frequente ter fotos reconhecidas e em destaque por esses grupos, daí que o feedback me parece positivo.
O digital incrementou, junto das pessoas em geral, o gosto pela fotografia?
A facilidade com que agora se pode ter a experiência de fotografar, não é a mesma de há vinte anos atrás; neste momento com um simples telemóvel se pode tirar uma fotografia e publicar nas redes sociais sem nenhum custo, tornando assim mais fácil a experiência de fotografar, porém terá de se diferenciar a arte de fotografar e a simples captura de imagem.
Também o facto de podermos visualizar a imagem no imediato, assim como a facilidade de obter a foto, vem incentivar mais pessoas a fotografar.
Penso que não havendo a necessidade de criar condições especiais para a revelação, assim como a ausência dos custos associados, são também fatores facilitadores.
Fazer fotografia implica uma permanente atualização dos equipamentos?
Penso que no momento de comprar o equipamento deve-se pensar o que se pretende fotografar, pois teremos de comprar uma máquina, lente ou lentes, para vários tipos de fotografia.
O meu conselho é comprar uma camara média que, no momento da compra, pode ser um pouco mais cara, mas será uma máquina que durante uns anos servirá perfeitamente para o nosso objetivo sem precisarmos de atualizar o equipamento.
Conselho, perguntar sempre opinião a alguém que fotografe, um fotógrafo experiente dará sempre bons conselhos...
Os preços dos equipamentos são hoje mais acessíveis?
Bastantes mais acessíveis e não só; as máquinas fotográficas, neste momento são dotadas de configurações que há meia dúzia de anos atrás ninguém sonharia, filtros interiores, edição de imagem, GPS, Bluetooth, permitem isos altíssimos sem ruído nas fotos e, muito importante, bastante mais leves.
Para além das iniciativas que tem havido, na área de fotografia, o que podia ser ainda feito para aproximar o público em geral dos trabalhos fotográficos aqui produzidos?
Passeios fotográficos, como fazíamos antes da pandemia. Exposições de fotografia, debates com o tema “Fotografia”, realizar oficinas com abordagem a este tema.
Tem algum episódio curioso, ou que lhe tenha deixado boas recordações, no decorrer da sua atividade fotográfica?
Tenho feito bastantes amigos fora do distrito da Guarda, com episódios circunstanciais engraçados.
Recordo um episódio, antes da pandemia. Fui com um colega também fotógrafo de natureza dar uma volta pela zona de Figueira Castelo Rodrigo; andámos toda a manhã a fotografar, por volta das 13 horas fomos procurar um sítio para comer qualquer coisa.
Chegamos a uma aldeia e fomos a dois cafés para ver se nos podiam fazer uma sandes, mas nem pão nem nada para comer, mais à frente perguntámos a um habitante se haveria alguma aldeia perto daquela onde conseguíssemos comer algo. Disse logo que não, por ali não havia nada, mas para irmos à Casa do Povo onde estariam a preparar uns frangos para os caçadores de uma batida aos javalis, podia ser que dispensassem algum.
Lá fomos nós e realmente lá tinham as grelhas com frangos, dirigimo-nos ao senhor que estava a tomar conta da grelha e perguntamos se nos dispensava um frango, o senhor respondeu logo que sim e passados dois minutos já tínhamos uma mesa com pão caseiro um frango e umas cervejas, conversa mais conversa, o que fazíamos, o que fotografámos,
de onde eramos, se queríamos mais carne, que conheciam uma pessoa na Guarda com o meu apelido…bem, comemos até estarmos satisfeitos e ainda me ofereceram um garrafão de azeite!...
E episódio menos agradável?
Dois episódios menos agradáveis: o primeiro foi no verão passado, estava num local já há umas horas à espera que aparecesse algo para fotografar; de repente vem um bando de abelharucos beber água, quando aparecem, são cinco minutos de dezenas
de mergulhos, uma coisa brutal de se ver e fotografar, azar...ficaram tão perto de mim que a minha lente não os conseguia fotografar, foi mesmo uma grande frustração.
O segundo foi há três semanas atrás, descobri uma colónia também de abelharucos, uma das espécies de pássaros mais bonitos que vêm, nesta altura para acasalamento e fazer os ninhos em buracos profundos na terra onde criarão os filhos. Estavam muito juntos e em voos rasantes junto aos ninhos; coloquei a máquina no tripé e vai de disparar dezenas de fotos. Todo contente vim para casa rever as fotos que tinha feito...uma desgraça!... a maior parte todas desfocadas pois tinha alterado os modos da máquina para outro tipo de fotos e não fiz a respetiva correção. Importante, antes de sair de casa reparar nos valores da máquina, para não acontecerem erros destes.
Que projetos tem no campo da fotografia?
Fazer umas quantas exposições com a fauna que temos por aqui… E quem sabe, fazer um catálogo com as espécies de aves do nosso Distrito.
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