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Dia Mundial da Fotografia assinalado hoje

por Correio da Guarda, em 19.08.23

 

Centro histórico da Guarda_ foto HS__.jpg

Hoje é o Dia Mundial da Fotografia. Esta evocação assenta na invenção do daguerreótipo, um processo fotográfico que foi desenvolvido, em 1837, por Louis Daguerre.

Em janeiro de 1839, a Academia Francesa de Ciências anunciou a invenção do daguerreótipo e a 19 de agosto, desse mesmo ano, o Governo francês considerou a invenção de Louis Daguerre como um presente "grátis para o mundo".

Recorde-se que outro processo fotográfico –o calótipo, inventado também em 1839 por William Fox Talbot – contribuiu para que o ano de 1839 fosse considerado o ano da invenção da fotografia.

Como afirmou Henri Cartier-Bressom "fotografar é colocar na mesma mira a cabeça, o olho e o coração". Por outro lado, e citando Sebastião Salgado, a fotografia “é uma escrita tão forte porque pode ser lida em todo o mundo sem tradução”. 

 

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publicado às 16:20

Casa da Cultura de Famalicão da Serra

por Correio da Guarda, em 13.08.23

 

"Tendências do Imaginário na Sé da Guarda" é o tema da exposição de fotografia que está patente, até 17 de setembro, na Casa da Cultura de Famalicão da Serra. 

Promovida pela autarquia guardense, através do Museu da Guarda, esta exposição integra fotos de vários autores e é realizada no âmbito do projeto 'Rede Culturɑl e Criɑtivɑ dɑ Guɑrdɑ'.

Trata-se de uma exposiçɑ̃o de fotogrɑfiɑ, a preto e branco, sobre ɑs gɑ́rgulɑs dɑ Sé dɑ Guɑrdɑ, que "dɑ́ ɑ conhecer ɑ suɑ funcionɑlidɑde de cɑnɑlizɑr e escoɑr ɑs ɑ́guɑs pluviɑis, mɑs tɑmbém, o lɑdo ɑrtístico grotesco ou engrɑçɑdo".

Exposição_foto MG__n.jpg Foto: Museu da Guarda

 
 

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publicado às 22:56

Transversalidades

por Correio da Guarda, em 26.04.23

 

O Centro de Estudos Ibéricos (CEI) tem abertas até ao próximo dia 5 de maio as candidaturas à décima segunda edição do Concurso de Fotografia “Transversalidades – Fotografia sem Fronteiras”.
Para além dos prémios habituais, esta edição atribuirá um prémio especial a um concorrente português, estando também previsto um apoio especial do CEI para um concorrente dos Países Africanos de Língua Portuguesa. Os interessados podem obter mais informações aqui.

Centro de Estudos Ibéricos _n.jpg

 

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publicado às 22:19

Imagens do despovoamento...

por Correio da Guarda, em 19.04.23

 

No Café-Concerto do Teatro Municipal da Guarda está patente, desde o passado sábado, a exposição “100 gentes” composta por um conjunto de 19 fotografias que são mais um alerta para o cenário de muitos territórios.

O despovoamento do interior do nosso país é um drama. Realidade em relação à qual não tem havido estratégias adequadas, contínuas e consequentes de modo a evitar o contraste profundo com os territórios do litoral e grandes centros urbanos.

Os fenómenos resultantes do despovoamento conduzem a graves consequências para as populações (sobretudo para as mais envelhecidas) que continuam a viver afastadas dos centros com maiores índices demográficos. Diminui, progressivamente, a população ativa; acentua-se o decréscimo da natalidade e o número de jovens; desaparecem profissões e atividades ligadas à agricultura.

Nas últimas décadas, a tragédia dos incêndios (que este ano começaram mais cedo, como ainda se viu no dia de Páscoa) na nossa região tem tornado ainda mais percetível o silêncio sepulcral de muitos povoados, o abandono de terrenos outrora cuidadosamente cultivados e rentabilizados, onde havia o colorido dos ciclos agrícolas e a policromia provocada pelas estações do ano.

Defrontamo-nos, atualmente, com a completa obliteração de antigos espaços de vida e trabalho, com uma progressiva e preocupante degradação ambiental, diminuição da qualidade de vida, com o aumento de pessoas solitárias nos espaços rurais, com a saída de gente para outros lugares, com cenários de ausências definitivas…

E o que vemos por montes e vales do interior, pelos caminhos esquecidos? Desolação, habitações à venda, casas vazias, degradadas, portas encerradas ou esventradas pela destruição do tempo e pelo instinto de vandalismo de alguns forasteiros; muros derrubados, janelas quebradas, telhados caídos, interiores habitacionais transformados em montes de escombros…imagens cruéis de um presente transformado em tristeza e solidão.

O nosso passado como que se amesquinha na indiferença do presente”, escrevia Miguel Torga. Contudo, há quem não fique indiferente.

Pedro Baltazar, com a sua atitude e experiência de fotojornalista (que já foi), confronta-nos com esta dura e fria realidade do despovoamento. Sebastião Salgado comentava que “fotografia são símbolos”; daí que, acrescentava, “ou você tem uma foto que conta uma história sem precisar de legenda, ou você não tem nada.” Com o seu saber fazer e através da sua sensibilidade, Pedro Baltazar lança-nos o repto de uma reflexão sobre este drama português. “O difícil em arte é criar-se emoção, sem se mostrar que está emocionado”, tal como escrevia Vergílio Ferreira.

Estamos perante arte e outrossim perante emoção. Alguém pode ficar indiferentes a estas imagens captadas por Pedro Baltazar? Achamos que não.

100gentes_Pedro Baltazar_CORREIO DA GUARDA .jpg

A nossa melhor resposta é recebermos e divulgarmos a mensagem que nos é transmitida, assumindo o nosso papel enquanto cidadãos ativos e protagonistas permanentes de uma intervenção cívica, sem tibiezas, em prol de uma luta pelo equilíbrio entre meios rurais e urbanos, num caminho orientado para a sustentabilidade dos nossos territórios.

Esta exposição materializa o desejo de Pedro Baltazar despertar uma maior atenção para a temática do despovoamento, sendo também um apelo a medidas e intervenções que alterem este lancinante panorama…

Numa entrevista que publicámos no passado ano, dizia-nos o autor desta exposição que “na área da fotografia temos que fazer cada vez mais exposições físicas, a fotografia tem de passar mais para o papel e não ficar apenas nos meios digitais”.

Acrescentava depois que “o público, em geral, ao ver mais fotografia em papel vai despertar mais para este tema, pois a fotografia em papel é muito mais apelativa.”

As excelentes fotos expostas – selecionadas entre as 100 que integram o projeto 100gentes, começado em 2019 e o qual se encontra em fase de conclusão – confirmam isso mesmo.

Na exposição, e como foi explicado no ato inaugural, a alternância entre as fotografias a cor e as fotos a preto e branco pretende sublinhar contrastes, despertar consciências e fazer convergir mais olhares atentos.

Olhares que devem representar – e como escreve Valentín Cabero Diéguez (Prémio Eduardo Lourenço) a propósito de uma outra interessante exposição de Victorino García Calderón, no Museu da Guarda – uma interrogação “sobre a nossa atitude perante os desastres do abandono e do despovoamento, perante a perda dos vínculos de solidariedade, e perante o esquecimento mais ingrato de modos de vida familiar e coletiva”.

Sem gentes não haverá futuro para o interior. Ficarão as fotos para memória…

 

Helder Sequeira

in O Interior, 19_04_2023

 

 

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publicado às 14:28

Imagem e Território: Fotografia sem Fronteiras

por Correio da Guarda, em 14.04.23

 

O Centro de Estudos Ibéricos (CEI) vai promover a partir de hoje, e até 22 de abril, a sexta edição dos Encontros Imagem & Território.

Este evento decorre do projeto “Transversalidades – Fotografia sem Fronteiras” e do compromisso do CEI para com “os territórios de baixa densidade, onde relevam os transfronteiriços”, refere uma nota divulgada pelo Centro de Estudos Ibéricos.

Tendo como mote “Memória, Coesão e Literacia Visual” o 6º Encontro I&T integra exposições, debates, mostras e oficinas de fotografia, lançamento de publicações, maratona e roteiro fotográfico.

“Através do poder comunicativo que a fotografia encerra, as atividades deste 6º Encontro visam estimular um debate crítico sobre os espaços onde nos inserimos, procurando gerar uma dinâmica de desenvolvimento que reverta o ciclo vicioso em que mergulharam os territórios de baixa densidade.” Adianta o Centro de Estudos Ibéricos.

territorio_instagram.jpg

“Procura-se, a partir de novos olhares, uma (re)interpretação do Interior com uma consequente renovação imagética, enaltecendo sinais emergentes suscetíveis de fazer renascer um horizonte de esperança”.

À semelhança dos anos anteriores, os Encontros contam com o envolvimento da comunidade da Guarda, através de atividades em escolas, instituições sociais, de saúde e freguesias, visando levar esta arte a novos públicos, numa perspetiva de democratização cultural.

O programa integra a exposição “Rumores do Mundo”, Coletiva dos Concorrentes do Concurso Transversalidades, a inaugurar hoje pelas 18 horas na Galeria Evelina Coelho (Paço da Cultura).

No Bar do Pequeno Auditório, Teatro Municipal da Guarda, será realizado hoje pelas 21h30 um debate sobre “Imagem e coesão territorial: a Terra, as Gentes, o Interior emergente”, com a participação de  Henrique Cayatte, Alberto Prieto, Rui Formoso, Fátima Gonçalves, Duarte Belo, Moderação. O debate será moderado por Valentín Cabero.

Amanhã, dia 15 de abril, será inaugurada no Mercado Municipal da Guarda, pelas 10 horas, a exposição “Terra e as Gentes, Coletiva do Fotoclube da Guarda”. No Museu da Guarda, a partir das 14h30, vai abrir a exposição “Memoria en la Raya”, de Victorino García Calderón. Pelas 15 horas será inaugurada, também no Museu da Guarda, a exposição “Reflexões em Preto e Branco: A Jornada de um Cine Teatro no Tempo”,  de Pedro Carvalho.

Inauguração de Exposição.

Na Sala Tempo e Poesia, Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço terá lugar pelas 16h30 a inauguração da exposição “A face dos livros”, da Associação Cultural Ephemera, seguindo-se um debate sobre a “Imagem e Memória: A face dos livros” com José Pacheco Pereira e Carla Pacheco.

Para o Café-Concerto do Teatro Municipal da Guarda está agendada, pelas 21 horas, a inauguração da exposição fotográfica de Pedro Baltazar subordinada ao tema “100gentes”.

No mesmo espaço do TMG decorrerá a partir das 21h30 o debate “Imagem e coesão territorial: ecos e memórias da fronteira”, com intervenções de Álvaro Domingues, María Isabel Jiménez, Helder Sequeira, e Valentin Cabero. O debate será moderado por Lúcio Cunha).

No domingo, dia 16 de abril, decorrerá a partir das 9 horas a maratona fotográfica “Imagem & Território: Aldeias do Vale do Mondego”.

 

 

 

 

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publicado às 10:44

Exposição fotográfica "Na Guarda dos olhares"

por Correio da Guarda, em 01.04.23

Na Galeria Espaço#4, do Museu da Guarda está patente, até ao próximo dia 9 de abril, a exposição fotográfica "Na Guarda dos olhares", de Helder Sequeira. A exposição, como disse aquando da inauguração, “é uma proposta de descoberta e redescoberta de algumas realidades citadinas.” Uma proposta que “deixa tempo e espaço para a Guarda de múltiplas interpretações, sentimentos e olhares; mas também para a celebração da fraternidade, como foi observado – por António José Teixeira – a propósito de uma das fotos.” Estas são o resultado de um olhar pessoal, que procurou “eternizar momentos” de uma cidade “bela e sedutora”, os “sons da gente guardense” ou a “geografia da nossa história e dos nossos afetos”, onde os jovens desejam e querem acreditar no futuro.”

O autor das fotos salientou que a “exposição foi enriquecida pelas palavras de vinte e cinco guardenses, de um quadro etário e profissional heterogéneo. Contudo convergente na paixão por esta cidade; proporcionando o diálogo entre texto e imagem, num oportuno e inteligente sublinhado da equipa responsável pela concretização desta mostra.”

Álvaro Pereira Guerreiro, Anabela Matias, Ana Queiroz, Antonieta Garcia, António José Teixeira, António Quinaz, António Sá Rodrigues, Bernardo Gomes, Dulce Helena Borges, Elisabete Gonçalves, Filipe Caetano Joana Rei, João Pais Trabulo, João Pena Fonseca, Joaquim Duarte, José Manuel Monteiro, Luís Baptista Martins, Luís Fidalgo Sequeira, Maria José Neto, Mário Carvalho, Pedro Baltazar, Susana Milhões, Susana Pereira Lino, Thierry Santos e Vasco Pires comentaram as fotos que integram a exposição “Na Guarda dos Olhares”.

(re)ler a cidade_fot HELDER SEQUEIRA.JPG

 

"Na sua busca de imagens originais da Guarda com potencial narrativo ou que nos ensinam a olhar de outro modo para a paisagem urbana, Helder Sequeira pratica também a fotografia encenada, que consiste na construção de uma imagem delicadamente arquitetada.

Recria, aqui, a figura emblemática da leitora, tornada recorrente na pintura de género desde o século XVIII, que convida o espectador, atraído pela sua graciosidade e intrigado pelo modo como o livro a cativa, a meditar sobre a beleza e a leitura no feminino.

Retrata uma jovem bem agasalhada e elegante, sentada na soleira do portão lateral do granítico e velho seminário da Guarda, atual Museu da cidade, com o olhar preso ao álbum A Guarda em Postal Ilustrado – de 1901 a 1970, como se um gesto identitário se cumprisse.

Perspetivando ligeiramente o imponente rendilhado de ferro do portão em arco pintado de vermelho, que faz sobressair a figura da leitora, a composição da imagem sugere um lugar calmo, onde se conjuga o antigo e o novo. Adivinha-se um vento suave a agitar-lhe uma madeixa. As suas mãos longas e finas seguram a capa do livro. O ato de ler parece suspender o tempo".   

 

Thierry Santos 

 

 

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publicado às 11:27

Exposição: na Guarda dos olhares

por Correio da Guarda, em 17.02.23

 

Guarda_No alto da cidade_Foto Helder Sequeira.JPG

Na Galeria Espaço #4 do Museu da Guarda está patente, desde ontem, e até ao próximo dia 9 de abril a exposição fotográfica “Na Guarda dos olhares”, da autoria de Helder Sequeira.

Como foi salientado na sessão inaugural, este certame “é uma proposta de descoberta e redescoberta de algumas realidades citadinas.”

Uma proposta que “deixa tempo e espaço para a Guarda de múltiplas interpretações, sentimentos e olhares; mas também para a celebração da fraternidade, como foi observado – por António José Teixeira – a propósito de uma das fotos.”

Estas são o resultado de um olhar pessoal, que procurou “eternizar momentos” de uma cidade “bela e sedutora”, os “sons da gente guardense” ou a “geografia da nossa história e dos nossos afetos”, onde os jovens desejam e querem acreditar no futuro.”

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O autor das fotos salientou que a “exposição foi enriquecida pelas palavras de vinte e cinco guardenses, de um quadro etário e profissional heterogéneo. Contudo convergente na paixão por esta cidade; proporcionando o diálogo entre texto e imagem, num oportuno e inteligente sublinhado da equipa responsável pela concretização desta mostra.”

Álvaro Pereira Guerreiro, Anabela Matias, Ana Queiroz, Antonieta Garcia, António José Teixeira, António Quinaz, António Sá Rodrigues, Bernardo Gomes, Dulce Helena Borges, Elisabete Gonçalves, Filipe Caetano Joana Rei, João Pais Trabulo, João Pena Fonseca, Joaquim Duarte, José Manuel Monteiro, Luís Baptista Martins, Luís Fidalgo Sequeira, Maria José Neto, Mário Carvalho, Pedro Baltazar, Susana Milhões, Susana Pereira Lino, Thierry Santos e Vasco Pires comentaram as fotos que integram a exposição “Na Guarda dos Olhares”.

 

 

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publicado às 21:58

Capela do Mileu

por Correio da Guarda, em 10.10.22

MILEU_Capela GRD HS.JPG Capela do Mileu, Guarda.

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publicado às 00:03

Ao encontro da Guarda...

por Correio da Guarda, em 03.10.22

 

“Discover Guarda” é uma nova proposta para (re)descobrir toda uma região onde a história, os monumentos de arquitetura militar, igrejas, o ambiente, a paisagem e a cultura cimentam toda uma identidade. “Uma região com tanto para descobrir e viver”, como é referido na capa de apresentação nova plataforma digital.

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Este é um trabalho da autoria de Carlos Martins que há dois anos começou a trabalhar neste projeto, o qual teve subjacente a preocupação em reunir “diversas informações relativas à Guarda” e sobretudo as fotografias que este guardense registou ao longo dos últimos dez anos.

“Queria um site que contivesse as informações organizadas e de fácil acesso. Com tantas informações e variáveis para gerir, foram muitas as vezes fiz e refiz tudo de raiz…. Muitas horas de trabalho…”, refere Carlos Martins

Adianta, entretanto, que este é um projeto em que aproveitou “para desenvolver vários tipos de conhecimento, tais como a programação informática, design gráfico, fotografia e cultural.”

O autor do Discover Guarda esclarece “que já tem muitas informações, mas também é bem certo que muitas outras faltam e faltarão. Este é um projeto inacabado que tem como objetivo ir desenvolvendo ao longo do tempo”.

Um trabalho sem dúvida com grande mérito e de inquestionável utilidade para quem quer (re)descobrir, sentir e viver esta região ímpar. Parabéns, Carlos Martins.

 

Helder Sequeira

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publicado às 00:01

Elisabete Gonçalves: a imprensa tem de ser criativa

por Correio da Guarda, em 15.09.22

 

“A imprensa regional terá de ser criativa para se poder continuar a afirmar”. A afirmação é da jornalista Elisabete Gonçalves que em 1997 não hesitou em trocar Lisboa pela Guarda, onde exerce, desde então, a sua atividade profissional.

Reconhecendo que está numa zona com potencialidades, considera, em entrevista ao CORREIO DA GUARDA que é “preciso evidenciar o que tem de melhor o nosso território e criar riqueza na região. Devíamos ser mais ambiciosos e mais reivindicativos”.

Natural da Guarda, estudou na Escola Secundária Afonso de Albuquerque, no Instituto Superior de Administração Comunicação e Empresa (ISACE) e na Escola Superior de Jornalismo do Porto. Iniciou a profissão no Grupo Fórum Estudante, em Lisboa; passou pelo Grupo Ferreira & Bento e regressou à Guarda para integrar a equipa do Jornal Terras da Beira (em 1997). Em finais de 1999 participou na fundação do jornal O Interior, mas ainda nesse ano regressou à redacção do semanário Terras da Beira, onde continua a trabalhar.

sem título-279.jpg

Como ocorreu a sua entrada no jornalismo?

Os primeiros contactos aconteceram ainda estava a estudar jornalismo no ISACE. Tinha um professor que era chefe de redacção do jornal Terras da Beira e comecei a colaborar com pequenos trabalhos.

Foi uma experiência gratificante que me deu ferramentas para ingressar no mercado de trabalho. Tive grande ajuda da parte dos jornalistas que na altura estavam no Terras da Beira.

 

Quais foram as dificuldades iniciais?

Não consigo identificar grandes dificuldades. Quando fiz o estágio profissional no Grupo Fórum Estudante já tinha noções de como me movimentar para procurar informação. As publicações onde eu colaborava lidavam muito com jovens, alguns pouco mais novos do que eu, e com instituições de Ensino Superior. Conhecia um pouco do meio académico e sentia-me segura.

Ainda que estivesse na cidade grande onde quase tudo era desconhecido, o meu espírito explorador e a vontade de conhecer o meio que me rodeava permitiram-me estar bem à vontade.

A experiência foi tão positiva que acabei por ficar a trabalhar por lá.

 

O que acha do atual panorama da imprensa regional? A imprensa regional tem vindo a perder a influência?

Nos últimos anos, a imprensa regional perdeu um pouco do seu espaço. Não só pela evolução do mundo digital, mas também porque fruto das condicionantes económicas tem havido menos investimento nos recursos humanos e materiais dos órgãos de comunicação social. As redacções são cada vez mais reduzidas.

O mercado da publicidade também se alterou e em vez do investimento ser feito na imprensa aposta-se noutro tipo de plataformas. A imprensa regional terá de ser criativa para se poder continuar a afirmar. De uma maneira geral, os mais novos não têm o hábito de ler jornais e muito menos regionais.

 

As redes sociais desviam as atenções tradicionalmente centradas na imprensa?

Sim. A informação está disponível de forma quase instantânea nas redes sociais. Não há que procurar muito. É o facilitismo que afasta os leitores.

Os cidadãos são pouco exigentes e não filtram o que lhes chega através do ecrã. Além de que hoje qualquer pessoa publica informações e não há cuidado de ver se a origem é fidedigna.

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Quais são os principais problemas com que se debatem os profissionais que trabalham na imprensa regional?

A falta de meios e de recursos humanos impede os profissionais de se dedicarem de forma mais profunda a determinados temas.

Há poucas pessoas nas redacções e são necessárias para assegurar aquilo que é essencial nas publicações.

 

Tem havido, em sua opinião, um rejuvenescimento das redações dos jornais?

Não tanto como seria desejável. São necessárias novas ideias, novas perspectivas para que os jornais também acompanhem a realidade e possam ir de encontro às expectativas de outros públicos.

 

Quais os melhores momentos, da sua atividade jornalística, que recorda? E os piores?

Os melhores momentos são sempre aqueles em que vemos que o nosso trabalho tem algum impacto e é reconhecido. Ter a noção de que o nosso artigo suscitou alguma discussão ou contribuiu para que determinado problema tenha sido resolvido é sempre gratificante.

Vivi os piores momentos quando já estava na imprensa regional, mas a experiência ainda era pouca. Na investigação que fazia sobre o caso do falecimento de idosos num lar sem que fosse dado conhecimento aos familiares, acabei por ser eu a dar a notícia a uma das famílias do sucedido.

Outra situação esteve relacionada com maus-tratos a crianças que residiam numa instituição de acolhimento do distrito. Tocou-me muito ouvir o relato das vítimas. Confesso que guardei aquelas lembranças por alguns dias.

 

E qual o trabalho jornalístico que mais gosta de fazer?

Gosto de fazer reportagens. De andar no terreno e de ir à procura de informação sem ter um guião. No meu dia-a-dia gosto especialmente de abordar temas da área da sociedade, nomeadamente as áreas da saúde e da educação.

 

Houve algum projeto que idealizou e não concretizou ainda? E novos projetos?

Tenho alguns sonhos, mas fora da área do jornalismo.  O turismo e a natureza são dois temas que me têm suscitado grande interesse nos últimos anos.

 

Gosta também da fotografia. Esse gosto era anterior à entrada no jornalismo ou iniciou-se com a atividade informativa?

Nunca tinha pensado nisso. Mas de facto o meu interesse pela fotografia está ligado à profissão. Quando comecei a fotografia que acompanhava os trabalhos era da responsabilidade de fotógrafos.

Tanto no Grupo Fórum como depois na imprensa regional as tarefas estavam completamente separadas. A partir de certa altura e fruto também da redução de meios humanos, comecei também a ter de tirar as fotografias para acompanhar os meus artigos.

 

Qual o tipo de fotografia (para além da fotografia documental relacionada com o seu trabalho profissional) prefere?

Gosto de fotografia de paisagem e de património. A natureza e a história são dois temas pelos quais tenho especial interesse.

A fotografia para mim é uma paixão, mas não tenho conhecimentos técnicos. É o gosto genuíno de registar aquele momento, que me parece perfeito e depois também poder partilhar o que vi.

 

Que análise faz do trabalho da comunicação social sediada na região?

Acho que devia ser mais provocadora.

 

O que tem faltado? E o que tem sido positivo?

A comunicação social tem tido um papel importante em determinados assuntos relacionados com o quotidiano das populações do distrito. Trazer à discussão temas esquecidos pelos governos e pelos políticos tem ajudado a pressionar para a sua resolução.

 

Que conselho daria aos jovens que queiram seguir a atividade jornalística, mormente no interior?

Devem seguir essa vontade, tendo a noção de que vão encontrar alguns constrangimentos a nível de recursos. Mas podem também contar com uma actividade gratificante porque vão exercer um jornalismo de proximidade e vão sentir que podem fazer a diferença na vida das populações.

Eu vim de Lisboa para exercer a profissão no interior. Na altura, em 1997, pareceu-me a melhor opção em termos pessoais. Reconheço que poderia ter tido outras oportunidades na carreira, ou não, mas em ponto pequeno acredito que tenho dado o meu contributo.

 

Gosta também de fazer caminhadas. Isso tem levado à descoberta de recantos e encantos da nossa região?

A nossa região tem trilhos e locais fantásticos. É só ter vontade de explorar. A natureza é um bom local para nos ouvirmos. A nós próprios e aos outros. E há sempre algo para descobrir.

No tempo da pandemia a zona do Castro do Tintinolho era das minhas favoritas. Descer a calçada romana desde o Chafariz da Dorna, passando pela nascente do Rio Diz e subir até à zona das eólicas. Depois descer até ao Castro, podendo fazer algumas variantes.

Às portas da cidade é uma óptima área para explorar. É pena que os percursos não estejam devidamente identificados com informação sobre os espaços e locais, nomeadamente sobre o Castro e os troços da calçada romana que ainda existem.

Poderia criar-se um trilho histórico muito interessante. A zona de Vila Soeiro é outra das zonas fantásticas. Nem seria necessário a existência dos Passadiços do Mondego. Os caminhos existentes levam-nos a locais recônditos, encaixados na rudeza do granito e envolvidos pelo curso do rio Mondego.

No distrito há um grande conjunto de locais que merecem uma visita. Entre as novidades está o Miradouro da Faia, no concelho de Pinhel e os Passadiços do Côa, junto ao Museu do Côa. Em Seia, a zona da Mata do Desterro e a praia fluvial dr. Pedro, bem como a zona da Lapa dos Dinheiros são áreas em que a natureza nos envolve em absoluto.

sem título-171508.jpg

Que sugestões, ao nível de caminhadas, gostaria de deixar?

Infelizmente, os incêndios de Agosto causaram estragos na paisagem da região e alguns trilhos tornaram-se mais tristes.

Dos trilhos que fiz recentemente destaco a Rota do Vale da Cadela, em Gouveia. Um percurso de experiências diversificadas, que se desenvolve na natureza e que atravessa a malha urbana.

Sugiro também a subida ao baloiço da Rapa pela Serra da Lomba. A paisagem tanto para o lado de Celorico da Beira como para o lado da Guarda é soberba. É das melhores opções para se apreciar o Vale do Mondego. Nesta altura, a paisagem está negra pelo incêndio que ali lavrou recentemente, mas a natureza não tardará a recompor-se.

Com o aproximar do Outono, a Rota das Faias em Manteigas é passagem obrigatória para os amantes das caminhadas e da natureza. O incêndio de Agosto afectou a zona, mas as faias ficaram intactas.

A Serra da Estrela oferece uma panóplia de percursos com variados pontos de interesses, ambientais, históricos e paisagísticos.

 

Como vê o futuro da Guarda e região? O que falta?

Quero acreditar que há futuro. Creio que falta pensar o futuro de uma maneira diferente. É preciso reinventar. Não podemos aspirar a vida de grandes empresas para fixar pessoas. Não se pode projectar o futuro como se projecta para outras zonas do país. Temos de fazer diferente e ser criativos para que os jovens de cá queiram ficar e se fixem novas pessoas.

sem título-194054.jpg

As nossas aldeias estão a ficar desertas e perder-se muito do património. Não só o construído. A bandeira tem de ser a qualidade de vida. Se há muitos estrangeiros a fixarem-se na região atrás da qualidade de vida que o território oferece por que é os portugueses não podem seguir o exemplo.

Não temos sabido “vender” as qualidades da nossa região. É preciso evidenciar o que tem de melhor o nosso território e criar riqueza na região. Devíamos ser mais ambiciosos e mais reivindicativos. Somos muito comodistas com aquilo que nos atribuem. Esta região tem valores e devemos não só protegê-los mas também promovê-los. Nós, os que estamos por cá, somos os melhores embaixadores do território.

 

 

 

 

 

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