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Notícias da Guarda e região | Reportagem | Crónicas | Entrevistas | Apontamentos | Registos
A denominada imprensa regional tem, no nosso país, uma expressão muito particular. No passado século, ao longo do território nacional, floresceram os mais variados títulos que deram voz a múltiplas posturas e cuja influência deixou traços indeléveis na historiografia regional.
Muitos desses jornais evoluíram, como sabemos, em função das conjunturas políticas, sociais e económicas; os seus exemplares constituem, inquestionavelmente, importantes documentos para o estudo do perfil de cada região, das mentalidades, das instituições e das vivências.
Os jornais, se por um lado representam um rico espólio cultural são, por outro, um auxiliar precioso na investigação que se pretenda efetuar, em vários domínios, acerca da região em que foram editados ou à qual circunscreveram a sua cobertura, independentemente da periodicidade.
A imprensa regional tem, por mérito próprio, um lugar de destaque na cultura portuguesa, constituindo um baluarte da forma de estar e de ser, das nossas gentes, das nossas terras; foi – e os jornais do interior assim o comprovam — um eminente elo de ligação com aqueles que residiam noutras regiões e com os nossos compatriotas radicados na Europa ou noutros continentes, mantendo ainda essa presença alargada hoje, sobretudo, através das plataformas digitais.
Trabalhar com profissionalismo e serenidade na imprensa regional não se pode dizer que, mesmo nos dias de hoje, seja tarefa fácil; só quem conhece e sente os seus problemas, o entusiasmo do ciclo do nascer e morrer de cada edição pode apreender verdadeiramente a vivência e peculiar dos jornais, barómetros permanentes dos factos e conjunturas das zonas em que são editados, outrossim um motor de energias e esperanças.
A imprensa regional tem sabido afrontar o seu destino, as suas vicissitudes, alimentando o direito à informação, desempenhando a sua função social. O número de publicações periódicas tem oscilado, mas a região da Guarda não perdeu, felizmente, a sua rica tradição jornalística e registou uma notória evolução gráfica e qualitativa da imprensa.
O distrito da Guarda, como bem evidenciou J. Pinharanda Gomes, foi “pioneiro da imprensa política regional e da imprensa católica nacional” continuando, no presente, a honrar a tradição no campo da comunicação social, tendo trilhado, em muitos casos, novas perspetivas e horizontes, como é o caso deste semanário que completa 20 anos de edições ininterruptas.
A história da imprensa e da cultura cruza-se com dos equipamentos tipográficos pois em tantas situações foi acertado “o passo espiritual pela celeridade mecânica” que se refletiu também noutros sectores da vida económica e social.
Como tem acontecido com outras parcelas do nosso património, o esquecimento atingiu as velhas peças das antigas tipografias, elementos primordiais para o conhecimento da evolução operada no sector gráfico.
Nesta região existem (por enquanto e se não houver atitudes/medidas de preservação e salvaguarda) testemunhos desse percurso, de uma época em que as máquinas de impressão não tinham o auxílio da energia elétrica, a composição era manual e as zincogravuras eram indispensáveis para ilustração dos textos. Estamos perante realidades tão próximas e simultaneamente tão distantes; espaços onde se cruzaram saberes, arte, experiências múltiplas, vidas, entusiasmos, dificuldades, episódios ímpares de que brotaram as mais diversas publicações ou trabalhos gráficos.
Continuamos alheios a um património que corre o risco de se perder irremediavelmente, face à marcha célere do progresso, da evolução técnica, do redimensionamento dos mercados ou das novas exigências empresariais e comerciais.
Num período em que as muitas atenções estão centradas no processo de candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura não seria totalmente despropositado equacionar a criação, nesta cidade, de um espaço de memória e diálogo, interpretativo, dedicado às Artes Gráficas (capaz de contribuir para salvaguarda, estudo e divulgação do espólio das tipografias de uma região foi rica em títulos de imprensa local) e à Comunicação Social (pois se houve pioneirismo na Imprensa não devemos, de forma alguma esquecer a radiodifusão sonora, mormente a Rádio Altitude cujas primeiras ondas hertzianas remontam ao longínquo ano de 1946).
É imperioso alertar/sensibilizar a comunidade, as instituições e entidades para que sejam desencadeadas as necessárias estratégias de forma a não se perderem os insubstituíveis valores existentes, assegurando o seu e conhecimento pelas gerações do presente e do futuro, facilitando e incentivando o seu estudo, honrando a imprensa e a rádio, intervindo culturalmente. (Hélder Sequeira)
In "O Interior", 20|02|2020
A Biblioteca Municipal da Guarda dedica a programação do corrente mês de Maio a Eduardo Lourenço, seu patrono, a propósito da celebração do seu 94º aniversário.
Eduardo Lourenço nasceu em São Pedro de Rio Seco (Almeida) a 23 de Maio de 1923. Frequentou o Liceu da Guarda e cursou Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Após o curso, lecionou nessa faculdade como professor assistente, até 1953, iniciando a sua colaboração em revistas como a Vértice, onde se estreou com um poema e onde foi publicando ensaios.
A partir de 1953 exilou-se voluntariamente, por estar desapontado com a vida académica portuguesa, não chegando a apresentar a tese de doutoramento, então em projeto, sobre o tema “Tempo e Verdade”. Lecionou, então, em universidades estrangeiras nas cidades de Hamburgo, Heidelberg, Montpellier, São Salvador da Baía, Grenoble e Nice.
A abordagem crítica da realidade, inicialmente inspirada pelo neorrealismo, aproximou-se depois do existencialismo e tornou a sua produção ensaística num fenómeno singular na cultura portuguesa.
A sua obra tem sido também permeada pela literatura, levando-o a escrever sobre escritores portugueses, como Miguel Torga, Vergílio Ferreira, Agustina Bessa-Luís, Jorge de Sena e José Saramago, entre outros, voltando a temas políticos quando a realidade o motiva a tal.
Eduardo Lourenço é tido como um dos mais prestigiados intelectuais europeus.
Fonte: BMEL
A Câmara Municipal do Sabugal decidiu, por unanimidade, atribuir a Medalha de Ouro Municipal ao ensaísta e filósofo Jesué Pinharanda Gomes, natural daquele concelho.
A entrega deste galardão deverá ocorrer a 10 de Novembro, dia do concelho do Sabugal, onde foi, recentemente, inaugurado o Centro de Estudos Pinharanda Gomes.
No Sabugal foi inaugurado ontem, dia 9 de Junho, o Centro de Estudos Pinharanda Gomes.
Neste Centro – dedicado ao investigador, ensaísta e filósofo Jesué Pinharanda Gomes – fica reunido todo a acervo documental particular, que o autor doou à Câmara Municipal do Sabugal, bem como cerca de 3 500 opúsculos e volumes sobre temáticas diversas.
Pinharanda Gomes, é sócio fundador do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira e membro correspondente eleito da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e da Academia Portuguesa de História
Embora “tendo saído da Guarda há muitos anos (parece que temos o destino da emigração)” permanece, por vontade própria, “fiel à mátria”, firme na ideia de que “não constitui motivo de desprezo, antes motivo de ufania, dedicar alguns momentos de ócio aos assuntos regionais. Pelo estudo das partes também pode inteligir-se a feição do todo”, como ele próprio escrevia, na introdução de uma das suas muitas obras, há alguns anos atrás.
Como é do domínio público, no conjunto vasto de títulos publicados por Pinharanda Gomes, avultam três áreas: os contributos para a História da Filosofia, as monografias alusivas à história da Igreja e os estudos com incidência regional ou local.
Esta última vertente continua a merecer, da sua parte, atenção especial, lançando com frequência reptos para que se aprofundem os estudos da cultura portuguesa “em função da regionalidade que nos diferencia”…
Pinharanda Gomes (natural de Quadrazais, concelho do Sabugal) continua também a marcar a diferença com o seu permanente labor em prol da história e dos valores do distrito da Guarda, ele que por inteira justiça e mérito próprio é um eminente vulto da filosofia e da cultura portuguesas.
O programa iniciou-se pelas 15 horas, com uma sessão solene na Câmara Municipal do Sabugal, prosseguindo depois das 17 horas com a inauguração propriamente dita.
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