O panorama actual das rádios portuguesas é, substancialmente, diferente daquele quer era vivido há cerca de uma década atrás.
Houve uma selecção natural das estações nascidas sob o alvor da regulamentação do espectro radioeléctrico face a condicionalismos de vária ordem, mormente da necessidade de serem afirmados projectos aferidos pelo profissionalismo e por um esclarecido entendimento da função social da rádio.
O suporte económico-financeiro não deixou de ser um dado importante, sobretudo em zonas onde o tecido comercial é tradicionalmente fraco, com reflexos na pobreza do mercado publicitário.
Por mais boa vontade com que seja apregoada a denominada publicidade institucional, os projectos ao nível radiofónico não evoluem se não for garantida outra sustentabilidade e criadas dinâmicas capazes de ampliarem audiências, reforçarem a qualidade dos conteúdos programáticos, aproximarem o meio rádio dos seus destinatários e interlocutores mais válidos.
Muitas estações (diga-se responsáveis) esquecem que nos fins genéricos da actividade de radiodifusão, “no quadro dos princípios constitucionais vigentes” se inscreve a obrigação de contribuir para a informação do público, garantindo aos cidadãos o direito de informar, de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações.
Por outro lado, a lei estabelece que às rádios compete contribuir para a valorização cultural da população, assegurando a possibilidade de expressão e o confronto das diversas correntes de opinião, através do estímulo à criação e à livre expressão do pensamento e dos valores culturais que traduzem a identidade nacional; tudo isto para além da sua obrigação emdefenderem e promoverem a língua portuguesa.
Sublinhe-se que outra das finalidades, inscritas na Lei da Rádio, aponta para a necessidade de favorecer o conhecimento mútuo, o intercâmbio de ideias e o exercício da liberdade crítica entre os Portugueses e, igualmente, a criação de hábitos de convivência cívica própria de um Estado democrático…o que nem sempre acontece, pois muitas rádios demitem-se dessa função.