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António Manuel Gomes é um conceituado médico psiquiatra e igualmente um exímio artífice de palavras que florescem em textos de inegável recorte literário. Este clínico guardense – homem culto, observador atento, dialogante – nunca se negou a desafios ao nível da intervenção cívica e cultural, numa manifesta expressão de exemplar cidadania. Avesso a holofotes, nem sempre a sua atividade teve a justa e merecida visibilidade. “O reconhecimento, não o nego, afaga a alma e dá consistência à identidade” diz nesta entrevista ao CORREIO DA GUARDA quando questionado sobre a distinção que vai receber no dia da Cidade da Guarda, na próxima quarta-feira, a 27 de novembro. Homenagem que faz questão em distribuir com “os outros que são parte de mim”. Ao CG afirma que a escolha da Medicina não foi resultado de um “chamamento ou vocação”, mas cedo compreendeu que “não me tinha enganado no destino”. Considerando que “os êxitos, fracassos e problemas, são inerentes à vida de um médico”, António Manuel Gomes classifica, “em termos sincréticos” como “muito positivo um longo período do SNS em que as turbulências eram claramente menores e a relação interpessoal tinha outra densidade humana.”
Nascido nas Vendas da Vela, em outubro de 1954, António Manuel Gomes estudou na Covilhã e em Coimbra, trabalhou no Hospital Psiquiátrico do Lorvão, dirigiu o Departamento de Psiquiatria do Hospital Sousa Martins, integrou os corpos sociais da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Egitanienses, foi fundador do grupo de Teatro à Vela e do grupo coral Recanto do Canto, tendo encenado três peças de teatro e sido o autor de contos e textos publicados em jornais e revistas.
Estudou a partir dos 7 anos na Covilhã. Qual a razão que o levou a ir para essa cidade?
Os meus pais sempre residiram na Covilhã. Foi por acaso e urgência que nasci nas vendas da vela, em casa dos meus avós maternos, onde a minha mãe se encontrava naquele dia, com 24 anos, e aconchegada no ninho original.
Fiz a quarta classe numa obra da fundação Melo e Castro, designada Associação Protectora da Infância Desvalida. Este longo e expressivo nome, resultava do facto de a escola dar resposta aos filhos das operárias e operários dos lanifícios; ao tempo já tinha cantina para as crianças.
Devo às preocupações do meu pai com o meu ingresso na escola primária, a descoberta de um tal professor Manuel Poeta. Conseguiu que eu entrasse naquela instituição onde, de resto, pelas mesmas razões de excelência do docente, também tive alguns filhos de industriais como colegas. Foi determinante no meu futuro escolar. Quando concluí a quarta classe foi-me atribuído o prémio de melhor aluno pela fundação Melo e Castro.
Foi ainda na Covilhã que concluí o sétimo ano do liceu, sendo na altura o único aluno que dispensou do exame de admissão ao ensino superior em todas as disciplinas.
Como via, nessa altura, a cidade da Guarda? Que contraponto fazia com a Covilhã?
As minhas deslocações à Guarda eram esporádicas. A viagem na camioneta do Tonico começava na Covilhã e acabava nas Vendas da Vela. Ainda assim recordo a Guarda como uma cidade aconchegada, de humanidade sadia, como uma extensão rural e telúrica que o meu avô me tinha ensinado.
A Covilhã, era um uivo de sirenes quase permanente. O corrupio dos operários e operárias, ora saindo, ora entrando, nas dezenas de fábricas de lanifícios, dava às ruas e às travessas um alarido enérgico e contagiante que me enchia a estreita paisagem da janela de casa.
O que representou a sua ida para Coimbra e como foi a adaptação à vida académica da cidade? A vivência na residência do Colégio de São Teotónio é um período com boas recordações?
As lágrimas de despedida de casa secaram depressa. Não ia só. Éramos vários colegas de liceu, dispersos por vários cursos, e já tínhamos laços consistentes. A residência universitária do colégio de São Teotónio deu-nos um conforto e um acréscimo de novas relações; as maluqueiras coletivas e as discussões no refeitório são ainda hoje retalhos da minha memória distante que muito prezo.
A Universidade de Coimbra, em 1972, mantinha o luto académico que já vinha dos 4 anos anteriores. Não havia praxe nem queima das fitas; as capas e batinas concentravam-se num número muito exíguo de estudantes e as conotações conservadoras eram vorazes.
O ambiente académico era propício ao incremento de atividades culturais? Como viveu Coimbra em termos culturais?
Viver Coimbra antes, durante e depois do 25 de abril, foi um privilégio que tocou a poucos, mas calhou-me a mim.
O antes já era uma surdina de palavras proibidas e irreversíveis cujo contágio era imparável. Um dia, ao sair da minha primeira aula teórica de química médica, juntamente com mais três colegas, saiu do Nívea (Volkswagen da polícia) um agente que veio junto de nós e nos mandou dispersar. Éramos quatro e íamos almoçar à cantina. Era a própria polícia que, paradoxalmente, nos tirava a ingenuidade e incentivava à resistência.
O durante foi uma flutuação frenética entre a incredulidade e a esperança; mas o primeiro 1º de Maio tornou-se o grande clamor da irreversibilidade.
O depois, na academia, traduzia o país. As paixões despontavam numa fragmentação política de marcado pendor à esquerda. As derivas tornavam-se evidentes e as discussões descomprimidas e abertas inundavam as mesas dos cafés e as reuniões gerais de estudantes. No cinema, no teatro e nas palavras escritas, surgia um mundo novo até então desconhecido pela maioria de nós.
Quais as leituras e as músicas que ouvia mais nessa época? Os seus gostos alteraram-se?
As músicas eram partilhadas por todos e as descobertas eram permanentes. Woodstock operou uma viragem nos gostos e na liberdade. Os cantores de intervenção, portugueses e estrangeiros, eram obrigatórios nas noitadas de alegria e copos. Lembro-me de um opúsculo clandestino com letras do Manuel Alegre musicadas que era obrigatório em todos os encontros.
Ainda a propósito do poeta, sintonizávamos a rádio Argel, antes da revolução, e lá estava a sua voz inconfundível. Os meus gestos caminharam com o tempo e a idade, e ainda hoje são feitos de muitas partilhas e descobertas. Não fiquei ancorado nos deslumbramentos de juventude, mas ainda hoje são referências que partilho com os meus netos, e eles também gostam.
O que recorda de mais positivo e de mais negativo na sua passagem pela Universidade de Coimbra?
Vivi em Coimbra dos 17 aos 34 anos. Ao tempo, a academia era um amplo espaço de convívios e estímulo. A Praça da República era o grande pátio da universidade. Por ali deambulavam as figuras de referência das várias faculdades. Este borbulhar era fascinante, e todas as conversas nos guindavam para novos planos de descoberta e liberdade. Mesmo na discórdia, estava instalada uma alegria inaugural que contagiava a comunicação.
De negativo, talvez recorde momentos de tensão estudantil desencadeados por processos de manipulação e radicalismo, levados a cabo por correntes ideológicas múltiplas onde o padrão de alienação se instalava de modo acrítico e obstinado.
Formou-se em Medicina e especializou-se em Psiquiatria? Porquê esta opção?
Fui para a medicina por uma espécie de acordo de grupo entre alguns colegas de liceu. Não me lembro de sentir um chamamento ou vocação; mas cedo percebi que não me tinha enganado no destino.
A psiquiatria aconteceu pela influência específica e incentivo do doutor Manuel Lousã Henriques. Era uma referência de Coimbra em termos psiquiátricos, culturais e humanistas. Tive a sorte de o ter como assistente de psiquiatria quando fazia a cadeira, e quando acabava a aula ninguém tinha dado pelo passar do tempo. Aconselhou-me o Lorvão.
A partir da especialização como foi o seu percurso profissional? Que êxitos e que problemas registou, sucintamente, ao longo do período em que exerceu a sua atividade, no SNS? E que importância teve a sua passagem pelo Hospital do Lorvão?
A especialização decorreu no hospital psiquiátrico do Lorvão, onde 3 jovens psiquiatras residentes tiveram, pela abrangência, pelo entusiasmo, pelo arejamento e pela inovação, uma influência determinante na minha formação.
Os êxitos, fracassos e problemas, são inerentes à vida de um médico. Mas, em termos sincréticos, sinto como muito positivo um longo período do SNS em que as turbulências eram claramente menores e a relação interpessoal tinha outra densidade humana.
O facto de ter pertencido às gerações que prestaram o serviço médico à periferia, enraizou para sempre uma crença no recém-implantado SNS. Mas o curso dessa crença tem vindo a desagregar-se. As razões não cabem aqui nem são lineares; mas, o resultado final insatisfaz os doentes e desanima os profissionais de saúde. Não sei quando nem como nos vamos reencontrar.
O Hospital da Guarda diferenciou-se na área da Psiquiatria? As instalações condicionaram/condicionam a atividade médica?
Quando há 37 anos fui convidado, com o Paulo e o Antídes, para abrir um serviço de psiquiatria na guarda, a decisão não foi demorada. Inicialmente na Praça velha, como centro de saúde mental, sem serviços de internamento próprio, desenvolvíamos consultas em articulação com os 14 centros de saúde do distrito e os casos urgentes eram encaminhados para o internamento do Lorvão.
Quando passámos a ocupar as atuais instalações do departamento de psiquiatria, integrados no hospital Sousa Martins, sempre sentimos a casa e a causa como nossas. Fomos muitos e sucessivos a arregaçar as mangas. Talvez por isso nunca nos sentimos condicionados nem num espaço exíguo.
A psiquiatria tornara-se centrífuga e ainda continuamos a visitar no seu domicílio mais de 300 doentes por mês, em todo o distrito.
Que projetos não viu concretizados, em termos hospitalares?
Volvidos 37 anos, com novas realidades e ambições, lamento, sem hesitação, que não se tenha construído um novo departamento.
Como vê, atualmente, a saúde mental em Portugal? Há falta de recursos humanos e de unidades de tratamento e acompanhamento?
Penso, como em tudo, que já estivemos pior. Ainda assim há muitas assimetrias e a resposta não é linear.
A maior densidade populacional; novas patologias sociais de desenraizamento e deslaçamento afetivo; défice crescente de comunicação corpo a corpo; imputação de responsabilidades e deveres aos outros; eu sei lá… Mais do que problemas de saúde mental, há um caldo doentio que nos circunda e inquieta. Às vezes não são os percursos é o modo como se recorre aos recursos.
Acha que a recente pandemia agravou os problemas no contexto da saúde mental? Aumentou a conflitualidade social?
Nos idosos a pandemia teve um efeito devastador. Para além da morte, e sobretudo nos doentes institucionalizados, o embate nas funções cognitivas e motoras foi imenso e irreversível.
Nos restantes grupos etários, com a plasticidade inerente a cada idade, houve um claro acréscimo das doenças ansiosas e depressivas com fenómenos de antecipação e medo. As fobias obsessivas em menor expressão, assim como as patologias paranóides.
Quanto à conflitualidade social, sinto-a hoje teimosamente residente e sem carecer de pandemias para se alimentar.
Como aconteceu a sua ligação aos Bombeiros da Guarda? Que balanço faz desse período?
Foi o Pedro Lopes e o Álvaro Guerreiro que me convidaram para integrar uma direção. Depois fiquei mais de vinte anos. É uma casa que ficou a fazer parte de mim como de muitos outros que por lá passaram.
Os bombeiros são simultaneamente homens e mulheres com um imenso espírito de solidariedade e entrega, como “vidrinhos” de uma sensibilidade ressentida. É como se uma cristalização da adolescência lhes ficasse agarrada à pele. É essa mistura mágica que faz aquela casa e o sentido a que se propõe.
Acha que o voluntariado está em crise?
Esta pergunta acrescenta novas nuances à resposta anterior. A crescente e necessária profissionalização dos bombeiros para que se ajustem à sempre velha e nova realidade do fogo, conduziu ao decréscimo do voluntariado tradicional.
Ainda assim continuo a acreditar nesta determinação estruturalmente humana. Enquanto houver uma criança de olhos desorbitados deslumbrada com a enormidade elegante dum carro de bombeiros, o voluntariado terá sempre um fogo interior que o move. E todas as formas de voluntariado carecem desse fogo interior que anule o individualismo e o alheamento.
Está profundamente ligado à criação do grupo de “Teatro à Vela” e do grupo coral “Recanto do Canto”. O que representaram para si, e para a Vela, estes dois grupos e qual a projeção que tiveram?
O que representaram para Vela, talvez não me caiba a mim a avaliação. É preciso que o tempo aglutine a distância e as memórias. O que representou para mim é um desassossego enorme de vivências e emoções. Vou aglutinar-me: tinha regressado de Coimbra com a família; a Vela ainda lambia as feridas de cisões políticas estéreis; o Álvaro era mordomo e desafiou me a escrever uma peça; lembrei-me da adolescência na quinta dos meus avós; do Padre Amarelo me vir buscar para entrar no teatro; fui à procura dos “velhos” que eu tinha visto em palco quando garoto; todos me disseram que sim; esbocei o projeto e li-o em grupo; no final vi algumas lágrimas, talvez estivesse certo; depois foi meter no palco avós, filhos e netos; a Taverna comportava a vida; transformou-se numa peregrinação de alegria que nos ultrapassou (e a mim, sobretudo).
O Recanto do Canto veio mais tarde como um complemento de disciplina e organização. O Mário Barreiros e a sua tranquilidade gentil levaram-nos a quatro vozes numa polifonia que mais tarde emudeceu, mas ainda a oiço na memória.
Escreveu e encenou três peças de teatro. O que significa para si o teatro e como vê hoje, à distância de alguns anos, estas peças e o sucesso que alcançaram?
Sim. A Taverna (en)cantada; o Sagrado e o profano e a Cesta de fantoches. A Taverna durou mais de doze anos e somou cinquenta e quatro representações em vários pontos do país. Éramos saltimbancos de alegria. Ver avós, filhos e netos, no mesmo palco, era uma gratificação extraordinária. Três dos que então chamávamos bando de estorninhos, começaram com seis anos e são hoje atores profissionais. Disse muitas vezes que era melhor plantar um alfobre do que comprar couves.
O teatro é ver num palco uma amostra da vida ou a própria vida; com a luz e a sombra; o delírio e a crueza; o amor e a indiferença; a esperança e a solidão; nós e os outros ou, sobretudo, o que os outros têm de nosso e nós temos dos outros. O teatro é sobretudo esta escola de estética com poesia por dentro do corpo.
Sinto hoje que, quando escrevi a Taverna, era um artesão ingénuo dos afetos e ainda hoje, por entre as penumbras do tempo, não me sinto muito diferente de mim.
E como vê, hoje, a cultura na Guarda e no interior do país?
Se me reportar há trinta e sete anos, quando vim de Coimbra, a decadência é notória ainda que com algumas flutuações. Então esta cidade fervilhava e nunca me senti órfão de Coimbra.
Assisti na Guarda a múltiplas manifestações culturais na sua mais diversa expressão. Esta dinâmica tinha o dedo e a obstinação do Américo Rodrigues. Há razões também de natureza demográfica e de modificação de hábitos.
As redes sociais não nos grudavam aos pequenos ecrãs como uma crescente clausura de alienados. Ao tempo, a desoras, com um grupo de amigos, para beber um fino no Zé da Praça ou no Caçador, era preciso ter a sorte de um lugar.
Ainda “permanece amante das palavras vadias”, como referia numa sua nota biográfica?
Permaneço, ainda que com menor densidade de momentos que há umas décadas atrás. Talvez me tornasse mais seletivo e conciso.
Normalmente escrevo por impulso e obedeço a chamamentos interiores ligados às coisas da vida (ou à vida das coisas). Isolo-me numa casa antiga, com a lareira por dentro da salamandra de inverno e com uma grande amplitude de músicas de referência a flutuar no espaço.
Depois é começar a ligar a filigrana das palavras com a delicadeza que elas merecem: são por natureza muito solidárias e atraem-se com a mesma multiplicidade de sentimentos que os humanos. Às vezes fazem-me chorar e isso significa que se agarraram a mim pela ponta dos dedos
Possui uma diversidade de contos e textos publicados em jornais e revistas. Para quando uma obra que reúna essa produção? E para quando um livro novo?
Nunca esteve nos meus horizontes a publicação. Mesmo quando saiu o “Litoral” foi um desafio teimoso do João Luís Neca, do Bando de Palmela.
Julgo ter sido o Vergílio Ferreira que um dia escreveu que mesmo aqueles que escrevem para a gaveta, estão sempre à espera que um dia lh’a abram. Eu escrevi muito para a gaveta e era a minha mulher que a arrumava e organizava. Mais tarde o meu filho disciplinou-me no computador, mas continua a ser a minha gaveta informática.
Sem falsa modéstia, é o momento em que escrevo - à mão - que me seduz e alimenta; depois, muito raramente revisito o que escrevi; tenho medo do desconsolo. Nos últimos tempos, por “encomenda” de um estorninho da Taverna, o Pedro Sousa do Acert de Tondela e dos Gambuzinos e Peobardos, tenho escrito textos para teatro, e não me desagrada a publicação oral.
Escrevia no seu livro “Litoral”: “quando regressei às origens nada de mim morreu. Vendo bem, aconteci de outra maneira”. A ligação ao seu Avó contribui para esse regresso? Que memórias guarda desses primeiros anos da sua infância?
E continuo a acontecer de outra maneira porque a vida nos chama de muitas encruzilhadas e distâncias. O regresso de Coimbra foi o fecho do triângulo. Nasci na quinta. Na Covilhã era uma criança urbana; pedia autorização para ir brincar para o Jardim com os amigos; Eu e o João éramos os acólitos da missa da tarde na igreja de São Francisco; o padre Lemos (que depois deixou de o ser) emprestou-nos, aos dois, com conhecimento dos pais, um livro sobre educação sexual para crianças; era o tempo do Vaticano II; mais tarde, pelas dezassete horas, já eu e o João tínhamos extorquido, às respetivas mães, vinte cinco tostões cada um, para jogar snooker no Ginásio Clube.
No fim de semana e nas férias lá vínhamos na camioneta do Tonico para a quinta. O meu avô era um pedagogo nato. Dotado de uma subtileza invulgar tinha o humor clarividente de Monsieur de la Palisse que denunciava a essência por detrás do óbvio. Com ele, desde muito pequeno, aprendi todos os trabalhos e ciclos rurais. Muito pequeno, saltei um dia para um cesto de uvas de mesa e comecei a pisá-las, imitando os homens no balceiro; indiferente ao meu orgulho, o meu avô passou por mim e disse à minha mãe: ó Clementina vai lá ver o Tó! E mais aqui não cabe do Homem que me ensinou a dimensão das pequenas coisas que ainda hoje preenchem a essência mais nobre do meu pensamento.
O que continua a representar para si a Vela, globalmente entendida?
A Vela era o meu lado rural e telúrico. Quando mais tarde, já na faculdade, me afundei nos livros do Torga (com quem um dia falei), tinha encontrado por inteiro o lado granítico da existência.
Os sítios do silêncio nos lilases do crepúsculo. E ainda hoje, quando olho para a Serra do Seixo, vejo o dedo gordo e indicador do meu avô a ensinar-me onde o Sol se punha no pino do verão; depois começava a pôr-se cada vez mais abaixo – dizia. Eu viria a aprender o que era um solstício; o meu avô não precisava disso para nada.
A Vela continua a ser isto: um mosaico imenso de memórias à solta e, claro os amigos com quem continuo a entusiasmar-me na liberdade livre de uma boa conversa.
O que pensa desta homenagem que lhe faz o Município da Guarda?
Ouvi um dia a Jairzinho, jogador de excelência da seleção canarinha campeã do mundo, que falar sobre nós é indigesto. O reconhecimento, não o nego, afaga a alma e dá consistência à identidade. Mas foi com muitos outros, no trilho profissional; nas aventuras culturais; na partilha mais abrangente da vida; foi com os outros que são parte de mim, que esta homenagem é parte deles.
H.S. /Correio da Guarda
A Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos vai promover no dia 26 de janeiro um curso sobre sigilo médico que decorrerá, em simultâneo e presencialmente, em Coimbra e na Guarda.
O curso "Sigilo Médico ... sem segredos" realizar-se-á, na referida data, nos respetivos edifícios-sedes, no âmbito de uma organização da Ordem dos Médicos do Centro através do seu Gabinete de Ética e Deontologia.
Esta formação terá os seguintes conteúdos programáticos: Segredo Médico, do Juramento de Hipócrates ao Código Deontológico da Ordem dos Médicos; Segredo Médico, Relação Médico-Doente, Dever e Limites do Médico; O Sigilo Médico no Direito Disciplinar, Civil e Penal; Acesso ao processo clínico por terceiros e suas limitações; Informatização de dados clínicos e desafios atuais ao Segredo Médico; Garantias e ameaças à segurança na circulação de dados clínicos informatizados e Análise e debate de situações expostas pelos participantes
O curso decorrerá das 09h00 às 17h00 e terá como formadores Lara Sutil, Andreia Costa Andrade e Nilton Nascimento.
O Circuito das Beiras, prova desenhada por Tavares de Melo, passou hoje pela Guarda, onde terminou a etapa iniciada em Castelo Branco. Amanhã será também na cidade mais alta de Portugal que será dada a partida para o percurso até Coimbra.
Esta iniciativa tem por objetivo recriar a primeira prova automobilística por etapas, vencida por José Caetano Tavares de Melo há 120 anos, e percorrer um total de 440 quilómetros ao longo de Coimbra, Castelo Branco, Guarda e Coimbra. A caravana é composta por viaturas clássicas.
O Circuito das Beiras é uma organização do Clube Escape Livre, que conta com o apoio das Câmaras municipais da Guarda, de Coimbra – onde se iniciou o circuito – e de Castelo Branco. O trajeto desta prova é igual ao percorrido em 1903.
O XI Ribeirinha - Festival de Tunas Femininas da Guarda vai realizar-se no próximo sábado, 6 de Abril, organizado pela Egitúnica.
A Egitúnica – Tuna Feminina do Instituto Politécnico da Guarda vai receber a Minutuna – Tuna Feminina do ISAG, a Mondeguinas – Tuna Feminina da Universidade de Coimbra, a Feminina – Tuna Feminina da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e a Estigma Tuna – Tuna Feminina da ESTIG de Beja.
O referido festival decorrerá no pequeno auditório do Teatro Municipal da Guarda, a partir das 21h30. O programa, contudo, inicia-se no dia anterior com a realização das tradicionais serenatas. Os bilhetes para o festival podem ser adquiridos aqui.
Na Biblioteca Municipal da Guarda decorrerá hoje, a partir das 17h30, a conferência “Reforma do Processo Civil”, promovida pelo Centro de Estudos Ibéricos.
O tema será abordado por Maria José Capelo Pinto, da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e por Fernando Martín Diz da Faculdade de Direito da Universidade de Salamanca.
Esta conferência está integrada no Ciclo “O Direito em tempos de crise”, coordenado cientificamente pelo Prof. José Manuel Quelhas, da Universidade de Coimbra, e pelo Prof. Ricardo Rivero, da Universidade de Salamanca.
A iniciativa tem a colaboração da Ordem dos Advogados.
Na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, Guarda, realizar-se-á na próxima quinta-feira uma conferência subordinada ao tema “Insolvências e recuperação de empresas”.
Esta conferência está integrada no Ciclo “O Direito em tempos de crise”, promovido pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI).
O ciclo é coordenado, cientificamente, pelo Prof. José Manuel Quelhas, da Universidade de Coimbra, e pelo Prof. Ricardo Rivero, da Universidade de Salamanca, contando com a colaboração da Ordem dos Advogados.
De referir que ao longo de 2013 serão abordados temas como “Insolvências e recuperação de empresas”, “Reforma de leis laborais e cessação do contrato de trabalho”, “Reforma do mapa judiciário” e “O Direito e a crise financeira”.
O tema das “Insolvências e recuperação de empresas” será abordado por Alexandre Soveral Martins, docente da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (Ciências Jurídico-Empresariais) e por Fernando Carbajo Cascón, professor da Faculdade de Direito da Universidade de Salamanca (Direito Comercial).
Informações e inscrições em www.cei.pt
Até ao próximo mês de Abril decorre o prazo de candidaturas à 9ª edição do Prémio Eduardo Lourenço, galardão instituído pelo Centro de Estudos Ibéricos destinado a premiar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas
O Prémio, no montante de 10.000,00€ (dez mil euros), será atribuído por um júri constituído pelos membros da Direcção do Centro de Estudos Ibéricos (Reitor da Universidade de Coimbra, Reitor da Universidade de Salamanca e Presidente da Câmara Municipal da Guarda) e por mais oito personalidades sendo, no presente ano, presidido pelo Reitor da Universidade de Coimbra.
Personalidades de relevo de Portugal e Espanha já foram galardoadas nas anteriores edições: Maria Helena da Rocha Pereira, Professora Catedrática de Cultura Greco-Latina (2004), Agustín Remesal, Jornalista (2006), Maria João Pires, Pianista (2007), Ángel Campos Pámpano, Poeta (2008), Jorge Figueiredo Dias, Professor Catedrático de Direito Penal (2009) e César António Molina, Escritor (2010), Mia Couto, Escritor (2011) e José María Martín Patino, Teólogo (2012).
Qualquer instituição ou pessoa pode enviar propostas de candidatura até 12 de abril de 2013 para o Centro de Estudos Ibéricos, podendo o Regulamento ser consultado em www.cei.pt
Fonte: CEI
“Um Milhão de Diabéticos” é o tema da conferência que terá lugar na próxima sexta-feira, 4 de Novembro, pelas 9h45 na Sala António Almeida Santos (Câmara Municipal da Guarda). Esta conferência, promovida pelo Centro de Estudos Ibéricos, integra-se no Ciclo “Saúde Sem Fronteiras”,
Para além da participação de professores das Universidades de Coimbra e de Salamanca, da Escola Superior de Saúde/Instituto Politécnico da Guarda e de médicos da Unidade Local de Saúde, o programa inclui uma acção de sensibilização para alunos do 2º Ciclo sobre a Diabetes na Adolescência.
O Ciclo “Saúde Sem Fronteiras” teve início em 2004, numa organização conjunta do CEI e das Faculdades de Medicina das Universidades de Coimbra e Salamanca, responsáveis pela coordenação científica.
À semelhança das edições anteriores, o CEI conta com a colaboração da Ordem dos Médicos, Ordem dos Enfermeiros, Unidade Local de Saúde da Guarda e Escola Superior de Saúde da Guarda/IPG.
O Centro de Estudos Ibéricos vai levar a efeito, nos próximos dias 28, 29 e 30 de Abril, na Sala António Almeida Santos da Câmara Municipal da Guarda, as III Jornadas Transfronteiriças “Paisagem, Espaços Protegidos, Floresta: Gestão e Sustentabilidade”.
Trata-se da terceira iniciativa promovida pelo CEI sobre esta temática e que conta com a colaboração das seguintes entidade: Governo Civil da Guarda, Comando Territorial da Guarda – G.N.R., Departamento de Gestão de Áreas Classificadas – Centro e Alto Alentejo – I.C.N.B., Unidade de Gestão Florestal da Beira Interior Norte – A.F.N., Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Guarda, Serviço Municipal de Protecção Civil e Servicio Territorial de Medio Ambiente Salamanca da Junta de Castilla y León.
O Centro de Estudos Ibéricos assinala desta forma o Ano Internacional da Floresta, com um debate alargado sobre a floresta, a paisagem e os espaços protegidos. “Ambiente e transformação da paisagem”, “Biodiversidade, conservação e gestão dos espaços protegidos”, “Floresta e risco de incêndio”e “Protecção da floresta” são os grandes temas que irão ser abordados por professores das Universidades de Coimbra e de Salamanca e do Instituto Politécnico da Guarda e por técnicos das entidades que colaboram nesta iniciativa.
A abertura das Jornadas terá lugar na Sala António de Almeida Santos (Câmara Municipal da Guarda), na próxima Quinta-feira, dia 28, pelas 9h15; no dia 29, Sexta-feira, os trabalhos decorrem no Auditório Municipal da Câmara, devido à realização da Assembleia Municipal.
No dia 29, pelas 18h00, neste mesmo local, será apresentado o livro “Interioridade – Insularidade Despovoamento – Desertificação – Paisagens, Riscos Naturais e Educação Ambiental em Portugal e Cabo Verde”, volume nº17 da Colecção Iberografias, coordenado por Lúcio Cunha e Rui Jacinto.
No Sábado, dia 30, terá lugar um trabalho de campo sobre os “Recursos Florestais no Parque Natural da Serra da Estrela”, num percurso que se inicia na Guarda, seguindo para Manteigas, Vale Glaciar do Zêzere, Covão d´Ametade, Torre, Sabugueiro e Vale do Rossim e que será orientada por técnicos da AFN - Unidade de Gestão Florestal da Beira Interior Norte e do ICNB - Departamento de Gestão de Áreas Classificadas – Centro e Alto Alentejo.
Mais informações e inscrições em www.cei.pt
“Universidade Portuguesa: Evolução histórica” é o tema da palestra que Seabra Santos, Reitor da Universidade de Coimbra, vai proferir na Meda, no próximo dia 16 de Julho.
Esta iniciativa, promovida pelo Governo Civil da Guarda, integra-se nas comemorações distritais do Centenário da República.
A referida palestra terá lugar, a partir das 21h30, no Auditório da Casa da Cultura de Meda.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.