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Iniciou-se hoje, na Guarda, a romagem teatral ao Cabeços das Fráguas, no âmbito da iniciativa “Passos à Volta da Memória”, um produção da Culturguarda para a autarquia guardense.
“A montanha sobe-se e os vales, antes caminhos, tornam-se horizontes aos olhos de todos. O Cabeço das Fráguas será transformado nesta migração de sensações. Da História à lenda. Do Teatro ao mito. Das palavras rigorosas às oníricas fantasias. As personagens históricas e contemporâneas, divinas ou humanas, misturam-se nesta caminhada, serra acima, até à inscrição lusitana com caracteres latinos, a célebre “Laje da Moura”. Aí, a 1015 metros, terá lugar o ritual de oferenda aos deuses que será partilhado por todos, actores e público, numa comunhão de memórias.” Refere a sinopse divulgada pela Culturguarda.
Esta produção tem coordenação geral de Américo Rodrigues e encenação de João Neca (igualmente autor do texto), com interpretação de António Rebelo, David Ribeiro, João Neca, João Pereira, Luís Teixeira, Marco Cruz, Nuno Rebelo e Pedro Sousa (actores do grupo de teatro “Gambozinos e Peobardos”, da Vela).
O Cabeço das Fráguas, sítio arqueológico de grande importância, referente a um antigo local de culto a divindades lusitanas, datado do séc. V a.C., é o destino desta romagem teatral.
No topo do cabeço encontra-se uma escavação arqueológica que prova a existência de algumas edificações lusitanas possivelmente destinadas ao culto. A consubstanciar essa mesma ideia está a existência de uma das únicas inscrições em língua lusitana escrita com caracteres latinos. Nas imediações do cabeço foram encontradas 20 aras religiosas contemporâneas dos lusitanos, o que se reveste da maior importância já que, por comparação, em toda a província vizinha de Salamanca, Espanha, apenas existem 18 aras.
O Cabeço das Fráguas Localiza-se junto da Quinta de S. Domingos, na zona este da freguesia de Benespera, no concelho da Guarda. A altitude do cabeço é de 1015 metros; no seu topo existe um planalto onde estavam implantadas as edificações religiosas. Em todas as portelas existem vestígios de muralhas.
O acesso só é possível a pé mas esta visita é perfeitamente compensada pelo reencontro com o passado, com um património ímpar, com um bela e inebriante paisagem.
Uma interessante e original proposta a não perder, todos os sábados (até 22 de Setembro).
HS/ (Fonte: TMG)
O molde da inscrição do Cabeço das Fráguas, pertencente ao Museu da Guarda e executado pelo Instituto Arqueológico Alemão, integra, actualmente, a exposição temporária "Religiões da Lusitânia. Loquuntur saxa" do Museu Nacional de Arqueologia.
Recorde-se que este molde foi apresentado pela primeira vez na exposição temporária "Porcom, Oilam, Taurom |Cabeço das Fráguas, o santuário no seu contexto" realizada a 30 de Maio de 2010.
Trata-se de uma cópia, à escala natural, do texto epigrafado numa rocha, localizada no santuário do Cabeço das Fráguas, no ponto mais elevado de um recinto fortificado, ao qual se terão deslocado as populações das terras em redor para celebrar os seus ritos, desde o século VIII a.C ao final do século I d.C.
O texto descreve um sacrifício de tipo suovetaurilia dedicado a várias divindades indígenas. Ao apresentar um texto religioso de língua indígena em alfabeto latino, esta inscrição é também um importante testemunho da romanização dos cultos indígenas, daí o seu perfeito enquadramento, na exposição temporária do Museu Nacional de Arqueologia.
Tal como escreve o Director do Museu Nacional Arqueologia, Dr. Luís Raposo, na justificação geral da exposição, “(...) a pretendida eternidade da civilização latina (Roma aeterna) será nesta exposição confrontada com as fortes continuidades locais, que remontam à Pré-história e se manifestam até à actualidade na cultural popular portuguesa.
Neste quadro, a Lusitânia emergirá como uma eternidade por só própria (Lusitania aeterna), incorporando valores indígenas e autóctones, de tal forma que as crenças do presente podem ser iluminadas por estas raízes profundas, de tão longa duração (...)”.
Fonte: Museu da Guarda
Até ao próximo dia 24 de Julho continua patente, na Galeria de Arte do TMG, a exposição de escultura "Cerimónias Matriarcais em nome das mais antigas divindades do Cabeço das Fráguas: Trebopala, Laebo, Trebaruna", da autoria do artista plástico guardense Daniel Gamelas.
Escultor e professor de desenho, Daniel Gamelas trabalha, actualmente, no Porto. É Licenciado em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e Mestre pela New York Academy of Art. O seu trabalho foi distinguido em Nova Iorque com o prémio “The Complete Sculptor” por excelência em escultura.
As esculturas de Daniel Gamelas exploram relações entre o corpo, a origem e a mitologia. Tem integrado numerosas mostras individuais e colectivas em Portugal, Espanha e Nova Iorque, destacando-se as exposições “Origens” e “Domínios”.
É membro co-fundador do AARP – Atelier de Arte Realista do Porto, sendo responsável pelo programa de desenho. Os cursos que orienta são baseados na tradição académica de representação figurativa e inspirado no legado das escolas clássicas.
Paralelamente à carreira artística é professor da cadeira de Desenho Arquitectónico na Universidade Católica de Viseu. Anteriormente também leccionou as cadeiras de Desenho na Escola Universitária Vasco da Gama, em Coimbra.
A exposição "Cerimónias Matriarcais em nome das mais antigas divindades do Cabeço das Fráguas: Trebopala, Laebo, Trebaruna", pode ser visitada de terça à sexta das 16h às 19h e das 20h30 às 23h, aos sábados das 14h às 19h e das 20h30 às 23h e aos domingos das 14h às 19h.
A entrada é livre.
Fonte: TMG
Exposição, de Daniel Gamelas, “Cerimónias Matriarcais em nome das mais antigas Divindades do Cabeço das Fráguas: Trebopala, Laebo, Trebaruna”.
De 28 de Maio a 24 de Julho de 2011, na Galeria de Arte do Teatro Municipal da Guarda.
Entrada livre.
“Porcom, Oilam, Taurom. Cabeço das Fráguas: o santuário no seu contexto” é o tema da jornada que vai decorrer no Museu da Guarda, no próximo dia 23 de Abril, sobre a investigação que foi desenvolvida naquela estação arqueológica, localizada a escassos quilómetros desta cidade.
Esta iniciativa, promovida pelo Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, em colaboração com o Museu da Guarda e o Centro de Estudos Ibéricos, pretende analisar este espaço de santuário em função dos novos dados obtidos e enquadrá-lo no seu contexto regional, cronológico e temático.
De referir que este encontro, de carácter interdisciplinar, coincide com a exposição que está patente no museu guardense, até 31 de Maio.
Organizada pelo Instituto Arqueológico Alemão e pelo Museu da Guarda, esta mostra apresenta pela primeira vez ao público o molde da inscrição rupestre em língua lusitana identificada no local, que salvaguarda esse importante texto epigráfico e facilita o seu acesso, até agora difícil, a investigadores e eruditos.
De acordo com alguns investigadores, a primeira referência a esta inscrição remonta ao século XVIII. O pároco de Pousafoles do Bispo anotou a existência, no Cabeço das Fráguas, de uma lage com caracteres indecifráveis. Estes descrevem a oferenda de vários animais a diversas divindades, conjugando no mesmo texto o alfabeto latino e a chamada língua lusitana, falada na época pré-romana em quase todo o território do ocidente hispânico.
Com o processo de moldagem que foi concretizado no passado ano, os trabalhos arqueológicos em curso desde 2006 no Cabeço das Fráguas (localizado nas proximidades da freguesia de Benespera, Guarda) entraram numa nova fase e deixaram um eminente contributo para um maior conhecimento da referida inscrição rupestre divulgada, pela primeira vez, em 1943 pelo General João de Almeida e publicada, em 1956, pelo arqueólogo guardense Adriano Vasco Rodrigues, a quem se deve, aliás, o despertar da curiosidade por parte da comunidade científica.
As prospecções que ali decorreram, resultaram, precisamente, da existência de referida invocação às divindades e do interesse em esclarecer o contexto arqueológico no qual terá decorrido o aludido acto religioso.
De acordo com informação do Museu da Guarda, tratou-se da “primeira vez que esta inscrição, já famosa no meio científico europeu, foi reproduzida fielmente à escala natural com recurso à avançada tecnologia de LaserScan, levada a cabo no terreno por uma empresa especializada portuguesa”.
O projecto, impulsionado pelo Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, foi desenvolvido com a colaboração do Museu da Guarda e da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O referido molde, processado por especialistas da Universidade Técnica de Berlim, passa a integrar a exposição permanente do Museu da Guarda.
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