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A Associação Move Beiras, juntamente com o Conservatório de Música de São José da Guarda, vai promover um Concerto de Natal, no próximo dia 15 de dezembro, na Igreja Matriz de Benespera. O concerto tem entrada gratuita.
Esta atuação complementa-se com apontamentos musicais (Ensemble de Acordeão) nas estações Ferroviárias da Guarda e da Benespera (Estação Natal) e a bordo do Intercidades 542.
“Nesta altura, cujo espírito natalício onde a união e espírito de comunidade prevalece, a Associação Move Beiras e o Conservatório da Guarda contam com a participação de todos”, refere uma nota informativa veiculada pela organização.
“A Iniciativa vem reforçar o trabalho em equipa e o lema da Associação Move Beiras: "Há linhas que nos unem e uma região que nos move!"
De referir que esta iniciativa conta com o apoio da Câmara Municipal da Guarda, Junta de Freguesia de Benespera, Associação Cultural e Recreativa de Benespera, Paróquia de Benespera, CP - Comboios de Portugal e IP - Infraestruturas de Portugal.
“A Guarda e a sua Gente” é o título de uma pequena antologia, editada em 1988, baseada nas obras de Augusto Gil. Uma publicação que resultou do empenho de José Carreira Amarelo em contribuir para incrementar o interesse dos guardenses pela produção literária do autor da “Balada da Neve”.
“Os grandes homens enobrecem o berço em que nasceram pelas suas obras e agigantam-se nas cinzas em que repousam pela memória do seu povo. Augusto Gil é uma memória da Guarda.” Palavras que José Careira Amarelo deixou na introdução do referido livro, onde sublinhou o “preito de homenagem ao trovador sem escola”. No ano seguinte, e numa edição do Museu da Guarda anotou “Augusto Gil – cartas de amor”, missivas “nem breves nem secas como as que Camilo escreveu, mas manifesto clarão do lirismo e do estilo” do poeta que a cidade mais alta tem na galeria das suas personalidades mais ilustres.
Neste breve apontamento não é nosso objetivo falar de Augusto Gil, mas de José Miguel Carreira Amarelo; um distinto sacerdote, excecional professor, incansável investigador, dedicado estudioso da cultura regional, cidadão solidário, observador atento da comunidade onde exerceu a sua atividade. José Carreira Amarelo nasceu na aldeia de Marmeleiro (concelho da Guarda) em 22 de outubro de 1934 e faleceu no dia 12 de dezembro de 2000, em Coimbra. Para além da sua, reconhecida e apreciada atividade como sacerdote – cidadão simples, com uma grande humanidade e uma permanente disponibilidade para o próximo – sobressaiu também como docente e como homem de cultura.
Sempre discreto, declinava os protagonismos mediáticos ou as luzes da ribalta, optando antes pela entrega ao trabalho quotidiano, nas várias frentes do seu labor. “O Padre Amarelo era um homem excecional – e por qualidades de humildade e amor. Não lhe faltava perspicácia e sentido do dever e da responsabilidade, que, afinal, integravam o perfil de equilíbrio e de alguém principalmente atento aos outros. No entanto – eis a sua riqueza – desequilibrava-se. Não imitava os homens comuns – nem podia. Tímido, escrupuloso, vocacionado – chamado pela vocação de ser inteiro e bom”, como referiu o escritor Manuel Poppe, num dos seus livros.
Na área do ensino a presença de José Miguel Amarelo ficou bem marcada, como podem confirmar múltiplos e insuspeitos testemunhos; aliás, ao longo do seu percurso académico deixou indeléveis marcas da sua forma de ser e outrossim do seu saber, entregando-se à descoberta constante dos valores e expoentes culturais desta região. “O Dr. Amarelo estava interiormente convencido de que a Igreja só foi aceite quando se voltou para a cultura que constituiu a sua riqueza e atração. A história o confirma desde os seus começos, com a fundação das escolas paroquiais e episcopais e as primeiras universidades. Talvez por isso e por outros motivos aliou a sua missão eclesial a um trabalho honesto de intelectual persistente e inovador”, realçava Júlio Pinheiro (seu amigo, docente e também sacerdote) na publicação de homenagem editado pela (à altura) Escola Superior de Educação (ESE) do IPG, em dezembro de 2003.
O teatro popular foi uma das temáticas que o entusiasmou, com particular incidência nas tradições de Pousade, freguesia do concelho da Guarda; nos dois volumes editados sobre o teatro popular, procurou, (como escreveu na apresentação do primeiro dos dois volumes) “salvar do naufrágio do esquecimento e da perda uma pequena parcela da nossa cultura popular e regional.”
“A Paixão”, “Acto de Adão e Eva”, “O Nascimento de Jesus Cristo”, “A Morte de Antípatro”, “A Vingança de Enoe” e “Mártires da Germânia” são elucidativos exemplos dessas representações populares que sustentaram o seu objetivo de revelar “a perenidade e prevalência do teatro de cariz popular a par de outro de carácter institucional”, convicto da subsistência, no país, de “representações populares dramáticas de carácter didático e formativo, de índole religiosa e profana, ora com objetivos apenas recreativos, ora com fins satíricos e moralizadores.”
Carreira Amarelo “ficará sempre como um exemplo, um homem de exceção, pelo seu desejo de saber, pela sua capacidade de ação, pelo seu espírito de serviço, pela sua procura de unificação, pela irradiação de uma bondade sem limites”, anotou Júlio Pinheiro. “Ele defendia os desprotegidos, ajudava os humildes em pequenas coisas que para eles eram cheias de dificuldades, quase intransponíveis, como ir às repartições, ou escrever cartas para o estrangeiro em várias línguas”. Um exemplo “de inteireza, de bondade e verdade”, considerou, por seu turno, Manuel Poppe.
Nestas breves notas , aproveitamos para relembrar que depois de ter deixado a Direção da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico da Guarda, onde lecionou, desenvolvia uma cuidada investigação sobre “As Pastorais dos Bispos da Guarda”; tema da tese de doutoramento que se preparava – antes da sua morte – para discutir.
Este trabalho (que constitui um importante documento histórico-cultural da região, mormente sobre o período temporal escolhido) não deve ficar esquecido; é importante que mereça (como defendemos já há duas décadas…) a adequada e merecida divulgação, pois, para além do seu valor específico, perpetuará a memória do seu autor e será um ato de justiça perante o demorado e meticuloso trabalho que precedeu a sua redação.
Naturalmente que não cabe nestas despretensiosas notas, nem é esse o intuito, a descrição do perfil de José Carreira Amarelo; todos quantos com ele conviveram, trabalharam ou se cruzaram certamente que não o esquecem, mas é igualmente importante que, coletivamente, valorizemos o seu exemplo, o seu contributo cívico e cultural. É um dever de memória…
Hélder Sequeira
A Associação Move Beiras celebrou o 3º aniversário da reabertura do troço Covilhã – Guarda da Linha da Beira Baixa através de um programa que decorreu entre 2 e 5 de maio. Na Benespera, já considerada a “Capital Ferroviária” da Linha da Beira Baixa foram diversas as atividades desta comemoração.
No dia 2 de maio, numa parceria entre a Junta de Freguesia de Benespera e as Infraestruturas de Portugal, promovida pela Associação Move Beiras e na perspetiva de embelezar a plataforma da Estação, foram plantadas oliveiras em sete vasos recuperados de outras utilizações ferroviárias.
Durante os dias 4 e 5 esteve em exibição a exposição “We Love Trains: Movimento I” da Joint Adventures através da qual foi possível recordar "muitas memórias e histórias".
"As comemorações terminaram, no dia 5, com um lanche na Estação Ferroviária de Benespera, com a excelente animação do Grupo de Cantares “A Mensagem” e com foguetes na chegada do Intercidades com destino a Lisboa. Estas singelas comemorações demonstram uma mensagem profundamente forte - a união e vontade da população da Beira Interior demonstram a ligação que têm ao comboio, este que é o meio de transporte sustentável." Esclareceu a Associação Move Beiras.
Atualização
A Câmara Municipal da Guarda procedeu hoje ao corte de trânsito na Estrada Nacional nº 18, entre os cruzamentos da Benespera e de Gonçalo. Contrariamente ao que estava inicialmente previsto, foi possível remover ainda hoje as árvores que estavam a colocar em perigo aquele troço rodoviário.
Assim, de acordo com a autarquia guardense, a estrada reabrirá ainda hoje, sábado, dia 30 de janeiro, a partir das 23h00.
Esta interrupção no trânsito automóvel ficou a dever-se ao risco eminente da queda de árvores, havendo assim a necessidade da sua para remoção.
Valorizar as populações locais e os seus recursos endógenos no contexto territorial é o objetivo da ação comunitária que está a ser implementada, a escassos quilómetros da cidade da Guarda, através do projeto “Sabores e Tradições do Vale da Teixeira – Azeite”.
Um projeto que tem rostos e constitui um bom exemplo de como se podem articular sinergias locais e valorizar o património olivícola e agrícola das nossas terras; no caso vertente das freguesias de Benespera, João Antão e Ramela.
Julgamos ser oportuno, pela importância e alcance do referido projeto, anotar aqui os seus principais objetivos: afirmar o azeite do Vale da Teixeira como um produto de singular qualidade e importância local, regional e nacional; comprometer os agentes e atores locais no processo de valorização dos seus territórios, considerando a sua identidade cultural e fomentando a participação; valorizar o território através do olivoturismo; divulgar o património cultural existente; desenvolver rotas e itinerários de valorização do património, cultural e imaterial; reativar e dar a conhecer memórias e práticas seculares do Vale da Teixeira; capacitar as gerações mais jovens de conhecimentos que lhe permitam valorizar, respeitar e transmitir a identidade dos territórios rurais.
Enquadradas por estas ideias, as dinamizadoras do projeto – que souberam despertar sensibilidades, equacionar linhas de desenvolvimento, reunir contributos, demonstrar o alcance de uma iniciativa com uma matriz muito específica, afirmar uma inquestionável determinação e capacidade de trabalho – delinearam um conjunto de atividades (algumas já realizadas ao longo dos últimos meses e outras nas últimas semanas, como é o caso da mesa redonda sobre “A Importância do Azeite na Economia Local”) que balizaram os rumos a seguir.
Como evidenciaram, “a valorização do património, através da atividade turística, pode constituir-se como um mecanismo de afirmação e legitimação da identidade de determinados grupos e subgrupos sociais.
Existe ainda um vasto espólio patrimonial, relacionado com a cultura da terra, nomeadamente moinhos de água, que ainda são utilizados no fabrico do pão, para além de outras mais valias patrimoniais, culturais e construídas”.
Esta construção de um futuro promissor para as terras e gentes do Vale da Teixeira merece o apoio das comunidades locais e regionais, das suas instituições mais representativas, que se pode traduzir numa interação permanente com este tipo de projetos, numa objetiva atitude de defesa e salvaguarda da identidade desta zona.
Ações desta natureza incrementam a (re)descoberta de especificidades beirãs que não temem confrontos com outras realidades geográficas, antes assinalam potencialidades e alternativas conducentes a novas vivências, experiências e, como é o caso, a novas sensações e sabores.(H.S)
Fotos: Helder Sequeira
No próximo sábado, 5 de janeiro, vai ser inaugurada na Benespera a Exposição resultante do Roteiro Fotográfico “Patrimónios locais: a Guarda e seu entorno”, realizado no dia 8 de dezembro numa iniciativa do Centro de Estudos Ibéricos em parceria com o Fotoclube da Guarda.
Esta exposição, a inaugurar pelas 15 horas, é promovida no âmbito do projeto "Sabores e Tradições do Vale da Teixeira".
O projeto é uma ação comunitária de base territorial que tem como missão, a valorização das populações locais e dos seus recursos endógenos no seu contexto territorial, tendo surgido da concertação de sinergias entre o Instituto Politécnico da Guarda(através da docente Ana Lopes da ex-aluna Vanda Rodrigues, do curso de Animação Sociocultural), Câmara Municipal da Guarda, juntas de freguesia da Benespera, João Antão e Ramela, Centro Cultural, Social e Desportivo da Ramela, Associação Cultural e Recreativa da Benespera, Associação para o Desenvolvimento Integrado da Benespera e a Quinta de Sinçais.
Nesse mesmo dia decorrerá, um mesa redonda sobre “A Importância do Azeite na Economia Local” em que vão intervir, entre outros, Marcelino Lopes e António Lourenço Fontes, com moderação do jornalista António Sá Rodrigues.
De referir que no âmbito do referido projeto vão realizar-se duas Lagaradas (dias 13 e 20 de janeiro, na Ramela) que têm um custo por pessoa de 15€. A inscrição inclui o Kit Lagarada (prato, garfo, caneca de barro e saco de pano, para cada inscrição); prova de vinhos, degustação de pão torrado com azeite, no lagar da Ramela, Almoço (Chouriçada, Lagarada, sobremesa, vinho, água e sumo) e animação.
A inscrição pode ser efetuada aqui.
“Porcom, Oilam, Taurom. Cabeço das Fráguas: o santuário no seu contexto” é o tema da jornada que vai decorrer no Museu da Guarda, no próximo dia 23 de Abril, sobre a investigação que foi desenvolvida naquela estação arqueológica, localizada a escassos quilómetros desta cidade.
Esta iniciativa, promovida pelo Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, em colaboração com o Museu da Guarda e o Centro de Estudos Ibéricos, pretende analisar este espaço de santuário em função dos novos dados obtidos e enquadrá-lo no seu contexto regional, cronológico e temático.
De referir que este encontro, de carácter interdisciplinar, coincide com a exposição que está patente no museu guardense, até 31 de Maio.
Organizada pelo Instituto Arqueológico Alemão e pelo Museu da Guarda, esta mostra apresenta pela primeira vez ao público o molde da inscrição rupestre em língua lusitana identificada no local, que salvaguarda esse importante texto epigráfico e facilita o seu acesso, até agora difícil, a investigadores e eruditos.
De acordo com alguns investigadores, a primeira referência a esta inscrição remonta ao século XVIII. O pároco de Pousafoles do Bispo anotou a existência, no Cabeço das Fráguas, de uma lage com caracteres indecifráveis. Estes descrevem a oferenda de vários animais a diversas divindades, conjugando no mesmo texto o alfabeto latino e a chamada língua lusitana, falada na época pré-romana em quase todo o território do ocidente hispânico.
Com o processo de moldagem que foi concretizado no passado ano, os trabalhos arqueológicos em curso desde 2006 no Cabeço das Fráguas (localizado nas proximidades da freguesia de Benespera, Guarda) entraram numa nova fase e deixaram um eminente contributo para um maior conhecimento da referida inscrição rupestre divulgada, pela primeira vez, em 1943 pelo General João de Almeida e publicada, em 1956, pelo arqueólogo guardense Adriano Vasco Rodrigues, a quem se deve, aliás, o despertar da curiosidade por parte da comunidade científica.
As prospecções que ali decorreram, resultaram, precisamente, da existência de referida invocação às divindades e do interesse em esclarecer o contexto arqueológico no qual terá decorrido o aludido acto religioso.
De acordo com informação do Museu da Guarda, tratou-se da “primeira vez que esta inscrição, já famosa no meio científico europeu, foi reproduzida fielmente à escala natural com recurso à avançada tecnologia de LaserScan, levada a cabo no terreno por uma empresa especializada portuguesa”.
O projecto, impulsionado pelo Instituto Arqueológico Alemão de Madrid, foi desenvolvido com a colaboração do Museu da Guarda e da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. O referido molde, processado por especialistas da Universidade Técnica de Berlim, passa a integrar a exposição permanente do Museu da Guarda.
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