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O papel das mulheres na Imprensa Regional

por Correio da Guarda, em 14.12.23

 

A feminização do jornalismo regional em contexto português: o caso dos jornais centenários” é o título da tese de doutoramento que a jornalista Liliana Carona defendeu recentemente na universidade de Coimbra. A investigação contemplou a análise documental dos 40 jornais regionais centenários (localizados maioritariamente no norte do país) a aplicação de um inquérito a profissionais da imprensa regional, e a realização de entrevistas em profundidade.

Este trabalho permitiu concluir que a composição destes jornais reflete “uma evidente desigualdade de género, nomeadamente no que diz respeito ao número de mulheres a desempenhar cargos de chefia”.

Como foi sublinhado, “apenas 6 jornais têm diretoras mulheres (15%); 40% dos jornais são editados unicamente em papel, ou seja, a maioria tem presença no digital, mas com evidentes dificuldades de modernização tecnológica. Plataformas obsoletas ou não atualizadas”. De referir que 40% destes jornais são semanários e 11 (27,5%) são associados da AIC - Associação de Imprensa de Inspiração Cristã.

No que diz respeito aos resultados do Inquérito feito a profissionais da imprensa regional, “olhando ao total de respostas do inquérito realizado a profissionais da imprensa regional, concluímos que cerca de metade da amostra (44,3%) em análise, é a favor da inclusão de uma alínea/diretriz, dedicada exclusivamente à igualdade de género, no Código Deontológico dos jornalistas”, adiantou Liliana Carona.

Relativamente aos profissionais da imprensa regional, verifica-se uma população maioritariamente feminina (58,8%), com predomínio dos que possuem 41-50 anos (36,1%), havendo mais mulheres com grau de escolaridade de ensino superior (licenciatura, mestrado, doutoramento): 48,3% homens com licenciatura, 66,1% mulheres.

Jornalista_foto Helder Sequeira_ .JPG

A autora desta tese de doutoramento destaca ainda que “em comparação com as mulheres, um maior número de homens afirma refletir sobre igualdade de género no jornalismo, sendo que do total de respostas, 7% admite nunca ter pensado no tema. 6,7% de homens garantem pensar ‘sempre’ sobre o tema, por oposto a 6,3% de mulheres a indicarem a mesma resposta”.

Os homens ‘concordam totalmente’ (8%) que jornalistas mulheres, em geral, têm mais aptidão para escrever assuntos relacionados com mulheres. As mulheres ‘concordam totalmente’ nessa afirmação, numa percentagem inferior (7%); já 28% dos homens desempenham o cargo de direção editorial, número superior às profissionais do género feminino na função de diretora da publicação (16% de mulheres).

A propósito desta investigação, Liliana Carona acrescentou que as mulheres consideram ter sido mais vezes alvo de discriminação de género, constatando-se uma média mais elevada para as mulheres. Nenhum homem referiu ter sido ‘muitas vezes’ alvo de discriminação por causa do género. 5% das mulheres indica ter sido alvo de discriminação ‘muitas vezes’. De salientar, e de acordo com o estudo em referência, que as mulheres são mais afetadas pela precariedade no jornalismo (24,2% das mulheres afirma ter contrato temporário de trabalho, face a 7% de homens).

Nesta tese é recomendada a definição, no âmbito da Carteira Profissional de Jornalista, do título de jornalista de imprensa regional, apresentando-se também a necessidade de inclusão de alínea específica e exclusiva, no Código Deontológico dos Jornalistas, dedicada à igualdade de género, no que diz respeito às fontes ouvidas.

Nas sugestões apresentadas pela jornalista autora deste trabalho académico, está ainda acentuada a necessidade urgente de “debater e analisar o tratamento desigual nas redações da imprensa regional, que é ocultado e negado”, bem como a importância da aposta na formação e redefinição e clarificação das normas de acesso à profissão.

A implementação de planos para a igualdade de género adaptados ao contexto dos media e jornalismo e o investimento na digitalização dos arquivos dos jornais centenários são outras medidas defendidas.

Liliana Carona, integra o grupo R/COM (Renascença) há 13 anos, enquanto jornalista correspondente na região interior centro, sendo também diretora do jornal Notícias de Gouveia (desde 2015); exerce ainda funções docentes Escola Superior de Educação de Viseu e na Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto da Guarda.

 

HS/CGuarda

 

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publicado às 10:57

Portal sobre a Primeira República

por Correio da Guarda, em 15.01.11

 

     O Arquivo Distrital da Guarda, em parceria com a Guarda Digital, disponibilizou, recentemente, um portal dedicado à “Primeira República na Região”.

     Embora esteja já acessível aos interessados, este portal será inaugurado em breve. Pretende ser um sítio em permanente (re)construção de conteúdos, aceitando contributos externos.

    “Está aberto à disponibilização de fontes em formato digital, assegurado as entidades coordenadoras do projecto os meios tecnológicos e técnicos necessários à sua reprodução e à disponibilização de tais fontes e conteúdos através deste sítio na internet”, esclarece Levi Coelho, director do Arquivo Distrital da Guarda.

    Este projecto (www.arquivo.guarda.pt)  surgiu no âmbito da comemoração do centenário da república, tendo em vista “a divulgação e a promoção do acesso às diversas fontes de informação que permitam melhor conhecer o impacto da implantação do regime republicano na evolução histórica das diversas comunidades do distrito da Guarda”.

    O Director do Arquivo Distrital da Guarda salienta que “tais fontes, se quisermos, tais informações, estão dispersas por uma multiplicidade de entidades públicas e privadas”, nomeadamente arquivos históricos, arquivos de entidades públicas activas, arquivos de família, de associações, museus, ou bibliotecas. “Materializaram-se tais informações, provavelmente, em suportes e por processos diversificados – o documento escrito, a fotografia, a publicação monográfica ou periódica, a obra de arte, o registo sonoro, a peça museológica, ou outros”.

    Para Levi Coelho, embora a dispersão e o desconhecimento da existência dessa informação constitua um “obstáculo ao conhecimento e à contínua reconstrução da nossa história”, a tecnologia actual associada às potencialidades da internet pode contribuir para “tornar acessível o que está inacessível”.

    Neste portal vão estar disponíveis documentos, imagens, páginas de jornais do período da primeira República, biografias de personalidades, indicação de trabalhos editados e ligações para outros sítios com interesse para os potenciais utilizadores.

 

 

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publicado às 23:12

Memórias do Tarrafal e da Guerra Civil de Espanha

por Correio da Guarda, em 05.10.09

 

 
No Paço da Cultura da Guarda está patente até ao próximo dia 7 de Novembro a exposição “Tarrafal e a Guerra Civil de Espanha – Memória e História”.
Esta mostra resulta de uma colaboração entre o Centro de Estudos Ibéricos (CEI), a Direcção Geral de Arquivos/Torre do Tombo e a Dirección General de Archivos Estatales (Espanha).
A exposição esteve já patente em Lisboa, em 2006, na Torre do Tombo, assinalando a passagem do 70º aniversário de dois importantes eventos na história contemporânea de Portugal e de Espanha, ou seja a criação da Colónia Penal do Tarrafal, em Cabo Verde, e o início da Guerra Civil Espanhola. O ponto comum prende-se com o ano em que ocorreram, ou seja em 1936.
Esta iniciativa tem por objectivo dar a conhecer relação entre Portugal e Espanha, nessa época, bem como sublinhar a importância do património documental inerente.
Em declarações ao Diário AS BEIRAS, o Director do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, Silvestre Lacerda, disse que esta “foi uma oportunidade de se poder mostrar, na Guarda, aquilo que foi apresentado na Torre do Tombo” e igualmente uma nova oportunidade para se relembrar como “era significativo” o contacto entre Portugal e Espanha.
Na sua opinião, “os factos desenrolados em Portugal e os acontecimentos ocorridos em Espanha tiveram repercussão em ambos os lados da fronteira”; daí “a oportunidade desta exposição na Guarda.”
 
·       Documentos inéditos
 
A relação entre a guerra civil de Espanha e a Colónia Penal do Tarrafal é mediada pelo ano em que foram despoletados os dois acontecimentos. “A nossa preocupação foi alertar para a necessidade de serem preservadas as memórias, dos dois lados da fronteira, provavelmente mais sangrenta do lado espanhol, que não deixou de ter importância em Portugal”, acrescentou-nos Silvestre Lacerda.
Com esta mostra, na Galeria do Paço da Cultura egitaniense, são revelados documentos “completamente inéditos do ponto de vista daquilo que não está estudado, nomeadamente ao nível daquilo que são as conexões locais, a vida comum, aquilo que afecta o quotidiano dos cidadãos”, esclarece o Director do Instituto dos Arquivos Nacionais/Torre do Tombo.
“Conhecemos algumas linhas gerais relativamente aos principais acontecimentos mas temos ainda muita falta de informação da história local e daquilo que as comunidades locais ainda têm para contar; em alguns sentidos essa informação tem sido menosprezada pelo facto de estar fora dos grandes centros, fora daquilo que é a história oficial, da história que também ela é construída a partir do centro”, declarou Silvestre Lacerda.
Organizada pelo Núcleo de Animação Cultural e Centro de Estudos Ibéricos, a presente exposição foi, assim, enriquecida com informação sobre a Guarda, divulgando documentos que ligam esta cidade e o distrito à Guerra Civil de Espanha.
 
·       Incremento das relações culturais luso-espanholas
 
“Esta exposição é muito interessante. É, aliás, sintomático que em 1936 começa uma autêntica tragédia para ambos os países”, comentou, ao Diário AS BEIRAS, Maria Jose Turrión, Directora do Centro da Memória Histórica de Espanha, com sede em Salamanca.
O incremento das relações culturais está nos planos do Ministério da Cultura espanhol e é igualmente defendido por esta responsável espanhola que adianta haver ideias concretas a partir de Salamanca.
“Concretamente no Centro da Memória Histórica é nossa intenção estabelecer redes e definir trabalhos entre centros documentais. Queremos, assim, aprofundar e estudar a cultura da memória de forma que todos os centros de documentação possam estabelecer linhas de investigação assim como inovar através do apoio dado pelas novas tecnologias”.
Maria Jose Turrión destacou o papel do Centro de Estudos Ibéricos como elo de ligação para o desenvolvimento de “uma série de trabalhos em que está já envolvida a Universidade de Salamanca”, instituição que integra o CEI, juntamente com a Universidade de Coimbra, Instituto Politécnico da Guarda e Câmara Municipal.
                                            (in diário AS BEIRAS, 3/10/2009, www.asbeiras.pt)
 

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