Na Guarda é hoje assinalado o 809º aniversário da atribuição, por D. Sancho I, da carta de foral a esta cidade.
Tradicionalmente, e após o abandono da data de 3 de Maio, o feriado municipal da Guarda era comemorado a 26 de Novembro, evocando assim o nascimento oficial da cidade.
A divergência sobre a data de atribuição da carta de foral foi expressa, pela primeira vez, num artigo publicado, em 1985, no jornal "Notícias da Guarda".
A partir dessa altura alargou-se o interesse pelo estudo da questão e não faltaram argumentos sobre a prevalência de 26 de Novembro, por outro lado, a favor do dia 27 deste mesmo mês.
Contudo, o documento medieval da outorga da carta de foral refere que "foi feita esta carta em Coimbra no dia Quinto antes das Calendas de Dezembro de 1237, no ano do nosso reinado."
Assim, e como foi sustentado pelos investigadores que defenderam a nova data, o dia V antes das Calendas de Dezembro é o dia 27 de Novembro de 1237, o que convertido à data cristã (menos 38 anos) cai sobre o ano de 1199.
Há oito anos foi, finalmente, institucionalizada a data de 27 de Novembro como feriado municipal.
Se é verdade que a outorga da carta de foral, por D. Sancho I, constitui a certidão de nascimento desta terra, a sua origem (luso-romana, visigótica ou medieval) é uma questão a que não foi dada ainda resposta definitiva e segura.
Sabemos, isso sim, que lusitanos, romanos e visigodos deixaram por aqui traços indeléveis da sua passagem, testemunhos diversificados, espalhados igualmente pelo Distrito.
Mas o ano de 1199 marca, de facto, um período novo e mais conhecido da história guardense; através da carta de foral os habitantes recebiam diversos privilégios e o incentivo ao povoamento desta zona, bem desejado pelo monarca português.
À carta de foral da Guarda, bem como a outro importante documento conhecido por "Costumes da Guarda" dedicou Alexandre Herculano a sua atenção, sendo realçado o seu contributo para o conhecimento do período medieval português.
A história da Guarda encerra muitas e diversificadas páginas, onde emergem a sua importância militar, a sua projecção religiosa, o passar dos séculos e de vultos que sobressaíram na vida religiosa, política ou literária. (H.S.)