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Os desafios que se colocam atualmente à comunicação social, mormente às estações de rádio, são imensos. Desde logo os resultantes da drástica redução das receitas e da insuficiência financeira.
Quando centramos a nossa atenção no interior do país a realidade é ainda mais preocupante e os cenários que se desenham para o futuro não são animadores.
Uma certa euforia em torno das plataformas digitais, as crises económicas, o desinvestimento publicitário por parte das empresas bem como do pequeno e médio comércio, a necessidade de reapetrechamento técnico, a redução do número de profissionais e a aplicação de estratégias editoriais erradas conduziram a uma situação dramática.
Como tem sido sublinhado, a escassez de recursos financeiros vai agravando, progressivamente, a vida dos órgãos de informação. Aliás é significativo o número de estações emissoras que desapareceram ou foram absorvidas por grandes grupos, convertendo-as em simples retransmissores. Veja-se os mais recentes casos da Rádio Clube de Monsanto ou da Emissora das Beiras (que a 13 de maio tinha assinalado o seu 85º aniversário e foi vendida à sociedade detentora da Rádio Observador).
O desaparecimento destas "marcas" não deixa de ser trágico, contrariando o espírito que esteve subjacente à legalização das rádios locais e à preocupação em servirem as suas comunidades; incrementando a informação, o debate, a valorização do seu património e costumes, a salvaguarda do pluralismo, a defesa da democracia, o exercício responsável do jornalismo.
Como disse António Borga, Presidente da Casa da Imprensa, no V Congresso dos Jornalistas, “o jornalismo não é um negócio. O jornalismo é uma atividade de utilidade social e interesse público”.
Na mesma linha, e na mensagem dirigida na altura aos jornalistas portugueses, esteve a Vice-Presidente da Comissão Europeia ao considerar que a “informação é um bem público, cabendo às democracias proteger os jornalistas”. Por outro lado, defendeu que é necessário “encontrar soluções a nível europeu e internacional” para a crise do jornalismo, acrescentando a necessidade de serem e incentivar investimentos públicos, que “respeitem a independência e o pluralismo” da atividade.
A própria classe jornalística não rejeita a autocrítica e a análise serena da questão dos financiamentos. O que pode passar, como tem sido defendido, por um papel mais interventivo do estado no sentido da salvaguarda do jornalismo, de um jornalismo pautado pela seriedade, ética, deontologia e qualidade. E a qualidade dos conteúdos informativos aliada à independência e isenção é fundamental para a reaproximação dos públicos que, é importante anotar, não podem ter uma atitude de indiferença perante os media.
O apoio passa, desde logo, por se assumirem com leitores e ouvintes regulares, ativos e críticos, sem se acomodarem na passividade do dia a dia ou se uniformizarem no domínio do anonimato.
Será com o empenho e contributo de todos – jornalistas, instituições, estado, cidadãos, empresas – que o cenário hoje existente poderá ser alterado. Acentuando também a informação de proximidade, uma mais ampla cobertura do que mais diz e interessa às comunidades locais e regionais. E isto não pode nem deve ser esquecido!
Hélder Sequeira
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