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Na cidade da Guarda vai ter lugar amanhã, 24 de junho, a tradicional feira anual de São João. Este certame decorrerá no recinto da feira, ao ar livre, que ladeia a avenida Cónego Álvaro Quintalo.
A Câmara Municipal da Guarda alerta para a necessidade de serem seguidas as normas de distanciamento social recomendadas, lembrando, ainda, que é obrigatório o uso de máscara no recinto.
A feira anual de São João, que ocorre no dia 24 de Junho na Guarda, foi criada em 1255 por carta régia de D. Afonso III; este documento estabelecia, como assinalou a historiadora Virgínia Rau, que “devia começar oito dias antes da festa de S. João Baptista e durar quinze dias. Todos os que viessem à feira com as suas mercadorias estariam seguros e isentos de penhora durante trinta dias”.
Esta feira , embora num contexto social e económico bem diferenciado, foi perdendo ao longo do tempo a projeção que alcançou no passado. Recordemos que, nos finais do século dezanove, esta cidade recebia, muitos dias antes, “grande quantidade de forasteiros”, e não faltavam pelas principais artérias as “costumadas fogueiras com danças e cantos”.
O teatro, os concursos de gado e as touradas constituíam alguns dos pontos de atração do cartaz citadino nesse período de enorme agitação festiva e de muitas transações comerciais.
Nessa época, a viagem de comboio até à Guarda era incentivada com significativas reduções nos preços, oportunidade aproveitada por numerosas pessoas que engrossavam a multidão de visitantes espalhados por todos os cantos da cidade. Este quadro, festivo, comercial e religioso – componente que, obviamente, também não faltava – repetiu-se, com mais ou menos cambiantes, durante largos anos, deixando um inquestionável impacto na vida da Guarda.
A Câmara Municipal, aliás, deliberou, em Julho de 1954, solicitar ao Governo a “necessária autorização para considerar como feriado municipal no concelho da Guarda o dia 24 de Junho de cada ano”. O executivo municipal argumentava que os festejos de São João “desde tempos imemoriais atingem proporções de relevo”, sendo por isso considerado “dia festivo em toda a região”.
Por outro lado, a autarquia guardense aduzia a realização da “importante feira anual de S. João, reputada a de maior expansão e amplitude da região por a ela acorrerem com os seus produtos e gados as populações de toda a região beirã e até transmontana”; as estas razões, acrescentava-se, ainda, a intenção de o dia passar a figurar no período das “futuras Festas da Cidade” da Guarda. (Hélder Sequeira)
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