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Beatriz Silva é uma jovem açoriana, recém-licenciada em Comunicação e Relações Públicas, que veio estudar para a Guarda em 2017.
Dirigente associativa, na Associação Académica da Guarda, Beatriz Silva elogia a hospitalidade guardense e sustenta que esta cidade é particularmente atrativa para os jovens mercê do “espírito académico que se vive na cidade”.
Rendida à cidade mais alta de Portugal, trocou, para já, “a Serra pelo Mar”.
Qual a sua opinião sobre a cidade da Guarda?
A cidade da Guarda, para mim, é uma cidade bastante acolhedora mesmo tendo um aspeto frio e uma arquitetura gótica.
Esta cidade tem grande potencial de crescimento e está na população potencializar esse crescimento.
Recorda as primeiras impressões que teve ao chegar a esta cidade? Do que gostou mais e menos?
Eu cheguei à cidade da Guarda na segunda semana de setembro de 2017 e na altura estranhei imenso o frio que se sentia à noite, sendo que ainda estávamos no verão e eu vinha de um clima tropical ameno (Açores).
No entanto fui muito bem acolhida, tanto pelas pessoas da cidade que foram muito acessíveis, sempre que eu e o meu pai tínhamos alguma questão, como no IPG aquando de efetuar a matrícula.
Achei uma cidade muito pacata e um pouco triste porque estava habituada a ter sempre animação nas ruas nas noites de verão, porém essa animação iniciou-se com o ano letivo e com os jovens estudantes a ocupar todas as ruas da cidade.
Em termos sociais e culturais que diferenças ou semelhanças encontrou comparativamente com Ponta Delgada / São Miguel?
A maior semelhança de Ponta Delgada e da Guarda é a afabilidade da população, contudo sendo ambas regiões relativamente de menor densidade populacional sinto que em termos culturais Ponta Delgada está um passo mais à frente que a Guarda.
Os açorianos em geral são festivos e como tal os municípios adaptam esse espírito e organizam variados eventos durante o ano, de forma a dinamizar a cidade.
Como surgiu a sua ligação ao associativismo e que balanço faz do caminho até agora percorrido?
A vida associativa é parte de mim desde os meus 9 anos quando entrei na Associação de Escuteiros de Portugal, desde então e até vir para a cidade da Guarda fiz sempre parte de várias associações juvenis algumas mais viradas para programas de intercâmbio até.
Assim, no meu primeiro ano de estudos superiores essa vertente associativa estava-me em falta e fazia-me falta estar ativa. Quando surgiu a oportunidade e o convite para a Associação Académica da Guarda nem pensei duas vezes em aceitar. Contudo não é sempre um percurso fácil; é preciso ter “amor à camisola” para realizar o melhor trabalho que se consegue.
É um percurso em que se ganham vários ensinamentos, em variadas áreas, mas que nem sempre se satisfaz toda a gente porque as pessoas às vezes não têm a noção que isto é algo que fazemos de forma voluntária, que fazemos porque gostamos mas temos a mesma carga ocupacional de estudos como todos os restantes alunos e por vezes temos que deixar a nossa vida pessoal para trás para trabalhar para o bem dos alunos.
A Guarda é atrativa para os jovens? O que pode ainda ser feito?
A Guarda torna-se atrativa para os jovens pelo espírito académico que se vive na cidade, caso contrário acho que a cidade não se torna assim tão atrativa e que tem muito que crescer.
Há que investir na cultura, na diversão noturna, no comércio que ainda está virado para um lado da população menos ativa.
Se tivesse que acompanhar familiares ou amigos numa visita à Guarda que locais lhes indicaria?
Eu ainda tenho muito por “desbravar” na Guarda como tal não seria a melhor guia, mas do que é do meu conhecimento e o que gostaria de lhes mostrar em primeira instância, sem dúvida que, seria a Sé Catedral.
É um edifício histórico e lindíssimo de se ver, posteriormente levaria à Torre de Menagem, ao jardim da cidade, às eólicas, à alameda de Santo André, ao parque da Saúde, ou seja, locais que facilmente se visita a pé e são diferentes dos Açores.
E na região?
Na região levá-los-ia a lugares como a Serra da Estrela, Sortelha; se fosse na altura do verão a Valhelhas, aos passadiços do Mondego, lugares sempre diferentes da realidade das ilhas.
Acha que os jovens oriundos de outras regiões, e que para aqui vêm estudar, ficariam aqui se houvesse possibilidades de emprego?
Tenho a certeza de que se houvesse mais oportunidades de emprego haveria mais jovens estudantes a ficarem pela Guarda porque muitos afeiçoam-se à cidade e aos seus costumes; no entanto, não há muitas oportunidades para ficar.
E no seu caso, pensa trocar a Guarda pelos Açores?
No meu caso tive a sorte de surgirem oportunidades para me manter pela Guarda e estou a tirar o Mestrado em Marketing e Comunicação; por isso já estou a trocar o mar pela serra.
O que acha do conhecimento dos seus colegas, dos habitantes da Guarda que tem contactado, acerca dos Açores?
Por norma deparo-me com muita ignorância por parte da população, em termos geográficos.
Sinto-me por vezes uma professora da primária a fazer distinção entre a Madeira e os Açores e tenho que explicar que o arquipélago é constituído por 9 ilhas, é algo que por vezes torna-se muito aborrecido… (risos).
Considera que a pandemia pode ter contribuído, face às limitações ao nível das deslocações para o estrangeiro, a um melhor conhecimento das terras e gentes do nosso país?
Acredito que no passado ano de 2020 muitos portugueses decidiram passar as suas férias “cá dentro” e ainda bem que assim o foi.
A economia local precisava dos portugueses mais do que nunca e se não fosse a pandemia nem a economia iria precisar tanto dos portugueses nem os portugueses iriam sentir necessidade de conhecer melhor o seu próprio país e sair da sua zona de residência.
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