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Notícias da Guarda e região | Reportagem | Crónicas | Entrevistas | Apontamentos | Registos
A cidade da Guarda continuou hoje sob intenso manto de fumo originado, sobretudo, pelo incêndio que começou ontem, pelas 13h44, em Fernão Joanes e que progrediu para as zonas de Seixo Amarelo, Vela, Aldeia do Bispo e Vale de Estrela.
Hoje, durante a tarde, a Estrada Nacional 18 (EN 18) esteve cortada entre o troço da Santa Cruz (em frente a Aldeia do Bispo) e a Vela (cruzamento da ligação à A23) devido às chamas que, vindas do vale entre aquelas localidades e o referido eixo viário, atravessaram a estrada e subiram pela Serra em direção à A23.
Segundo página na internet da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) o incêndio estava, durante a tarde, a ser combatido por 370 homens, auxiliados por 105 veículos e dois meio aéreos.
Guarda. Final de tarde de ontem, dia 28 de Julho 2017
As chamas andaram, esta segunda-feira, dentro da Guarda. A meio da tarde o fogo deflagrou junto à Via de Cintura Externa, atingindo também a zona residencial da Senhora dos Remédios e, pouco tempo depois, um outro foco de incêndio eclodiu a meio da encosta do Bairro do Pinheiro.
O incêndio, que se iria aproximar perigosamente das habitações, foi felizmente travado pelo rápido alerta desencadeado e pela pronta intervenção dos Bombeiros Voluntários.
Este incêndio, à semelhança de muitos outros não deixou de suscitar a revolta dos moradores, múltiplas interrogações e comentários bem como o registo das condições propícias à propagação das chamas.
Como é habitual nestas circunstâncias não faltaram os comentários dos persistentes “peritos” de ocasião, confortáveis na sua posição de ávidos espectadores de um flagelo que tem deixado profundas marcas na região e no País; não deixa de ser curioso que estes “especialistas” não sejam capazes de esboçar um gesto de auxílio, uma atitude de disponibilidade para ajudar (que, e bem, se verifica noutros casos e lugares, com o devida orientação quando há operacionais no terreno) com os meios que possam afetar para debelar as chamas; nestas circunstâncias é mais fácil manejar a câmara fotográfica dos telemóveis do que uma enxada, uma pá…e nas redes sociais sempre se colocam umas imagens suportadas por uns “emojis” encarnados, lacrimejantes ou expressando um incompreensível “like”…fica bem é confere uma pretensa tonalidade de intervenção cívica…
E por ali ficam a olhar para a atuação dos Bombeiros como se estes estivessem a ser os protagonistas de uma qualquer peça dramática…e estes homens, e mulheres, vivem todos os dias dramas reais e assumem, em cada dia, exemplos que deve merecer (não apenas nas festas ou galas de homenagem…) o nosso apoio, solidariedade e gratidão.
E, discorrendo ainda pelo referido incêndio, gostaria de anotar uma atitude simples mas extremamente expressiva: um jovem morador, quando os bombeiros se preparavam para sair do local, aproximou-se do voluntário mais próximo e tocando-lhe no ombro disse-lhe “obrigado!”.
Recebeu, da parte do Bombeiro, um sorriso que certamente traduzia uma íntima satisfação pela valorização dada, de forma simples e sincera, ao seu trabalho…ao verdadeiro espírito do Voluntariado, à sua relevante missão humanitária e social.
Estes homens e mulheres que vemos, nestes e noutros dias dramáticos, a enfrentar as chamas, arriscando as suas vidas, auxiliando, socorrendo, servindo até à exaustão, devem merecer o nosso respeito e admiração. Bem hajam!
in O Interior, 19.07.2017
Ao longo das últimas décadas, e como consequência dos inúmeros fogos florestais, têm desaparecido, importantes parcelas de manchas verdes e outrossim de espécies autóctones.
Na ausência ou a lenta resposta em termos de reflorestação – pelo menos de forma eficaz, sustentada e gradual – aumenta, anualmente, a extensão do território com um desolador panorama de áreas enegrecidas e agrestes, erguendo os gestos trágicos de uma floresta extinta.
Os recentes incêndios ocorridos, por todo o país – alguns com dimensão assustadora que exigiram, uma vez mais, um esforço hercúleo por parte dos nossos bombeiros – sublinharam a tragédia, a par de levantarem múltiplas questões, sistemática e teimosamente reeditadas…
As outrora anunciadas, e rapidamente esquecidas, medidas de reflorestação mostraram, na prática, a inconsistente persistência das intenções oficiais, relegando sempre para os períodos do martírio das florestas e haveres das populações a retórica circunstancial das boas e pragmáticas medidas; as palavras e o propalado empenho, fenecem logo após se apagarem as chamas e se afastarem as televisões do “teatro das operações”…terminologia que já aborrece, de tanta utilização e perante o ar teatral de alguns protagonistas…
Fazer o confronto entre o património florestal de ontem e a realidade de hoje não é tarefa difícil, pois as evidências estão ao alcance dos nossos olhares, por mais restritos que sejam alguns horizontes.
É trágica esta falta de intervenção, real e sistemática, neste sector, como se a floresta e o ambiente não fossem duas importantes e insubstituíveis riquezas do nosso País, onde parece haver, por parte de muitas entidades e departamentos oficiais um incrível alheamento pela preservação e aumento das zonas verdes, numa contínua cedência aos interesses económicos.
Em contrapartida, aumenta a mancha de desertificação e perecem muitas das peculiaridades e belezas paisagísticas, resumidas à fotografia de arquivo ou às memórias individuais, impotentes perante a evolução dos tempos; não podemos ficar presos aos mais mediáticos (mas inconsequentes) projetos de reflorestação mas interessa ir mais além, desenvolver uma ação quotidiana, sistemática e global.
Repensar o nosso património florestal e construir novos horizontes – onde o verde seja uma cor associada a montes e vales desta terra, em que alguns continuam a acreditar, mesmo com a apatia de muitos poderes – é uma tarefa urgente; caso contrário, estaremos a progredir para o fatal desaparecimento das nossas aldeias e vilas, perdendo, gradualmente, um dos poucos bens que alguns ainda nos reconhecem: a qualidade do ambiente... Neste, como noutros assuntos, importa reavivar as memórias.
E por falarmos em memória, é importante que não se esqueçam as imagens do trabalho e esforço dos nossos bombeiros, a sua abnegação, o risco permanente em que colocam as suas vidas…
Os nossos Bombeiros, pelo seu exemplo, pelo seu papel em prol da sociedade, pela sua coragem não devem apenas ser enaltecidos e apoiados apenas nestes períodos de horror e tragédia; devem ter sempre o nosso profundo respeito, apreço, apoio e gratidão!... (H.S.)
In O Interior, 18|Agosto|2016
A cíclica catástrofe dos incêndios, nos períodos de estio, ou tradicionalmente mais quentes, tem provocado mortes, inúmeros prejuízos, depauperado o património florestal desta região e do país.
Ao longo dos anos desapareceram importantes e ricas parcelas de manchas verdes e outrossim de espécies autóctones, sem que tenha havido, pelo menos de forma eficaz, sustentada e gradual, a substituição das árvores desaparecidas; permanece, assim, numa grande extensão do território do distrito da Guarda o desolador panorama de áreas enegrecidas e agrestes, erguendo os gestos trágicos de uma floresta extinta.
As outrora anunciadas, e rapidamente esquecidas, medidas de reflorestação mostraram, na prática, a inconsistente persistência das intenções oficiais, relegando sempre para os períodos da tragédia a retórica circunstancial das boas e pragmáticas medidas, palavras mortas logo após se apagarem as luzes da ribalta.
E não é difícil fazer o confronto entre o património florestal de ontem e a realidade de hoje, pois as evidências estão ao alcance dos nossos olhares, por mais restritos que sejam alguns horizontes e desfocadas as memórias de alguns…
É trágica a falta de intervenção, real e sistemática, neste sector, como se a floresta e o ambiente não fossem duas importantes e insubstituíveis riquezas do nosso país.
Como o são as vidas daqueles que – como aconteceu nas últimas semanas – envergando as fardas dos soldados da paz se empenham numa luta difícil em prol da comunidade.
E por essas vidas, pelas vidas dos nossos Bombeiros, urge redobrar os cuidados individuais e colectivos, desencadeando uma tolerância zero contra a indiferença e o comodismo, actuando activa e eficazmente na defesa do nosso património florestal; assumindo medidas preventivas, respeitando a legislação, demonstrando civismo e respeito pelos outros.
E aqui poderíamos aludir à importância da mudança de comportamentos e atitudes. Um breve exemplo: já repararam na incrível quantidade de lixo, garrafas, plásticos, papéis que diariamente se vão despejando nas bermas das nossas estradas (e mesmo em zonas de floresta), com vegetação seca logo ali ao lado?
A prevenção passa também por se evitarem estes comportamentos que demonstram falta de educação, civismo, desrespeito pelo ambiente e por quem, em caso de incêndios, é chamado para o combate (do qual, como ainda ontem de verificou com uma jovem bombeira, nem se sempre se regressa…).
O apoio aos bombeiros não deve ser apenas manifestado nas datas festivas, de aniversário ou da entrega de mais uma viatura; antes deve ter uma demonstração prática no dia-a-dia, para que não se perca o espírito do voluntariado e da solidariedade.
A prevenção tem de começar, desde logo, na percepção clara dos riscos, do perigo, numa perfeita consciencialização sobre a importância da floresta e da qualidade ambiental.
Há, assim, uma grande responsabilidade por parte dos cidadãos, para além das questões que são do foro das estruturas, serviços, técnicos, especialistas e elementos ligados à segurança, investigação, justiça, bombeiros e protecção civil. Há que demonstrar, com atitudes e objectividade, a gratidão para com os nossos bombeiros!
A cíclica catástrofe dos incêndios, nos períodos de estio, ou tradicionalmente mais quentes, tem depauperado o património florestal desta região.
Ao longo dos anos desapareceram importantes e ricas parcelas de manchas verdes e outrossim de espécies autóctones, sem que tenha havido, pelo menos de forma eficaz, sustentada e gradual, a substituição das árvores desaparecidas; permanece, assim, numa grande extensão do território do distrito da Guarda o desolador panorama de áreas enegrecidas e agrestes, erguendo os gestos trágicos de uma floresta destruída...
As outrora anunciadas, e rapidamente esquecidas, medidas de reflorestação mostraram, na prática, a inconsistente persistência das intenções oficiais, relegando sempre para os períodos da tragédia a retórica circunstancial das boas e pragmáticas medidas, palavras fenecidas logo após se apagarem as luzes da ribalta.
E não é difícil fazer o confronto entre o património florestal de ontem e a realidade de hoje, pois as evidências estão ao alcance dos nossos olhares, por mais restritos que sejam alguns horizontes.
É trágica esta falta de intervenção, real e sistemática, neste sector; como se a floresta e o ambiente não fossem duas importantes e insubstituíveis riquezas do nosso País, onde parece haver, por parte de muitas entidades e municípios, um incrível alheamento pela preservação e aumento das zonas verdes, numa contínua cedência às forças económicas locais e regionais. Em contrapartida, aumenta a mancha de betão e perecem muitas das peculiaridades e belezas paisagísticas, resumidas à fotografia de arquivo ou às memórias individuais, impotentes perante a evolução dos tempos.
Assim, é urgente repensar o nosso património florestal e construir novos horizontes, onde o verde seja uma cor associada a montes e vales desta terra, em que alguns continuam a acreditar, mesmo com a apatia dos poderes.
De nada adianta debitar, para ouvido popular receber, que o distrito já não é o que era e tudo isto são exigências do progresso. Caso contrário estaremos a progredir para uma maior desertificação (total) das nossas aldeias e vilas, a perdemos, gradualmente, um dos poucos bens que as estatísticas nos atribuem: a qualidade do ambiente; também sujeito a outros perigos.
Os incêndios regressaram. Hoje, no distrito foram particularmente atingidas as zonas de Porto da Carne e Alvendre (Guarda) e Freixial (Trancoso).
Também em plena cidade deflagrou um foco de incêndio na encosta do Bairro do Pinheiro, numa área próxima de habitações, o que não deixa de ser mais um alerta para a falta de cuidado de alguns e para o estado de limpeza dos terrenos envolventes…
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