A expansão urbanística da cidade da Guarda, nos últimos anos, é um facto incontestável. A questão que, nas mais variadas ocasiões, tem suscitado críticas e interrogações, diz respeito, fundamentalmente, à forma como decorreu esse crescimento.
Aspectos sobre os quais muito já foi dito e escrito, dispensando-nos, nestas breves anotações, de discorrer acerca do tema. Contudo, atendendo às transformações operadas no quotidiano e aos projectos que vão sendo delineados, será oportuno reflectir acerca dos registos feitos sobre a evolução da própria cidade.
É que, se em tantos casos, a celeridade de processos decorrentes dos interesses imobiliários – e do injustificável descuido das entidades responsáveis – conduziu à destruição de múltiplos vestígios da história citadina, irremediavelmente sepultados sobre o betão (veja-se o que aconteceu na zona dos Castelos Velhos), noutros ainda há, pelo menos, a possibilidade de ser efectuado (quando for caso disso) um cuidadoso levantamento fotográfico. Isto de forma a permitir, aos interessados, o estudo das fases de expansão urbanística operadas na cidade, e outrossim ocorridas nalguns dos edifícios, ruas ou zonas mais significativas de períodos marcantes do século passado.
Se, actualmente, para muitos dos habitantes da Guarda já se torna difícil o confronto com o perfil urbano e arquitectónico de há décadas atrás, o que acontecerá com as novas gerações?
Aliás, as sucessivas alterações toponímicas, nem sempre – ou quase nunca – acompanhadas pelas adequadas indicações, acentuam as dificuldades de quantos pretendem iniciar estudos relativos à evolução urbana da nossa cidade. Ainda que uma outra obra possa servir de referência, haverá, por certo, óbices incontornáveis.
Assim, o trabalho de registo atrás referenciado, revestir-se-á de grande interesse e utilidade para novos estudos, que se desejam, sobre a Guarda; este é um daqueles desafios que não podem ter uma resposta demorada, sob o risco de muitas imagens se perderem com o desaparecimento das memórias individuais.
Entretanto, é de realçar o recente trabalho “A Guarda em Postal Ilustrado de 1901 a 1970”, que, como o CG noticiou, foi apresentado na passada semana.
Uma edição que nos conduz a diversas memórias, nomeadamente ao antigo Sanatório, aos encantos da neve na Guarda, à Praça Luis de Camões, à Sé Catedral e a imagens emblemáticas da cidade, no período a que dizem respeito.
E é bom que se olhe, com atenção, para muitos dos postais ali apresentados que nos desafiam a reflectir sobre a desfiguração da identidade urbanística de uma cidade…da nossa cidade!