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Embora fora de época, o “Magusto da Velha” é uma tradição, recriada anualmente a 26 de dezembro, da freguesia de Aldeia Viçosa.
Como é costume, após o almoço a população concentra-se no Largo da Igreja onde na noite de Consoada começou a arder o madeiro de Natal. Da torre sineira do templo são lançadas castanhas apanhadas de imediato pelas pessoas presentes, onde se incluem os visitantes da localidade, e assadas no borralho da fogueira natalícia.
No decurso desta recolha das castanhas, que se espalham pelo chão do largo, ocorrem as já habituais “cavaladas” ou “cavalgadas” protagonizadas pelos mais jovens, os quais aproveitando a inclinação das pessoas na procura daqueles frutos saltam-lhe por cima das costas proporcionando momento de destreza, agilidade e divertimento de quantos assistem.
As castanhas e o vinho são oferta da Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa que, ao longo dos anos garante o compromisso, assumido há mais de 300, com uma senhora abastada que deixou aos habitantes da aldeia – então denominada Vila de Porco – uma herança de “24 escudos e 60 centavos”, como forma de assegurar ao povo a possibilidade de “comer castanhas e beber vinho um dia por ano”. Corria o ano de 1698.
A contrapartida que a “Velha”, como é conhecida pois não ficou retido o seu nome, exigia era a reza de um padre-nosso, pelos participantes, no final do ato festivo. O “acordo” ficou, contudo, lavrado em escritura. «Tem obrigação de dar na primeira oitava de Natal cinco meios de castanha e cinco alqueires de vinho pela alma de uma velha que deixou noventa e seis alqueires de centeio a esta Igreja impostos na Quinta do Lagar de Azeite para que com esta castanha e vinho se fizesse no mesmo dia um magusto e todos dele comessem e rezassem na Igreja um Padre Nosso pela sua alma». Esta herança é referenciada no“Livro de Usos e Costumes da Igreja do Lugar de Porco - Ano de 1698”.
Até há uns anos atrás um habitante local, entretanto falecido, subia mesmo ao cata-vento da torre da igreja e era aí, do ponto mais alto, que deitava as castanhas para o largo. Após a morte do “Ti Passarinho”, como era conhecido, mais ninguém se aventurou a ascender até à altura máxima da torre.
Localizada junto ao Rio Mondego, esta aldeia (anteriormente denominada Vila de Porco) têm origem antiga; na área pertencente a Aldeia Viçosa terá existido existiu um povoado fortificado do período proto-histórico, de acordo com um trabalho do arqueólogo Vítor Pereira. Esta localidade poderá ter tido origem num lugar denominado de Pedra Aguda. “Verificou-se que a Pedra Aguda controlava visualmente a bacia de Celorico até à junção entre o Mondego e a ribeira do Caldeirão”.
Foto: CMG
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