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Altitude é uma das mais antigas estações emissoras portuguesas, emitindo, regularmente, há 65 anos, a partir dos estúdios na cidade da Guarda.
Embora o registo oficial das emissões tenha ocorrido a 29 de Julho de 1948, a actividade do Rádio Altitude surgiu, no seio do Sanatório Sousa Martins, cerca de 1946.
Na altura, as rudimentares emissões circunscreviam-se ao pavilhão onde estava concentrado o grupo de doentes pioneiros deste projecto e só com a construção de novo emissor foi ganhando dimensão a aventura radiofónica.
Sabe-se que, no ano seguinte, o então director daquela unidade de saúde, o médico e escritor Ladislau Patrício (cunhado do poeta Augusto Gil) assinou o primeiro regulamento da referida estação emissora, onde estavam definidas orientações muito objectivas sobre a sua actividade.
Em finais de 1947 as emissões já eram escutadas na cidade que seguiu, com particular entusiasmo, o início oficial das emissões regulares assinalado, com alguma pompa e circunstância, a 29 de Julho de 1948; um ano depois foi atribuído o indicativo CSB 21 ao Radio Altitude.
A propriedade do primeiro emissor pertenceu, inicialmente, à Caixa Recreativa do Internados no Sanatório Sousa Martins e, mais tarde, com a sua extinção, ao Centro Educacional e Recuperador da unidade hospitalar vocacionada para o tratamento da tuberculose.
Com a criação do Centro Educacional e Recuperador dos Internados no Sanatório Sousa Martins (CERISSM) pretendeu-se auxiliar os doentes, especialmente no que dizia respeito “à sua promoção social e ocupação dos tempos livres”.
Aliás, foi no seio dos sanatórios que surgiram interessantes projectos radiofónicos – como seja a Rádio Pólo Norte, no Sanatório do Caramulo, e a Rádio Pinóquio, no Sanatório das Penhas da Saúde, Covilhã, para referirmos os mais próximos.
O CERISSM foi uma autêntica instituição de solidariedade; para além de viabilizar a afirmação e implantação da Rádio Altitude desenvolveu uma vasta obra assistencial, sob o impulso do médico Martins de Queirós, o quarto e último director do Sanatório da Guarda.
Em 1961, mediante autorização oficial, o RA passou a ter como suporte económico-financeiro as receitas publicitárias que em muito contribuiriam para o auxílio dos doentes mais carenciados. As emissões evoluíram, ao longo das primeiras décadas em função das disponibilidades técnicas, dos recursos humanos e financeiros mas encontrando sempre no, crescente auditório, uma grande simpatia e um apoio incondicional.
Até 1980 o Rádio Altitude emitiu na frequência de 1495 Khz, em onda média (abrangendo não só o distrito da Guarda mas igualmente os distritos de Viseu e Castelo Branco e algumas das suas áreas limítrofes), altura em que a sua sintonia passou a ser feita no quadrante dos 1584 khz. Após 1986, e com a liberalização do espectro radioeléctrico passou também a desenvolver as suas emissões em frequência modulada, em 107.7 Mhz, a qual foi alterada, em 1991, para os 90.9 Mhz.
Em 1998,e depois de ter sido determinada a extinção do Centro Educacional e Recuperador dos Internados no Sanatório Sousa Martins, foi decidida a realização de uma consulta pública, com vista à “transmissão da universalidade designada Rádio Altitude”, considerada a “única estrutura em funcionamento do ex-CERISSM”.
A estação emissora entrou assim, com a sua aquisição por parte da Radialtitude–Sociedade de Comunicação da Guarda, num capítulo novo da sua existência, mantendo a ligação física ao antigo espaço sanatorial.
O Rádio Altitude – que assinala hoje o seu 65º aniversário – possui um historial ímpar que importa reter, e divulgar, contribuindo, assim, para aumentar a cadeia de afectos, originada em finais da década de quarenta do passado século.
Hoje, o RA vive uma fase, perfeitamente distinta, consentânea com o papel da Rádio no século XXI e outrossim com as novas tecnologias, novos suportes, novos desafios e as inúmeras potencialidades proporcionadas pela Internet. A sua área de influência não se limita aos tradicionais contornos geográficos resultantes da potência do seu emissor e das condições de propagação mas estende-se ao mundo, num confronto que, é justo realçar, afere de forma digna a qualidade do trabalho aqui desenvolvido.
O passado e o património do Rádio Altitude fazem parte das múltiplas memórias da Guarda, assumindo-se como elos indissociáveis da história da Cidade da Saúde. Valorizar o presente, reflectir sobre a importância social desta emissora, será um bom incentivo para quantos ali trabalham e dão continuidade a uma matriz radiofónica, de inquestionável originalidade e longevidade.
Num contexto de redobrados desafios e responsabilidades, que não pode ser iludido sob qualquer capa mágica mas antes deve merecer a resposta adequada, importa manter o rumo, preservar uma identidade, garantir o futuro.
Parabéns Rádio Altitude!
HS
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