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No próximo domingo é assinalado o Dia Mundial da Tuberculose, data que se assume como alerta para uma realidade mundial e outrossim para a necessidade de reforço dos procedimentos adequados à eliminação desta doença.
Apesar de os casos de tuberculose, a nível mundial, terem registado – desde 1990 – uma redução de 40%, a OMS lembra que persistem ainda muitos e sérios problemas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, calcula-se que em 2011 ocorreram 8,7 milhões de novos casos de tuberculose, tendo sido vitimadas, por esta doença, 1,4 milhões de pessoas; a tuberculose está entre as três principais causas de morte de mulheres com idades compreendidas entre os 15 e os 44 anos; em 2011 meio milhão de crianças foram atingidas por esta doença, registando-se 64 000 casos de morte.
Como tem sido sublinhado em anos anteriores, é importante continuar a “inspirar a inovação na pesquisa e nos cuidados aos doentes, reforçando a atenção na vertente social, mediante um esforço organizacional entre todos os agentes da saúde e da sociedade civil centrado no doente e nas populações afetadas”.
Em Portugal, e face aos dados disponíveis, a tuberculose continua a diminuir; contudo, constitui ainda um sério problema de saúde pública, em especial perante a ameaça da TB multirresistente.
A data de 24 de Março recorda o dia do ano de 1882 em que Robert Koch anunciou à comunidade científica, da época, que havia descoberto a causa da tuberculose, o bacilo a que ficaria associado o seu nome; foi o primeiro passo para diagnosticar e curar a tuberculose.
A nossa cidade viria a ser um dos principais centros de tratamento da tuberculose, em Portugal, ombreando com outras destacadas estâncias sanatoriais da Europa. A designação de “Cidade da Saúde”, atribuída à Guarda, em muito se fica a dever a uma instituição que a marcou indelevelmente, ao longo de sete décadas, no século passado.
Embora a situação geográfica e as especificidades climatéricas associadas tenham granjeado à cidade esse epíteto, a construção do Sanatório Sousa Martins certificou e rentabilizou as condições naturais da cidade para o tratamento da tuberculose, doença que vitimou, em Portugal, largos milhares de pessoas.
A Guarda foi, nessa época, uma das cidades mais procuradas de Portugal, afluência que deixou inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural; a sua apologia como localidade “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras da época, pois era “a montanha mágica” junto à Serra.
A poucos dias da comemoração do Dia Mundial da Tuberculose, será oportuno recordar que a Guarda é um expressivo capítulo da história da luta e tratamento da tuberculose em Portugal. E é fundamental que não se apague a memória, sobretudo quando está em risco o desaparecimento dos antigos pavilhões do Sanatório e a completa descaracterização de um espaço onde sobrevivem árvores centenárias; algumas consideradas mesmo das mais altas do país.
Embora o diagnóstico há muito esteja feito, tarda o tratamento da “doença” que vai minando um original ex-libris da Cidade da Saúde.
Um dia talvez seja tarde demais...
Helder Sequeira
in "O Interior", 21-3-2013
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