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Foto: AM_Pedro Ribeiro
A Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas - UN Tourism distinguiu a localidade de Loriga (Seia) como uma das Melhores Vilas Turísticas do Mundo (Best Tourism Villages), na edição de 2025.
O anúncio e a cerimónia de entrega do galardão decorreu em Anji County, Huzhou City, na China, no âmbito do III Encontro Anual da Rede das Melhores Aldeias e Vilas Turísticas do Mundo, um evento organizado pela UN Tourism, em parceria com a cidade de Huzhou.
A distinção "Best Tourism Villages" reconhece aldeias e vilas que são exemplos notáveis de destinos de turismo rural, pela valorização dos seus ativos naturais e culturais, e que se comprometem com a sustentabilidade no desenvolvimento do turismo como um motor para o desenvolvimento rural e o bem-estar das suas comunidades.
O prémio atribuído a Loriga – uma das vilas que integra a Rede de Aldeias de Montanha – “assume um significado especial ao reconhecer uma vila que soube reinventar-se face a profundas mudanças económicas. Loriga foi, durante décadas, um importante centro da indústria dos lanifícios na região da Serra da Estrela, uma atividade que marcou profundamente a sua história, paisagem e a vida das suas gentes, e que teve entrou em declínio no início da década de 90.”
"É uma distinção que enche de orgulho a Rede de Aldeias de Montanha, um reconhecimento que reforça o potencial da região da Serra da Estrela e das Aldeias de Montanha no panorama internacional. Recorde-se que Manteigas foi também galardoada com este título em 2023”, referiu Célia Gonçalves, Secretária Executiva da ADIRAM.
Por sua vez José Pinto, Presidente da Junta de Freguesia de Loriga (que se deslocou à China para receber este prémio) considerou que "este prémio é de todos os loriguenses. É o resultado de anos de trabalho, de dedicação em preservar a nossa identidade e a forma como todos soubemos potenciar o nosso património natural. Ver Loriga, reconhecida hoje como uma das Melhores Vilas Turísticas do Mundo, mostra que a aposta no Turismo Sustentável é a melhor homenagem que podemos fazer à nossa história".
A candidatura de Loriga, submetida pela Rede de Aldeias de Montanha com o apoio do Município de Seia, foi avaliada em função de critérios rigorosos, que atestam a qualidade, autenticidade e o empenho da comunidade e das entidades locais.
Nos próximos dias 14 e 15 de novembro vão decorrer, nesta cidade, as III Jornadas de Educação da Guarda, subordinadas ao tema “Educar: o Futuro nas nossas mãos - Que herança?”, organizadas pelo Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque – Guarda (AEAAG), em parceria com o Agrupamento de Escolas de Trancoso e Escola Secundária Quinta das Palmeiras.

Estas jornadas, diz a organização, “tornaram-se um momento de encontro, de partilha, de aprendizagem e de reflexão esperado por muitos.”
Trata-se de um evento aberto a docentes, não docentes, técnicos superiores, psicólogos, terapeutas, decisores políticos no domínio da educação, pais e encarregados de educação.
“Damos, assim, continuidade ao compromisso de contribuir para o desenvolvimento do território onde nos inserimos, caraterizado pela interioridade e baixa densidade populacional onde a Educação pode assumir um papel determinante na fixação de pessoas. A Educação no nosso território deve assumir-se diferenciadora e constituir uma prioridade para a população, para os decisores políticos e educativos.
Nesta medida, mantemos a nossa missão de contribuir para a transformação e inovação das práticas pedagógicas da região. Importa pensar nos novos modelos de Educação, nas suas vantagens e desvantagens, no seu contributo para o desenvolvimento dos territórios, na sua atratividade e no seu potencial diferenciador. Uma comunidade com ousadia, com perspetiva de inovação, com planos de autorreflexão e melhoria constantes, contribui para uma sociedade mais dinâmica, confiante, empenhada e respeitadora.” É referido a propósito desta iniciativa.
O programa das III Jornadas de Educação da Guarda foi especialmente concebido para “proporcionar momentos de aprendizagem, partilha e convívio”, acrescenta a nota informativa divulgada pela organização.
As inscrições podem ser feitas aqui.
O Centro de Estudos Ibéricos (CEI) vai levar a efeito, na Guarda, a partir de hoje – e até domingo – a oitava edição dos Encontros “Imagem & Território”.
Trata-se de uma iniciativa anual na área da Fotografia e da Imagem que o CEI realiza desde 2017 e que decorre da importância da imagem em geral e da fotografia em particular como documento e como arte, bem como o seu indiscutível papel para ler e interpretar os territórios.
Sob o lema “Retratos do mundo em tempos de cólera” o VIII Encontro “Imagem & Território” acolhe exposições, debates, mostras e o lançamento de edições pautando-se pela preocupação em promover o diálogo transdisciplinar entre diversas valências científicas e artísticas focadas na Imagem enquanto elemento importante para uma compreensão mais holística do Território; mobilizar a comunidade científica e artística local, das duas regiões transfronteiriças (Centro e Castilla y Léon), e de outros profissionais que operam a nível nacional, para reforçar o eixo científico e cultural Coimbra – Guarda – Salamanca.

A programação foi concebida a partir da ligação da Imagem a sete núcleos temáticos: Território; Literatura; Informação; Coesão; Cooperação; Sociedade; Futuro.
De entre as atividades destacam-se as exposições “Fronteira, espelho do mundo” (Curadoria: Santiago Santos, Javier Ayarza Arribas, Rui Jacinto), “Criar futuro: ambiente; sustentabilidade; inclusão” (Curadoria: Catarina Flor), “Das poéticas do espaço às cartografias e roteiros literários” (Curadoria: Cristina Robalo Cordeiro), “Crónica dos dias que correm: natureza; pobreza; guerra” (Curadoria: Luís Ramos e Alberto Prieto), “Lugares sem atributos”(Curadoria: José Maçãs de Carvalho) e “Geografias do Sul: fragmentos e poéticas do olhar” (Curadoria: Sérgio Raimundo; Rui Jacinto e Santiago Santos).
Para além do “Transversalidades. Fotografia sem Fronteiras 2025”, no contexto do qual vão ser distinguidos os Premiados do concurso deste ano, esta iniciativa engloba ainda várias mostras e debates: “Geo(carto)grafia: o mapa e as imagens do território”, “Geo(foto)grafia: imagem e dinâmicas territoriais”, “Diálogos Transfronteiriços: imagens que nos unem”, “Imagem e Arte; uma Agenda de Futuro”, “Imagem e Literatura”, “Fotojornalismo: Comunicar os dias que correm”, “Imagem e futuro: Olhares sobre o nosso tempo”, “Processos Criativos; uma Agenda de futuro” e “Retratos e Geografias do Sul”.
A Sessão de Abertura terá lugar hoje, às 18h30, na Galeria Evelina Coelho (Paço da Cultura/Museu da Guarda).
O Encerramento do VIII Encontro “Imagem & Território” decorrerá no dia 26 de outubro às 15h30 com a entrega dos prémios do Concurso “Transversalidades – Fotografia sem Fronteiras 2024”, a inauguração da Exposição Transversalidades o lançamento do respetivo Catálogo.
Todas as iniciativas são de entrada livre. As exposições ficarão patentes até 18 de janeiro de 2026.
O VIII Encontro “Imagem & Território” terá uma extensão em Salamanca (Espanha), em fevereiro de 2026, onde estarão patentes as exposições “Transversalidades. Fotografia sem Fronteiras 2025” e “Fronteira, espelho do mundo”, estando também previstos debates e mostras.
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) realiza, de 23 e 26 de outubro, a Edição Nacional 2025 do Med On Tour.
Trata-se de um projeto de promoção da saúde e prevenção da doença que este ano vai decorrer em Fornos de Algodres.
O Med On Tour é uma iniciativa que leva estudantes de Medicina a comunidades com acesso limitado a cuidados de saúde, promovendo rastreios gratuitos, ações de sensibilização e formações em escolas, lares e centros de dia.
Criado em 2013, o projeto visa aumentar a literacia em saúde da população portuguesa e sensibilizar os futuros médicos para a importância de uma prática clínica humanizada e próxima das populações.

“Queremos aproximar a saúde de quem mais precisa e, ao mesmo tempo, aproximar os futuros médicos das realidades onde há maior escassez de recursos humanos. Esta atividade constitui um momento único de aprendizagem, em que são colocados em prática os conhecimentos adquiridos em contexto de sala de aula”, afirmou Paulo Simões Peres, Presidente da ANEM.
Durante os quatro dias da iniciativa, vários estudantes de Medicina irão realizar rastreios cardiovasculares, sessões de formação em escolas, ações sobre estilos de vida saudáveis e saúde mental, atividades com crianças e campanhas de sensibilização sobre infeções sexualmente transmissíveis (ISTs).
As atividades serão adaptadas à realidade local e desenvolvidas em estreita colaboração com as autarquias e instituições locais.
Nos últimos 12 anos, o Med On Tour já percorreu mais de 25 municípios de norte a sul do País e envolveu centenas de voluntários, tendo já proporcionado milhares de rastreios e ações educativas.
Anualmente, as diversas edições do Med On Tour contam com quase 300 voluntários, mais de 3000 rastreios cardiovasculares e centenas de formações em escolas, reforçando o compromisso dos estudantes de Medicina com a promoção da saúde em todo o território nacional.

A última colheita de sangue realizada na Guarda, na passada segunda-feira, contou com a colaboração de 71 voluntário, tendo-se inscrito 82 dadores.
Esta colheita teve lugar na Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto do Instituto Politécnico da Guarda e a próxima está agendada para dia 3 de novembro, no mesmo local; como habitualmente será efetuada por uma equipa de profissionais do Instituto Português do Sangue e Transplantação, decorrendo entre as 10h00 e as 19h00 com intervalo para almoço das 13h00 às 14h30.
De referir que as reservas de sangue a nível nacional estão a diminuir e cada dádiva pode salvar até três vidas.

O documentário “The Town That Drove Away” (Polónia), da dupla de cineastas Grzegorz Piekarski e Natalia Pietsch, foi o vencedor do “Grande Prémio Ambiente” do CineEco 2025.
O filme faz parte de um conjunto de dez obras que estrearam no festival de Seia, no âmbito da Competição Internacional de Longas-Metragens; este trabalho documenta a transformação da vida quotidiana dos habitantes de uma aldeia histórica no Curdistão turco, conquistou o “Grande Prémio Ambiente” do CineEco.
A 31.ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela contou este ano com mais de 3760 espectadores, 1650 alunos das escolas do concelho de Seia, Oliveira do Hospital, Nelas e Gouveia e a presença de 59 cineastas, produtores e atores.
A entrega dos prémios CineEco 2025 aconteceu este sábado, às 17H00, no auditório da Casa Municipal da Cultura de Seia.
O “Prémio Camacho Costa”, que integra a Competição de Longas-Metragens em Língua Portuguesa, coube ao filme de ficção desarmante, urgente e poético, “Enquanto o Céu Não Me Espera” (Brasil). Com raízes na Amazónia, a realizadora Christiane Garcia retrata a história de um agricultor ribeirinho humilde que, apesar das muitas dificuldades que a família enfrenta, luta por permanecer no território dos seus antepassados.
Já o “Prémio Antropologia Ambiental”, inserido nas Competições de Longas-Metragens Internacionais e em Língua Portuguesa, foi atribuído a Katwe (Uganda/Suécia), de Nima Shirali, documentário que acompanha a vida dos habitantes de uma pequena cidade junto ao lago salino do Katwe, Uganda, onde uma fábrica de refinação de sal permanece abandonada há 40 anos, enquanto os políticos continuam a prometer libertar a comunidade dos laços da pobreza, da corrupção e das condições de trabalho tóxicas.
“Plastic Surgery” (Reino Unido) conquistou o “Prémio Curta e Médias-Metragens Internacional”. Este thriller, realizado por Guy Trevellyan, aborda o impacto nos seres humanos da poluição e dos microplásticos. O filme retrata a história de uma médica que, no último dia antes da licença de maternidade, vê a sua rotina mergulhar no caos ao deparar-se com uma ameaça inesperada.
O filme “Cão Sozinho” (Portugal/França) de Marta Reis Andrade arrecada o “Prémio Curta e Médias-Metragens em Língua Portuguesa”.
“Vânia e Valéria” (Brasil), de Isabela da Silva Alves e Isabella Milena Nascimento da Cunha, conquista o “Prémio Educação Ambiental”, inserido nas competições Curtas e Médias-Metragens Internacionais e em Língua Portuguesa. Nestas mesmas competições na categoria de “Animação”, a distinção coube a “Martha” (Suíça), de Marcel Barelli, um antigo documentário mudo da década de 1910, recentemente recuperado.
O galardão para “Curtas-Metragens de Ficção e Não-Ficção” foi entregue a “L’ancien Monde” (França), de Owen Archinet.
O “Prémio Panorama Regional”, destinado a obras produzidas na região da Serra da Estrela que melhor promovem as temáticas ambientais, seguiu para “O Último Pastor de Sabugueiro” (Portugal) de Laurène da Palma Cavaco, um documentário sobre Dinis, um jovem pastor e estudante do ensino secundário.
Foram ainda entregues os Prémios Especiais, que abrangem todas as competições do CineEco: Prémio “Valor da Água” a “Sukande Kasáká” (Brasil) de Kamikia Kisedje, Fred Rahal e o “Prémio Juventude” a “A New Kind of Wilderness” (Noruega) de Silje Evensmo Jacobsen.
A 31.ª edição do CineEco decorreu entre os dias 10 e 18 de outubro com a exibição de mais de 80 filmes de 31 países, propondo um mosaico cinematográfico rico e diversificado sobre os desafios ambientais contemporâneos.
Este ano, o festival recebeu mais de 3760 espectadores que passaram pelos cineteatro e auditório da Casa Municipal da Cultura de Seia, assim como um número significativo de realizadores, produtores e atores, 59.
À semelhança das edições anteriores, o CineEco voltou a apostar na componente educativa com sessões de curtas-metragens de ficção, não-ficção e animação, contando com a participação de 1650 alunos das escolas do concelho de Seia, Oliveira do Hospital, Nelas e Gouveia.
O CineEco deu ainda continuidade à iniciativa Mercado de Filmes, networking entre produtoras e estudantes de cinema, incluindo um vasto programa de atividades e eventos complementares, como exposições com foco nas questões ambientais, espetáculos, o compacto “curtinhas” para os mais pequenos, apresentação de livros, oficinas de cinema para todas as idades, workshops, sessões de cinema em debate e cinema clássico.
O CineEco prolonga-se ao longo do ano através das suas extensões nacionais e internacionais. Nos próximos meses, parte em itinerância com as habituais extensões em cineclubes, escolas, associações, universidades e festivais parceiros. Esta é uma forma de levar o cinema ambiental a diversos públicos e territórios, promovendo a sensibilização ecológica, a inclusão e o acesso à cultura, afirmando o compromisso do Festival com a educação ambiental e a mudança social.
O CineEco é organizado pelo Município de Seia e conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e do Departamento de Ambiente das Nações Unidas. Conta ainda com o apoio financeiro da DGArtes.
Em Famalicão da Serra vai estar patente, a partir do próximo domingo, 19 de outubro, uma exposição itinerante subordinada ao tema “Viva a República Portugueza – primeiras páginas dos jornais da Guarda”. “Estes registos dão a conhecer as mudanças, tensões e o entusiasmo republicano que marcaram a época, mostrando como os jornais da Guarda ecoavam e influenciavam o cenário político nacional. Composta por 26 painéis, a mostra convida o visitante a uma viagem no tempo.” Como é referido numa nota informativa divulgada pelo Museu da Guarda que organiza esta exposição”.
O distrito da Guarda, recorde-se, foi pioneiro da imprensa, tendo aqui surgido também alguns dos mais expressivos jornais religiosos e políticos. Com postura diferenciada, os jornais desta região tiveram um importante papel na promoção das ideias políticas, mormente do ideário republicano, constituindo a sua leitura um (re)encontro com a realidade de tempos e lugares.

Como escreveu J. Pinharanda Gomes, o mundo da imprensa regional é “feito de insólitos achados, de experiências para nós, hoje, inimagináveis. Reflete ele o estado social e cultural de uma região num dado tempo. A progressão cronológica do aparecimento dos jornais, a tipologia diferenciada, as alternâncias ideológicas, são quadros vivos mesmo agora que, de muitos deles não temos senão raros exemplares (…)”. De facto, houve períodos em que não foi acautelada a preservação dos mais significativos títulos da imprensa regional e concelhia, resultando daí um hiato intransponível no acesso ao seu completo conhecimento.
A história da imprensa distrital merece um aprofundado estudo, que dê sequência a alguns valiosos e meritórios trabalhos já existentes. Estaremos, com essa atitude, a honrar os esforços, o entusiasmo, o saber e o contributo de quantos editaram e mantiveram jornais locais e regionais, colocando-os ao serviço da democracia e da liberdade.
Assim, é uma atitude de justiça e de interesse cultural olhar para a imprensa que serviu de meio de divulgação dos princípios republicanos, de forma a ficarmos elucidados sobre as conceções políticas defendidas, realidades sociais e económicas, o modo como foi recebido o novo regime, após o derrube da Monarquia; importa trazer ao conhecimento das gerações atuais os nomes de personalidades (esquecidas ou ignoradas, em tantos casos) que lutaram fervorosa e apaixonadamente pelos seus ideais políticos.
Servir “dedicadamente a causa pública” era um propósito comum manifestado pelos redatores da imprensa republicana, e reafirmado, tantas vezes, após o 5 de outubro de 1910. “Não temos hoje após a vitória (…) ambições que excedam as craveiras dos nossos apoucados méritos”, lia-se no jornal “A Fraternidade”, para cujo corpo diretivo e redatorial “a mais ardente aspiração” estava “satisfeita com a proclamação” da República”.
“A imprensa ruge e canta”, escrevia José Augusto de Castro em “O Combate”, um dos mais expressivos títulos republicanos da Guarda, jornal que se batia “Pela Justiça. Pela Verdade. Pela Equidade”, sem baixar as armas, para não haver surpresas.
Contudo, os avisos feitos a partir desta tribuna, como aliás de outras, eram dirigidos igualmente para o interior das estruturas políticas. “Passada a hora da primeira vitória, entoado o primeiro cântico de triunfo, impõe-se-nos recomeçar a nossa acção em combate ao mal, à dor, à iniquidade. Proclamar a República não quer dizer extinguir a iniquidade, mas apenas avançar um passo no caminho que conduz à sua extinção. O mal existe em todas as formas de governo conhecidas, de modo que só depois de todas as formas de governo extintas se extinguirá o mal. O alto dever cívico, intelectual e moral do homem, o mais alto, consiste em trabalhar para que as formas de governo se vão aperfeiçoando, simplificando, resumindo, extinguindo”, sustentava “O Combate”.
Nos jornais de matriz republicana, publicados antes e depois da data que marcou um novo ciclo na história política portuguesa, encontramos textos de grande lucidez e reflexões apaixonadas, a par de uma preciosa informação sobre o pulsar da vida local, sobre o papel interventivo de muitas personalidades, sobre as estratégias dos grupos que detinham ou pretendiam o poder, sobre as divergências pessoais ou de grupos.
Da leitura e do estudo, crítico, destes jornais poderemos evoluir para um conhecimento mais completo de um período em que o mapa político e institucional do distrito da Guarda era palco de grande efervescência e outrossim de mudanças. Protagonizaram a intervenção republicana, cruzando argumentos e palavras na imprensa regional, as mais diversificadas figuras, oriundas de distintos meios sociais, culturais ou profissionais. Eram atores de uma interessante polivalência, como se pode deduzir através destes jornais.
Até nomes tradicionalmente associados a áreas muito específicas foram agentes ativos na defesa da República; veja-se, a título de exemplo, Augusto Gil (que dirigiu A Actualidade), nome respeitado como poeta, mas também como republicano.
Os aguerridos e frontais “diálogos” entre títulos da imprensa regional, a criação e desaparecimento de outros, a linguagem e o desassombro de muitos dos textos publicados ou imaginação colocada para suprir lacunas editoriais ou vicissitudes relacionadas com a impressão constituem suficientes motivos para (re)lermos estes jornais, parcela ímpar do nosso património cultural e regional.
Esta exposição constitui, sem dúvida, um desafio a conhecermos melhor os jornais publicados sob a República, ultrapassando assim um mero ato de “comemorativismo ritualista”.
Helder Sequeira

O Departamento de Investigação Criminal (DIC) da Guarda da Polícia Judiciária, deteve fora do flagrante delito um homem de 52 anos presumível autor da prática de dezenas de crimes de burla qualificada, cujos prejuízos causados ascendem, pelo que foi apurado até à data, cerca de 800 mil euros.
Segundo informação divulgada pela Polícia Judiciária, desde 2012, o suspeito tem vindo a valer-se da sua atividade profissional enquanto mediador de seguros, para levar os seus clientes a “investir” em aplicações financeiras das instituições às quais estava ligado, porém os investimentos não chegavam a concretizar-se, vindo este a apoderar-se dos respetivos montantes, dissipando-os posteriormente através de contas bancárias de familiares.
A investigação teve origem numa queixa cujo dano atingiu os 300 mil euros, tendo já sido identificadas cerca de duas dezenas de vítimas. O detido, será presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.
A investigação prossegue até ao cabal esclarecimento dos factos e identificação de todas as vítimas, num inquérito é titulado pelo Ministério Público da Guarda.
Entretanto, o DIC da Guarda deteve uma mulher pela presumível autoria da prática de dezenas de crimes de burla qualificada com a utilização de métodos fraudulentos de investimentos em carteiras de cripto ativos, num valor total de cerca de 1,8 milhões de euros. A mulher terá ludibriado cerca de 300 vítimas através da rede social “Telegram” a investirem em cripto moedas. Posteriormente, dispersava os proventos da atividade criminosa em 18 contas bancárias distintas, em nome próprio, de familiares e de terceiros.
A suspeita apenas cessou a sua atividade criminosa no momento da intervenção da Polícia Judiciária. Será presente a primeiro interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.
A investigação irá continuar até ao cabal esclarecimento dos factos e identificação de todas as vítimas.
O Pavilhão Rainha D. Amélia, do antigo Sanatório Sousa Martins, na Guarda, foi parcialmente consumido pelas chamas ao início da madrugada. O incêndio foi combatido pelos Bombeiros Voluntários da Guarda, Celorico da Beira, Gonçalo, Belmonte e Famalicão da Serra.
Foto: Gustavo Brás /jornal Todas as Beiras
Ao longo das últimas décadas, por diversas vezes e em diferentes ocasiões nos referimos ao estado de degradação dos antigos pavilhões do Sanatório Sousa Martins…e aos riscos daí decorrentes: possíveis, derrocadas, incêndio, danos pessoais, etc… Hoje ocorreu, pela madrugada, um incêndio no pavilhão Rainha D. Amélia, uma das emblemáticas estruturas do antigo Sanatório da Guarda.
Ainda no passado dia 18 de maio, aquando da passagem do centésimo décimo oitavo aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins sublinhámos a eminente ação assistencial que ele teve na cidade mais alta de Portugal.
A inauguração (inicialmente prevista para 28 de abril e depois para 11 de maio) dos três pavilhões que integravam o Sanatório teve lugar a 18 de maio de 1907, com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia. O Sanatório Sousa Martins foi uma das principais instituições de combate e tratamento da tuberculose em Portugal. A designação de “Cidade da Saúde” atribuída à Guarda em muito se fica a dever à instituição que a marcou, indelevelmente, no século passado.

A Guarda foi, nessa época, uma das cidades mais procuradas do nosso país, tendo a elevada afluência de pessoas deixado inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural.
A apologia desta cidade como centro urbano “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras, pois era “a montanha mágica” junto à Serra. Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) rumaram à cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do seu clima, praticando, assim, uma cura livre; não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos.
As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões; isto porque não havia, no início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; situação que originou fortes preocupações sanitárias às entidades oficiais.
No primeiro Congresso Português sobre Tuberculose, o médico Lopo de Carvalho destacou os processos profiláticos usados na Guarda; este clínico foi um dos mais empenhados defensores da criação do Sanatório guardense, do qual viria a ser o primeiro diretor.
O fluxo de tuberculosos que vieram para o Sanatório guardense superou, largamente, as previsões, fazendo com que os pavilhões construídos se tornassem insuficientes perante a enorme procura. O Pavilhão 1 (onde funciona atualmente a sede da Unidade Local de Saúde da Guarda) teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a sua capacidade.
Em 31 de maio 1953 um novo pavilhão (que ladeia hoje a atual Avenida Rainha D. Amélia) foi acrescentado aos três já existentes. Com a construção deste novo pavilhão, o Sanatório Sousa Martins procurou aumentar a capacidade de resposta às crescentes solicitações das pessoas afetadas pela tuberculose, ampliando assim o seu papel na luta contra essa doença.
O elevado número de doentes com fracos recursos há muito fazia sentir a necessidade de dotar esta conhecida unidade de saúde com novas instalações; pretensão que os responsáveis pelo Sanatório Sousa Martins tinham já manifestado ao Ministro das Obras Públicas, aquando da sua visita, à Guarda, em 1947.
O Sanatório Sousa Martins ganhou, consequentemente, maior dimensão e capacidade de tratamento de tuberculosos.
Hoje, o incêndio ocorrido no Pavilhão Rainha D. Amélia é mais um desesperado alerta para o estado lastimoso em que se encontra o património físico de uma instituição com merecido relevo na história da saúde e da medicina em Portugal; um Sanatório ligado também à solidariedade, à cultura e à história da radiodifusão sonora portuguesa, mercê da emissora (Rádio Altitude) aqui criada em finais da década de quarenta do passado século.
“A ausência de interesse tem sido gritante, imperdoável e inaceitável. Os edifícios em completa ruína, além de constituírem um perigo permanente, são um verdadeiro atentado à história local. Creio que é mesmo um dos maiores, se não o maior atentado patrimonial, cometido na Guarda, no último século.” Como sublinhou, ao Correio da Guarda, Dulce Borges (com meritório trabalho de investigação, estudo e divulgação sobre o Sanatório) ao Correio da Guarda. Uma entrevista que pode reler aqui.
Os históricos pavilhões Rainha D. Amélia e D. António de Lencastre continuam, apesar de sucessivos alertas e artigos publicados, a ser desprezados, esquecidos.

A sua recuperação permitiria que fossem utilizados para fins assistenciais ou outros; houve já projetos para a criação de um espaço museológico no Pavilhão Rainha D. Amélia, para a valorização do património florestal da antiga cerca do Sanatório; em 2001/2002 foi elaborado “um projeto para o Hospital da Guarda, que englobava o Pavilhão D. Amélia para as Consultas Externas, acoplado com outro pavilhão moderno. O pavilhão D. António de Lencastre estava destinado à parte administrativa, fazia parte de um complexo para a parte administrativa, acoplado a outros espaços”, como nos disse o Dr. José Guilherme (que dirigiu o Hospital da Guarda), em entrevista publicada na Revista Praça Velha. Nas últimas décadas outras ideias foram surgindo, para utilização desses edifícios, sem que tivessem qualquer concretização até à presente data.
O abandono e degradação dos antigos pavilhões do Sanatório Sousa Martins não dignifica uma cidade que se quer afirmar pela história, pela cultura, pelo ensino, pelo turismo, pela qualidade do seu ar, pela sua localização…
A bandeira da cidade deve ser arvorada diariamente, por todos quantos sentem e vivem a Guarda, pensando globalmente e não se circunscrever a intervenções articuladas com calendários políticos ou pessoais; não devemos ser “socialmente, uma coletividade pacífica de revoltados”, na expressão de Miguel Torga.
É importante que contrariemos este estado de coisas, reivindicando soluções, apelando à união de esforço e à procura dos melhores planos/estratégias no sentido de serem recuperados, salvaguardados e utilizados esses edifícios seculares, elementos integrantes do ex-libris da Cidade da Saúde. “Tudo é ousado para quem a nada se atreve”, escrevia Pessoa. Haja firmeza na ousadia e salvaguardemos um património ímpar da cidade e do país. E nada como uma visita ao local para nos apercebermos da vergonhosa realidade daqueles pavilhões do antigo Sanatório Sousa Martins…
Hélder Sequeira
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