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Hoje, 31 de maio, completam-se 71 anos após a inauguração do denominado Pavilhão Novo do Sanatório que constitui, hoje, o mais antigo bloco do Hospital da Guarda.
Este ato, previsto inicialmente para 28 de maio de 1953, ocorreu três dias depois, com a presença dos Ministros do Interior e das Obras Públicas.
A imprensa da cidade deu especial relevo ao ato, apresentando o novo pavilhão como “um edifício gigantesco com 250 metros de comprido e com 350 leitos destinados exclusivamente a doentes pobres”.
Com a construção deste novo pavilhão, o Sanatório Sousa Martins procurou aumentar a capacidade de resposta às crescentes solicitações das pessoas afetadas pela tuberculose, ampliando assim o seu papel na luta contra essa doença.
O elevado número de doentes com fracos recursos há muito fazia sentir a necessidade de dotar esta conhecida unidade de saúde com novas instalações; pretensão que os responsáveis pelo Sanatório Sousa Martins tinham já manifestado ao Ministro das Obras Públicas, aquando da sua visita, à Guarda, em 1947. As obras do novo pavilhão foram iniciadas quatro anos depois.
A entrada em funcionamento deste pavilhão era aguardada com compreensível expectativa, mormente por quem trabalhava no Sanatório Sousa Martins.
O seu diretor, Dr. Ladislau Patrício – que nesse mesmo ano deixaria essas funções, bem como a atividade clínica – definiu o edifício como “um novo e valioso instrumento na luta em defesa da saúde pública do país”.
Na Guarda viveu-se mais um dia festivo. “Cerca do meio-dia, a estrada que conduz ao Sanatório tornara-se um rio de gente”, noticiou o jornal A Guarda. O Pavilhão Novo constitui, de facto, um marco importante na história do Sanatório Sousa Martins, instituição que não pode, de forma alguma, ser dissociada da Guarda do século XX.
Recordar esta efeméride é sublinhar quanto é fundamental a salvaguarda desta memória viva onde, no presente, prossegue a atividade hospitalar. Conciliar os rumos exigidos pelo progresso com a especificidade deste edifício será contribuir para o reencontro com décadas em que a Guarda conquistou, justamente, a designação de Cidade da Saúde.
Hélder Sequeira
No próximo sábado, 1 de junho, vai decorrer no Castro do Jarmelo a “Oficina de Arqueologia em Família”, uma iniciativa do Museu da Guarda e ACDJarmelo.
A oficina, que decorrerá entre as 10 e as 12 horas, assinala a comemoração da atribuição de foral à antiga vila do Jarmelo, desafiando as famílias à descoberta do passado arqueológico daquele sírio através da “recriação” de uma exposição arqueológica.
Nesta atividade, orientada pelo arqueólogo Tiago Ramos, os participantes terão de encontrar materiais arqueológicos, efetuar a sua recolha, limpeza, inventário, colagem e desenho, para posterior incorporação no acervo do Museu da Guarda.
A participação nesta atividade é gratuita, mediante inscrição prévia.
Na Mêda vai decorrer, nos dias 1 e 2 de junho, a III Feira das Atividades do Mundo Rural, organizada pelo município local em colaboração com diversas associações concelhias.
Integrado no programa deste certame terá lugar um colóquio sobre "Apicultura - Sustentabilidade Económica e Ambiental", no decorrer do qual serão abordados temas como a "A Importância das Abelhas no Ecossistema", "Práticas Sustentáveis na Apicultura" e "Desafios e Soluções para a Apicultura".
Fonte e foto: Câmara Municipal de Pinhel
"Seia no Início do Sec. XX: A Visão de Avelino Cunhal" é a designação do evento que vai decorrer, no próximo dia 3 de junho, naquela cidade.
Trata-se de uma iniciativa dos alunos das Licenciaturas de Gestão Hoteleira, Turismo e Lazer e Restauração e Catering da Escola Superior de Turismo e Hotelaria do Instituto Politécnico da Guarda, em parceria com o Centro Interpretativo de Seia e seu Centro Histórico e igualmente da Misericória de Seia.
O programa pode ser consultado aqui.
O Secretariado Diocesano da Cultura e Comunicação (SDCC) assinalou, no passado dia 15 de maio, o 120º aniversário do jornal A Guarda. “120 anos de homens e letras - A Guarda e os seus construtores” foi o tema do seminário que decorreu Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço, Guarda.
O programa integrou uma intervenção do Bispo da Diocese da Guarda, D. Manuel Felício, tendo depois sido feita a contextualização da iniciativa por Dulce Helena Borges, coordenadora do Secretariado Diocesano da Cultura e Comunicação (SDCC). “Ao longo dos anos, a cidade da Guarda, por ser capital de diocese, promoveu o aparecimento de um avultado número de publicações católicas, de que o jornal A Guarda foi mentor e o timoneiro, tendo-se imposto como matriz de referência e como orientador da imprensa católica e dos órgãos oficiais de diversas dioceses do País”, afirmou Dulce Borges.
“É impossível escrever sobre a história da Guarda sem recorrer à consulta deste jornal. É inegável a importância e o contributo que, este órgão de comunicação, tem dado para a construção da história da cidade e da região nos últimos 120 anos”. Acrescentou a Coordenadora do SDCC. “Porque um jornal vive da dinâmica imprensa por personalidades carismáticas entendeu o Secretariado Diocesano da Cultura e Comunicação recordar o Cónego Sanches de Carvalho diretor e redator principal, durante décadas, do jornal A Guarda. Homem de cultura, com vasta obra publicada e grande envolvimento na estrutura da Igreja não teve até hoje a merecida reflexão em torno da sua importante obra. É este, pois, o propósito desta atividade”, esclareceu Dulce Borges, aludindo ao Seminário “120 anos de homens e letras - A Guarda e os seus construtores”.
Henrique Santos, Anabela Matias, Hélder Sequeira, Liliana Carona, Dulce Borges, D. Manuel Felício (da esq. para a direita)
“A imprensa religiosa em Portugal” foi o tema da comunicação apresentada por Fernando Sousa que traçou a evolução da Imprensa Católica em Portugal desde a década de 1880 até ao presente. Fernando Sousa chamou a atenção para os principais jornais publicados e seu enquadramento político-social, distinguindo três períodos: 1872-1926, de combate e defesa da Igreja; 1926-1976, de afirmação do movimento católico e recristianização da população; e de 1976 ao presente, de plena liberdade, atingindo um múltiplo e vasto universo.
Neste seminário, Anabela Matias interveio com uma apresentação intitulada “Sanches de Carvalho, um humanista para o nosso tempo". “Homem de muitas habilidades, dedicou toda a vida ao ensino, à comunidade da Guarda e ao jornal A Guarda”, referiu Anabela Matias, para quem “será, talvez, na área da comunicação que a sua presença [Sanches de Carvalho] mais se fará notar: a 27 de maio de 1957 assume funções de Chefe de Redação do Jornal A Guarda e em 31 de maio de 1974 o cargo de diretor, que manterá até 2006. Foi editor e diretor da revista cultural do Seminário da Guarda, Horizonte.”
No decorrer da sua intervenção, Anabela Matias disse ainda que Sanches de Carvalho, além das funções desempenhadas no jornal A Guarda, “tem uma profícua produção literária centrada em temas religiosos”, tendo ainda estado “na fundação do Centro Cultural da Guarda e na génese do Rancho Folclórico da Guarda. Sem dúvida, um humanista e com uma visão bastante eclética da cultura.”
Henrique Santos apresentou uma comunicação subordinada ao tema “A revista Horizonte, fonte de cultura ao tempo de Sanches de Carvalho”. Uma personalidade que foi definida como “um homem sempre muito vocacionado e preocupado com a divulgação do conhecimento e um apaixonado pelo jornalismo. Deixa-nos um grande legado, que é necessário investigar. Exemplo disso são também os dois volumes de sua autoria sobre a vida e obra de D. João de Oliveira Matos, fundador da Liga dos Servos de Jesus, que também tive o privilégio de trabalhar a propósito de uma investigação que realizei sobre esta Diocese.” Anotou Henrique Santos na comunicação que apresentou neste seminário. “Parece estarmos diante de uma publicação de promoção e divulgação de cultura, mas com cariz tradicional e conservador e de inspiração humanista e religiosa, com denúncias ao modernismo ateu, é o que acabamos por concluir destas páginas de síntese sobre este projeto”, como referiu o conferencista para quem “seria interessante fazer um estudo das publicações na sua totalidade e dar a conhecer o seu conteúdo de forma completa e os diferentes sectores existentes, especialmente, os científicos, históricos, filosóficos, biográficos, religiosos e de arte.”
“O papel das mulheres num jornal centenário: o caso do jornal A Guarda” foi o título da intervenção de Liliana Carona. “Não foram apenas homens nos 120 anos do jornal A Guarda” afirmou esta jornalista que demonstrou não serem “apenas 120 anos de homens e letras”, mas sim, 120 anos “feitos com o contributo de muitas mulheres, na revisão de provas, na introdução das novas tecnologias na redação, enquanto repórteres, e até como fotojornalistas, não esquecendo o papel de algumas mulheres na coordenação e chefia editorial, apesar da ocultação e esquecimento dos seus nomes (nem sempre as fichas técnicas as identificavam).”
Liliana Carona sublinhou, no decorrer da sua intervenção, que “a mulher sempre esteve presente no jornal ‘A Guarda’, desde os seus primórdios, com artigos internacionais, traduzidos por mulheres, mas também com notícias e reportagens escritas por elas. Ainda que alguns artigos fossem assinados por pseudónimos, elas sempre contribuíram para a sobrevivência deste jornal centenário.” Tendo já consultado outros arquivos de jornais centenários, esta investigadora considerou que o jornal A Guarda “revela uma surpreendente participação de mulheres nas suas páginas, nomeadamente quando se observa a primeira década de publicação”.
A Secção Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos promoveu ontem, no Museu da Guarda, a primeira «Conversa Aberta» sobre Médicos Ilustres nesta cidade.
No campus do Politécnico da Guarda decorreu hoje a Missa de Finalistas e a cerimónia da Benção das Pastas.
Mais fotos aqui.
Hoje, 18 de maio, ocorre a passagem do centésimo décimo sétimo aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins que, durante décadas, funcionou na Guarda.
A inauguração (inicialmente prevista para 28 de abril e depois para 11 de maio) dos três pavilhões que integravam o Sanatório teve lugar a 18 de maio de 1907, com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
“Aos dezoito dias do mês de Maio de mil novecentos e sete, num dos edifícios recentemente construídos no reduto da antiga Quinta do Chafariz, situada à beira da estrada número cinquenta e cinco, nos subúrbios da cidade da Guarda, estando presentes Sua Majestade a Rainha Senhora Dona Amélia (...), procedeu-se à solenidade da abertura da primeira parte dos edifícios do Sanatório Sousa Martins e da inauguração deste estabelecimento da Assistência Nacional aos Tuberculosos, fundada e presidida pela mesma Augusta Senhora (...)”. Assim ficou escrito no auto que certificou a cerimónia inaugural da referida estância de saúde.
O Sanatório Sousa Martins foi uma das principais instituições de combate e tratamento da tuberculose em Portugal. A designação de “Cidade da Saúde” atribuída à Guarda em muito se fica a dever à instituição que a marcou, indelevelmente, no século passado.
A Guarda foi, nessa época, uma das cidades mais procuradas do nosso país, tendo a elevada afluência de pessoas deixado inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural.
A apologia da Guarda como centro urbano “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras, pois era “a montanha mágica” junto à Serra. Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) rumaram à cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do seu clima, praticando, assim, uma cura livre; não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos.
As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões; isto porque não havia, no início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; situação que originou fortes preocupações sanitárias às entidades oficiais.
No primeiro Congresso Português sobre Tuberculose, Lopo de Carvalho tinha já destacado os processos profiláticos usados na Guarda. Este clínico foi um dos mais empenhados defensores da criação do Sanatório guardense, do qual viria a ser o primeiro diretor.
O fluxo de tuberculosos que vieram para o Sanatório guardense superou, largamente, as previsões, fazendo com que os pavilhões construídos se tornassem insuficientes perante a enorme procura. O Pavilhão 1 (onde funciona atualmente a sede da Unidade Local de Saúde da Guarda) teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a sua capacidade.
Em 1953 um novo pavilhão (que ladeia hoje a atual Avenida Rainha D. Amélia) foi acrescentado aos três já existentes. O Sanatório Sousa Martins ganhou, consequentemente, maior dimensão e capacidade de tratamento de tuberculosos.
Anotar a decrepitude dos antigos pavilhões, o perigo eminente de derrocada (ou outras eventuais ocorrências) e a passagem dos 117 anos após a inauguração deste Sanatório, não é um mero exercício de memória ritualista. É evidenciar o estado lastimoso em que se encontra o património físico de uma instituição com merecido relevo na história da saúde e da medicina em Portugal.
Um Sanatório ligado também à solidariedade, à cultura e à história da radiodifusão sonora portuguesa, mercê da emissora (Rádio Altitude) aqui criada em finais da década de quarenta do passado século.
Muito se tem falado do estado de abandono do edifício do Hotel Turismo, e da morosidade de um projeto que devolva à cidade a possibilidade de se rever naquela emblemática unidade hoteleira. Ao longo dos anos não têm faltado anúncios, intervenções, ideias, adiamentos de decisões, promessas…a maior visibilidade deste edifício, em pleno centro da cidade e em frente aos Paços do Concelho suscita, naturalmente, mais comentários e lamentações.
Em contrapartida, e embora a escassa distância – hoje também numa reconhecida centralidade – os históricos pavilhões Rainha D. Amélia e D. António de Lencastre continuam, apesar de sucessivos alertas e artigos publicados, a ser desprezados, esquecidos.
A sua recuperação permitiria que fossem utilizados para fins assistenciais ou outros; houve já projetos para a criação de um espaço museológico no Pavilhão Rainha D. Amélia, para a valorização do património florestal da antiga cerca do Sanatório; em 2001/2002 foi elaborado “um projeto para o Hospital da Guarda, que englobava o Pavilhão D. Amélia para as Consultas Externas, acoplado com outro pavilhão moderno. O pavilhão D. António de Lencastre estava destinado à parte administrativa, fazia parte de um complexo para a parte administrativa, acoplado a outros espaços”, como nos disse o Dr. José Guilherme (que dirigiu o Hospital da Guarda), em entrevista publicada na Revista Praça Velha. Nos últimos anos outras ideias foram surgindo, para utilização desses edifícios, sem que tivessem qualquer concretização até à presente data.
O abandono e degradação dos antigos pavilhões do Sanatório Sousa Martins não dignifica uma cidade que se quer afirmar pela história, pela cultura, pelo ensino, pelo turismo, pela qualidade do seu ar, pela sua localização…
A bandeira da cidade deve ser arvorada diariamente, por todos quantos sentem e vivem a Guarda, pensando globalmente e não se circunscrevendo a intervenções articuladas com calendários eleitorais, agendas pessoais ou comentários de circunstância, no plano do politicamente correto; não devemos ser “socialmente, uma coletividade pacífica de revoltados”, na expressão de Miguel Torga.
É importante que contrariemos este estado de coisas, reivindicando soluções, apelando à união de esforço e à procura dos melhores planos/estratégias no sentido de serem recuperados, salvaguardados e utilizados esses edifícios seculares, elementos integrantes do ex-libris da Cidade da Saúde.
“Tudo é ousado para quem a nada se atreve”, escrevia Pessoa. Haja firmeza na ousadia e salvaguardemos um património ímpar da cidade e do país. E nada como uma visita ao local para nos apercebermos da vergonhosa realidade daqueles pavilhões do antigo Sanatório Sousa Martins, 117 anos depois da sua inauguração festiva a 18 de maio.
Amanhã pode ser tarde demais…
Hélder Sequeira
Ouça, também, aqui.
A Secção Sub-Regional da Guarda da Ordem dos Médicos, em parceria com o Museu da Guarda, vai promover na próxima segunda-feira, 20 de maio, uma sessão dedicada a Carolina Beatriz Ângelo, médica, republicana e sufragista, a primeira mulher a votar em Portugal.
Trata-se de uma iniciativa no âmbito do ciclo “Conversa Aberta” que decorrerá na Galeria Espaço#4, do Museu da Guarda, no contexto da temática "Médicos Ilustres na Guarda" .
A conversa será conduzida, a partir das 17 horas, por Antonieta Garcia e Maria do Sameiro Barroso. Nesse dia será, ainda, inaugurada nesse espaço uma exposição sobre a vida e obra de Carolina Beatriz Ângelo.
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