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No dia 29 de julho de 1948 começaram na Guarda as emissões oficiais da Rádio Altitude, uma das mais antigas estações portuguesas que tem mantido a mesma designação e emissões contínuas a partir dessa data.
Esta emissora “iniciou a sua sessão e, com ela, a sua vida oficial transmitindo depois do disco indicativo da estação, a saudação Salvé Rádio Altitude! proferida pela menina Aurora da Cruz, que foi escolhida para madrinha do Posto Emissor. Falou, em primeiro lugar, o Sr. Carlos Alberto Pereira, Vice-Presidente da Caixa Recreativa, que – anunciado pelo locutor de serviço com palavras de justa homenagem e consagração – começou por dizer: Rádio Altitude, posto emissor deste Sanatório, vai ser inaugurado oficialmente, depois de um período em regime experimental”. Assim noticiou o Bola de Neve, um jornal editado no Sanatório Sousa Martins.
Como escrevemos no livro “O Dever da Memória – Uma Rádio no Sanatório da Montanha” (publicado em 2003), a Rádio Altitude é uma emissora com interessantes particularidades, originada no seio das experiências radiofónicas que ocorreram no Sanatório Sousa Martins, cerca de 1946. Nessa altura, as rudimentares emissões circunscreviam-se ao pavilhão do Sanatório onde estava concentrado o grupo de doentes (de tuberculose) pioneiros deste projeto; apenas com a construção de novo emissor foi ganhando dimensão a aventura radiofónica.
No ano de 1947, o médico Ladislau Patrício (segundo diretor do Sanatório Sousa Martins), aprovou (a 21 de outubro) o primeiro regulamento da emissora, onde estavam definidas algumas orientações muito claras sobre o seu funcionamento; em finais desse ano as emissões já eram escutadas na malha urbana da Guarda. O início oficial das emissões regulares ocorreu, como atrás foi dito, em 29 de julho de 1948; um ano depois (1949) foi-lhe atribuído o indicativo CSB 21, identidade difundida por várias décadas.
Luis Coutinho num dos estúdios iniciais da Rádio Altitude.
A propriedade do primeiro emissor pertenceu, inicialmente, à Caixa Recreativa dos Internados no Sanatório Sousa Martins e mais tarde ao Centro Educacional e Recuperador dos Internados no Sanatório Sousa Martins (CERISSM). Com a criação do CERISSM pretendeu-se auxiliar os doentes, especialmente no que dizia respeito “à sua promoção social e ocupação dos tempos livres”. Aliás, foi no seio dos sanatórios que surgiram originais projetos radiofónicos – como seja a Rádio Pólo Norte (maio de 1939) no Sanatório do Caramulo, e a Rádio Pinóquio, no Sanatório das Penhas da Saúde (Covilhã), para referirmos os mais próximos. Noutros contextos, nomeadamente geográficos, foram instituídas outras emissoras, de âmbito regional ou local; em maio de 1948 o Posto Emissor do Funchal tinha iniciado as suas emissões e já no ano anterior, mês de outubro, tinha começado a emitir oficialmente a Rádio Clube Asas do Atlântico (com o indicativo CSB-81).
Na Guarda, o CERISSM foi uma autêntica instituição de solidariedade; para além de viabilizar a afirmação e implantação da Rádio Altitude, desenvolveu uma vasta obra assistencial, sobretudo sob o impulso do médico Martins de Queirós, (o quarto e último diretor do Sanatório guardense).
Em 1961, mediante autorização oficial, a Rádio Altitude passou a ter como suporte económico-financeiro as receitas publicitárias, que em muito contribuiriam para o auxílio dos doentes mais carenciados. As emissões da rádio guardense evoluíram, ao longo das primeiras décadas em função das disponibilidades técnicas, dos recursos humanos e financeiros, mas encontrando sempre no, crescente auditório, uma grande simpatia e um apoio incondicional.
Até 1980 a Rádio Altitude emitiu na frequência de 1495 Khz, em onda média (abrangendo não só o distrito da Guarda, mas igualmente os distritos de Viseu e Castelo Branco e algumas das suas áreas limítrofes), altura em que a sua sintonia passou a ser feita no quadrante dos 1584 khz. Após 1986, e com a liberalização do espectro radioelétrico passou a emitir também em frequência modulada (FM), em 107.7 Mhz, alterada, em 1991, para os 90.9 Mhz, que mantém na atualidade.
No ano de 1998, depois de ter sido determinada a extinção do Centro Educacional e Recuperador dos Internados no Sanatório Sousa Martins, foi decidida a realização de uma consulta pública, com vista à “transmissão da universalidade designada Rádio Altitude”, considerada a “única estrutura em funcionamento do ex-CERISSM”. A estação emissora entrou assim, com a sua aquisição por parte da Radialtitude–Sociedade de Comunicação da Guarda, num capítulo novo da sua existência, mantendo a ligação física ao antigo espaço do Sanatório Sousa Martins, hoje designado Parque da Saúde.
Celebrar o 75º aniversário das emissões regulares da RA é lembrar que estamos perante uma rádio muito especial para a Guarda e região da beira serra, sendo uma inquestionável referência na história da radiodifusão sonora em Portugal. Uma rádio de afetos, memórias, vivências, dedicação, serviço público, criatividade, formação, espírito solidário. Uma rádio que, sem sombra de dúvidas, permanece na memória coletiva das gentes beirãs.
Esta é uma emissora associada a muitas vozes e rostos, a sonhos, diferenciados contributos, afetos, ideias, originalidades, presenças e solidariedade. A sua génese, a longevidade, o percurso ímpar e a matriz beirã conferem-lhe um estatuto especial, transformando-a num ex-libris da Guarda.
Este é o tempo de honrarmos os múltiplos contributos pessoais e institucionais que foram engrandecendo a RA, sem cairmos em atitudes derrotistas ou de confronto estéril; privilegiando, obviamente, uma postura de crítica construtiva, afirmada objetivamente e protagonizada sem tibiezas ou sob a capa do anonimato.
Escrevemos sobre uma rádio com um historial ímpar; uma estação por onde passaram muitos profissionais e colaboradores; uma emissora que foi uma autêntica escola de rádio e jornalismo, laboratório de muitos projetos radiofónicos, de que o Escape Livre (o mais antigo programa sobre automobilismo em Portugal) é um excelente exemplo.
É toda uma história que implica uma maior responsabilidade a quem faz, atualmente, esta rádio. Desejamos, muito sinceramente, que a efeméride assinalada seja um marco de reafirmação da rádio, uma celebração das suas potencialidades, a entrada numa fase de conquista do futuro, mantendo a essência da rádio, uma atitude profissional, pluralismo, qualidade de conteúdos programáticos e plena consciência da eminente função social
Parabéns à Rádio Altitude !
Helder Sequeira
O Museu da Guarda, em parceceria com o Cineclube desta cidade, assinala amanhã o Dia de Santiago com a exibição do fime de animação "O Apóstolo". Trata-se de uma longa-metragem (para maiores de 12 anos) dirigida pelo espanhol Fernando Cortizo, em 2012.
"O Apóstolo", conta uma história de mistério, humor e fantasia, passada no Caminho de Santiago. Ramón, um preso fugido da cadeia, acabará envolvido em estranhos e inquietantes sucessos ao tentar recuperar umas joias, fruto de um roubo, que tinham sido escondidas há muitos anos numa aldeia galega. Fantasiado como peregrino, chega a um lugar onde velhinhos, aparições e até padres farão com que o protagonista tenha de enfrentar uma condenação maior da que tinha fugido. Primeiro filme espanhol de animação filmado com a técnica do stop motion.
O filme será exibido, no Pátio do Museu da Guarda, a partir das 21 horas.
A Escola Superior de Saúde (ESS) do Instituto Politécnico da Guarda assinala hoje a passagem do seu 58º aniversário.
Recorde-se que a Escola Superior de Saúde da Guarda foi criada, como Escola de Enfermagem, em 1965, por despacho ministerial de 16 de julho.
Em 1988, pelo decreto-lei n.º 480/88, de 23 de dezembro, o ensino de enfermagem foi integrado no ensino superior politécnico, tendo sido reconvertida em Escola Superior de Enfermagem em setembro de 1989.
A Escola iniciou no ano seguinte o Curso Superior de Enfermagem, que conferia o grau de Bacharel. Pela Portaria n.º 311/96, de 27 de julho foi criado o Curso de Estudos Superiores Especializados em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica. Em outubro de 1999, iniciou o Curso de Licenciatura em Enfermagem e em março de 2000 passou a lecionar o Curso de Complemento de Formação em Enfermagem.
Foi integrada no Instituto Politécnico da Guarda um ano depois; pela Portaria n.º 220/2005, de 24 de fevereiro foi criado o Curso de Pós-Licenciatura de Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica.
Em março de 2005, com a publicação da Portaria n.º 235/2005, a Escola Superior de Enfermagem da Guarda foi convertida em Escola Superior de Saúde da Guarda.
Helder Sequeira
A segunda edição do Guarda Wine Fest está a decorrer desde ontem, e até amanhã, nesta cidade.
Este evento de promoção de vinhos e do território, de entrada livre, é organizado pela Câmara Municipal da Guarda e pela Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior (CVRBI), juntando mais de 50 produtores de vinho da Beira Interior, do Douro e do Dão.
O programa inclui 'Conversas sobre Vinho' guiadas por Rodolfo Tristão, Tiago Macena e Tiago Marques. Amanhã, dia 15 serão promovidas duas conversas com Rodolfo Tristão, Sommelier e Crítico de Vinhos, uma às 17h30, focada no 'Dão, o field blend de clássicos e descoberta dos monovarietais', e outra, às 19h30, centrada no tema 'Douro, Brancos de altitude e tintos elegantes para dias quentes'. No terceiro e último dia, 16 de julho será organizada a sessão 'Beira Interior - Diversidade e Terroir', às 17h15, com Tiago Marques, Formador WSET. A finalizar, às 21h00, o público será desafiado a refletir sobre a sustentabilidade na sessão «Wine Lees - a economia circular no setor vitivinícola - reutilização dos subprodutos as 'borras'», guiada por Mariana Saavedra Silva, Carlos Pinto, Marcelo Sequeira, José Lemos e Estevan Carballo.
De referir que a gastronomia está igualmente presente nestes dias. Além de contar com três espaços de restauração em funcionamento durante o evento, com propostas desenvolvidas para apresentar a harmonização da gastronomia com o vinho, o Guarda Wine Fest vai contar com a participação de dois conceituados chefes de cozinha, que irão protagonizar sessões de showcooking. No dia 15 de julho, às 18h30, será organizado um Showcooking com o Chefe Hernâni Ermida, Consultor e presença habitual em programas de televisão, e no dia 16, pelas 19h30, uma sessão com o Chefe Paulo Cardoso, Formador no IGEP.
O programa integra ainda a visita de 12 Sommeliers nacionais ao evento e um tour pela região da Beira Interior, com objetivo de proporcionar negócios e promover os vinhos regionais juntos a este grupo de influenciadores.
O Guarda Wine Fest tem entrada livre, ficando a participação nas atividades do programa sujeita aos lugares disponíveis. As provas de vinho nos diferentes expositores são possíveis com a aquisição do copo oficial de provas.
Fonte: CMG
Há 101 anos, a 6 de julho, falecia na Guarda o médico Lopo José de Figueiredo de Carvalho, um nome indissociavelmente a esta cidade sobretudo ao Sanatório Sousa Martins, de que foi o primeiro director.
Natural de localidade de Tojal (concelho do Satão), onde nasceu a 3 de Maio de 1857, Lopo de Carvalho frequentou a Universidade de Coimbra e licenciou-se em Medicina no ano de 1883. Aluno brilhante, no final do curso foi convidado, pela sua Faculdade, a iniciar o doutoramento, proposta que declinou.
Nesse mesmo ano foi trabalhar para a Meda, como médico municipal; aí exerceu a sua actividade profissional, durante dois anos, prosseguida mais tarde na Guarda, passando ainda o seu percurso como clínico pelos Açores (Graciosa) e por Lisboa.
Com a fixação na Guarda (onde residiu até à sua morte) passou também a exercer as funções de professor do Liceu, à semelhança do que aconteceu com outras conhecidas figuras guardenses da época; cedo se começou a dedicar à causa da luta contra a tuberculose e a empenhar-se, activamente, na criação de estruturas vocacionadas para o tratamento daquela doença assim como no estabelecimento de normas e regulamentos sanitários.
“A defesa contra a tuberculose está regulamentada convenientemente, há muito tempo, na cidade da Guarda e em todo o distrito; o essencial é cumprir-se a lei e isso é da exclusiva competência das autoridades (…). É esta cidade a única no país que regulamentou a sua defesa contra a tuberculose. Os primeiros aparelhos de Trillat (pelo formol sobre pressão), para a desinfecção das casas e das roupas, que vieram para o nosso país foram adquiridos pela Câmara da Guarda por proposta minha”, escreveu aquele médico na resposta a acusações que lhe foram dirigidas por alguns articulistas da imprensa local, cujo entendimento sobre a importância do Sanatório divergia das ideias de Lopo de Carvalho e de quantos o acompanhavam na afirmação e desenvolvimento daquela unidade de saúde.
O primeiro director do Sanatório respondia aos seus críticos dizendo que “a higiene não se pode fazer somente em artigos de jornais e ofícios burocráticos. Para se fazer higiene é preciso gastar-se muita água e dinheiro”.
A “Curabilidade da Tuberculose Pulmonar”, trabalho apresentado no Congresso de Medicina de Lisboa, foi uma das suas mais aplaudidas intervenções em reuniões científicas, na maioria das quais levantou a bandeira das potencialidades da Guarda como cidade da saúde. Aquando do “Congresso de Tuberculose” realizado em Londres, em 1901, foi convidado por Sir William Broadbent para a vice-presidência honorária daquele evento científico.
Os seus esforços, conjugados com o apoio recebido da Assistência Nacional aos Tuberculosos, a que presidia a Rainha D. Amélia, conduziram à construção do Sanatório da Guarda, inaugurado em 18 de Maio de 1907.
Lopo de Carvalho seria agraciado, pelo Rei D. Carlos, com a Comenda de S. Tiago. “É de todo o ponto merecida a distinção, que recai sobre um verdadeiro homem de ciência, tisiólogo eminente, que tem sido, no nosso país, um dos mais denodados combatentes contra a tuberculose”, noticiou o Diário Ilustrado.
Redactor do jornal “Estudos Médicos”, assim como de “Coimbra Médica”, Lopo de Carvalho colaborou também com as publicações “Movimento Médico”, “Revista de Medicina e Cirurgia” e “Medicina Contemporânea”.
O seu consultório funcionou no edifício conhecido (na actual Rua Vasco da Gama) por Dispensário o qual doou, em 1932, ao Instituto de Assistência Nacional aos Tuberculosos. Na rua que ostenta o seu nome existe uma casa que Leopoldina Lopo de Carvalho (a esposa deste médico) doou à cidade, com finalidades específicas; destinado, inicialmente a Arquivo Distrital nela funcionou um Jardim Infantil com o nome da benemérita senhora.
Lopo José de Carvalho (pai de outro conceituado clínico e professor universitário, Fausto Lopo de Carvalho) faleceu na Guarda a 6 de Julho de 1922. “O seu enterro foi a expressão mais rigorosa e levantada da consideração em que o povo da nossa terra tinha o ilustre homem de ciência”, realçou a imprensa citadina. O jornal Distrito da Guarda, a propósito do seu falecimento, escreveu que “o nome do Dr. Lopo de Carvalho não se perde no passado; o que se perde é a sua inteligência e os seus vastos conhecimentos científicos”.
O mesmo periódico, passados alguns anos, destacava os serviços “prestados a esta terra” pelo referido clínico. “E no estrangeiro, onde foi por várias vezes, tomando parte de congressos, ou em viagens de estudo, conhecia-se o seu nome em todas as estâncias de cura de tuberculose. Conhecia-se e admirava-se porque, nesta especialidade, o médico distinto pairava muito acima do normal”.
De entre os trabalhos publicados mencionamos “Seroterapia na Tuberculose Pulmonar”, “Uma Epidemia da Febre Tifóide”, “As causa da Febre Tifóide em Portugal” e “Tuberculosos Curados”, este em co-autoria com Amândio Paul, que lhe sucedeu na direcção do Sanatório Sousa Martins.
Lopo de Carvalho tem o seu nome na toponímia guardense, numa artéria localizada entre o início da Avenida dos Bombeiros Voluntários (onde hoje está o Centro Comercial) e o cruzamento das Ruas Vasco Borges, Rua do Comércio e Largo General João de Almeida.
Helder Sequeira
A Banda da Armada vai dar, no próximo dia 8 de julho, um concerto na Bendada (Sabugal).
Este concerto, com início agendado para as 21h30, enquadra-se no programa comemorativo dos 150 anos da Sociedade Filarmónia Bendadense.
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Na Guarda vai decorrer amanhã mais uma Feira de Antiguidades e Colecionismo. O certame tem lugar na Praça Luís de Camões e na Rua do Comércio.
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