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A quadra natalícia remete-nos para diversas celebrações, festividades, manifestações, reencontros e espírito familiar. Contudo suscita a lembrança do início da radiodifusão sonora.
Faz-nos recuar até 1906, à noite de 24 de dezembro, data em que foi emitido o primeiro programa de rádio do mundo. Pelo menos assim ficou registada a transmissão protagonizada por Reginald Fessenden, a partir de Brant Rock, nos Estados Unidos da América do Norte.
Previamente enviou uma mensagem, em morse, aos navios que se encontravam ao largo do oceano, alertando-os para uma mensagem importante.
Esta não teve como suporte o característico som da telegrafia sem fios, mas uma voz bem audível que lhes desejou um Natal Feliz. Nos recetores ouviram-se as notas musicais de um tema de Haendel, o trecho natalício Holly Night – tocado em violino – e a leitura de algumas passagens da Bíblia.
A emissão foi, para quem a escutou em alto mar, um imprevisto e distinto presente de Natal. A radiodifusão sonora deu, nesse momento, o seu primeiro passo através de um equipamento embrionário do sistema para emissão de voz pela telegrafia sem fios. O termo rádio, entendido como meio de comunicação, era inexistente nessa época, mas o conceito estava já subjacente nesse momento histórico e especial que desencadeou a abertura de novos horizontes.
No ano seguinte, Lee de Forest associou o telefone sem fios ao equipamento da marinha, viabilizando a escuta (em várias estações costeiras) dos sons emitidos por um fonógrafo.
Decorridos cento e dezasseis anos, a rádio continua a escutar o mundo, a esbater distâncias, a informar, a assegurar o entretenimento, a envolver pessoas independentemente do lugar onde se encontrem.
Estão já distantes os tempos dourados do da onda média que, noutros contextos económicos, sociais e tecnológicos se afirmou de forma inquestionável, assumindo-se como elo de ligação entre populações urbanas e rurais; remetendo para múltiplas realidades.
A Guarda faz parte da história da radiodifusão portuguesa, tendo escrito brilhantes páginas no capítulo das emissões em onda média, mercê do projeto radiofónico (Rádio Altitude) que nasceu no interior dos muros do Sanatório Sousa Martins e é um exemplo de longevidade.
A rádio é magia diária que importa revitalizar com ideias novas, adequação tecnológica, perceção atenta dos gostos e exigências dos ouvintes. As emissões radiofónicas passam hoje, em larga medida, pelo meio digital, num cada vez mais recorrente recurso às modernas aplicações e tecnologias. Atualmente deixa de fazer sentido o argumento de alguns que não acompanham, com regularidade, as emissões de rádio devido às más condições de receção, na tradicional sintonia.
Esquecem, ou querem esquecer, que a realidade é diferente. Evidenciam comodismo, equacionado mais como inconsistente justificação no alheamento perante a notícia, o acontecimento.
É um facto que a rádio – a sua forma de estar e responder – evoluiu e, felizmente, acaba por estar ainda mais perto e envolvendo de forma invisível o nosso quotidiano. Presença entendida como plena confirmação de que o meio rádio não pereceu perante o digital e as novas tecnologias; antes encontrou novos pilares de sustentabilidade e de maior interação com o seu público.
A generalidade dos equipamentos que usamos no dia-a-dia, como o telemóvel, o tablet ou outras expressões da materialização do progresso tecnológico, facilitam-nos e proporcionam o encontro com a rádio; para além das emissões em direto não se podem esquecer as vantagens proporcionadas pelo podcast.
Neste contexto, para além de acrescentarmos que esta é uma das novas virtualidades exploradas pela rádio, é oportuno anotar a necessidade da atempada disponibilização desses conteúdos.
É mais um fator determinante para a mudança de paradigma do perfil das estações locais, com afirmação de uma nova escala de audiências, independentemente da sua referência geográfica.
A rádio evoluirá garantidos que sejam conteúdos de interesse atual aferidos pelo profissionalismo e qualidade; conteúdos enquadrados em propostas que fidelizem e aumentem a audiência, sejam memória e atenta interpretação do presente; com rigor, objetividade.
A rádio aproxima-nos, convida – como no seu início – a partilhar o espírito do Natal, a despertar as nossas responsabilidades individuais na construção de uma sociedade mais fraterna, solidária, dinâmica.
Feliz Natal e um venturoso 2023!...
Helder Sequeira
O telefilme "Quando o Diabo Reza", inteiramente rodado na Guarda, tem estreia amanhã, na RTP. Realizado por Fabiana Tavares, este telefilme foi inspirado na obra homónima de Mário de Carvalho.
Este trabalho integra-se no projeto "Contado por Mulheres", concebido pela produtora Ukbar Filmes (e inédito no audiovisual português) para a RTP. São 10 telefilmes inspirados em 10 livros de autores lusófonos que foram um desafio para as 10 mulheres, de diferentes gerações e backgrounds artísticos, que os realizaram.
De acordo com a produtora, "o objectivo de todo este projecto filmado em 10 municípios da região centro foi o de descentralizar as histórias e as produções e dar destaque a outros territórios ricos em história e em património fora dos grandes centros urbanos".
Os telefilmes estão a ser exibidos pela RTP, em horário nobre, logo após o telejornal. Os primeiros cinco telefilmes deste projecto têm sido exibidos desde 16 de novembro na televisão pública.
O Padre Bernardo Terreiro faleceu hoje, com 101 anos de idade. Natural de Almeida foi o fundador do Coro Etnográfico daquela vila.
Musicólogo, maestro e compositor foi docente no Instituto Politécnico da Guarda (IPG), nos Seminários Diocesanos da Guarda e do Fundão, e Externato Frei Bernardo de Brito, em Almeida.
Bernardo Terreiro do Nascimento nasceu em Almeida no dia 3 de maio de 1921. No IPG integrou o corpo docente da Escola Superior de Educação, onde lecionou ao longo dez anos, tendo ajudado a criar a variante de Educação Musical do Curso de Professores do Ensino Básico.
Dirigiu vários coros, entre as quais o Orfeão da Covilhã, o Orfeão do Centro Cultural da Guarda e o Coro Etnográfico de Almeida. Dos seus trabalhos destacam-se composições como a música a 4 vozes mistas, composta a partir da “Balada da Neve”, de Augusto Gil.
Bernardo Terreiro teve um meritório trabalho de recolha, compilação e divulgação das canções tradicionais e populares do concelho de Almeida e concelhos vizinhos, tendo editado o livro “Património musical de Riba Côa”, em 1999.
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