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No aniversário da morte de Augusto Gil...

por Correio da Guarda, em 26.02.21

AUGUSTO GIL.png

Ocorre hoje, dia 26 de fevereiro, a passagem do 92º aniversário da morte de Augusto Gil, o autor da conhecida “Balada da Neve”. Augusto César Ferreira Gil nasceu na freguesia de Lordelo, Porto, a 30 de julho de 1870; berço fortuito devido à circunstância de sua mãe se encontrar ali, acidentalmente.

Augusto Gil passou a maior parte da sua vida na mais alta cidade de Portugal e aqui fez os primeiros estudos; frequentou, depois, o Colégio de S. Fiel, após o que regressou à Guarda, onde se encontrava em 1887.

Tempo depois, ingressou como voluntário na vida militar que deixou com o início dos estudos na Escola Politécnica; estes seriam interrompidos, contudo, por motivo de doença. Em finais de 1889 foi autorizado a frequentar a Escola do Exército onde o aproveitamento letivo não foi exemplar; passados dois anos, em maio de 1891, ingressou no Regimento de Infantaria 4 e aí prestou serviço até ao mês de Novembro. 

De novo na Guarda, Augusto Gil fez nesta cidade, em 1892 e 1893, os exames do Liceu, rumando posteriormente para Coimbra, em cuja Universidade cursou Direito; na cidade do Mondego teve como companheiros Alexandre Braga, Teixeira de Pascoais, Egas Moniz e Fausto Guedes Teixeira, entre outros.

Concluída a formatura, em 1898, Augusto Gil regressou à Guarda; neste período a vida não lhe correu de feição e foi confrontado com diversos problemas, de ordem profissional e de ordem económica; pretendeu exercer advocacia mas não conseguiu “clientela que lhe desse ao menos para sustentar o vício do tabaco”; curiosamente, o poeta já tinha vaticinado estas dificuldades “na aldeia sertaneja, onde hei-de ser/o melhor poeta e o pior legista”.

Desejou ser professor provisório do Liceu mas o conselho escolar dessa época não o considerou competente para reger a cadeira de português. Ao longo dos anos sucederam-se diversas contrariedades e episódios que deixaram traços indeléveis no percurso literário de Augusto Gil. Decidiu ir para Lisboa e foi trabalhar com Alexandre Braga; em 1909 regressou à Guarda, enredado em dificuldades financeiras.

Com a implantação da República, impulsionou o aparecimento do Centro Republicano da Guarda e fundou o semanário “A Actualidade”, que dirigiu entre 1910 e 1912. Embora este jornal tenha surgido com meio de promoção do ideário republicano, assumiu um pendor acentuadamente literário, contando com a colaboração do Pd. Álvares de Almeida, Ladislau Patrício, Amândio Paul e Afonso Gouveia, para além de outras personalidades.

No mês de novembro de 1911 - quando João Chagas fez parte, pela primeira vez, de um governo da República – Augusto Gil foi nomeado Comissário da Polícia de Emigração Clandestina, pelo que foi viver para Lisboa. Após ter exercido, durante escassos meses, o cargo de Governador Civil de Aveiro, voltou para a capital onde teve, em 1918, uma passagem pelo Ministério da Instrução Pública; no ano seguinte foi nomeado Diretor Geral das Belas Artes.

Em Lisboa foi uma figura altamente conceituada nos meios intelectuais e sociais; assim não é de estranhara a homenagem de que foi alvo no Teatro Nacional, em 19 de junho de 1927. A comissão promotora dessa iniciativa integrou nomes como Júlio Dantas, José Viana da Mota, Henrique Lopes de Mendonça, Columbano Bordalo Pinheiro, Eduardo Schwalbach e Gustavo Matos Sequeira.

Augusto GIL.jpeg

O trabalho de Augusto Gil cruzou-se, frequentemente, com períodos de grande sofrimento, resultado da doença que o atormentava. “A doença que desde o primeiro quartel da existência o consumiu e as dificuldades materiais com que sempre mais ou menos lutou, encontram-se no fundo de toda a sua obra, e que sabe se até não a condicionaram”, observou Ladislau Patrício num apontamento biográfico sobre o poeta.

Nomeado Secretário-Geral do Ministério da Instrução Pública não chegou a tomar posse desse cargo pois morreu a 26 de fevereiro de 1929, em Lisboa.

O funeral de Augusto Gil (a 1 de março, na Guarda) constituiu, de acordo com os relatos jornalísticos da época, uma grande manifestação de pesar. “Tudo o que a Guarda tem de mais distinto acorreu a tomar parte na sentida homenagem” e participar no cortejo fúnebre que se “revestiu de desusada imponência”.

Os restos mortais de Augusto Gil repousam num jazigo localizado logo à entrada do cemitério municipal da Guarda, ostentando dois versos de “Alba Plena”: “E a pendida fronte, ainda mais pendeu.../E a sonhar com Deus, com Deus adormeceu...” “Musa Cérula”, “Versos”, “Luar de Janeiro”, “O Canto da Cigarra”, “Gente de Palmo e Meio”, “Sombra de Fumo”, “Alba Plena”, “Craveiro da Janela”e “Avena Rústica” foram as principais produções literárias deste poeta, cujo trabalho evoluiu quase à margem de escolas ou correntes literárias. “Não é um romântico, nem parnasiano, nem simbolista: é ele – o Augusto Gil – nome que é um gracioso ritmo”, observou Bulhão Pato.

Muitos dos versos de Augusto Gil passaram para o cancioneiro popular, como sublinharam alguns estudiosos da sua obra, suportada num verso melodioso e num ritmo suave. Foi e é um dos poetas entre nós a quem o povo mais abriu o coração, e quando o povo abre o coração a um poeta, o seu amor repercutir-se-á pelo tempo além”, como anotou João Patrício. De facto, se Augusto Gil cultivou a poesia, as letras, cultivou também o seu amor pela Guarda onde escreveu uma grande parte dos seus melhores poemas; a cidade bem se pode orgulhar do seu “mais alto poeta” e recordá-lo é um dever de memória.

Recorde-se que o Museu da Guarda assinalou no passado ano, a 30 de julho, na passagem do 150º aniversário do nascimento do poeta, inaugurando uma exposição alusiva. Este museu é, há décadas fiel depositário do espólio de Augusto Gil, lembrado numa mostra expositiva - "150 anos com Augusto Gil" que pretendeu constituir-se “como um momento de encontro entre o passado e o presente, uma oportunidade para evocar e (re)descobrir uma das mais ilustres figuras da cidade, que imortalizou o seu amor pela Guarda e pela sua região através de poemas que a memória coletiva não esquece”.

(Helder Sequeira)

 

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publicado às 12:41

Sortelha no projeto europeu Charm

por Correio da Guarda, em 26.02.21

 

Sortelha - Foto Helder Sequeira.jpg

No próximo dia 2 de março, a partir das 9 horas, vai decorrer uma conferência online no âmbito do projeto europeu ‘Charm’  em que a aldeia histórica de Sortelha está entre as 10 aldeias europeias selecionadas.
Nesta conferência, aberta ao público, os participantes vão ter oportunidade de conhecer mais profundamente o projeto ‘Charm’, bem como outros projetos relacionados com o turismo em zonas rurais na Europa.
A inscrição pode ser efetuada aqui.

 

 

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publicado às 08:30

Visita virtual ao Museu da Guarda

por Correio da Guarda, em 25.02.21

MUSEU.jpg

A Câmara Municipal desta cidade lançou a plataforma online “360º MUSEU DA GUARDA”, que possibilita uma visita virtual em 360 graus à exposição permanente daquela unidade museológica e à galeria principal das exposições temporárias.

De acordo com a informação divulgada, "com este novo cenário digital do Museu, será possível oferecer aos públicos interessados exposições virtuais, ora com curadoria educativa, ora com curadoria científica ou artística".

A visita virtual pode ser iniciada aqui.


 

 

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publicado às 23:26

Parque da Saúde

por Correio da Guarda, em 24.02.21

Busto de L Carvalho - parque da Saúde - HS.jpg

Guarda. Parque da Saúde. Busto de Lopo de Carvalho, primeiro diretor do Sanatório Sousa Martins.

 

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publicado às 08:10

Terras do interior...

por Correio da Guarda, em 21.02.21

Portas e janelas de aldeia - hs.jpg

 

 

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publicado às 14:23

Dia Mundial do Rádio 2021

por Correio da Guarda, em 13.02.21

 

Dia Mundial da Rádio 2021.png

Hoje assinala-se o Dia Mundial do Rádio. “Mais do que nunca, precisamos desse meio humanista universal, vetor da liberdade. Sem o rádio, o direito à informação e à liberdade de expressão e, com eles, as liberdades fundamentais seriam fragilizadas(...)". Assinala Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO.

Recorde-se que o 13 de fevereiro foi designado em 2011 pelos estados membros da UNESCO, e adotado em 2012 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, como Dia Internacional do Rádio. A escolha do 13 de fevereiro fica a dever-se ao facto de ter sido neste dia que o Rádio das Nações Unidas emitiu pela primeira vez, em 1946, um programa em simultâneo para um grupo de seis países.

Radio - vintage - Foto Helder Sequeira.jpg

A  celebração do décimo aniversário do Dia Mundial do Rádio é subordinada ao tema “Novo Mundo, Novo Rádio”, realçando a capacidade de adaptação deste meio às transformações sociais e tecnológicas, bem como na sua flexibilidade para responder às solicitações hodiernas dos seus ouvintes.

Uma temática que se desdobra, a propósito deste dia, nos subtemas “Evolução” (sublinhando a mudança da nossa realidade e evolução do rádio), “Inovação” (a propósito da transformação operada para que o Rádio aproveite e rentabilize os recursos oferecidos pelas novas tecnologias, inovando no sentido de consolidar a sua presença quotidiana e assegurar melhores condições de acesso às emissões) e “Conexão” (evidenciando o seu papel de meio rápido e eficaz de contacto, de agente informativo e formativo).

O Rádio tem sido o meio de comunicação social que atinge elevadas audiências e consegue estar presentes em zonas onde outros canais de informação não chegam, por diversificadas razões.

Dia Mundial da Rádio 2021  - foto Helder Sequeira

E nesta época de pandemia, isolamento, restrições várias, o rádio ajuda-nos a desconfinar, encarando o presente e o futuro com novo vigor; criando adaptações para um tempo diferente.

Jaime Marques de Almeida, jornalista com uma longa e ativa carreira radiofónica, escreveu que “este é o tempo de não nos tocarmos. Mas a Rádio toca-nos! Este é o tempo de tantas fronteiras afectivas. Mas a Rádio abraça-nos! Este é o tempo de todos os afastamentos. Mas a Rádio envolve-nos!”

Acrescentaremos que este continua a ser o tempo do rádio! Do rádio cada vez mais interventivo, com futuro.

O rádio é indissociável das nossas vidas.

(Hélder Sequeira)

 

 

 

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publicado às 00:05

Concurso de fotografia

por Correio da Guarda, em 08.02.21

 

As candidaturas para décima edição do Concurso de Fotografia “Transversalidades – Fotografia sem Fronteiras” estão abertas até ao próximo dia 7 de maio.

Este concurso internacional é promovido pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), com sede na Guarda. 

Transversalidades - fotografia.jpg

As imagens a concurso deverão documentar a diversidade de territórios, sociedades e culturas de diferentes continentes, e poderão ser agrupadas nos temas: Património natural, paisagens e biodiversidade; Espaços rurais, agricultura e povoamento; Cidade e processos de urbanização; e Cultura e sociedade: diversidade cultural e inclusão social.

Os interessados podem obter mais informações aqui.

 

 

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publicado às 12:50

Faleceu Mário Sucena

por Correio da Guarda, em 01.02.21

 

Mário Sucena faleceu na passada noite no Fundão, onde se encontrava internado na Unidade de Medicina Paliativa (UMP)  do Centro Hospitalar da Cova da Beira.

Este conhecido professor e dirigente desportivo, natural da Guarda, foi presidente da Associação de Voleibol da Guarda, tendo integrado a direção da federação nacional daquela modalidade. Fez parte da direcção do Agrupamento de Escolas de Celorico da Beira.

Mário Sucena, 54 anos, estava internado na UMP do Fundão na sequência de um problema do foro cardíaco que  o tinha acometido há dois anos, o qual o incapacitou. 

Mário Sucena - foto.jpg

 

 

 

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publicado às 12:40


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