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O ano que agora termina fica associado a um período temporal em que o mundo parou após a propagação de um vírus relativamente ao qual se espera um conhecimento mais profundo.
Talvez nunca se tenham levantado, como agora, tantas incertezas e expetativas na transição para um novo ano. Apesar da esperança acalentada pelo início da vacinação não nos iludamos quanto às dificuldades no futuro, onde se torna imprescindível a determinação e uma eficaz convergência de esforços, estratégias e decisões políticas em várias vertentes.
O físico Carlos Fiolhais dizia, recentemente, que “com a pandemia os egoístas vão ficar sozinhos”, mas infelizmente a percentagem destes continua a ter um valor elevado: são pessoas a quem este abanão global parece não ter perturbado, persistindo numa atitude de insensibilidade à dor, à tragédia, ao próximo. O seu guião de vida é ditado pelos objetivos pessoais ou pelos interesses/desejos do seu restrito círculo de familiares ou amigos, nada os perturbando enquanto não forem afetados na sua saúde…
A necessidade de uma mudança radical de mentalidades é um dos ensinamentos desta emergência sanitária, de forma a que sejam alcançadas promissoras realidades, novos horizontes de bem-estar, desenvolvimento (em todas as áreas), segurança e felicidade. Esta, como lembrava Vergílio Ferreira, “não se mede pela quantidade do que nos aconteceu, mas pela quantidade de nós que responde ao que acontece”; sem filtros que iludam o presente e o futuro, antes atuando com verdade, frontalidade, transparência, reais preocupações com a sociedade, globalmente entendida.
A pandemia sublinhou a importância e interdependência de setores profissionais a quem é devido, para além das palmas, o justo reconhecimento, respeito e valorização do seu trabalho. Os profissionais de saúde, os elementos das forças de segurança, os bombeiros, os elementos ligados à área de transporte e logística, entre outros, não devem ser esquecidos; assim como tantos que – ligados a setores como a produção, a indústria, a restauração, a hotelaria, a cultura, comércio e serviços – tiveram de agilizar impensáveis alterações e iniciar uma adaptação que deixará, certamente, linhas de orientação para os anos mais próximos.
Aliás, dados recentemente divulgados indicam que 70% das empresas estão inclinadas para adotarem um sistema misto entre teletrabalho e presencial, após o desaparecimento da pandemia. Se esta mudança tem virtualidades também associa várias questões (já levantadas por investigadores e especialistas), mormente as relacionadas com à separação entre vida profissional e privada, acentuada pela óbvia alteração de horários face às condições de comunicação oferecidas pelas novas tecnologias e plataformas digitais.
Há, pois, muitas expetativas para 2021, desde logo na implementação das vacinas na população residente neste distrito e igualmente quanto à capacidade dos responsáveis políticos e institucionais em articularem e operacionalizarem planos/apoios com incidência e resultados positivos nesta região do interior, que não continue a ser terra de passagem, mas de fixação, de desenvolvimento económico, social, cultural e turístico, num quadro de salvaguarda dos seus valores identitários.
Bom Ano para todos!
Hélder Sequeira
in Terras da Beira, 31|12|2020
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