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Hoje, 31 de maio, completam-se 67 anos após a inauguração do denominado Pavilhão Novo do Sanatório que constitui, hoje, o mais antigo bloco do Hospital da Guarda.
Este acto, previsto inicialmente para 28 de maio de 1953, ocorreu três dias depois, com a presença dos Ministros do Interior e das Obras Públicas.
A imprensa da cidade deu especial relevo ao acato, apresentando o novo pavilhão como “um edifício gigantesco com 250 metros de comprido e com 350 leitos destinados exclusivamente a doentes pobres”.
Com a construção deste novo pavilhão, o Sanatório Sousa Martins procurou aumentar a capacidade de resposta às crescentes solicitações das pessoas afetadas pela tuberculose, ampliando assim o seu papel na luta contra essa doença.
É que o elevado número de doentes com fracos recursos há muito fazia sentir a necessidade de dotar esta conhecida estância sanatorial com novas instalações, pretensão que os responsáveis pelo Sanatório Sousa Martins tinham já manifestado ao Ministro das Obras Públicas, aquando da sua visita, à Guarda, em 1947. As obras do novo pavilhão foram iniciadas quatro anos depois.
A entrada em funcionamento deste pavilhão era aguardada com compreensível expectativa, mormente por quem trabalhava no Sanatório Sousa Martins.
O seu diretor, Dr. Ladislau Patrício – que nesse mesmo ano deixaria essas funções, bem como a sua atividade clínica – definiu o edifício como “um novo e valioso instrumento na luta em defesa da saúde pública do país”.
Na Guarda viveu-se mais um dia festivo. “Cerca do meio dia, a estrada que conduz ao Sanatório tornara-se um rio de gente”, noticiou o jornal A Guarda. O Pavilhão Novo constitui, de facto, um marco importante na história do Sanatório Sousa Martins, instituição que não pode, de forma alguma, ser dissociada da Guarda do século XX.
Recordar esta efeméride é anotar, tão somente, quanto é fundamental a salvaguarda desta memória viva onde, no presente, prossegue a atividade hospitalar.
Conciliar os rumos exigidos pelo progresso com a especificidade deste edifício será contribuir para o reencontro com décadas em que a Guarda conquistou, justamente, a designação de cidade da saúde. (Hélder Sequeira).
A Carta Arqueológica do Sabugal já pode ser consultada online o que vai permitir o acesso à informação sobre os sítios arqueológicos de cada freguesia, que se encontravam na Base de Dados Municipal.
Paralelamente, no âmbito do planeamento e gestão de obras públicas, os organismos e instituições públicas ou privadas podem consultar as ocorrências arqueológicas existentes na área de incidência de qualquer empreendimento, sabendo antecipadamente da sua existência, prevendo medidas de mitigação e evitando impactos patrimoniais.
Para a autarquia sabugalense, a Carta Arqueológica “constitui um órgão consultivo para planeamento do território. Nesta versão online resume-se apenas a uma superfície cartográfica com os dados principais, não visando contar a história da ocupação do território, nem ser um roteiro turístico patrimonial.”
De referir, como esclareceu a Câmara Municipal do Sabugal, que o detalhe de localização dos sítios arqueológicos não é rigoroso, tendo em conta os procedimentos habituais aconselhados pela comunidade arqueológica internacional, seguidos no Inventário do Património Arqueológico Nacional que visam a proteção dos dados e o impedimento na deteção e saque de vestígios arqueológicos por grupos organizados do tráfico internacional.
Está prevista a publicação de um número monográfico da revista do Museu do Sabugal com este catálogo do património arqueológico municipal, devidamente contextualizado e ilustrado, e mais orientado para a componente histórico-cultural.
fonte: CMS
O Serviço de Medicina (Setor B) do Hospital Sousa Martins, na Guarda, estabeleceu no último mês e meio 108 visitas virtuais aos doentes internados e que devido à pandemia se viram privados das visitas presenciais dos familiares e amigos.
Com as vídeo chamadas foi assim possível encurtar distâncias e apoiar psicológica e emocionalmente os doentes ali internados, como foi sublinado numa nota informativa da ULS da Guarda.
Desde meados de abril até esta semana foram efetuadas mais de uma centena de chamadas, com uma média diária de três videochamada, tendo ocorrido o número mais elevado no período da Páscoa, onde foram concretizadas 9 videochamadas num só dia.
De salientar que a maioria (66%) foram efetuadas por WhatsApp e as restantes 34% através da rede social Facebook.
Como foi divulgado, o Serviço de Medicina do Hospital Sousa Martins pretende dar continuidade a estas visitas virtuais e incentivar cada vez mais famílias a participarem nestas visitas virtuais. "Relembramos que o apoio psicológico e emocional da família e dos amigos é um coadjuvante importante na recuperação dos doentes". É destacado na nota distribuída pela ULS da Guarda.
#ElasAoSomDaFábrica é o nome do projeto online que a turma finalista do curso de Ciências da Cultura da Universidade da Beira Interior está a desenvolver em articulação com a candidatura da Guarda a Capital Europeia da Cultura.
Este projeto engloba diversas parcerias, nomeadamente com o Museu dos Lanifícios, a CooLabora e a licenciatura de Ciências da Cultura da UBI, pretendendo resgatar memórias materiais e imateriais das mulheres operárias fabris na indústria de lanifícios da Covilhã e região que circunda a Serra da Estrela.
“Adaptado às circunstâncias atuais, o projeto decorre em formato digital, bem como via rádio; o Elas ao Som da Fábrica foi, inicialmente, pensado em formato presencial. Agora, adaptado para o digital, mantém a essência do formato original, dar ênfase ao papel desempenhado pela mulher operária, na indústria de lanifícios, essencialmente, no período da diáspora”. Foi referido a propósito desta iniciativa.
Através de um trabalho de investigação levado a cabo pela turma finalista de Ciências da Cultura da UBI, “o principal foco é não deixar cair em esquecimento as histórias de vida que são comuns a toda uma geração de mulheres. Durante três dias, no início do mês de junho, o espectador terá a oportunidade de se envolver em vários momentos culturais que comportam música, pintura, dança e cinema.”
Além de testemunhos reais das protagonistas, haverá um espaço para que o público possa dar o seu contributo artístico através do concurso “A mulher e a fábrica”, a lançar em breve, terminando com uma performance musical.
#ElasAoSomDaFábrica é um projeto que, a apresentar no dia 5 de junho na Covilhã, levará o espectador a mergulhar numa sessão histórica, artística e cultural, a qual promete marcar, essencialmente, a vida das mulheres operárias fabris, que viram as suas vozes silenciadas durante décadas.
Novo mural de arte urbana na Guarda (Av Monsenhor Mendes do Carmo) da autoria de Desy Ysed (Jorge Rodrigues), um jovem guardense com prestações artísticas em várias cidades europeias.
Esta semana foram dados mais alguns passos no sentido do regresso à, possível e condicionada, normalidade social.
É certo que tudo vai ser diferente a partir desta pandemia com implicações ainda por perceber totalmente, mas com argumentos consistentes face à necessidade de melhor preparação para o futuro e outrossim face a ocorrências similares.
As mudanças de temperatura e a aproximação da tradicional época de férias não devem iludir os cuidados a manter obrigatoriamente, na linha das recomendações oficiais em matéria de saúde pública, tendo sempre presente a prudência e a responsabilidade cívica.
Atuando com a devida ponderação, importa, contudo, colaborarmos ativamente na imprescindível normalização e revitalização económica, mormente desta zona interior do país.
Assim, é importante o contributo coletivo, dos residentes e não residentes na região, numa atitude solidária e eficaz na ajuda à atividade produtiva local, ao pequeno comércio, aos agricultores, à restauração, às pequenas e médias empresas, à hotelaria, etc…
No interior não faltam locais para (re)descobrir, monumentos para visitar, paisagens ímpares para apreciar, artesanato para comprar, museus e espaços culturais para fruir, diversificada gastronomia para saborear, vinhos de excelência, produtos regionais, água cristalina, rios e ribeiras para horas de lazer e diversão, desafiantes trilhos serranos, espaços para desporto, vastos e saudáveis horizontes, ar puro para respirar…
Aliás, o ar puro é uma das nossas mais valias, não só de hoje, mas também do passado. Recordemos que a Guarda foi uma referência nacional e internacional em matéria de tratamento de doenças pulmonares.
Na passada segunda-feira, 18 de maio, ocorreu a passagem do 113º aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins, uma das principais instituições de combate e tratamento da tuberculose em Portugal. A designação de “Cidade da Saúde”, atribuída à Guarda, em muito se ficou a dever à instituição que a marcou indelevelmente, ao longo de décadas, no século passado.
No presente temos ainda o ar puro como uma inestimável riqueza que devemos aproveitar em simultâneo com a nossa realidade geográfica, cenário de múltiplos motivos de interesse. Esta pandemia, que constitui um choque profundo nas nossas vidas, impeliu-nos a uma reflexão profunda sobre nós, sobre a sociedade em que vivemos, sobre a importância de atividades e setores sócio profissionais, sobre atitudes e comportamentos a seguir; numa perspetiva humana, solidária, cooperante que não se confine palavras de circunstância ou preocupações de protagonismo, mas fique materializada em ações objetivas, consequentes, marcantes.
É fundamental prepararmos novas respostas a partir deste tempo de incertezas e acreditarmos que podemos vencer esta inesperada conjuntura, extraindo dela experiências e ensinamentos para o futuro. (Hélder Sequeira)
In "O Interior", 21|05|2020
O diretor do Museu da Guarda, João Mendes Rosa, deixará de exercer funções no final do corrente mês.
João Mendes Rosa, que dirigia o Museu da Guarda há cinco anos, vai desempenhar a partir de 1 de junho as funções de chefe de Divisão da Cultura da Câmara Municipal de Oeiras.
À comunicação social o Presidente da Câmara da Guarda, de quem depende o Museu (desde 2016), referiu que na base da decisão de Mendes Rosa estiveram “exclusivamente questões profissionais, familiares e pessoais, além da própria natureza do convite que remete para o incremento das suas áreas de formação”
“O município da Guarda reconhece e agradece os préstimos de serviço público pelo excelente trabalho desenvolvido pelo doutor João Mendes Rosa na direção do museu, após a transição da sua gestão para a alçada municipal, tendo-se alcançado um novo rumo vocacional e programático daquele importante equipamento cultural da cidade”.
João Mendes Rosa vai ser substituído no cargo por Thierry Santos, que “já está integrado no quadro técnico do museu”, como explicou o Presidente da Câmara Municipal da Guarda.
Numa publicação feita no seu perfil do Facebook, o ainda diretor do Museu da Guarda diz sair “mais enriquecido”, acrescentando que “é movido pelo mesmo entusiasmo de sempre, o mesmo apego e amor à vida, à cultura e aos valores humanistas, que irei sobraçar outro projeto, noutro lugar. A Causa é a mesma! Todavia o meu coração pulsará sempre no peito níveo dessa Guarda que amo profundamente; não descurarei nem adiarei compromissos que assumi com a cidade, com os amigos e instituições”.
João Mendes Rosa refere ainda, nessa publicação, que um dos males de que enferma a administração pública (cultural) portuguesa reside precisamente no facto de as pessoas se eternizarem nos cargos e assenhorearem-se (por vezes inconscientemente) deles. Aliás, se passado tempo não formos convidados para outros desafios, é muito mau sinal…”
Hoje, 18 de maio, ocorre a passagem do 113º aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins, que foi uma das principais instituições de combate e tratamento da tuberculose, em Portugal.
A designação de “Cidade da Saúde”, atribuída à Guarda, em muito se fica a dever a uma instituição que a marcou indelevelmente, ao longo de sete décadas, no século passado.
A Guarda foi, nessa época, uma das cidades mais procuradas de Portugal, afluência que deixou inúmeros reflexos na sua vida económica, social e cultural; a sua apologia como localidade “eficaz no tratamento da doença” foi feita por distintas figuras da época, pois era “a montanha mágica” junto à Serra.
Muitas pessoas (provenientes de todo o país e mesmo do estrangeiro) subiam à cidade mais alta de Portugal com o objetivo de usufruírem do clima de montanha, praticando, assim, uma cura livre, não sendo seguidas ou apoiadas em cuidados médicos.
As deslocações para zonas propícias à terapêutica “de ares”, e a consequente permanência, contribuíram para o aparecimento de hotéis e pensões, dado não haver, de início, as indispensáveis e adequadas unidades de tratamento; situação que desencadeou fortes preocupações nas entidades oficiais da época.
Já no primeiro Congresso Português sobre Tuberculose, Lopo de Carvalho (que viria a ser o primeiro diretor do Sanatório Sousa Martins, e pai de outro conceituado clínico) destacou os processos profiláticos usados na Guarda; este médico foi um dos mais fervorosos defensores da criação do Sanatório que seria inaugurado a 18 de Maio de 1907 – completam-se hoje 113 anos – com a presença do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia.
O fluxo de tuberculosos superou, largamente, as previsões, fazendo com que os pavilhões do Sanatório Sousa Martins (a autoria do projeto dos edifícios pertence a Raul Lino) se tornassem insuficientes perante a procura; o Pavilhão 1 (designado também de Lopo de Carvalho, onde está atualmente instalada a administração da ULS da Guarda) teve de ser aumentado um ano depois, duplicando a sua capacidade.
Um novo pavilhão, que se juntou aos três já existentes, foi inaugurado em 31 de maio de 1953; com este novo edifício (que ladeia a atual Avenida Rainha D. Amélia) o Sanatório Sousa Martins ganhou maior dimensão e capacidade de tratamento dos doentes.
Anotar a passagem dos 113 anos após a inauguração do Sanatório Sousa Martins não é cair em exercício de memória ritualista mas sublinhar o estado em que se encontra o património físico de uma instituição, indissociável da História da Medicina Portuguesa, da solidariedade social, da cultura (pelos projetos que criou e desenvolveu) e da radiodifusão sonora portuguesa; é também recordar o historial de uma instituição que continua a ter no Hospital Sousa Martins uma sequência assistencial e referência evidente neste tempo de pandemia.
Com o progressivo regresso à normalidade (possível) desejamos que haja também um novo tempo para ações concretas em prol da reabilitação e aproveitamento desta memória, agonizante, da Guarda do século passado. (Hélder Sequeira).
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